sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Fé, esperança de um dia melhor.

Vivemos época nebulosa, cheia de nuvens pesadas, sombrias, que escurecessem nossos horizontes, anuviando ainda mais o futuro, essa região do tempo onde pouquíssimas pessoas tiveram acesso, e, não nos deixam visualizar nada a não ser destruição e morte, sofrimentos, desencontros, onde o amor esfria rapidamente e a esperança, dependente da fé, diminui acentuadamente. Tanto de um modo geral, no mundo todo, os acontecimentos vão se desenrolando de um modo fulminantemente letal para o mundo, como no caso entre Israel e Palestina, talvez, o pavio curto para o desencadear de um confronto maior. Em quase toda a terra rumores e guerras acontecem, fomes, terremotos desastrosos, deslizamentos de terra soterrando e matando pessoas, levantes e violência nas cidades com total desprezo às vidas, mortes desnecessárias de crianças e mulheres, civis, polarizando o direito de ter e ser os direitos sociais. Enfim, o mundo em franca deterioração, atingindo a individualidade de uma forma contundente, diminuindo as chances de sobrevivência da vida no planeta. A sofisticação da informação, das redes sociais de comunicação, deixa-nos à mercê de todo tipo de interesses, de manipulações que revigoram o poder, a autoridade máxima de alguns poucos mortais. Os governos interessados em manutenção, exclusivamente de poder, de seus interesses, governam, sem culpa alguma, não há quem os julgue, de modo que as lutas e mortes, desempregos, violência urbana, miséria, fome se façam necessidades reais para a efetivação de seus objetivos-fim, com tudo que funciona trabalhando para suas manutenções. A esperança, a fé de que as promessas ditadas por Deus, na Bíblia, na História, se cumpram, nos coloca confiadamente, apesar do tempo, à espera de suas realizações. Sim, cremos que Algo externo ao ser humano rege a História. Cremos que, não sei como, haverá mudança, restauração na matéria, entendida como a conhecemos e vivemos hoje, e, seja qual for o tempo, qual tal Calebe, ainda estaremos fortes e ativos, na consciência, para a grande restauração, um dos fundamentos do cristianismo, coisa tão simples, essa restauração, para Deus e tão incompreensível para nós, humanos, poeira cósmica. Maranata.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Vida abundante.

A chuva média, nem fina nem grossa, cai persistente sobre Boa Vista. O entardecer fica tristonho. O valente bulldog inglês, sempre ativo e atento, junto com o american bully seu novo companheiro de alojamento, recolheu-se ao interior do canil. Daqui da varanda posso ver seus olhinhos à procura de algo que o tire da melancolia. O cheiro de terra molhada chega fácil às nossas narinas reportando à lembrança de outras épocas. O enterro saíra impecavelmente às quatro, dezesseis horas. Passara a noite do velório chorando o fato e o dia chuvoso. Na infância distante dificilmente entenderia o porque de tudo aquilo. Hoje a mesma coisa. Não entendo nada. Minha avó, que eu tanto amava, morrera ao amanhecer daquele dia e a chuva que caía persistira o dia inteiro, incrustando em minha memória o cheiro da terra molhada, vindo do oitão, o das flores branquinhas que colocaram nas mãos bondosas de minha avó, o olhar melancólico do Ferrabraz, e, o cochicho das pessoas falando baixinho como para não acordar a morta que indiferente a tudo, placidamente descansava. - Tudo na vida obedece a um sistema. A gente nasce, cresce, e, morre. Sua avó morreu, dizia-me um senhor que não me lembro e seu dizer não dizia absolutamente nada. O Ferrabraz, o cachorro de minha avó, descansara a cabeça sobre as patas dianteiras, cruzadas e ficara na posição por todo tempo. Nem as andanças dos parentes e vizinhos, amigos, mexiam com o firme propósito do velho Ferra de ficar velando sua dona. Seus olhos perscrutavam o interior da sala, talvez, procurando algum movimento no corpo inerte de sua dona. Segue o féretro e concluído o enterro: - Cadê o Ferra? Alguém perguntara. Procura-se e de resposta só o silêncio. Nunca mais se achou o fiel escudeiro de minha avó. Nunca se soube seu paradeiro. Olho novamente para o canil e lá está o bulldog na mesma posição, pacientemente esperando a chuva passar para a alegria da continuidade da vida retornar e por um breve momento de tempo voltar a ser feliz, como eu também.

domingo, 21 de outubro de 2012

Chuva.

Manhã chuvosa em Manaus. Da varanda não vê quase nada. A chuva morosa parece que veio para ficar mais tempo do que deve. Alegro-me com ela. Sei que a renovação é fator preponderante para que a natureza se mantenha impecavelmente verde. Aqui, sem terra, somente com o piso de concreto, não dá para sentir o cheiro de terra molhada, nem ver os galhos da árvores balouçando com o passar do vento forte, o verde descaradamente renovando-se, a esperança de vida, ainda, repondo-se, virtuosamente mostrando o poder da Criação. Fecho os olhos e reporto-me a uma outra varanda, também assolada por outra chuva, talvez até mais forte que esta, o cheiro de chão batido molhado e as flores no pomar jogadas de um lado para outro pela força do vento, numa fazenda no Careiro da Várzea. O barulho da correnteza do rio aumentado, e, levando de rodo tudo que a sua frente está. Amolecendo as paredes barrentas dos beiradões e mais tarde derrubando-as e levando-as para outras paragens. Tempos diferentes de minha vida, mas, iguais no conteúdo. Um mais moderno, no alto de um apartamento, impossível de ver o rio, sentir o cheiro de piso batido molhado, o cheiro das flores do pomar espraiando-se no ar e chegando às narinas tornando-se promane de sentimentos e ânsia de vida, o outro, quase cinquenta anos atrás, mas, com a mesma conotação de querer mais vida, de viver hoje e agora o infinito, o céu.

sábado, 29 de setembro de 2012

A vida continua.

Soube de duas mortes hoje. Uma de uma famosa apresentadora de TV, a Hebe Camargo, e, outra, postado no Facebook, chocante, tanto quanto a outra, mostrando um feto, inteiro e ensanguentado, em cima de uma toalha. Ambas, as mortes, chocantes. A repercussão da apresentadora muitas vezes maior que a outra, do feto, emocionou o país inteiro. A do feto menos talvez porque fosse de um natimorto, desconhecido e filho de pais desconhecidos. As duas mortes, como de tantas milhares mortes ocorridas hoje, famosas ou não só nos lembra da grande realidade da vida: da morte ninguém escapa, seja grande ou pequeno, de todas as cores, raças, religiões, credos, ninguém escapa. " Louco hoje pedirão tua alma e o que tens guardado é para quem?...". São palavras de Jesus a respeito disso. Ninguém sabe a hora que a morte vem, por isso, viva a vida intensamente no momento que se chama de agora. Essa é e deve ser nosso máximo empenho diariamente, vivermos agora, com a responsabilidade dos que vivem sem limites. O que se espera de alguém que nega-se, a toda prova, à vida porque cheio de regras e leis não executa nada por conta de ser reprimido, deixando que toda repressão o domine diante das realidades da vida, passa por ela sem reclamar, sem xingar, sem rebelar-se contra algo, sem capacidade crítica para não deixar-se ir contra o "status quo". Que Deus, em sua grandeza, não permita que vivamos assim como um robô, passando e contando nossos dias vaziamente, sem produção de nada.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Tênis de Quadra

Acordei atinando com a possibilidade de voltar a jogar tênis de quadra, meu esporte preferido. Faz algum tempo que não jogo. Lá está, na parede, pendurada, a raquete, companheira de bons exercícios. Lembro exatamente do último uso. Era um sábado e à noitinha, por volta das seis, com o vermelho do pôr-do-sol amazonense marcando os telhados dos prédios do distrito industrial de Manaus, cheguei à quadra. A quadra recém inaugurada, em dos hotéis da área, convidava para a aula e logo após uma partida com algum amigo. Fora bastante forte a aula e eu exausto, logo no término, ansioso por um bom banho voltei para casa. Encharcado de suor, suado até a alma, ao chegar em casa enderecei-me diretamente à cozinha para tomar água e ao passar pela mesa de suporte vi, descansando sobre ela, um pão, de meio quilo, recheado de calabresa e brilhoso em seu dorso. Abri a geladeira e lá estava a enorme garrafa de coca-cola, geladíssima, convidativa, sedutora. Sentei-me em uma das cadeiras, confortável, e, comi o pão acompanhado do refrigerante. O que acontecera para que eu me deixasse seduzir por tão banal objeto foi o fato de que em algum lugar do passado, quando minha mãe fazia este tipo de pão, outro pão, parecido com este, me chamou à uma viagem no tempo o que determinou o fim daquela deliciosa guloseima. Comi-o inteiro, coca-cola do lado. Pronto, fora disparada a gota d'água para desencadear, em meu organismo uma manifestação biliar de repercursão sistêmica. Vômitos, dores musculares, não sei se devido ao grande esforço para excretar o que, em determinado momento não existia mais, dor na cabeça etc... - Vamos até o pronto atendimento da Inimed, dizia minha esposa, exausta do acompanhamento amigo. - Isso não é nada, dizia eu, daqui a pouco passa. Agüentei de sábado até quarta-feira. - Vamos, dissera eu vencido pelos incômodos. Feito o diagnóstico, litíase biliar, marcou-se a cirurgia. Raquete na parede, pendurada. Atinei, está na hora de voltar, é hora de recomeçar.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Fotografias 2.

É mister continuar a reviver, novamente viver, fatos passados e que estão estáticos, porém, eternizados numa fotografia. A vida continou e continua em sua corrida desesperada em direção ao infinito. Gosto de repensar a vida a partir desses gostosos momentos presos nas fotografias e disponíveis a todo onstante. Depois dos filhos, os netos. O João Gabriel o neto que nasceu logo após o Enzo, com sua forte personalidade, depois o Guilherme, o neto que me acorda diariamente com um doce grito: Dôdo, acorda e eu obediente acordo. Todos têm, desde os filhos até o Davi o neto mais novo um dossiê, portifólios de vida. As fotografias retratam o momento de agora e todos os momentos da família estão registrados em albuns infindáveis, lotados de vidas armazenadas em suas mais diferentes etapas, cada um do seu próprio jeito, mas, catalizando e amalgamando uma só história, a história cheia de erros e acertos. O Guilherme gosta de ser fotografado. Faz pose e mesmo lambuzado de caldo de feijão, chocolate, como na foto que vejo agora, procura, como se tivesse consciência disso, mostrar seu melhor ângulo. O João Gabriel, quando se trata de fotografias gosta de se mostrar, quase sempre vestido de qualquer fantasia de super-herói, e, num passe de mágica tenho por perto super-homem, homem-aranha, ben 10 etc..., sempre prontos a me defenderem de alguma coisa ruim. Há um tempo atrás não imaginaria um quinto neto principalmente vindo da Natássia, minha nora, esposa de Alexandre Filho, e, surpreso vi nascer o Davi. Agora mesmo olho uma foto onde ele parece estar se divertindo bastante pois o riso tão largo mostra, à vontade suas gengivas. É um riso gostoso de quem está feliz. Mais uma vez agradeço a Deus a grande oportunidade de ter e fazer parte dessa grande e abençoada família.

sábado, 18 de agosto de 2012

Fotografias.

Caros leitores, amigos que me acompanham desde um tempo. Peguei-me, dias desses, a vasculhar o passado revendo fotografias antigas e revivendo cada momento, a maioria bons momentos. Já se lá vão tantos anos em algumas fotos. Agora mesmo vejo-me na euforia do primeiro aniversário do Enzo, meu segundo neto; estou com ele no colo, sorrindo e ele segurando um brinquedo. Parecemos felizes. Em outra o Alexandre Neto, meu primeiro neto aparece, numa loja, acho que em Margarita, segurando um boneco do tamanho dele, rindo à toa. Num sucessivo vai e vem de lembranças passo uma boa parte do dia a reviver, prazeirosamente, o que a memória ainda guarda, sim porque, tenho prá mim que um dia sumirá, tanto se houver vida após morte, porque diz-se que outro tipo de matéria e armazenagem de fatos será fato e essas primeiras não terão validade, quanto se não houver vida após morte, porquanto, tudo será aniquilado. Sou meio desorganizado. Não gosto de lugares e pessoas que do seu alto desempenho organizacional impingem certos comportamentos e atitudes, como a esterilização e super-arrumação de seus lugares e comportamentos. Gosto de chegar e sentir-me à vontade. Colocar meus pés para cima de uma mesa, comer onde me der vontade, mesmo na sala, afastando quaisquer possibilidades de assepsia total da sala, do quarto. Pensando e filosofando assim, continuo a olhar as fotografias e sentindo toda energia emanente delas, me fazendo entender que o presente, sedimentação do passado e preparatório do futuro, é que deve ser vivido intensamente. Lá estão os retratos, estáticas fotografias daqueles momentos, inúmeros, incontáveis, mas, tão vivos em minha memória, inclusive com todos os movimentos e perspectivas do momento deixando- me emocionado tal a intensidade das lembranças. Gosto disso. Me faz melhor.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

A vida da estrada.

À frente da cidade, bem no beiradão de entrada, o flutuante balançava à mercê das ondas que se originavam lá no meio do rio. A correnteza, perigosa, aumentara seu ritmo, o que era possível observar-se pela velocidade dos troncos, das canaranas, às vezes até corpos de animais arrastados e mortos afogados no furor das águas. O céu cinza escuro espelhava a força da tempestade que se aproximava. Lá longe, no meio do rio, uma pequena canoa deslizava velozmente tentando se acercar de uma das margens. O caboclo com sua habilidade ganha na experiência de outras intempéries, remava com calma, agora mesmo pondo o remo bem encostado à proa, à boreste, saindo e ficando paralelo às grandes ondas e imediatamente invertendo o movimento para então ficar perpendicular à elas. De qualquer maneira, lentamente se aproximava da margem. Quem pudesse vê-lo da margem veria a canoa subindo e descendo na variação das ondas. Viera à vila para vender e comprar, repondo suas necessidades familiares. Outro caboclo andava na calçada da grande orla da capital. Olhava para cima, não para ver a lua, um pássaro, uma copa de árvore, uma caça, uma trilha, um animal qualquer cruzando seu caminho, mas, simplesmente, os altos prédios da cidade. Pareciam imensas árvores de pedra. O contraste do paisagismo o deixava medroso. Um carro passara e jogara um jorro de água lamacenta da poça à beira da calçada. Molhara-o todo. Indignado continuou andando, tentando achar um lugar onde pudesse tirar a roupa e se limpar. Se fosse no interior já teria resolvido o problema. Pararia em um riacho qualquer e tomaria um bom banho frio e lavaria a roupa suja. - Não se mexa e ponha as mãos na cabeça, era um policial quem comandara. - Rápido, gritara outro e só então viu que os dois mantinham armas apontadas para ele. Pensou em correr como um dos animais da floresta que ele caçava, mas, também sabia que não adiantaria e seria pura sorte se escapasse, cedo ou tarde seria preso. Sentiu medo e quis estar no lugar que mais conhecia, e, agora tinha certeza amava, que era a floresta. Aqui nunca mais queria voltar. A voz áspera e mandona do guarda trouxera-o para a realidade. Anos mais tarde o velho caboclo, sentado em um banquinho à beira do barranco, feito por ele mesmo, olhava o vermelhão no rio que vinha desde a curva do rio, produzido pelos raios solares do pôr-do-sol. A paisagem era linda. A tranqüilidade fora quebrada pela algazarra produzida por um bando de periquitos que por ali passavam. Uma garça, cheia de pose, em cima de um galho de árvore, descia o rio calmo àquela hora. O silêncio era quebrado somente pelo ruído das águas, dos pássaros e muito longe o troar de trovões. O velho levantou-se, olhou mais uma vez o rio e virando de costas endereçou-se para a casinha de madeira que fizera, juntamente com amigos, há muito tempo atrás. Uma mulher esperava-o no solar da porta. Um vento frio, vindo do meio do rio, o fizera, instintivamente a apressar o passo para o interior da casa. Amanhã tudo de novo, mas, é melhor aqui que qualquer outro lugar, pensara o velho, pois, os perigos daqui são menores e a gente pode ser a gente mesmo.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

A estrada da vida.

- Vô, vamos tomar um cafezinho? Era o Enzo me chamando para tomar um cafezinho com ele, mas, somente com ele. Está bem, dissera eu, já me dirigindo à saída, para a garagem. E, lá fomos nós tomar café na Megafarma, o lugar que gosto degustar um bom moca, quando estou em Boa Vista. Conversamos sobre futebol o assunto preferido dele, jogador, aos oito anos, de um dos times da cidade. No dia anterior presenciara dois golaços dele no treino, um dos quais de cobertura, pois, o goleiro saindo dera chance de ser coberto, como foi. - Vô, vamos tomar um cafezinho? Era o Alexandre Neto, no outro dia, véspera de minha volta à Manaus. Da mesma forma, fomos. Conversamos sobre história geral e geografia, tecnologia e seus desdobramentos no futuro, assuntos que ele domina muito bem. Dos deuses do Panteão grego, dos romanos, primeira e segunda guerra, horas de conversação e eu, entre uma conversa e outra, meditando o quanto valeria o tempo parar e eternizar aqueles momentos tão preciosos para nós. A realidade é que só na fotografia os momentos são estaticamente eternizados. Acelerei mais o carro, pois, os pensamentos teimavam em voltar para a casa da qual acabara de sair. Entrara na bola que levava à saída da cidade e finalmente através do para-brisa, limpo pelo movimento das aletas do pára-brisa, que como um João Teimoso, uniformemente deslizavam no vidro, para lá e para cá, visualizei a Br. Pelo retrovisor via a cidade ficando para trás. O carro atingira a velocidade de cruzeiro e um caminhão sonolento, à minha frente, lentamente se arrastava com seu enorme peso pela rodovia, reduzi a marcha da pick-up e esperei o momento correto de ultrapassá-lo. As savanas, de um lado e de outro da estrada, infindas chegando até o horizonte, lá onde a terra encontrava o céu azul-acinzentado e o cheiro de terra molhada invadira o interior do carro me reportando a outros lugares e épocas. De repente o rosto risonho de Davi, no colo da mãe, me aparece em todos lugares do pensamento. Ligo o som e tento fixar os pensamentos na música. Os Bee Gees cantam "I start the joke", na voz macia de um dos Gibbs. Num dos lados da estrada uma garça aterrizara em cima de um galho de árvore no chão da savana. A vida pulsando em todos os lugares e com todos os sons. A estrada tão reta era que os olhos podiam ver todas ondulações, elevações que a rodovia fazIa até o horizonte. Uma felicidade repentina toma conta de minha alma, e, então, agradeço a Deus a graça da vida, vivida com os meus. Mantenho a velocidade, concentrando-me mais na direção do pesado carro.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Agonia de Gaia

Grandes são as obras de Deus. O firmamento anuncia suas feituras, provindas de Suas mãos, e, esmaga nosso vão conhecimento, nossas pretensões tão mesquinhas. Sempre necessitando de algo, provamos nossa incompetência de gerir nosso pequenino, mas, incrivelmente complexo, mundo. Destruímos nossos territórios numa incrível velocidade sem darmos conta do malefício que nossas mãos impõem ao planeta, moradia futuro de nossas posteriores gerações. Reuniões e mais reuniões, lideranças circunspectas, seriamente vendendo imagem de preocupadas com o mundo, com os povos de todas as nações, a manutenção da condição de vida no planeta, todas recebendo pressões das mais diversas matizes dos interessados em manter tudo como está, vendem seus votos, países inteiros, baseados em "estudos científicos". - Façamos isso ou aquilo e certamente a terra sobreviverá a esses atentados à biodiversidade que impingimos à terra, seja com os produtos da combustão de petróleo, seja na emissão de gases, seja no desmatamento, seja na poluição dos rios, na poluição das mentes com dizeres tipo: - Matamos, porém, realizamos ou instalamos progresso, tecnologia para a melhoria de vida do mundo todo. São projetos lindíssimos com "melhoramentos" das orlas dos rios, dos mares, construções que abalam a fauna, a flora, e todo equilíbrio de milhões de anos, em troca de uma estética tecnológica, uma bela visão panorâmica e o grande transtorno ecológico desses lugares. Anos e anos de reuniões. Promessas e promessas, e, o que era para se fazer macro se faz micro, mas, com conotação exagerada de realizações hiperbólicas, num cíclico vezo e mentiroso que se perpetua em nome da modernidade. Sonhos de morte, horizontes cinzas, animais em extinção, floras desaparecidas, guerras em nome da paz, mortes exageradamente desnecessárias, enfim, sinal dos tempos, anúncio de término, agonia de gaia, morte, infelizmente o que si espera, na modernidade.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

O homem nu.

Lagrimei, emocionado, ao ler reportagem, em jornal, sobre um aborto provocado deliberadamente em uma chinesa por esta não ter o equivalente a doze mil reais para poder ter direito de tal evento. A foto é chocante, está no jornal, estática, revelando todo desprezo, covardia e desrespeito a seres humanos, no momento, dos poderosos líderes chineses, em relação ao direito à vida de quem não pediu para ser gerado. A moça, deitada na cama de hospital, com os olhos vermelhos de tanto chorar, olha vaziamente para o infinito, enquanto, ao seu lado, mais perto das pernas em um lençol o neném jaz coberto de sangue, inerte, morto. É uma cena pesada, dessas que comuns são em filmes de terror, chocante porque mexe com a consciência, desnuda a maldade humana, desnecessária, brutal e pecaminosa, revelando total falta Deus nas vidas de quem tem este infame poder de vida e morte sobre outros seres humanos. Não imagino a pessoa que tal ordem deu. Se não tem dinheiro não tem direito à vida, isto é, se tivesse os doze mil o bebê nasceria a termo, pois, pouco tempo restava para tal, ela estava carregando o neném há sete meses. Registro o caso, confirmado pelos próprios chineses, conforme a reportagem, com muita revolta e emoção, refletindo que é impossível não haver uma resposta de países, de pessoas, de governos a um atento explícito a uma consciência formada, um ser humano completo, morto por causa de uma ninharia: doze mil reais.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Meus sessenta anos.

Hoje é meu sexagésimo aniversário. São sessenta anos vividos desde o nascimento em 1952. Muitas coisas, muitas e muitas tem passado por baixo da ponte e por cima da estrada. A visão, adquirida na educação, provinda dos pais, não mudou em nada. A convicção de que todos os seres humanos são iguais e que estão no mesmo patamar de necessidades é a mesma. A lenta morte que estamos estabelecendo ao nosso planeta, com todas as complicações provindas disso, que se estende desde o jogar de uma simples garrafa pet na estrada, ou na rua, até a destruição da camada de ozônio com nossa imensa emissão de carbono da atmosfera, tudo me faz crer que ainda estamos longe de sermos ou termos a perfeição ansiada pela religião e proposta, no seguir da normas, pelo Direito, pela filosofia, pela antropologia, pela ciência. Ainda nos arrastamos pelo chão, como bebês, cheios de direitos e com poucos deveres, servindo cada um a si próprio, cheios de um poder virtual, e, literalmente acabando, com capa de não, o meio em que vivemos, e, pior o mundo onde nossos netos vão viver. Minha vida tem sido pequena, pouco voltada aos grandes interesses que o povo, esta entidade compreendida apenas virtualmente como algo longe e notadamente necessitado de algo e realmente tido como ente pouco abençoado, sem nada a oferecer, portanto, sujeito a não ser nada, desejado a ficar distante, mas, que com idéias pouco difundidas, assim deve ser, algumas pessoas através de alguma associação, como as igrejas que frequento, têm sido amenizados na pesada humanidade que têm de carregar, seja na educação, com nossos times de futebol e inclusão digital, seja na fome, com a doação de pelo menos de quatrocentas sopas e pão a crianças carentes da periferia, seja na visitação aos doentes e necessitados. Mais um ano se soma aos 59 detrás. Vida abençoada por quatro filhos maravilhosos, cinco netos magníficos, me faz feliz, me faz sonhar mais, viver mais, criar mais, viajar mais, conversar mais, conviver mais, ansiar mais, ser mais. Alexandre Filho, Maysa, Gabi, Natássia, Alexandre Neto, Enzo, João Gabriel, Guilherme e Davi, por enquanto, ainda espero a benção de ver os filhos de Maysa, minha filha do meio, me enchem a alma de alegria e felicidade, por isso, neste dia, dia em que envelheço mais um ano, agradeço a Deus por esta grande oportunidade, benção: de simplesmente viver. Agradeço também a benção dos amigos que comigo têm vivido grandes e pequenos momentos, porém, em tudo fortalecendo a vida, engrandecendo as virtudes, não negando os defeitos, e, principalmente glorificando a Deus, nosso Senhor.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

O riso do Davi

Não há o que pensar: o riso do Davi supera todas as possibilidades de superação da tristeza e da solidão, este sentimento tão comum e corriqueiro que compromete nosso dia a dia; é maior que qualquer dor, maior que o céu brilhante, com suas constelações expostas, iluminando o céu. Não se pode comparar com nada. O riso, quase gargalhada em um menino com menos de três meses supera nosso entendimento do que é necessário para se viver. Não é um sorriso falso, sem graça, disfarçante, desprovido de compromisso, é simplesmente um sorriso aberto, com boca grande, mostrando toda gengiva, reflexo da visão, talvez, vultos da realidade, real para ele, que procura foco em todo lugar, principalmente no rosto do avô. Ri um riso gostoso, mostrando que a vida vale a pena, mostrando que tudo da vida gira em torno de um riso, sincero, leal, forte e formoso de um neném, de um bebê que é o centro das atenções e das afeições de toda família, esteja ou seja aonde for. É um humor destinado às grandes personalidades. Uma das características da liderança é o bom humor, essa capacidade divina de lidar com os transtornos, com os desatinos. É um vezo nato, outros que tentem, mas, só quem tem não precisa mostrar que tem, simplesmente tudo absorve e sorri, mas, não um sorriso qualquer, e, sim um sorriso cheio de amor que exige reciprocidade, que denota paixão pelo que faz, que tem respeito pelo foco real ou não. Isto dá ou concede um fascínio único no dono do sorriso, um quê que poucas pessoas possuem: o dom de amar e ser amado. Obrigado, meu Deus, Senhor de minha vida, pelo Davi, assim seja para sempre.

domingo, 3 de junho de 2012

Lua Cheia.

Dizem que o céu estrelado da Palestina tem par somente em Boa Vista onde a lua brilha mais forte e as estrelas brilham mais. Agora mesmo, daqui da varanda, olhando para o alto vejo a lua cheia derramando seu prateado luar sobre a cidade, prateando as casas e ruas, alegrando a noite com suas luzes, convidando para pensar e repensar a existência e seus matizes, o bem e o mal, a relação magnífica entre os seres humanos principalmente com a família, com o bem estar da humanidade, nestes dias tão difíceis, a fome, o fim do mundo, as guerras, o desapego às coisas espirituais e o apego à matéria compreendendo a agressão entre os próprios humanos, à natureza e suas fontes, à sua própria natureza. Lua redonda. Luz difusora da paz, da igualdade entre os homens, do apelo à compreensão que só a humanidade pode ensinar que somos todos iguais em Deus, nosso Senhor, criador de todas as coisas.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Chovia copiosamente...

Chovia copiosamente. Os pingos eram grossos e impediam a visão à meia distância... Quando escrevi, esperando que estava a conclusão da limpeza de meu carro, a primeira frase: chovia copiosamente o rapaz da loja informou-me que o dito cujo estava limpo e pronto para a entrega. Suspendi de imediato a escrita e dirigi-me ao lugar da recepção onde iria receber o carro limpo e polido. Minutos depois conversava animadamente com um amigo em um café, e, lembrei-me da frase, chovia copiosamente e falei a ele: - Veja que frase incrivelmente bela, de uma beleza literária sem precedente: chovia copiosamente, disse referindo-me as inúmeras possibilidades de interpretação, onde o que conta é o imaginário. Estava chovendo copiosamente e a resposta disso na natureza eram pastos verdes, campos imensos alimentados com a força espetacular da água, esse componente imprescindível à vida, fora que para o cidadino, aquele da cidade, o dia é mais triste, mais devagar, a chuva é fator que atrapalha, pois, até o deslocamento é dificultado, as coisas acontecem mais devagar. Animadamente disse e fiquei a olhar para ele com convicção de que estava realmente escrevendo história, estava, numa frase curta dissecando as benesses que uma boa chuva pode fazer ao homem do interior amazônico através da terra e do plantio, quando o rio está seco e as terras de várzeas são sua esperança de abundância, pois, úmidas são terras muito boas ao plantio e colheita. Falei e fiquei olhando o para ele esperando uma reação de aprovação por tão grande observação e descrição ímpar, mas, a careta com que veio a resposta, de imediato, fez-me sentir que a digestão da palavra tinha sido contrária: - Alé, nunca vi uma frase tão pobre e o que vejo quando lembro da frase é um escritor totalmente vazio e sem inspiração... Ri, um riso sem graça, desses que fazemos quando estamos disfarçando algo e balancei a cabeça afirmativamente concordando com tudo. De repente, fiquei pensando que o estio é melhor que uma boa chuva, e, que mesmo copiosamente, metaforicamente a frase não fazia sentido, recolhi-me à minha insignificância, pensando: nunca mais começo uma crônica com uma frase assim: chovia copiosamente...

sábado, 12 de maio de 2012

Mãe, te amo

Hoje é o dia dedicado às mães. Não é um dia qualquer, mas, um dia de reflexão, de homenagem, de agradecimento, de sorte, de sonhos, de amor, de aconchego, de saudades, de reconhecimento por tantas mães espalhadas por todo canto do mundo. Ser mãe, em qualquer época da história, é um dom, uma persistência, uma determinação, uma vontade, um desejo, um cansaço, um choro, um desespero, uma alegria infinda, um ser completo, realizado, uma preocupação, uma dedicação, um bem querer, uma tristeza, uma verdade, uma mentira, um sobressalto, um arrependimento. Ser mãe, antes, agora e sempre, é ter ser luz, alumiando tudo e todos ao redor, é chorar baixinho quando tudo está dando errado com seu filhinho, é a obrigatoriedade de rir para não preocupar seu bebê, é chorar de alegria no nascimento e vitórias do seu rebento, é ter paciência infinita e um amor desmesurado. Bem feliz é, neste mundo, quem pode usufruir do colo amoroso da mãe. É no perigo, nos momentos tristes, na distância que se pensa nela com maior necessidade. Uma comida especial, só feita por ela, um carinho só feito por ela, um sorriso só o dela, uma palavra só a dela, a companhia só dela. A minha foi-se embora há algum tempo deixando uma enorme saudade, um sentimento de perda e uma esperança enorme de revê-la na continuidade da vida pós morte. - Alé, fiz sua comida predileta, suas panquecas de carne moída com molho de tomate, acompanhadas de maionese de camarão e um arroz tipo maranhense. Sua doce voz ainda ecoa na mente fazendo-me até sentir o gosto do deleite alimentar. Seu rosto flutua claro em minhas retinas, com uma seriedade abrandada por uma linha de sorriso discreto, porém, magnificamente lindo. Saudades. Nesta imagem, de minha mãe, homenageio todas as mães do mundo desejando-lhes que Deus recompense tão grandes dedicações inclinando Seu ouvido e realizando todos os pleitos de seus corações, ou, abrandando-lhes o sofrimento de ser mãe.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Lucca.

Hoje nasceu Lucca um sobrinho da Socorrita, meu por afinidade, mas, tão solidamente sobrinho quanto o pai, que vi crescer e aprendi a amar como filho. Ouvi seu grito forte, proveniente do grito de dor quando da entrada de ar em seus pequeninos pulmões, e, imediatamente todos os nascidos assistidos por mim, renasceram e toda imagem presenciada há tantos tempos voltaram como mágica em minha mente. Lucca, filho de Olintho Cabral e Cinara Cabral, nasceu hoje, assistido pelas doutoras Nely Alencar e Marilena Louppi, ambas excepcionais obstetras, veio ao mundo para preencher, tanto historicamente quanto psicologicamente, a lacuna proveniente do mandamento dado por Deus, " crescei e multiplicai ...". Naquele choro forte, vindo do fundo de sua alma, revivi a trajetória do nascimento de Alexandre Filho e seus filhos, meus netos, Alexandre Neto, Enzo e Davi, e, os filhos de Gabriela, minha filha, João Gabriel e Guilherme, do Rodriguinho, Ana Clara, esses parentes tão próximos e amados. Não um reviver superficial, mas, um mais profundo, mais sólido. Os choros, as caretas, as roupinhas, o estranho ar de quem não está satisfeito por nascer, de quem quer voltar para o quentinho do útero, tudo contribui para a eternização do momento. Volto minha atenção para o trabalho competente das médicas. Aqui uma pinça, ali uma sutura, o enxugar de um sangramento, as camadas voltando ao seus antigos lugares, o feixe de luz do refletor, certinho no centro da cirurgiada, o andar despreocupado da anestesista, o cadenciar dos pingos do soro, me levam a retorno no tempo, e, a volta rápida para a cirurgia atual. A pediatra, neo-natologista, segura firme Lucca nos braços e o leva até o rosto cansado de Cinara que sorri com ternura absorvendo aquele momento mágico. O choro forte, alto, reclamante é registrado por minha máquina digital, paralisa os movimentos, eterniza o momento. Tento acompanhar a pediatra, mas, rápida e lépida, entra em sua sala onde deve proceder a limpeza e exame mais profundo do recém-nato. Fico na porta esperando. - Ele está bem, perfeito... Retorno à sala de cirurgia e vejo que as médicas estão para encerrar todos os procedimentos. Resolvo sair e lá fora, com a família, mostrar as fotos e alegrar-me, como diz o salmista: " Este é o dia que Deus fez para nós, alegremo-nos e regozijemo-nos nele..." Parabéns Olintho e Cinara meus amados, mais amados ainda com o Lucca chegando a esse nosso mundinho, mundão, lugar bom para viver.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Seu Neném e o brasileiro mais importante.

Com sua colher ele preenchia, dando acabamento, os vãos deixados pela interceção dos azulejos, e das pedras já sentadas na escada e nas paredes da cozinha. Seu Neném, um pedreiro de primeira mão, muito organizado e preocupado com sua família, auxiliado por seu filho mais velho, com voz didática, perguntou: - Dotô, disse ele, na sua opinião quem foi o maior brasileiro que já existiu? O senhô sabe... prá mim Getúlio Vargas e o Marechal Deodoro foram os melhores. Um a república e o outro a estabilidade no trabalho, prá os trabalhadores, não é? - É, disse eu, tentando lembrar os brasileiros que mais influíram em nossas vidas. Cabral, com seus navios dando abertura para nossa colonização, D. Pedro, Deodoro, enfim, todos os presidentes, todos os governadores, prefeitos, vereadores e deputados, deputados federais e senadores, Pelés, Neimar, os médicos ousados que tanto fizeram por nossos interiores, os padres e pastores que doaram vidas no desbravamento de nossas terras, os líderes de movimentos sociais que viraram mártires, deram suas vidas pelos movimentos que representavam e legaram exemplo de patriotismo e de sensibilidade pelo bem estar dos outros. Afinal, perguntei a mim mesmo, quem foi o maior brasileiro que já existiu? O filho do pedreiro me olhava, ansioso por uma douta resposta, mas, lá estava eu, mergulhado em tantos e variados pensamentos, que demorava na resposta. Finalmente, depois de profunda reflexão cheguei à conclusão que todos nós, brasileiros, partícipes de famílias, de municípios, de Estados e país, é quem somos, formamos a galeria dos mais importantes, fazemos História todos os dias, ele na construção dos projetos arquitetônicos, papel tão importante quanto o do arquiteto, pois, um não conseguiria trabalhar, construir, sem o outro, que projeta, imagina e cria. Assim, em todas as áreas a criação borbulha, nasce de uma corrente, enorme linha de montagem, e, que constrói o país. Seu Neném, somos todos importantes. Depende de todos nós a construção de um país onde as diferenças diminuam, a renda se liberte das peias do rendimento fácil, da corrupção, onde os sonhos projetados para seus filhos em qualquer lar sejam realizados com suor, mas, com honradez e muito trabalho. Só assim seremos felizes como povo. Somos todos muito, mas, muito importantes.

sábado, 28 de abril de 2012

BRs.

Estou em Boa Vista, capital de Roraima. Vim de carro. A estrada outrora esburacada agora completamente recuperada, lembra outras estradas, de lugares mais adiantados. A camada de asfalto mais grossa, equipes de manutenção trabalhando sem descanso ao longo de toda sua extensão, dá uma sensação de que finalmente os dois Estados, Roraima e Amazonas, ficarão bem servidos em seu uso. Questão de ano atrás essa mesma estrada estava tão deteriorada que tentando atravessa-la, quebrei, literalmente, um Citroen, um carro feito para boas estradas. Tive que vende-lo. Esbravejei, reclamei para todos os conhecidos, mas, todos pareciam apoiar a cronicidade com que as autoridades lidavam com estradas no Brasil, isto é, anos e anos sem nenhuma perspectiva de resolução dos problemas das vias terrestres no país. Então, com todo trecho da estrada sem buracos, sem problemas, parecia uma visão, um sonho, um estado surreal. Vim aproveitando a viagem com suas magníficas paisagens, a entrada e saída da reserva indígenas. Dentro da reserva um bando de curumins haviam derrubado cachos de buriti e iam empilhando-os na beira da estrada que na retidão infinita da estrada mostrava só mata e só céu azul sem fim, o verde e o azul e caminho retilíneo da estrada. Uma cobra, acho que uma jibóia, de uns três metros descansava, misteriosamente, na beira da rodovia me dirigindo para o outro lado da pista. Susto, mas, tudo bem. Um caminhão transportando aproximadamente umas cem toneladas, lentamente subia uma encosta e atrasava toda fila de carros que acumulava-se atrás. Na lentidão da andança fiquei imaginando o quanto benéfico era se houvesse uma fiscalização de balança, para pesar e fiscalizar melhor este abuso praticado pelos gananciosos que usam os caminhoneiros pagando-lhes para massacrarem a estrada com seus caminhões transportando além do permitido. Com a rodovia totalmente recuperada, depois de tanto tempo, a hora é de pensar-se em manutenção para a alegria dos dois Estados, ambos interessados na fluidez normal, na logística e na prosperidade Estatal, portanto, na incrementação e melhoria comercial de ambos. Com a melhoria da rodovia parece que o fluxo de carros nas cidades do caminho aumentou significativamente. Agora dá gosto viajar de um Estado ao outro o que proporciona um tráfego saudável e útil para a população. Tomara, oxalá esta disposição governamental estenda-se também para a BR-319 que liga Manaus à Porto Velho, assim restaurar-se-ia todo escoamento e entrada de produtos entre esses dois Estados, Amazonas e Rondônia. Assim seja!

domingo, 22 de abril de 2012

Alexandre Filho

Hoje é um dia muito especial para nossa família: há trinta e quatro anos nascia-nos o primogênito, nosso tesouro, nosso primeiro amor. Homem, simples porque nasceu nu, altivo porque sobreviveu às intempéries de ter nascido prematuramente e sobrevivido, humilde porque soube conduzir-se sem os louros da primogenitura. Estamos de parabéns por ter por perto tão seleto amigo e filho. Seleto porque dificilmente algum nascituro cresceria com tantos dons, com talentos sempre à disposição de quantos ele queira bem. Somos, também, gratos à Deus, nosso Pai, por todas as bênçãos que juntos recebemos através de sua vida: Grande são as tuas obras, oh! Senhor e intangíveis Teus pensamentos. Magníficos e insondáveis são Teus caminhos. Temos gratidão porque ouves nossas súplicas, respondes nossa oração, oh! Deus de Israel, ou seja Deus de Jacó. Presente sempre estás, em todos os momentos de nossa vida. Lá estava aquele ser tão pequenino, em nossas mãos, entregue a Ti, oh! Senhor do tempo e do espaço, para se tornar, hoje, um homem completo, rico em bênçãos e prodígios, louvado sejas Tu para sempre. Parabéns para você, Alexandre, Nesta data querida Muitas, mas, muitas felicidades Muitos anos de vida... São nossas esperanças, e, solidez de nossa fé, filho muito amado: Alexandre Pai, Socorrita, Natássia, Alexandre Neto, Enzo, Davi e Maysa, Gabi, Leonardo, João Gabriel, Guilherme, Manoel do Carmo e toda sua Família, Joca e Paulinho, Fátima, Dani, Neto, Rubelmar, Peta, Maria Alzira, Nahydinha, Olinto Pai e Filho, Cinara e Lucca, Marcinho e Rafaela, Humberto Michiles, que te manda um abraço, todos os teus amigos daqui e dai, serafins e anjos, alegremo-nos com toda força da alma neste dia especial, pois, há trinta e quatro anos atrás o Senhor pôs no mundo um Homem.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Angústia, clamo a Ti...

Oh! Senhor, estou cercado de lobos,
Querem cerrar seus dentes em minhas carnes,
Assombrosos são seus rostos e riem de mim,
Quem são e porque agem assim, oh! Senhor dos céus?,
Oro e não respondes, te procuro nos "amigos" e não os tenho,
O vazio se apossou de minha alma, fez-se escuro,
Uma luz, virtual, aparece,
Lá longe vejo uma luzinha, socorro bem presente na angústia,
Porque todos se afastam e riem de mim,
Dizendo, não é este que era para ser e não é,
E, agradecem a Deus por não serem como eu, impuro, mentiroso,
Desamparado por Deus, que de tanto ouvir súplicas,
Não as ouve mais.
Inclina teus ouvidos para mim, oh! Senhor,
Me dá livramento dos falsos amigos, dos malvados,
Enfim, me dê paz,
Me vitória, porque, preciso mostrar que não perdi coroa,
Ainda sou príncipe em tua casa, Oh! Senhor, Deus altíssimo...

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Macaco velho não mete a mão em cumbuca!

Há uma força, sem nome inteligível, ainda sem cálculo de quanto, em seu ápice, sua capacidade de impactar e causar impressões no objeto fim, pode realmente mudar o cenário inicial. Não é preciso pensar muito para entender que o mundo não pode prescindir dessa força monstruosa, que tem ao longo da história e do desenvolvimento do homem na terra mudado rumos, liberado compaixão, formado mudanças de opinião, conseguido paz aonde não haveria paz, ânimo no lugar de desânimo, perdão onde não cabe mais paciência, sonhos onde não se quer mais, entendimento onde a regra é cizânia, e, principalmente, a compreensão que todos somos iguais, sem distinção alguma, somos completamente pecadores, falhos, ínfimos no discernimento, mentirosos no falar, mistificadores, invariavelmente secos e vazios, o que dá lugar para que o enchimento da alma seja somente amontoados de lama e restos de mal apanhados dentro de nossas e de outras almas.
O nome que poderíamos dar a esse sentimento é o Amor. Nada seremos e seríamos se em um lugar escondido do coração ele por lá não estivesse estimulando nossa consciência para a paz, para o entendimento, para a compreensão de que, em sendo nós, todos iguais, devemos todos nos esforçarmos para ajudar-nos, mutuamente, a evoluirmos até atingirmos a altura perfeita, aquela de Jesus, nosso Senhor, aquela onde o ódio, a ira, as desavenças, as interpretações erradas, mesmo as corretas, a maldade feita e conduzida de propósito, as ingratidões, o esquecimento da história vivida em comum, enfim, tudo de ruim, não pudesse mais atingir-nos e somente dar-nos a exata expressão do real relacionamento, onde os novos não afogassem os mais velhos, estes, construídos tijolo a tijolo ao longo de longa história, resultando em construção sólida, às vezes com muito sofrimento, sobre rocha e não sobre areia onde logo aparece todos os defeitos e acaba por ruir toda construção, como ensinou-nos nosso divino Mestre.
Construamos e continuemos a construir nossa história solidamente, dando e recebendo Amor, prioritariamente aos nossos velhos amores.

sábado, 7 de abril de 2012

Páscoa 2012.

O vazio que preenche o coração do homem parece algo sólido, pesado e inexoravelmente parecido com o vazio de antes da formação dos mundos, lugar aonde Deus se encontrava. O vazio é algo que não se conta porque é nada, onde não existe nada, nem positivo nem negativo, massa ou éter ou qualquer coisa mensurável, qualquer forma. No relato bíblico, Deus "pairava sobre a superfície das águas...", mas, antes era o vazio, não existia nada. Vamos supor que o nada se referisse a essas partículas visíveis que conhecemos hoje como átomos, mas, tão condensados e compactados, dentro do mundo de Deus, buraco negro?, e o incrível trabalho nos elementos sub-atômicos, que mais tarde gerariam, em suas expansões o universo que é. Fora deste mundo condensado a tremenda solidão, um espaço que não havia porque não era nada, não comportava nada a não ser algo impensável como os buracos negros, aspirações, repuxos do nada e de onde sairia, em sua explosão, o mundo que hoje vemos. Bilhões de anos de solidão total, de escuridão, até que, no tempo de Deus, os elementos sub-atômicos, o mínimo que se possa conceber, os menores, gerassem formas, luzes, corpos, e no ápice dessa maravilhosa criação: a consciência, posta em uma das menores e frágeis criaturas, o homem, com capacidade de armazenagem atos e fatos, um genoma que carregasse suas especificidades, e, principalmente raciocinasse, fazendo e realizando suas vontades.
O coração, mente humana, está no vazio, tão insolitamente desconhecido quanto o de Deus, antes da criação, paralelos de difícil cruzamento. Vazio diferente apenas no nível psíquico, emocional, em Deus o tudo, apesar da solidão crônica, em todo resto da criação a agudeza da profunda solidão compactada num mínimo espaço de tempo, na brevíssima vida dos mortais. Angústias, dores, sofrimentos, desorganização, produtos da visão, foco, desenvolvida ao longo da história, sempre negativamente, por falta do conhecimento total das coisas, o rumo certo para a felicidade, promessa diabólica, no Éden, "no dia que comeres(do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal) certamente sereis igual a Deus, conhecendo o bem e o mal...", e, o homem não conheceu nada, a não ser a estrada de um aprendizado lento e doloroso, tentando preencher o enorme e massacrante vácuo existencial. O humano vem lentamente, através de complexas transformações químicas , bioquímicas e biológicas, melhorando, nos milhões de anos da existência de vida no planeta, e, tentando reorganizar seu comprometimento maior na criação: conhecer e ser conhecido. Aqui não vale a retórica cristã da simples confissão que Cristo salva a alma angustiada, pecadora, transgressora, de suas mazelas, porque a simples confissão não exonera o homem de conscientemente conduzir "sua nova vida" no veio moral e ético produzido da necessidade social de convivência pacífica. Sua essência sempre será massacrada e o seu "natural" reprimido. A vontade da alma será massacrada por outras vontades o que impede a realização pleno do conhecimento gerando vergonha e diminuição como criatura.
O homem tem tentado explodir seu "buraco negro", isto é, desesperadamente, ao longo da história, preencher seu vazio com alguma criação sua, como Deus fez, e nunca o faz porque não tem onde fixar seu foco, sua visão, por falta de conhecimento, assim, relacionamentos, trabalhos, pesquisas, todo tipo de armazenagem de conhecimento, comércios, indústrias, amores, servem apenas para trabalhar contra si próprio o que gera profundos problemas para a sua própria vida no planeta , como guerras, destruição da natureza, enfim, todas suas ações são usadas para auto-destruição, como uma forma de anular-se, de sentir-se rejeitado na criação. Esse vazio tem um peso, que é o maior que se possa imaginar, pois, é a condensação de todos os elementos, toda matéria, nesse pequeno ponto no espaço, que é nossa consciência(o salmista diz: "o que é o homem mortal para que Deus se lembre dele...?), a qual será renovo a partir da experiência de Jesus, com seu corpo ressurrecto, diante de uns discípulos totalmente ignorantes quanto essa enorme e linda possibilidade. Os laços da compreensão e do jugo(falta de conhecimento) rompidos gerando novas possibilidades, quebrando a ignorância, novos caminhos de vida e de felicidade, a consciência conhecendo e dando-se a conhecer num espaço de tempo impensável. Um novo tempo, uma nova consciência a partir de um novo fato, a ressurreição, isto é, a transformação de nossos corpos em novos corpos(consciências) capazes de assimilar e compreender fatos que agora não compreendemos. Esta é a mensagem da Páscoa: Jesus ressuscitou e agora vivo está, porta aberta para novas e vibrantes experiências, nossa esperança e fé.
Feliz Páscoa!

domingo, 1 de abril de 2012

Vida bem vind

A pessoa, por si só, busca infindas batalhas, travadas em sua privacidade, no âmbito profundo de sua alma, entre o racional e o inconsciente, onde prevalece o nada, as sombrias convicções de que o nada, o desligar-se, onde o mais longe é o que vale. Depressão cada vez mais funda, mortificando a alma e dando a impressão de prá sempre, só vale o que é e o que é, em todos os níveis, machuca, gera sofrimento. Dor de cabeça, somatização que dá vontade de sair e não mais voltar, ficar deitado ali, na pedra, olhando o infinito, desligando-se da central, ficando longe, cada vez mais longe, nenhum vínculo com a vida. Viagem insólita, incomunicável, individual, sonho tenebroso, luz no fim do túnel, gosto de fel, loop de pesadelo, volteios e voltas da mente num giro estonteante.
São ondas, como as do mar, batendo na janela de seus olhos, vento forte, o sal criando uma crosta na retina, visão desfocada, arrepios porejando suores frios. Gargalhadas longínquas, sussurros de gemidos d'alma, sílabas sem fonemas, sons abstratos imagens vultuosas. Latejamento, idas e vindas, dor e alívio, luzes piscando, mulheres com seus seios lá embaixo e tendo em suas pontas um menino tentando mamar nada e olhando prá mim com os olhos bem grandes gritando por socorro, o que aumenta a vontade de voar, de sumir. Mulher, esposa, filhos, netos pisando em areia movediça, gritos, som sem voz, de repente, calmaria, leveza, será? Dormi, adoeci ou morri?

sexta-feira, 30 de março de 2012

Vinícius-Se foi prá desfazer, prá que que fez?

Estou sem assunto para escrever, registro em crônicas. Pensei em escrever sobre a morte de Millor, mas, não tendo acompanhado a trajetória de sua carreira, opus-me. Depois, sobre a violência que grassa nossa sociedade e quiçá o mundo todo, bom assunto, mas, logo fiquei fascinado pela pergunta, infantil, quase imbecilizada, com respeito à criação, a graça de Deus para os homens, base do cristianismo e das religiões criacionistas, a pergunta endereçada a Deus, portanto, sem resposta verbalizada:
- Se foi para desfazer para quê que fez?
Bom assunto, mas, de uma complexidade tão grande que percebi não ser o ideal, mas, resolvi escrever sobre. Imaginemos um mundo onde não houvesse a tremenda necessidade de reciclagem como nesse em que vivemos, isto é, um dos caminhos era esse de não haver mortes, e, portanto, com uma enorme tendência à explosão demográfica. Criaturas para todos os lados e sem "breque" rapidamente o planeta não teria condições de sustentar a todos. A quantidade de animais também seria insuportável, e, olhando de um ângulo maior, as trocas químicas e bioquímicas, biológicas, orgânicas, tão necessárias para o sustento do sistema vital, nessa renovação infinda, não aconteceria gerando um acúmulo de todo material criado. A renovação ou reciclagem da vida orgânica, como conhecemos, não significa destruição e sim uma continuidade de um processo de milhões e milhões de anos rumo a um céu, nirvana ou descanso, quando o homem e todas as outras criaturas atingirão um nível de vida ótimo, portanto, Deus não está desfazendo o que fez mas gerando melhorias na criação, como um todo, quando todos seremos um só povo, movidos pela justiça e igualdade, na compreensão de como o corpo de Jesus se pôs no meio de uma sala onde estava reunido o seu povo, os discípulos, com um corpo incompreensível, uma outra dimensão, incompreensível para eles mas gerador da esperança que todos nós teremos aquele mesmo tipo de matéria mágica, transformada ao longo de não sei quanto mais anos vindouros.
Deus não esta desfazendo a criação e sim deixando-nos, através da ciência, entrever a beleza de Sua criação. Um dia conheceremos como somos conhecidos.

domingo, 25 de março de 2012

Chico, humor à flor da pele.

Tudo passa e sempre passará. A vida junto com tudo. Fã incondicional de Chico Anísio senti profundamente sua esperada morte, posto que doente estava, internado há quase quatro meses. Homem de talento e detentor de um extraordinário senso de observação, retirava do dia a dia, personagens dos mais o diversos matizes, criando, assim, um grande cartel de personalidades queridíssimas pela população de um modo geral.
Há tempos atrás ouvi uma palestra, na igreja Assembléia de Deus, freqüentada por meu amigo Miquéias Fernandes e responsável por minha ida até lá, a respeito, desse raro dom, de pessoas que influenciam outras ou por ações, ou por palavras, enfim, pessoas que de uma forma ou de outra influem e mudam vidas e marcam suas passagens na vida de uma forma mais marcante que outras. O pastor fez um apanhado na História buscando esses abençoados e caminhando até nossos dias e depois voltando, nessa maravilhosa viagem no tempo, até Jesus, o maior de todos os influenciadores, mas, por um motivo qualquer esqueceu-se de alocar, entre esses, o Chico, o maior de todos os humoristas brasileiros, colocador nas frases mais corriqueiras, de uso diário, expressões que todos nós usamos.
- Eu vou bater pra tu pra tu bater pra tua patota...
- Tá com pena, leva pra tua casa...
- É mentira, Terta?
- Eu sou jovem...
- E o salário, ó..., mostrando um espaço pequeno entre o indicador e o polegar.
Um gênio, com mais de duzentas personagens, com características totalmente individualizadas e com vida própria, que nos divertiram durante muitos anos, mostrando que importa que vejamos a vida, dura e cruel, com os olhos do bom humor, de uma súbita vontade de eternidade, que depende exclusivamente da forma como encaramos os problemas que aparecem em nossas vidas. Tão forte era esse compromisso com a vida que em uma de suas últimas entrevistas, Chico comoveu-me com uma resposta à uma pergunta da repórter:
- Chico, você tem medo de morrer?
E, a resposta incontinente, rápida, pronta:
- Não tenho medo de morrer, tenho pena...
Registro, nesta crônica, com pesar a morte desse grande homem.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Davi.

Dia 10 de março nasceu meu quinto neto, sexo masculino, comum a todos os eles. A data prevista para o nascimento de Davi, é o nome dele, seria a partir do dia vinte, mas, por um motivo qualquer, nasceu antes. Preocupei-me bastante, porém, sabendo de antemão que tudo sairia muito bem, a contento, pois, lembrei-me de outro Davi, que mais tarde em sua vida viria a ser um grande rei, o rei Davi, o mesmo cuja geração desencadeou-se para Jesus, nosso senhor. Ele, o rei, era muito jovem e pequeno para as grandes missões que Deus lhe reservava. Último filho de Jessé, pequeno e aparentemente fraco, escolhido por seu pai, por sua aparência franzina, para ser pastor de seus rebanhos de ovelha, mas, escolhido por Deus para grandes missões de resgate de seu país, Israel. Magro, porém, com força para matar leões e ursos, acabou libertando seu país da vergonha ante um gigante filisteu chamado Golias, matando-o com um seixo liso atirado de sua funda e alojando-se na testa do gigante.
Jessé deve ter sentido o mesmo orgulho que sinto em relação ao Davi. Nasceu pequeno, porém, cheio de vida, com a mesma força divina a impulsionar-lhe a vida, pronto a matar leões e ursos. Lá estava Natássia, minha nora, pronta para trazer à vida mais um Homem, o Davi; Louri, o médico, abriu-se-lhe o útero, como uma lagarta faz rompendo o casulo e transformando-se numa borboleta, símbolo de liberdade, mostrando, primeiro o cabelo molhado de Davi e lentamente saindo para a vida o resto do corpinho, branco, sujo de líquidos e sangue, o ar entrando nos alvéolos pulmonares pela primeira vez, desvirginando-lhe o mecanismo da respiração, depois, o brado, grito de que finalmente o esperado acontecera, a luta pela vida, parece-me comum aos Davis, o choro, a busca pelo quentinho uterino, e, finalmente a resignação adquirida por milhares de anos da presença do ser humano na terra, o de ser simplesmente vivo, o instinto de preservação da raça, com todos seus valores, suas virtudes.
Davi, sei que você será tão grande quanto foi o pequeno Davi de tempos atrás. Tenho a premonição de que um grande futuro, dado por Deus, lhe aguarda, e, esta é minha benção pessoal, como avô, de que Deus é com você, como tem sido com minha família, através de tantas gerações, para sempre.
Deus lhe abençoe pequeno Davi.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Cachorros e cachorradas.

Doía tudo. Os músculos dos peito e das costas eram os que mais doíam, mas, a conversa, com meu amigo Humberto Michiles, tomando ou degustando um bom café, sobre a vida e a inteligência dos cachorros, relaxando-me, deixaram-me leve e a conversa fluiu mais solta.
As mais variadas histórias vieram-nos à tona de nossas consciências. O Lobo, cachorro pastor-alemão de seu pai, o Xandir, meu rottwailler que emocionou-me quando de nossa separação, pois, além das inclinações que fazia com a cabeça, de um lado para outro, ele estendeu-me uma de suas patas como me dando uma mão, na despedida. O Lobo, conta-se, não saia do lugar onde estava até a chegada de "seu" Darcy, pai de Humberto, que saíra para um lugar onde ele não podia estar.
É claro que na conversa tinha que vir à tona as mordidas e a valentia de alguns de nossos cachorros. Tive um fila brasileiro, o Brutus, que mordeu-me a mão, que ficou literalmente entre seus caninos, porque teimosamente fui mexer em seu prato de comida, imersa em sua enorme boca e à medida que andava para trás, sacudia meu braço de um lado para outro na tentativa de desmembrá-lo, e, eu na mesma velocidade andava pra frente, numa tentativa de anular a força de seus movimentos. Fiquei nessa posição até que ele abrisse sua enorme boca, o que gerou em mim um forte choque percorrendo desde a mão até o ombro. Uma experiência dolorosa.
Na família do Beto houve um akita, cachorro magnífico cuja característica é de ser companheiro e fiel aos donos até a morte, que obrigou a todos de sua casa a tomar vacinas anti-rábicas porquanto mordera o rosto de um parente e a avó, uma espécie de matriarca, ordenara a vacinação de todos, por medida de prevenção.
O fato é que em todas as épocas o homem necessitou e ainda necessita de alguém confiável na amizade e que fizesse companhia nas caçadas, nas andanças pela vida afora, como um marco de confiança, um ponto de referência, com a certeza de poder-se sair de casa sabendo que ela vai ser vigiada por alguém que não titubeia em morrer por seu dono. Tantas pessoas ao retornarem às suas casas encontraram seus cachorros machucados, mortos, sacrificados, mas, suas casas não violadas, intactas graças à tenacidade e bravura de seus cães.
Criei, enquanto morei em casas, filas, rottwaillers, poodles, boxers etc..., e, como em nossa conversa, cheguei à conclusão da grande necessidade de sempre termos, aonde estivermos a amizade e o amor de um cachorro. Seja, pois, um cachorro, racionalmente e emocionalmente, para alguém, dedicando-lhe toda fidelidade e amor, certamente algumas lacunas, profundas ou não, na vida dessa pessoa serão preenchidas e você se sentirá feliz.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Racionalidade

Em seu livro, Sobre a China, Henry Kissenger comenta a surpreendente evolução da China em quase todos os níveis de bem-estar como país. É claro que tal desenvolvimento só evidenciou-se com a abertura mercadológica dos Estados Unidos em relação à China, em condições surpreendentes de relacionamento, já que, ambos antagônicos em princípios políticos, resolveram relacionarem-se apenas no lado de mercado, sem interferência ideológica de ambas as partes. Isto me deixou bastante otimista, posto que, através de pelo menos quatro décadas ou quase oito presidentes americanos têm-se mantido os acordos bilaterais, e, tal relação abriu enorme espaço para as exportações brasileiras, sendo a China, hoje, maior responsável pela compra de minerais e de nossa agricultura, o que contribuiu, entre outros fatores para a estabilização do Brasil e sua fixação como um dos países em franco desenvolvimento.
As notícias de corrupção e a insensibilidade dos governantes, talvez para manutenção do poder, em resolver através do judiciário, tais questões me deixam pessimista, apesar do esforço desenvolvido pela polícia federal, ministério público em trazer a público tais impunidades. A impunidade leva, como uma avalanche, quase todo potencial de desenvolvimento real e de credibilidade nas ações de gestão interna de nosso país. Há algo que falta. Não respeita-se mais as classes que têm o potencial de equilibrar o país internamente, a judiciária e a política, a religiosa nem se fala. Escândalos envolvendo lideranças importantes, em quase todas as religiões, deixam-me a impressão de que é assim mesmo, não há jeito, não há término para tais maldades.
Resta-me apenas a fé, não no ser humano, em si, eu incluso, mas, numa interferência de fora da questão antropológica, independente da racionalidade, e, assim repito:
Maranata, Senhor, nossa esperança, nosso futuro.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Falta de Educação.

Os shoppings sempre são bons ambientes para passeio, para compras, para encontros de amigos, ou mesmo para encontros outros, para tomar-se um bom café, um lanche ou mesmo um almoço, para simplesmente passear de mãos dadas com a amada observando os produtos e seus preços, com suas enormes variações. Os montadores das vitrines das lojas sabem como fazer os potenciais clientes pararem ante elas e depois entrarem nas lojas para comprar. O cheiro das lojas, os trajes dos vendedores, os sorrisos, os atendimentos particulares, os produtos em si, são chamativos e nos levam a gostarmos de estarmos em tais ambientes, nos sentimos ótimos nessa capacidade de consumo. Aliás, essa palavra consumo é que torna pessoas mais ou menos poderosas, quanto mais capacidade de consumo mais poderosa a pessoa é, e, gera uma espécie de sentimento de sentir-se melhor que os outros, sendo que este sentimento nunca é mostrado, ao contrário, uma pseudo bondade é o que aparece, que aflora, mas, se possível o quanto mais longe melhor, desde que o poderoso não entre em contato real com a comunidade onde moram os menos favorecidos pela fortuna, pois, podem sofrer maldades por parte desses.
Dia desses passeava em um dos grandes corredores de um desses shoppings, eu de bom humor, ela sorridente, ambos olhando atentamente os produtos de todas as lojas que passávamos, dissecando os preços e comparando-os com os de outras lojas, entretidos no sério labor, quando passa um sujeito atarracado, apressado, numa velocidade digna de anotação, igual a daqueles atletas que andam como se estivessem correndo, se rebolando apressadamente, o que me chamou a atenção. Depois de uns segundos sentimos um cheiro ruim, podre, e, imediatamente relacionei a pressa do sujeito ao cheiro e entendi, quase vomitando, o ataque a que estávamos sendo alvo. Foi algo totalmente imprevisto, levando em consideração o ambiente e o "nível" de pessoas que por ali transitam. Pensando nisto cai numa gargalhada, um riso incontrolável, lembrando-me que realmente todos somos iguais, não importando aonde estejamos. Todos nós, seres humanos, somos literalmente iguais, e, se não tivermos educação aí é que se evidencia a igualdade, mesmo em lugares onde não deveríamos mostrar-nos mal-educados.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

A correnteza.

O ar frio da madrugada batendo diretamente em nossos rostos, vindo do meio do rio, gelava-nos a alma. Apressávamos os passos no afã de esquentar os corpos. Íamos na direção do cais do porto para embarcarmos no batelão do leite. Esse barco saia todos os dias do porto de Manaus em direção à Vila do Careiro e parava em todos os flutuantes, no caminho até lá, e, na vinda até cá, que o chamassem acenando uma toalha branca, logo o comandante endereçava a proa do barco na direção do chamado para o resgate daquelas necessidades. Mesmo com as sanefas abaixadas, protegendo a todos do vento direto que teimava entrar pela proa, o frio era intenso. O cheiro do motor em funcionamento, talvez do diesel, misturado com o tal vento do meio do rio nos dava a impressão de um quê desconhecido. Às vezes, uma chuva fina caia impiedosa, batendo em nossos rostos, em pingos cortantes como chicotes, e, no escuro da madrugada só fazíamos nos agasalhar mais perto uns dos outros. Não sei o quão forte é o som do Minuano, lá longe, na verticalidade do país, bem ao sul, mas, o vento fazendo as lonas gemerem, e o som do vento ao passar pelas cordas e mastros, o som do casco subindo e descendo entregue aos formatos das águas, formado por ondas altas, me fazia fazer preces à Deus, pedindo que logo chegássemos ao cais, acolhedor, sonho de regresso de todo marujo. A nesga de céu que víamos, eu e meu irmão, por entre as lonas esvoaçantes, era escuro e numa constância inquietante clareado pela luz intensa dos raios caindo, alguns lá longe e outros mais perto de nosso barco. A imensidão do rio Amazonas reclamando, através de suas enormes ondas dava a sensação de estarmos dentro de uma casca de noz, erma, solta, escrava da natureza rude.
Os meninos da Amazônia aprendem desde cedo a respeitar essas forças desconhecidas e fortes do grande rio. Aqui bem calmo, ali um turbilhão, resultado de tanta força, tanto vento, tanto correr, tanto quebrar a tudo que encontre, inclusive as barrancas que caem, tombadas ante a força da correnteza.
Sentado num banquinho, na beira do barranco, via o por sol, calmo, lento, vermelho brilhando na superfície tranqüila do rio, dando-me uma sensação de paz. Lá no meio do rio, aproveitando a correnteza mais forte, um grupamento de canaranas e um pedaço de árvore, no talvegue, boiavam e rapidamente desciam o rio, um bando de papagaios e periquitos numa gritaria infernal passavam por cima, voando não tão alto. Quando em vez o dorso de um boto ou mais cortava as águas, quebrando a monotonia da cena.
Em ambas as cenas, pensei no quanto Deus fez tudo perfeito, um pedaço do Éden, reflexos do anseio de eternidade.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Oração.

Como é bom orar à mesa. Desde a minha tenra idade tenho orado à mesa agradecendo a Deus pelo alimento, pela vida em família, pelo poder estar com os seus, de poder ajudar os outros, de ter consciência de erros e a capacidade de pedir perdão, de estar antenado ao mundo observando as causas das mazelas e vendo os efeitos sob pessoas e até mesmo países, sabendo que a vida é mesmo e somente venda de imagem, todos querendo parecer mais bem vestidos que os outros, agradecendo à Deus a Sua enorme compreensão para nossa enorme pequenez, no sentido de não conhecermos nada da imensidão, caudalosa de conhecimentos que não compreendemos e que talvez não venhamos conhecer, enfim, somente agradecer por essa dádiva que ter tido a oportunidade de viver. Meus netos também impregnaram-se com a idéia:
- Deus, obrigado pela barriga da mamãe. Eu quero que o neném dentro dela fique bem. Quero que os pobres comam, não tenham fome. Obrigado pelo avô. Obrigado pelo meu irmão, pela mãe e pelo pai. Quero que o Thor (bulldog inglês recém-chegado) fique bem gordinho e que o kelm (rottwailler, guarda da casa), também seja forte. Obrigado pela comida. Em nome de Jesus, amém.
Esta é a oração de Enzo, meu neto mais velho, do meio, pois, há o mais velho, Alexandre Neto, e, o mais novo, Guilherme, e, os do meio o Enzo e o João Gabriel, onde o Enzo é o mais velho.
Tenho procurado, apesar de meus erros, ensinar-lhes o valor e a necessidade de agradecer a Deus por todos os benefícios e malefícios do dia a dia que temos alcançado apesar de, procurarmos, com fé, vivenciarmos nossa esperança de um mundo melhor, onde o homem verdadeiramente seja um na criação, com todas as criaturas e com o Criador.
Obrigado, meu Deus por tudo e por todos que, coincidente ou não, orbitam a nosso redor e fazem parte de nosso pequeno universo.
Obrigado, pelas crianças, aonde quer que estejam, pois, delas são o reino de Deus.
Obrigado, pelo pão de cada dia, porquanto, provês nossas mesas com o melhor para nós, conquanto, nos esforçamos para tal.
Obrigado, porque certamente existe homens de boa vontade, capazes de lutar por um amanhã muito mais humano.
Obrigado, pelas oportunidades, essas mesmas que nos ajudariam a ajudar outras criaturas, mas, que delegamos importância nenhuma, e, também por essas que usamos para difundir o Amor.
Maranata, Senhor.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O Bulldog

O bulldog chegara de madrugada, e, mesmo assim os meninos, excitados com a idéia de um bulldog inglês dentro da casa, esperavam, ansiosos e acordados a tal criaturinha sair da casinha onde viera toda viagem.
Abriram a porta e o filhote, Thor, nome saído de uma lista tríplice saiu farejando, colocando seu pequeno nariz, rapidamente em todos os lugares por ali. Os mimos eram muitos.
- Olha que coisa mais linda...
- Olha como ele anda...
- Olha como ele é gordinho...
- Parece um porquinho...
O mais novo o colocara no colo e o filhote virando a cabeça tentava a todo custo morder-lhe a cabeça e os braços, o que o pequeno evitava erguendo e jogando sua cabeça para trás e apertando-o mais junto a si. Thor saiu cheirando o chão e buscando algo para mordiscar e transformou os pés de todos em alvo. Seus pequenos dentes eram bem amolados, pareciam agulhas, fininhas prontos a furar qualquer coisa. O cansaço logo atingiu a todos e naturalmente o sono generalizou-se. Todos foram dormir.
O dia seguinte amanheceu como sempre, com o sol já alto, era domingo, os passarinhos nas árvores cantando e o Thor, o bulldog, andando, com seu rebolado, pela sala de estar e cozinha da casa, entre o cocô e xixi da noite. Quem entrasse nesses cômodos sentiria um cheiro pesado, o mesmo que todo canil apresenta. O primeiro a entrar na cozinha foi o mais novo. Esfregando os olhos, tentando se manter acordado e procurando o cachorrinho, que tranqüilamente dormia embaixo de um móvel. Ele virara o peito para cima e dormia como um anjinho, ressonava. A careta feita pelo menor foi a mesma feita pelos outros da casa ao entrarem nesse local.
- Ah! Anjinho fedorento, pensava o dono da casa. Caramba.
O canino, na sala de visita, durante a noite, simplesmente dentara boa parte da laca do móvel da sala, descascando-o na parte inferior.
- Olha o que o Thor fez ao meu móvel, gritava a mulher ao perceber a agressão. Todos correram para ver e comumente pensavam o quanto o cachorrinho era danado.
Apesar da danação do animalzinho todos olhavam para ele com o olhar dos apaixonados, saindo coraçõeszinhos dos olhos, cheios de ternura. Como a vida seria mudada a partir da chegada de tão lindo e danado cachorro que instintivamente continuava a morder tudo que via pela frente, inclusive os pés dos donos, que quando em vez gritavam da alfinetada dos dentes do Bulldog.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Palmadas.

Não sou a favor da abolição das palmadas na educação das crianças, cujos intelectos são aprimorados pela velocidade das informações, que chegam de todos os lados e lugares, dando um novo formato educacional a todos nós, pais, filhos, avós e netos, o que confere novos conceitos de personalidade, um novo horizonte social, mas, não muda o tom ranheta, moleque, das crianças desobedecerem. Nunca dei palmadas em meus três filhos, imagine nos quatro e agora mais um porvir, talvez, em começo de abril, conversei o que tinha pra conversar, castigos no que tinha pra castigar, e, graças a Deus, acho, deu certo. Meus filhos são educados, entretanto, em alguns momentos de intervenção materna, eles foram castigados com algumas palmadas, o que contribuiu, até os setes anos de idade, dizem os entendidos nesse assunto, para a formação e compreensão dos conceitos do bem e do mal, do certo e do errado.
Não faltou amor neste tipo de educação, o das palmadas. É claro que sou radicalmente contra as palmadas dadas, acompanhadas de ira, ou com o propósito de descarga de problemas em cima das personalidades em formação, pois, alguns adultos agem e tratam as crianças como fossem adultos e cobram delas atitudes adultas, sendo que o comportamento tem que coincidir com os dos tais adultos, senão a cobrança é radical, e, às vezes comprometendo a formação. Acho devemos, nós os formadores desses pequenos, termos sabedoria suficiente para dosarmos e repensarmos o melhor para nossos descendentes.
Provérbios 22:6 - Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele.
Provérbios 15:33 - O temor do SENHOR é a instrução da sabedoria, e precedendo a honra vai a humildade.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Felicidade.

Esse estado nirvânico, perseguido por tantos, ao longo da vida, e, quase nunca alcançado, pois, é certo que quando pensamos que o alcançamos logo a vida nos diz que não, não o alcançamos, e, a perseguição continua, com renúncia, com paciência, com amor, com sobriedade, com e sem dinheiro, com muito trabalho e dedicação, com ajuda aos outros, pobres, necessitados, doentes, alegria de viver ao lado de quem sabe-se amado, amizade fortemente profunda, sem nenhum desespero, entendendo que é dessa compreensão que podemos solidificá-lo, com direito a dia de fúria, uma perseguição infinda atrás desse sentimento etéreo chamado felicidade. Ele pode ser quebrado por qualquer insignificante coisa, uma careta, um gesto mal-entendido, uma palavra fora de hora, às vezes sem veleidade de ferir, também algum acontecimento sem propósito algum descaracteriza-o dando a impressão de maldade, e, assim lá se foi nossa felicidade, esse estado tão bom, embora, tão frágil.
Existe o defensor de que a felicidade só depende de nós mesmos, do modo como encaramos os disparadores de infelicidade, portanto, é um problema exclusivamente da nossa consciência, pois, podemos modificá-la à vontade. Sabemos que tudo e todos que estão à nossa volta, em nosso entorno, e, também aquilo ou aqueles que , às vezes, nem fazem parte de nosso universo, contribuem efetivamente para a quebra desse momento mágico, independentemente de nossa vontade. O fato é que os momentos de maior tempo em nossas vidas são os de problemas. Estes estão sempre à nossa volta tentando e tentando dar uma forma infeliz no nosso modo de viver. Dizem as estatísticas que a questão financeira tem maior impacto na nossa visão dos problemas, como também a questão sexual, pois, as frustrações advindas dos complexos e confrontos sexuais são realidade na condução de vidas.
Vivamos e busquemos, enquanto podemos, nossa própria felicidade, às vezes ela está tão pertinho da gente e não nos apercebemos disso. Ela grita ao nosso lado e não a ouvimos. Mostra-se por inteiro e não a vemos. Peçamos a Deus sabedoria para vivermos nossa vida, esse navegar ao infinito, tomara que feliz.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Gripe, é fantástica, a vida.

Domingo, noite, a dor na cabeça descomunal, nas articulações e de sobra em todos os dentes. Gripe violenta que me faz imóvel e me dá chances de lutar contra a inércia proposta. Parece besteira, mas, nunca tomo medicamentos, e, teimosamente vou sofrendo com as dores, mas, fraquejei e tomei um analgésico com um mio-relaxante. Ē claro o sono rapidamente chegou e as dores melhoraram sob o efeito dos remédios, o que me dá outra oportunidade de lutar contra os efeitos dos medicamentos e, então, resolvi escrever. Antes já havia tomado um copo de caldo de pato no tucupi, super-quente, gentilmente cedido por minha cunhada, e, mais um prato fundo de sopa, que arranhava minha garganta à medida que passava, e, ainda bem que ninguém lembrou-se da canja de galinha, coisa que não gosto, não que não tome, mas, se for possível evitar, evito.
O som da televisão me aborrece por aumentar um pouco a dor de cabeça, talvez, aliada à luz do computador, irritante para tal órgão, o olho. Tento desviar a atenção de meu cérebro pensando ainda bem que o Guilherme e o João Gabriel estão nos braços de Morfeu, a algum tempo, pois, se os danados estivessem acordados não me deixariam em paz com suas brincadeiras barulhentas.
Vou tentar fechar os olhos por uns momentos e descansar. Boa noite, vida, descanso para amanhã viver sem dor, de novo, teimosamente.
Maranata, Senhor.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Violência.

A construção do shopping lembrava um enorme navio. Os compridos passadiços possuíam de um lado lojas e do outro, direcionado para o centro um vão, de maneira que cada andar via o de baixo. Apesar da hora, ainda era muito cedo, muita gente circulava por entre as diversas lojas.
De repente, um grito alucinante, de mulher. Um grito de dor. Um grito para ser ouvido, pois, apesar de retornar dor, era um grito de pedido de socorro. Logo uma pequena multidão se pusera ante a porta de entrada da loja de onde vinha os gritos. Era um salão de beleza. Os rapazes do salão não sabiam o que fazer, perturbados pelos gritos incisivos e agudos. O homem agarrara a vítima pelos cabelos e agora mesmo puxava sua cabeça para baixo e ao mesmo tempo socava-a no rosto, numa tentativa de deixar sua marca como uma punição.
- Vadia, vadia, vou te matar..., gritava o homem, fora de si.
- Largue a moça, comandou a voz grossa e alta do guarda do shopping.
Alguns dos funcionários do salão gritavam ao mesmo tempo tentando explicar o ocorrido. Uns diziam que o homem entrara ali e queria matar a moça, outros bradavam que era um problema de dívida que o sujeito viera, por fim, resolver, outros que era um assalto. O fato é que a mulher quase sem voz, agora, ainda emitia grunhidos estranhos, incompreensíveis. Alguém ligara para a polícia.
- Socorro, é da polícia? Tem um homem querendo matar uma mulher aqui no shopping. Socorro...
Finalmente o homenzinho largara os cabelos da mulher e desconfiado, com vergonha, olhava os rostos de todas aquelas pessoas, que olhavam para ele com ares de pouca amizade, talvez, olhando melhor estivessem pensando num modo de liquidá-lo, e, este último pensamento fez com que a adrenalina corresse mais rápido por seu corpo, paralisando-o. Ele levantara as mãos pedindo calma ao guarda que o segurava por trás e apertava-lhe o pescoço numa espécie de gravata.
O consenso dos lojistas não permitia tal violência dentro de seus limites. Aquele fato poderia afastar clientela e a falta de clientela geraria um colapso financeiro total. Não, o fato teria que ser reprimido com rigor para para servir de exemplo para outros. Não poderia ter repetição. O superintendente do shopping autorizara a entrada da polícia de choque pela passagem dos clientes, o que chamaria mais atenção da clientela, daquele lado do shopping, que tudo fazia para acompanhar o fato. O aglomerado afastara para a entrada daqueles homens armados até os dentes para efetuarem a prisão do covarde, do mau elemento, que desarmado não entendia direito aonde ele se metera, pois, seu plano era dar um susto em sua ex-mulher, mas, como era óbvio perdera a cabeça.
- O que aconteceu? Perguntava o sargento, comandante de seis soldados, sendo um deles cabo, ao guarda do shopping.
- Este cidadão atacou, e, surrou esta mulher e fez ameaça de morte a ela.
- O senhor está preso. Queira nos acompanhar até a delegacia, por favor, dissera o sargento querendo parecer educado para a pequena multidão de curiosos.
Um dos soldados segurou com bastante força um dos braços do rapaz que olhava para a mulher na esperança de que ela ajudasse-o, mas, o que conseguira fora um olhar de desprezo como se dissesse: agora tu me pagas o novo e o velho... e, então, ele sentiu o peso da enorme solidão que tomava conta do seu ser. Sou bom cidadão, bom pai e filho, trabalhador, o que estou fazendo?
Sentiu, no outro braço o aperto que um outro soldado lhe dava em seu outro braço e um leve empurrão na direção da porta de serviço, uma porta no fundo da loja que servia de entrada tanto para os empregados quanto mercadorias e era no fundo para os clientes não verem esse tipo de movimento, por isso, ninguém viu o tapa violento que o acertara por trás da cabeça e que o fizera ficar tonto, pois, a adrenalina corria com mais força por todo o seu corpo, e, então, teve medo por sua vida. Nunca mais faço isso, mamãe do céu...
O movimento do shopping voltara ao normal. As senhoras e senhores recomeçaram a andar em busca de suas compras. Um ou outro ainda falava sobre o ocorrido, mas, logo tudo estava normal como se nada tivesse acontecido. Dez minutos depois todos não lembravam de mais nada.