segunda-feira, 16 de maio de 2011

Sonhar, vale a pena...

Os deuses do Olimpo certamente ficariam irados e mandariam pragas e mais pragas para o conserto dos erros dos humanos. A antropomorfagem de Deus é muito antiga, e, a disputa por um lugar de honra dos deuses das civilizações sempre foi muito acirrada. Há momentos de extremos, como quando a ordem dada à Moisés para levar o povo de Israel para um lugar tão bom que nada precisava ser feito para que Israel estivesse sempre bem confortável, e, em paz consigo mesmo. Era a chamada terra da promessa, mas, eis que surge um problema, um teorema a resolver, a terra da promessa já era ocupada por outros povos, outras civilizações, que lá estavam a milhares de anos. Seria, então, justo tirá-los de sua terra Natal para alojá-los em outro cantão? Haveria justiça nessa promessa? E somente através da matança e espada é que Israel poderia se fixar ali, na base da violência, porque nenhum povo entrega suas terras, de boa vontade, rindo, alegre, para os que desejam toma-las. Assim, depois de muitas batalhas e guerras, e, logicamente muitas mortes, o povo de Israel consegue se fixar, e, de lá para cá, há uma guerra, latifundiária, sem fim. Na História, muitos outros povos têm se intrometido nessa polêmica, outros que nada têm a ver com esta guerra entre os árabes e judeus. Potências mundiais têm se intrometido, por interesses particulares e de obtenção de mais poder, como o controle do petróleo, essa energia tão ambicionada por todos, naquela região. Os franceses, ingleses, americanos, e outros tentam desesperadamente, numa época de crise energética e moral, se apossarem do controle real dos poços de petróleo.
A Bíblia diz que ali naquela região não pode ter paz, existir ou coexistir civilizações em paz: " querem ter paz onde não pode ter paz...", isto é, com este corpo e com esta matéria, que teimamos em carregar, porque se busca tudo que é material, consubstanciando a materialidade, não haverá paz em quaisquer lugares terrenos. A humanidade, o homem, rapace por excelência, não permitirá paz em nenhum lugar da terra, pois, sua alma imoral, como diz o rabino, nunca se contentará com o que tem, pois, sempre desejará mais e mais, sestro ganho no Éden, mais eu sei, mais feliz serei, conhecendo o bem e o mal.
Mara ata, Senhor.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Feliz aniversário, mamãe.

Dia 14 de maio, próximo, era o dia de comemoração do aniversário de nascimento de minha mãe. Às vezes, esse dia coincidia com o dia das mães. Esse ano o dia das mães foi comemorado dia oito, mas, é como se estivesse sendo no mesmo dia de seu aniversário. Lembro, ainda, devia ter uns cinco ou seis anos, de um desses dias, comemorado na casa grande da Av. Joaquim Nabuco. Era uma casa de grandes cômodos, com um pé direito muito alto e que metia medo na gurizada, pois, as sombras, projetadas nas paredes, normalmente à noite, eram muitos maiores que a realidade, e, davam uma sensação fantasmagórica, mas, quando se é criança tudo se desvanece rapidamente e as sensações ruins eram logo destruídas pelas brincadeiras, quase de tempo integral, tal a quantidade de meninos e meninas convivendo diariamente ali. Éramos onze crianças a bom se danar o dia e parte da noite, no quintal, na sala, na cozinha, na varanda, que arrodeava a casa quase em toda sua extensão. Manjas, queima, esconde-esconde, barra-bandeira, desenhos, brincadeiras de todo tipo enchiam nossas vidas ali. Mamãe ficava por ali, atenta, sempre por perto, corrigindo os excessos.
Á noite, a casa toda iluminada, parecia um enorme castelo, daqueles de conto de fada. Os quitutes e bolos preparados por D. Nadehyde, já colocados à mesa, esperavam somente a ordem de poder começar a degustação. É, claro, que alguns do moleques já tinham, antes da tal ordem, feitos algumas incursões à mesa. Os convidados chegando. O pessoal, da Igreja, os parentes, alguns que eu ainda não conhecia, o pastor, enfim, todos os do círculo de amizade dela e de papai. Nesse tempo, papai se metera a estudar conversação de inglês, e, contratara um barbadiano para tal fim. Estávamos todos brincando, correndo, numa interminável brincadeira, quando ele chegou. Era um desses negros altos, da colônia, e, vestido de paletó, coisa não muito normal para a época, pois, fazia muito calor naquela noite. Lembro de um botão de rosa, cuidadosamente aposto na lapela de seu paletó e o que mais chamou atenção, um enorme buquê de rosas, vermelhas, brancas. Paramos todos de brincar para admirarmos a figura elegante do barbadiano, que inclinado, depois, de entregar o buquê de flores, beijava o dorso da mão de minha mãe.
De repente, não sei bem de onde veio tal alergia, meu rosto começou a edemaciar-se. Todos se alegrando, com minha mãe e meu pai, as crianças, endiabradas, a correr e brincar de todo tipo de brincadeiras e eu ali, sentado numa cadeira, num canto da sala. Os olhos quase fechados pelo edema, meio embaçados não me deixavam enxergar direito, e, quando em vez, minha mãe:
- Alé, não sai daí que estás doente.
Antes, me dera uma colher de um remédio, um desses medicamentos anti-alérgicos. De onde estava tinha uma visão privilegiada de quase todos os convidados. De longe via o secretário de segurança de nosso Estado, Dr. Moacir, conversando algo com meu pai, o pastor e o barbadiano que eu não conseguia ouvir. As mulheres ao lado, colocando as novidades em dia, numa alegria imensa e as bandejas de salgadinho e refrigerantes passando entre eles. Virando minha cabeça para o lado direito um bando de meninos e meninas corriam numa disparada disforme, isto é, cada um correndo em direções diversas, acho que tentando achar um lugar melhor para servir de esconderijo.
Ao piano, animando a festa, um velho conhecido da família, o Petrolisses, enlevava a todos com o som incrível que conseguia tirar do piano. Era um Essenfelder, um piano que papai comprara para incentivar a Necil, minha irmã a aprender a tocá-lo. Era um som magnífico.
O jantar servido, as conversas animadas, a sobremesa, e, um por um, os convidados foram saindo, sorridentes, alegres. Quando o último saiu, eu ainda estava sentado, com olhos, o rosto menos inchado, mas, ainda inchado.
Querida mamães, onde você estiver, feliz aniversário, e, que Deus, em sua infinita bondade, incline Seu rosto sobre você, lhe paz e lhe guarde em Amor.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Hipocrisia.

Essa enorme vontade de transgredir é muito antiga. Começou, conforme o relato Bíblico, com a morte de Abel por Caim, seu irmão. O motivo: ciúmes do correto que ele não conseguia ser. Inveja de não conseguir ser igual ao irmão, que como nos diz o tal relato, seria justo, com coração justo. Esse tipo de transgressão, violência, vem se perpetuando através dos tempos ainda mais entre os árabes e cristãos. Em nome de Deus se tem matado mais do que se tem ajudado outros semelhantes; as cruzadas, pela libertação da Palestina, as interpretações do Corão de forma beligerante, em ambos os lados a vontade maior de mostrar-se melhor que os outros diante de Deus, Todo-Poderoso. Quanto mais violento, melhor é o indivíduo, a cidade, o estado e o país. A sociedade vibra, ou de maneira sentida, quando o objeto da violência é ela mesma, e, com júbilo quando é outro que não ela. O mesmo observa-se em nível individual, e, o vezo está formado, a cizânia por conta da hipocrisia, do ciúme do homem em relação a Deus; - Senhor, olha para mim, zelo pelo Teu nome, mato todos os que não seguem os meus caminhos. O conúbio da violência com a hipocrisia. Nas igrejas e mesquitas, e, nas reuniões familiares, os beatos, os que foram purificados e estão vestidos de branco, representando a paz e, os que esperam recompensas no Paraíso, no íntimo juram perseguições, mortes, roubos, propinas, formas de lesar o próximo, adultérios, fingimentos, risos abertos, onde todos os dentes são mostrados, mas, por dentro, como dizia J.C., verdadeiros túmulos, caiados por fora e podres por dentro.
Em todos os níveis de relação humana, com pouquíssimas exceções, o paradigma da hipocrisia e da venda de imagem é o que conta. Este quadro, representado agora com a morte de Osama Bin Laden, esta euforia ante a morte de um outro ser humano, nada mais é que a repetição do que aconteceu no dia 11 de setembro de 2001. Em quase toda população árabe, todos, inclusive crianças, foram às ruas e pulando comemoravam a morte de pelo menos quatro a cinco mil pessoas, com o massacre das Torres Gêmeas. Agora, um revides. A morte de Bin Laden, comemorada exaustivamente, alegremente nas ruas dos E.U.A.. Reações iguais, que, retratam a natureza humana tal qual ela é. A busca cristã da santificação, do ser melhor, mostrou que se nivela por baixo.
Um dia desses conversando com uma senhora, trabalhadora, ela raciocinou assim:
- Por que será que os E.U.A. só atacam os países que têm petróleo? Porque será que aqueles que são miseráveis e pobres, não tendo nada a oferecer, são poupados da extrema violência com que os E.U.A. tratam os seus interesses?
Quão insinceros são os corações de nós, os humanos, e, quão grandemente interesseiros são nossos pensamentos. Ah! se Deus, interviesse realmente no mundo: será que há mais de cem justos na terra? E cinqüenta? E vinte? Como em Sodoma e Gomorra:
- Eu, certamente, pouparia a terra, mas, ...
Maranata, Senhor.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Casamento da Maysa

Ia escrever sobre a violência do mundo, a propósito da morte de Osama Bin Laden, mas, primeiro devo escrever sobre a felicidade do casamento da Maysa, minha filha. Tive que ir buscá-la no hotel onde ela estava hospedada, lá na Ponta Negra, e, numa enorme limusine. O chofer abriu a porta para nossa entrada e logo nos deu umas informações acerca do potencial acerca de seu veículo:
- À direita, o senhor vai encontrar uísque, e, do lado esquerdo fermentados, inclusive vinhos. Aqui está o controle do home-theater. Fique à vontade...
- Obrigado, disse eu, aboletando-me ao lado da bonita garrafa de uísque e servindo-me de uma boa dose.
O gole quente, e, o sabor forte do álcool, me aliviou a tensão. Maysa, minha filha, demorara mais do que o devido, e, sei que meus amigos, lá na tenda, servindo de Igreja, deveriam estar bastante impacientes, pela demora. Antes, estava sentado em uma poltrona defronte o elevador panorâmico a sua espera, quando menos espetei, olhei e vi-a no elevador panorâmico do hotel. Linda como uma lua nova, vista de uma praia, e, o observador deitado, olhando para cima e vendo-a inteira, prateada. A limusine esperando tal estrela, deslumbrante, vivendo essa experiência maravilhosa. Entramos, então, servindo-me do uísque navegamos finalmente para a Igreja. Distância não era grande e logo chegamos. Depois da entrada dos padrinhos e pajens, entramos e o pastor Manoel Filho, começou a cerimônia com uma oração de benção, depois o meu pai, com 86 anos usou a palavra, baseado em Genêsis, da formação do homem e da mulher, e comoveu a todos com sua palavra. Ao fim o célebre:
- Declaro-os marido e mulher.
O beijo e então a recepção. Lembro de alguém de televisão me perguntando o que eu gostaria de dizer à minha filha e ao Heitor, meu genro, naquele momento, e, embora uísquezado, falei:
- ... que ela e ele dêem continuidade à esse maravilhoso mandamento:
- Crescei e multiplicai, o que significa: nos perpetue, e, dê continuidade a essa maravilhoso milagre que é a vida.
Obrigado, Senhor, por tudo, em nossas vidas... e por todos os amigos que lá estavam comigo, se alegrando.