sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Fé, esperança de um dia melhor.

Vivemos época nebulosa, cheia de nuvens pesadas, sombrias, que escurecessem nossos horizontes, anuviando ainda mais o futuro, essa região do tempo onde pouquíssimas pessoas tiveram acesso, e, não nos deixam visualizar nada a não ser destruição e morte, sofrimentos, desencontros, onde o amor esfria rapidamente e a esperança, dependente da fé, diminui acentuadamente. Tanto de um modo geral, no mundo todo, os acontecimentos vão se desenrolando de um modo fulminantemente letal para o mundo, como no caso entre Israel e Palestina, talvez, o pavio curto para o desencadear de um confronto maior. Em quase toda a terra rumores e guerras acontecem, fomes, terremotos desastrosos, deslizamentos de terra soterrando e matando pessoas, levantes e violência nas cidades com total desprezo às vidas, mortes desnecessárias de crianças e mulheres, civis, polarizando o direito de ter e ser os direitos sociais. Enfim, o mundo em franca deterioração, atingindo a individualidade de uma forma contundente, diminuindo as chances de sobrevivência da vida no planeta. A sofisticação da informação, das redes sociais de comunicação, deixa-nos à mercê de todo tipo de interesses, de manipulações que revigoram o poder, a autoridade máxima de alguns poucos mortais. Os governos interessados em manutenção, exclusivamente de poder, de seus interesses, governam, sem culpa alguma, não há quem os julgue, de modo que as lutas e mortes, desempregos, violência urbana, miséria, fome se façam necessidades reais para a efetivação de seus objetivos-fim, com tudo que funciona trabalhando para suas manutenções. A esperança, a fé de que as promessas ditadas por Deus, na Bíblia, na História, se cumpram, nos coloca confiadamente, apesar do tempo, à espera de suas realizações. Sim, cremos que Algo externo ao ser humano rege a História. Cremos que, não sei como, haverá mudança, restauração na matéria, entendida como a conhecemos e vivemos hoje, e, seja qual for o tempo, qual tal Calebe, ainda estaremos fortes e ativos, na consciência, para a grande restauração, um dos fundamentos do cristianismo, coisa tão simples, essa restauração, para Deus e tão incompreensível para nós, humanos, poeira cósmica. Maranata.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Vida abundante.

A chuva média, nem fina nem grossa, cai persistente sobre Boa Vista. O entardecer fica tristonho. O valente bulldog inglês, sempre ativo e atento, junto com o american bully seu novo companheiro de alojamento, recolheu-se ao interior do canil. Daqui da varanda posso ver seus olhinhos à procura de algo que o tire da melancolia. O cheiro de terra molhada chega fácil às nossas narinas reportando à lembrança de outras épocas. O enterro saíra impecavelmente às quatro, dezesseis horas. Passara a noite do velório chorando o fato e o dia chuvoso. Na infância distante dificilmente entenderia o porque de tudo aquilo. Hoje a mesma coisa. Não entendo nada. Minha avó, que eu tanto amava, morrera ao amanhecer daquele dia e a chuva que caía persistira o dia inteiro, incrustando em minha memória o cheiro da terra molhada, vindo do oitão, o das flores branquinhas que colocaram nas mãos bondosas de minha avó, o olhar melancólico do Ferrabraz, e, o cochicho das pessoas falando baixinho como para não acordar a morta que indiferente a tudo, placidamente descansava. - Tudo na vida obedece a um sistema. A gente nasce, cresce, e, morre. Sua avó morreu, dizia-me um senhor que não me lembro e seu dizer não dizia absolutamente nada. O Ferrabraz, o cachorro de minha avó, descansara a cabeça sobre as patas dianteiras, cruzadas e ficara na posição por todo tempo. Nem as andanças dos parentes e vizinhos, amigos, mexiam com o firme propósito do velho Ferra de ficar velando sua dona. Seus olhos perscrutavam o interior da sala, talvez, procurando algum movimento no corpo inerte de sua dona. Segue o féretro e concluído o enterro: - Cadê o Ferra? Alguém perguntara. Procura-se e de resposta só o silêncio. Nunca mais se achou o fiel escudeiro de minha avó. Nunca se soube seu paradeiro. Olho novamente para o canil e lá está o bulldog na mesma posição, pacientemente esperando a chuva passar para a alegria da continuidade da vida retornar e por um breve momento de tempo voltar a ser feliz, como eu também.