sexta-feira, 26 de março de 2010

Darcy Humberto Michiles

Melhor que uma tarde inteira trocando idéias sobre os mais diversos assuntos e usufruir da presença amiga de um amigo é somente a presença física do próprio amigo, no caso o meu amigo Humberto Michiles. Encontrei-o no café, Café do Ponto do shopping Manauara. Saboreamos o incrível cafezinho do Ponto e pude usufruir de sua conversa fluente, amiga e inteligente sobre os mais diversos assuntos, inclusive de um que muito me emociona em todos os momentos que é conversar ou falar sobre seu pai: Darci Humberto Michiles. Senti na pele ou na minha vida o que é ser atendido ou prestigiado por uma pessoa que teria o dom, dádiva de Deus, de servir aos outros sem a devida retribuição.
Conto melhor. Um dia, em Maués, uma cidade do interior do Amazonas, rica em praias e divertimentos, café e guaraná, eu estava na frente de uma dessas personagens, o deputado Humberto Michiles, pai do novo deputado, com sua autoridade inconteste, talvez por sua enorme altura, considerando minha própria altura e pessoa, e, eu com muita fome, pois, passara o dia longe da casa principal e agora, naquela tarde, disfarçava a fome olhando para o pastel que me parecia delicioso, mas, que custava o dobro do dinheiro que estava no meu bolso, e, longe de mim exposto na redoma do armário da lanchonete, ali na minha frente, perto do lugar onde estávamos.
- Alexandre, como vais tu? Queres alguma coisa? Rapaz, perguntara ele.
Eu olhara para ele, intocável, enorme em sua pose de líder inconteste, pois era um homem alto e grande, sem saber exatamente o que responder, pois, o que eu queria era exatamente o pastel que gostosamente se expunha na redoma de vidro da lanchonete.
- Tudo bem, senhor, dissera eu.
- Olha, toma este dinheiro e compra para ti um pastel para teu lanche.
Fiquei abismado, pois, era exatamente o que eu estivera especulando e esperando. Queria comer aquele pastel. Lá estava ele impassível tostado e esperando que alguém tomasse a liberdade de comê-lo. Nunca imaginei que alguém tivesse a sensibilidade que o Seu Darcy tinha. Peguei o dinheiro, instintivamente, e, entrando na lanchonete disse:
- Me dá aquele pastel, disse apontando para aquele que eu queria.
O homem, detrás do balcão, colocando-o dentro de um saco de papel, entregou-me e disse:
- Dois dinheiros.
Entreguei o dinheiro e correndo me escondi em algum lugar para saborear tal guloseima. Delicioso como algo que nunca mais comi na minha vida.
Tem pessoas especiais que têm esse dom de Deus: saber e conhecer as necessidades reais na vida de outras pessoas. Obrigado Humberto Michiles por ter me concedido a honra de conhecer e conviver com pessoa tão importante como seu pai: o velho Darcy Humberto Michiles, sujeito simples e justo que tinha o sentido do querer das outras pessoas. 

terça-feira, 23 de março de 2010

Enquanto é dia e noite não vem.

A ordem é viver intensamente o momento que nós estamos vivendo. Não irresponsavelmente, mas, sobretudo esperando e dando esperanças de vida real a nós mesmos e para os outros. Quando vivemos intensamente, o que estamos vivenciando, nada acontece de mal, pois, assim fazendo estamos praticando um ato de amor e nossos trabalhos ou tarefas tendem à perfeição.
Ontem fui ao enterro de um médico amigo meu. Amigo, desses cuja intimidade se perde ao longo da caminhada da vida, por um motivo qualquer, talvez, por interesses que a vida vai nos apresentando e que acabam na maioria dos períodos da vida a nos afastar daqueles. Ali no cemitério, ao encontrar outros amigos, comecei a pensar, algo inevitável, em nossa própria vida, na morte. Alguns julgam que devemos evitar tal pensamento.
- Não é bom pensarmos na morte, dizem.
Imagino que Deus quando da criação, e, depois na queda do homem, por livre e total arbítrio, sentenciou geneticamente a humanidade:
- Certamente morrerás...
Dizendo com esta frase algo tão querido pela humanidade: não morreríamos se Adão não tivesse escolhido a maldição, por livre escolha, mas, que acabou por condenar todos nós e passamos a conhecer a morte física, na transformação do físico, materializado neste corpo que hoje possuímos, material e sujeito a degeneração e corrupção. A volta ao Éden é o anseio do ser humano, seja em qual religião ou pensamento ele escolha ou viva. O viver para sempre é o anseio, mas, a realidade é morte e a sublimação desse pensamento vem através do trabalho, e, claro de outras atividades, mas, quase sempre do trabalho, pois, quando o homem trabalha não há espaço para divagar e se angustiar com a idéia de final, de morte. Assim, devemos simplesmente viver o que a vida vai descortinando à nossa frente, sem a preocupação da proximidade do fim, pois, a cada segundo vivido mais perto dela, a morte, ficamos. Na verdade esta crônica, relato de um enterro é um panegírico à vida.
Vivamos, pois, enquanto é dia e a noite não vem. 

quinta-feira, 18 de março de 2010

Ouvireis falar de...!

Quando li pela primeira vez a profecia de Jesus sobre os sinais do final dos tempos fiquei me perguntando como aquilo seria possível já que era fato comum na terra, coisas humanas:
- Ouvireis falar de terremoto, fome e guerras...
No meu pensamento estes acontecimentos sempre existiram até de uma forma comum, então, não poderiam ser considerados como algo fora da realidade, no caso uma informação futurística. O fato é que as palavras me intrigaram até que acompanhando os programas de informação, noticiários pela televisão, atinei para a trágica realidade, ao vivo e a cores, das três principais profecias, e, assim entendi a profundidade das palavras. Todo mundo, incluindo as regiões mais distantes da terra, sabiam ou recebiam as notícias ao vivo na hora do acontecimento, não como um sussurro, mas, como algo concreto e sordidamente real. Tsunamis, terremotos, fome tal que cheguei a presenciar morte, na África, por inanição, tanto de crianças quanto de adultos, e para a tristeza da raça humana guerras as mais diversas e mais cruentas, sem causa real, somente pelo prazer do poder. Invasões, gritos e mortes em países distantes, que sem as comunicações jamais saberíamos ou saberíamos muito depois do acontecido. Destruição, caos total e a terra gemendo como uma mulher para dá luz a um rebento, se preparando para um desfecho maior: a inviabilidade ou o aniquilamento da vida na terra.
Fico pasmo com explicações dadas por falsos profetas que querem predizer esse final e põem data para o acontecimento.
- A terra não irá acabar. Em 2112 haverá acontecimentos muito severos sobre a terra e que reduzirão a vida no planeta, mas, não haverá fim como as previsões cristãs dizem...
Lembro das profecias sobre a Era de Aquários. As propagandas, a era do Amor, o Éden, o final feliz, a perenização do humanismo barato onde o homem é o centro da criação e que se dane o resto, e o que aconteceu depois? Nada a não ser a mesmice, a rotineira visão da autodestruição por parte dos humanos do seu maior tesouro que é a vida e o planeta onde vivem.
Dizem que há uma auto-regularização da natureza numa tentativa de “consertar” os estragos produzidos pelo homem em seu sistema. Partindo desse raciocínio é normal entender as guerras como parte desse conserto, pois, aí pela morte de muitos volta-se à um nível demográfico aceitável, as fomes e suas conseqüências do mesmo jeito, e, claro, os terremotos e tsunamis que agora mais que nunca controlam a vida do planeta de uma forma muito mais severa. A mudança climática e suas terríveis conseqüências demonstram claramente o quanto de danoso as ações humanas têm influído na destruição do planeta.
No tsunami do Chile, recentemente, uma cidade chegou a “andar” três ou mais metros de sua antiga posição, o que facilmente nos conduz a um pensamento de que é possível o eixo da terra ser abalado sem podermos dimensionar as proporções negativas disso.
São Pedro diz que viu os céus se enrolarem igual a um pergaminho, pois, as estruturas da terra haviam sido abaladas.
Todas as nossas ações delineiam e se encaminham para este final. Não nos preocupemos, o homem em seu orgulho humano não retrocederá um milímetro em suas ações destruidoras, portanto, penso, não há salvação para o homem e seu planeta.
Maranata, Senhor.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Maranata, Senhor.

Sou como São Pedro que viu os céus caírem e se enrolarem como um pergaminho, então, creio, não há salvação para o mundo, porquanto, já definimos o destino da terra e seus arredores e assim fazemos, agindo propositadamente rumo à destruição total de tudo que é material, o qual poderia ser para sempre, isto é, ser ou existir mais um pouco, pois, tudo tem um fim, e, portanto, com a terra e todas as galáxias não seria diferente.
O homem tem realizado suas fantasias mais excêntricas e pobres. Desde as queimadas na Amazônia até as mortes desenfreadas de próprios seres humanos em guerras despropositadas, arruinando possessões, desvirtuando tudo que poderia ser de mais cômodo para a existência, a transmissão proposital de fome, dominações sem retorno de nada, senhorios sem reinos ou sonhos reais, domínios sem a devida autoridade do dono, mortes sem sentido, sonhos destruídos, desmotivação intencional e agravo da falta de personalidade e vontade de viver de um grande número de pessoas em todo o mundo, tudo isso corroborando para um desalentado, obnubilado e velado resultado: o fim de tudo e dos tempos, está perto e é agora, pois, a cada segundo contribuímos, nós todos, para o nosso próprio triste fim.
Não há esperança, diz São Pedro. Creio assim também. A violência, tanto oficial quanto a paralela, aquela que sentimos a toda hora, mas, que, não nos atinge nunca, pois, o vizinho é que cai com uma bala perdida, um assalto mal conduzido e com fim trágico, um trânsito desordenado e que parece nunca vai se ordenar, o aumento do ódio individual contra os próprios seres humanos, e, também contra a fauna e flora do planeta, a pesquisa maldosa de elementos vitais e que seriam de bom tamanho para a conservação do equilíbrio ecológico, o desmatamento da floresta e o respectivo aumento da temperatura terrestre, o descongelamento dos pólos, maior intensidade dos raios ultravioletas e infravermelhos, doenças sem curas provenientes de laboratórios de pesquisa e que usam o próprio ser humano como cobaia, as mudanças nos climas dos países, sim, não há esperança para a matéria.
Há uma espécie de humanismo barato, proveniente de um cristianismo cínico e não inteligente, onde o homem é considerado o centro da criação, e, portanto, dono da terra e do universo, assim, podendo dispor de todos os recursos para seu uso e prazer, não importando se estas ações vão desenvolver momentos irreversíveis para a manutenção da vida na terra e quiçá no universo.
Não há esperança, pois, historicamente o homem cumpre seu papel de com sua grande inteligência destruir tudo que está ao alcance de seu ilimitado poder de dizer não quando poderia dizer sim e dizer sim quando poderia dizer não, para o conforto individual de países, e, mesmo de indivíduos sem nenhum escrúpulos. Não, não há remissão para esse pecado, o fim é uma questão de tempo e como este não pára e é veloz podemos dizer que ele está perto, nosso fim está perto. 

quarta-feira, 10 de março de 2010

Orgulho não, simplicidade sim.

Lembro-me, agora, de uma estória contada por um amigo acerca de como devemos ser humildes e não orgulhosos.
A brisa do rio era perfeita embora um pouco úmida, quer dizer, a umidade relativa do ar estava alta naquela tarde. Devia beirar os 95 porcento. Aqui e ali uma ave sobrevoa-os. O barulho do remo em seu ritmo era monótono. Essa era uma região onde os rios eram largos e neste momento eles estavam no meio de um deles. Os dois rapazes estavam alegres, contentes de poderem estar novamente juntos, pois, havia algum tempo que Marcos saíra para estudar na cidade grande e Estevão ficara, no batente, trabalhando duro, na fazenda.
- Rapaz, Estevão, passei este tempo todo fora estudando e valeu a pena. Estudei matemática e seus números e fórmulas, a física, a geografia, a química e seus elementos químicos, a Histórias com todos os dados de como viviam os nossos ancestrais no começo e no seu desenvolver, a psicologia, a sociologia, a antropologia...
- Anto... o quê? Marcos?
- Antropologia, estuda o homem e seu comportamento na História e o seu desenvolvimento ou não em determinadas situações, Estevão.
- Caramba, Marcos, isso é difícil, pois, não?
- Ah! Dei um duro, rapaz...
- Puxa a vida...
- Olha como as nuvens estão ficando escuras e o rio está se agitando, heim, Estevão?
- É, vai chover muito forte.
- A nossa canoa é tão frágil e rasinha, não é?
- Sim, e a Matemática, é?
Estevão estava se sentindo totalmente menosprezado pelo amigo, sem nenhum reconhecimento por seu trabalho de tanto peso, literalmente, na fazenda, para que ele, Marcos, pudesse estudar na cidade grande. Como ele mudara pensava Estevão. Deixara de ser aquele amigo inseparável e com valores parecidos com os seus, onde o que valia era viver a vida no momento e muito bem vivida. Marcos agora era cheio de problemas e enigmático. Não era mais a mesma pessoa. Estava muito orgulhoso de seus estudos a ponto de simplesmente ignorar sua amizade.
- Lá onde você estudou você aprendeu a nadar? Marcos.
- Bom, não. Não sei nadar, respondeu ele. Por quê? Perguntou perscrutando algum tipo de problema.
- Não sei como você vai usar o que aprendeu aqui, porque, a canoa está afundando e eu sei.
Marcos olhou para o fundo da canoa e viu que ele estava quase todo tomado pelas águas que não paravam de entrar, enchendo a canoa. Pensou nada daquilo que aprendera tinha algum valor ali naquele momento.
Não sei o que aconteceu depois, só sei que aprendemos uma grande lição com os dois amigos:
Devemos ser sempre humildes e simples, e, nunca orgulhosos disso ou daquilo, pois, nada vale a pena a não ser viver intensamente a Vida a qual é simples e não exige sofisticação. 

quinta-feira, 4 de março de 2010

O que restará?

 Tenho notado que as pessoas têm se sensibilizado ante as catástrofes que têm acontecido diariamente no mundo todo, seja através da violência urbana, tão comum em nossos dias, como as naturais, provocadas, querem os cientistas, por nós mesmos. Os tsunamis e terremotos, a fome no mundo, as guerras e seus anúncios dão uma visibilidade do grau de deterioração humana, a falta de amor próprio e principalmente o desleixo, talvez por preguiça histórica, de deixar o mundo melhorado para sua posteridade. O laivo que o homem tem deixado na história é o mesmo, uma ânsia de superar os antepassados em tudo que seja destruidor dele mesmo. Claro que isto tem um reflexo profundo na natureza e na economia capenga, onde o que conta é o enriquecimento de quem já é rico e o empobrecimento de quem já nasceu e continua historicamente pobre. Veja o exemplo das nações. A África apesar das melhorias observadas à custa de gritos e sussurro de seus habitantes continua tão pobre quanto era, pois, é melhor que fique assim, explorada e geradora de riquezas para outros que detêm o poder de decisão sobre questões mundiais que no fundo são os grandes interesses econômicos que nunca aparecem como o principal objetivo. Temos que lembrar a invasão do Iraque e do Afeganistão por parte dos EUA. A revelia da opinião mundial e da própria ONU houve sua invasão e o massacre da população. O pano de fundo era a questão atômica, onde se dizia que o Iraque era portador e feitor da tecnologia atômica. Depois de provado que nada disso acontecia em seu solo, por questões outras (petróleo), a invasão e o conseqüente massacre daquele povo. E por aí vai.
John Gray em seu Cachorros de Palha, afirma que ao homem só resta o fim de tudo, pois, não há salvação, em todos os níveis humanos, para o planeta terra e seus habitantes, como num fatalismo histórico, onde o homem protagoniza irremediavelmente seu próprio algoz. Assim contado não há esperança para a raça humana e nem para a terra.
Como dizia, as pessoas têm se sensibilizado com esta perspectiva onde elas próprias aparecem como papel fundamental, atores e atrizes principais na escrita da História, então, mandam contribuições e alimentos, lençóis e todo tipo de consolo para desabrigados, para os famintos, para os necessitados, mas, continuam, apesar das expressões, a fazer tudo para a destruição global. Moro em Manaus, AM, Brasil e noto que os rios e estradas terrestres continuam sendo alvo de negligência por parte de todos. Garrafas, copos, papel, e, todo tipo de produtos, que vão ter influência na conservação da terra como moradia do homem, são consumidos e jogados ao léu (rios, estradas etc..), num projeto de autodestruição sem fim. Macroscopicamente, vemos e sentimos pena de nós mesmos, mas, de uma maneira apática, como se não tivéssemos fazendo parte do todo, continuamos a fazer o que recriminamos. As conseqüências como fome, terremotos e guerras servem como controladores naturais da explosão demográfica, da sede do homem de continuar sendo o centro da criação.
Firmo, então, minha convicção que a saída para todos nós está, reside em Deus, nosso criador e voltamos sempre para a frase:
- É uma questão de fé.
 A sobrevivência do homem exige uma nova consciência, um novo mundo, onde o corruptível seja banido e o incorruptível seja o banal, e, disso não tenhamos nenhum tipo de vergonha. Como diz, o meu amigo Dr. Rogélio Casado, a luta continua. Lutemos, pois.

quarta-feira, 3 de março de 2010

35 anos.

No dia 25 de fevereiro, passado, fiz 35 anos de casado com a Dra. Maria do Socorro Alves da Conceição Silva. Casamos em 1975, em casa, com o juiz, um senhor sisudo, que predisse:
- Declaro-os marido e mulher. O que Deus uniu o Homem não separe...
Então, decorreram trinta e cinco anos. O tempo é volátil demais. É comparado com as águas de um rio as quais não param de escoar-se, isto é, não param de correr, por isso, uma pessoa não se banha duas vezes no mesmo rio. Não se banha porque as águas não param, estão sempre se renovando. Olhando e sentindo a passagem rápida, célere do tempo em nossas vidas penso que talvez tenhamos atingido nossos objetivos reais nesta vida. Tivemos três filhos: o Alexandre Filho, a Maysa e a Gabriela. Três épocas diferentes, porém, intensas, onde no engatinhar da vida a dois aprendemos todos os truques de sobrevivência do relacionamento. Infeliz é o homem que não consegue ler sua própria história e em lendo-a não é capaz de relatá-la. Claro, sempre com mais erros que acertos, mas, sempre acertando no final, capacidade tal que renova o prazer de estar-se juntos.
Era um sábado pela parte da tarde e lá estava a Socorro, com sua enorme barriga, entrando no hospital para trazer à vida o nosso primeiro filho. Socorro, que traz no nome toda a experiência de vida do povo europeu e também árabe, consubstanciado em seu sobrenome: Alves da Conceição, claramente de origem portuguesa e já retirado o Feitoza para entrada do Silva, de minha parte, a esculhambar-lhe o nome tão nobre, carregara com sua nobreza peculiar, em seu ventre, nosso primogênito.
Um ano e pouco depois outro ser querido, a Maysa chegou e depois de dois outros anos a Gabriela. Como o tempo passa célere. Momentos alegres e momentos de tristeza, como quando, em anos separados, perdemos nossas mães no mesmo mês de nosso casamento, fevereiro. Ainda bem que o tempo, grande mestre, nos legou uma sublimação no amor e na vontade de servir às outras pessoas.
Sem esperarmos, aconteceram os casamentos, primeiro do Alexandre depois da Gabriela, a mais nova, a Maysa casará, assim se prepara, no final deste ano, e, com eles os netos. Na ordem: Alexandre Neto, Enzo, João Gabriel, e, por enquanto, o Guilherme. Quatro no total, quatro que exigem total dedicação e carinho, tal e qual os filhos exigiram cada um no seu próprio tempo.
Trinta e cinco anos onde o protagonista, aprendi isso, é sempre a mulher, pois, é ela que continua em sua árdua missão de em sendo mãe cuidar da casa, do marido, dos filhos, dos netos e ainda achar tempo para se dedicar a maravilhosa profissão, seja qual for, ela tenha, em nosso caso, a Socorro é médica, pediatra, gestora pública, e, trabalha com afinco em todas essas áreas, sem demonstrar cansaço ou falta de vontade de servir à coletividade que tanto necessita de sua dedicação.
Agradeço a Deus a esposa e mulher que Deus me deu. Acho que sem ela minha vida seria muito vazia, sem causa, pois com ela aprendi a sobreviver neste emaranhado de vidas que se cruzam e necessitam para dar continuidade à vida, nosso bem maior. Por isso, neste aniversário de trinta e cinco anos, bodas de tudo que é bom e de valor na vida, pois, não sei se amanhã vou estar vivo, então cultuo o hoje como sendo o mais longe que conseguimos ir, juntos, nesta maravilhosa estrada que construímos, a nossa vida, dedico, então, todos os parabéns a essa pessoa esplendorosa que minha esposa:
Dra. Maria do Socorro Alves da Conceição Silva(para esculhambar o nome tão nobre).

terça-feira, 2 de março de 2010

O poeta

Tenho que desdizer-me, mas, não faz mal desdizer-me. O que disse ontem não é, não aconteceu. A Maysa me ligou dando conta de sua desistência cirúrgica. Explicou-me sua ansiedade acerca da cirurgia e de sua conseqüente desistência. Fiquei aliviado porque estava longe sem poder dar-lhe suporte psicológico e físico. Não há uma necessidade de urgência, assim, aconselhei-a a esperar até julho, quando a programação pode ser melhorada.
Alegro-me com todas as possibilidades de ação por parte de Deus. Pensando bem foi melhor assim.
Hoje cedo deixei os meninos no colégio, cortei meu cabelo e tratei de achar um eletrônico para consertar o helicóptero do Enzo, presente caro que logo quebrou, mas, ainda passível de conserto.
Flagrei o Alexandre Neto em sua primeira poesia. Tentarei recitá-la de cor, é mais ou menos assim:
Nasci e moro em Boa Vista
Alguns dias meus vizinhos chamam-me a brincar
Outros viajo para Manaus
Fico perto de meus parentes e dos shoppings
Quando volto quero logo brincar
Um dia, quando eu crescer
Vou ser prefeito de Boa Vista.
Argüi, com ele, sua origem, já que ele nascera em Manaus e não em Boa Vista como disse. Ele me respondeu que era a criação dele, entendi que era uma mistura de personagem e ele mesmo. Deixei como estava e batizei o poema de “Um dia...”. Sei que o artista, se assim, a vida o encaminhar, vive da arte de mascarar as coisas e fazer, mesmo assim, os outros aceitarem como verdadeiro sua venda de imagem. Pensei, ele só tem onze anos de idade, idade boa para a criatividade. Navegue Alexandre, navegar é preciso, assim como viver também o é. Seja o talvegue de seus conhecidos e amigos, ombro amigo, pronto a consolar, e, portanto, ser consolado também, fortaleza de vida, luz a iluminar a sua e outras estradas, laivo de integridade. É o meu desejo do fundo do meu coração e aí você poderá ser prefeito de Boa Vista, seja lá qual cidade seja ou esteja. Boa sorte.
Está quase na hora de deixar a Mega e ir buscar os meninos no colégio. O tempo passa tão rápido que mal deu para escrever estas linhas. Até amanhã, se Deus quiser, Megafarma e seu café.

segunda-feira, 1 de março de 2010

A alegria de perto e de longe.

Estou novamente em Boa Vista. Ela está com pinta de cidade em nítido crescimento. As ruas mais movimentadas já esboçam uma espécie de engarrafamento em algumas de suas “bolas”, principalmente na entrada e saída das escolas e dos trabalhos. O centro não foge às responsabilidades de ser marco inicial da cidade. As ruas apinhadas de gente mostram a ânsia de compra dos citadinos, sinal evidente da dinâmica de compra e venda efetiva. É bom estar de volta e ver que as políticas estão de uma forma ou outra dando certo. É uma cidade jovem, de pessoas bonitas, e, pronta para aceitar seu destino predestinado à grandeza.
Novamente, na Megafarma, meu café predileto daqui, medito acerca dos últimos acontecimentos que acabaram por me trazer até aqui. Natássia, minha nora, tem que estar no sul do país, em uma feira de móveis e de designem, trabalho esse que abastece uma das várias lojas de móveis e acessórios para casas e que após sua intervenção, nessa área de compra, quase que triplicou suas vendas, tornando sua presença física nas compras obrigatória. Fui então convocado para assumir a maternidade dela, posto que, as crianças, meus netos, ainda têm suas puerícias a serem cumpridas, como horário da escola e das aulas particulares, inglês, reforço, etc...e, como meu filho, Alexandre, assumiu um posto interno em seu trabalho, ficou totalmente impedido de realizar tais tarefas. Sobrou para mim, pois, com um mês de antecipação, preparei-me para tal faina. Um dos meus laivos, em minha vida, realmente, é esse gostar de estar com meus netos e então foi fácil me conduzirem até aqui e aqui estou. Acabei de deixar os meninos na escola e fiquei alegre de, mais uma vez, encontrar seu João, o porteiro da escola, aquele da gripe que o deixou mais mole que bosta de pata. Logo vim para a Mega e pedi um cafezinho para matar a saudade.
A vida, infelizmente, tem dissabores. Vim com o coração na mão, como se diz, porque a Maysa, minha filha do meio, vai ter se submeter a uma cirurgia para a retirada da vesícula e eu que sou o acompanhante de todos os pacientes de minha família não vou poder estar lá.
- Maysa, sou eu... Que horas você vai para o hospital?
- As dez, pai, estou nervosa. Era para o senhor está aqui comigo...
- Lembre-se de uma coisa muito importante. Eu não vou estar aí fisicamente, mas, vou estar espiritualmente. Agora mesmo estou orando, pedindo a Deus que o médico tenha a serenidade e disposição para a realização da cirurgia. Deus, nosso Deus desde sempre, nunca nos deixou, nunca nos abandonou e sem alienação alguma digo que Ele, mais uma vez vai estar lá, e, eu também, junto a você, embora, depois da anestesia, você fique totalmente dormindo profundamente, saiba que estou aí com você...
- Está bem, pai, obrigada...
Imagino sua carinha de menina, preocupada, perguntando a si mesma se realmente eu vou estar lá ou se Deus pode realmente se ocupar de uma causa estritamente humana. Fico aqui mandando e emanando fortes ondas de positivismo, energia de que tudo vai dar certo. Como gostaria de estar lá e pegar sua mãozinha e ficar de olho em tudo, sempre com o intuito de ajudar. Por outro lado estaria totalmente impedido de assistir a cirurgia devido a uma forte gripe que me dominou nos últimos dois dias e que tem me machucado muito em termos de, algumas vezes, chegar à exaustão muscular me impossibilitando de trabalhar a contendo. Plantão total, com os músculos doloridos, espírito forte, alma em relação total com Deus, meu Pai, tudo atento para suportar tal momento.
Estou aqui esperando as comunicações de Manaus, aonde a cirurgia vai se realizar, sabendo que toda angústia vai gerar otimismo e resignação.