terça-feira, 23 de março de 2010

Enquanto é dia e noite não vem.

A ordem é viver intensamente o momento que nós estamos vivendo. Não irresponsavelmente, mas, sobretudo esperando e dando esperanças de vida real a nós mesmos e para os outros. Quando vivemos intensamente, o que estamos vivenciando, nada acontece de mal, pois, assim fazendo estamos praticando um ato de amor e nossos trabalhos ou tarefas tendem à perfeição.
Ontem fui ao enterro de um médico amigo meu. Amigo, desses cuja intimidade se perde ao longo da caminhada da vida, por um motivo qualquer, talvez, por interesses que a vida vai nos apresentando e que acabam na maioria dos períodos da vida a nos afastar daqueles. Ali no cemitério, ao encontrar outros amigos, comecei a pensar, algo inevitável, em nossa própria vida, na morte. Alguns julgam que devemos evitar tal pensamento.
- Não é bom pensarmos na morte, dizem.
Imagino que Deus quando da criação, e, depois na queda do homem, por livre e total arbítrio, sentenciou geneticamente a humanidade:
- Certamente morrerás...
Dizendo com esta frase algo tão querido pela humanidade: não morreríamos se Adão não tivesse escolhido a maldição, por livre escolha, mas, que acabou por condenar todos nós e passamos a conhecer a morte física, na transformação do físico, materializado neste corpo que hoje possuímos, material e sujeito a degeneração e corrupção. A volta ao Éden é o anseio do ser humano, seja em qual religião ou pensamento ele escolha ou viva. O viver para sempre é o anseio, mas, a realidade é morte e a sublimação desse pensamento vem através do trabalho, e, claro de outras atividades, mas, quase sempre do trabalho, pois, quando o homem trabalha não há espaço para divagar e se angustiar com a idéia de final, de morte. Assim, devemos simplesmente viver o que a vida vai descortinando à nossa frente, sem a preocupação da proximidade do fim, pois, a cada segundo vivido mais perto dela, a morte, ficamos. Na verdade esta crônica, relato de um enterro é um panegírico à vida.
Vivamos, pois, enquanto é dia e a noite não vem. 

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