segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Feliz Natal.

Mais um Natal. São aproximadamente 2016 natais reais até o dia de hoje, é que Jesus Cristo nasceu mais ou menos seis anos antes do ano zero. O maior fenômeno já ocorrido na face da terra, não que em nossa contemporâneidade não haja inteligências que possam se destacar na História, mas, não há como comparar em toda História, alguma à maestria de Jesus, o Homem que mudou o registro do tempo em antes e depois d'Ele.
Independentemente de saber exatamente o dia de aniversário de Jesus, lembro com saudades das tertúlias natalinas em nossa casa, nos idos dezembros, nas quais o mais importante era a idéia, não lógica, de que tempos atrás nascera, em uma manjedoura, Belém da Judéia, um menino que cumpria as profecias antigas:
"E o povo que andava em trevas viu uma grande luz; e sobre os que habitavam na terra de profunda escuridão resplandeceu a luz. ... Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o governo estará sobre os seus ombros e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai Eterno e Príncipe da Paz ..."
"Pois foi crescendo como renovo perante ele, e como raiz que sai duma terra seca; não tinha formosura nem beleza; e quando olhávamos para ele, nenhuma beleza víamos, para que o desejássemos. Era desprezado, e rejeitado dos homens; homem de dores, e experimentado nos sofrimentos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum.
Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e carregou com as nossas dores; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós. Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a boca; como um cordeiro que é levado ao matadouro, e como a ovelha que é muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a boca. Pela opressão e pelo juízo foi arrebatado; e quem dentre os da sua geração considerou que ele fora cortado da terra dos viventes, ferido por causa da transgressão do meu povo? E deram-lhe a sepultura com os ímpios, e com o rico na sua morte, embora nunca tivesse cometido injustiça, nem houvesse engano na sua boca."
As profecias de Isaías foram escritas aproximadamente oito séculos antes do nascimento de Jesus, e, claro, isto muito me influenciou, mas, a história do Natal com a anunciação à virgem Maria, os pastores no campo, a ida do casal para Belém, a manjedoura, os reis magos, a estrela indicando o caminho correto para os reis até o local de nascimento de Jesus, os presentes, depois, em minha época o teatro de Natal em minha Igreja, a representação, o coral, a reunião familiar pós culto, a ceia com os quitutes de minha mãe, o sabor do guaraná gelado, a maionese, o perú, os bolos, e, finalmente a hora de dormir para no outro dia, ansiosamente procurar nos arredores da árvore de Natal ou embaixo da cama os presentes, pois, apesar de meu pai não ter posses, nunca faltou uma lembrança querida no amanhecer do dia vinte e cinco.
Jesus nasceu e reina. O coração ainda acelera quando imagino a cena do nascimento de tão grande monta. Emociono-me com a idéia de que, apesar de toda perseguição, de todo desamor, de toda violência, de toda falta de boa vontade, de toda intolerância, de todo racismo, de tanta guerra e morte, um renovo ainda existe e que clama em altos brados:
- Vem façamos o bem, amemo-nos, compreendamo-nos mutuamente, pois, na cidade de Belém da Judéia nos nasceu o Cristo, o Senhor. Cuidemos para que o Natal seja símbolo diário desse enorme pacto Deus-Homem.
Paz na terra aos homens de boa vontade.
Feliz Natal a todos nós.
Maranata, Senhor.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

São Paulo - dez 2010

Esta semana estive em São Paulo. Fui ao casamento cívil de minha filha Maysa, a filha do meio. O cartório, em Moema, pequeno, mas, transmitia felicidade ao ar, como sói acontecer nesses lugares aonde a esperança de felicidade está em todo canto. A juíza, sem rodeios, e, sendo direta começara fazendo as perguntas de praxe:
- Maysa, você aceita o Heitor como seu legítimo esposo... Etc...
- Heitor, você aceita a Maysa como... e, por aí, afora.
- Sim, aceito, ambos disseram e então ela deixou uma mensagem sobre como tornar o casamento longevo e desejando felicidades despachou-nos a todos.
Fomos andando até uma pequena rua, perpendicular à do cartório, onde se tínhamos encomendado, em uma doceria, O Brigadeiro, uma torta gelada de nozes e outras salgadas de camarão e de queijo e frango. É claro que a ocasião pedia um brinde, que foi feito com um espumante meio seco, demi-seco, muito bom da Salton. Quando demos por nós eram três da tarde e resolvemos almoçar no Out Back mais próximo, ao lado do Shopping Ibirapuera.
Confesso ter extrapolado. Quem conhece sabe da delícia que são as carnes do restaurante, a gente quer parar, mas, a gula já fora aguçada e disparada pelos cheiros, pelas entradas, pelo próprio ambiente. A costela e o filé pedidos vieram nos fazer entender que aquele dia, 11, merecia toda felicidade do mundo transmutada nos rostos de Heitor e Maysa. Depois, fomos ao Shopping Higienópolis onde despendemos o resto da tarde.
Pensara, enquanto, nos deslocávamos de um lugar para outro, em como o ciclo da vida é verdadadeiro e rápido, e, revi toda a nossa história, juntos, desde o nascimento da Maysa até aquele dia, onde percebi a renovação da vida em todo seu esplendor e quedei-me, respeitoso e satisfeito com o rumo que Deus nos dera.
Maysa, é laivo de nosso amor e de vontade de viver, marco de uma época ímpar em nossa caminhada. Emoção pura, alma a voar e deslocar-se na imensidão do céu paulistano, trazendo de volta a plena consciência do dever cumprido.
Parabéns Maysa e Heitor ou Heitor e Maysa, meus filhos, nossos filhos a dar continuidade desse maravilhoso plano de Deus: navegar é preciso...

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Ali Saleh, meu amigo muçulmano.

Ali Saleh, meu amigo muçulmano morreu esta semana, foi encontrar-se com Alah, o Deus correlato cristão. Vivenciamos muitos fatos juntos e chorei sua ausência exacerbada e levada a efeito via tumor pulmonar, muito parecido com o de minha mãe. Primeiro a descoberta, a negação, depois, a decisão de luta e a certeza de vitória, a certeza absoluta que tudo pode ser decidido na mente e que Alah, ou Deus, certamente náo faltará neste momento. Assim, começa uma luta desesperada em busca de uma sobrevida que nunca chegará.
A luta é desigual com vencimento sempre da morte, mas, crê-se, tanto no cristianismo quanto do lado muçulmano, que há vida pós morte. Neste sentido, Ali, sempre religioso, seguidor dos preceitos de Maomé, procurou insistentemente fazer o bem, em busca do anulamento de todos os pequenos males que por ventura tenha produzido a alguém. Na juventude fumou cigarros, talvez, o disparador deste terrível mal que ceifou sua vida. Talvez, não tenha tido pecado maior que esse. Ajudava pessoas mais pobres com suprimentos e às vêzes com dinheiro mesmo.
Lembro-me de uma de nossas conversas acerca de sua terra: a Palestina, a mesma onde nasceu e andou Jesus Cristo. Nascido em Hebron, acostumado a dura realidade de ser palestino numa terra dominada por judeus, amava profundamente a terra natal, e, esperava, assim como tantos, de verdade, um momento de paz, onde o leão pudesse estar deitado tendo ao seu lado o cordeiro.
Jorge Luis Borges falando de nostalgia recorda-nos o quanto a abóbada celeste na palestina, estrelada, influi em Jesus, lá no céu, lembrando da terra prateada pela luz das estrelas e da lua cheia, Ele a andar com seus discípulos por ali. Ali Saleh também recordava deste céu palestino, à noite de luar:
- Doutor, não há na terra coisa mais bonita de se ver... As estrelas, o vento, os cheiros como o terra varrida pelos ventos, dos frutos e flores, puxa, Alah nos agraciou com este tesouro que é a Palestina...
Saudades, meu irmão, como você sempre me chamou, que Alah, olhando sua vida benéfica, lhe dê todas as suas recompensas pelas quais você trabalhou aqui na terra para alcança-las e as quais você certamente merece.
Alah é Grande e Maomé é seu profeta...
Deus lhe abençoe ricamente aonde você estiver...
Salam Alaikum...meu irmão.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Viver, o que é?

Teimo em não saber viver. Tomo vinho errado, como por exemplo, um tinto da uva tannat, que de todas as uvas é a que tem mais revresterol, um potente anti-oxidante, acompanhando carne branca com maionese. Não combina. Os sabores não se fundem e a gente tem a sensação de frustração por estar tão fora do contexto tanto de vinhos quanto quaisquer outros. Vivendo assim tenho inveja dos que conseguem viver enganando os outros e conseguem que nada lhes aconteça em termos de julgamento, dos que odeiam o próximo a ponto de programarem suas mortes, dos que não sentem sensibilidade com nada a ponto de jogarem os pais em um asilo e acharem tudo muito normal, dos frequentam a igreja, que se julgam Deus, e enganam a si e aos outros com falsas doutrinas e prometem fazer o que não podem; tenho ciúmes de quem diz que gosta de você, mas na verdade não o suporta, fico empolgado com a rápida subida ao poder, de toda espécie, e, não tem um pingo de compaixão por ninguém, mas, dizem que têm.
Todo dia digo, a mim mesmo, que vou ser insensível, que não vou amar mais, e, vou me esquecer dos que mais próximo estão de mim, vou ficar independente, e, que nesta independência nada pode me brecar, nada pode me alcançar, nada pode me ferir. Assim, sou ferido, tudo me breca, tudo me alcança e nada acontece. O que será viver? Viver é isto? Ser o que não sou? Ou sou, ou vivo só de venda de imagem? Sou bonzinho? Sou mau? Será que sou mais hipócrata que todos os outros, no mundo? Nunca serei santo. Nunca poderei amar de verdade? O dinheiro e glória do mundo me satisfazem? O ódio é o meu colar e ando com ele o dia todo. O que será viver? É procurar ser autêntico? Sou autêntico? O que sou eu? Ou estou apenas cansado?
Acordo e vejo que continuo sem entender nada. Sei que a única verdade absoluta é a morte e que nela o resumo da vida se faz irônico. Se sou mau, não presto, mas, se sou bom e presto morro do mesmo jeito. O sol se põe para todos, maus e bons, diz o eclesiástico. Tanto faz.
Ensina-nos, ó Deus, a contar nossos dias para que alcancemos corações sàbios.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Cachimicurotoco, obrigado.

Alegrei-me com um telefonema de meu neto Enzo, me dando conta de suas notas em seu curso, claro, notas máximas. Senti seu orgulho de ter conseguido tal façanha e ao mesmo tempo a pureza de tal fato.
- Continue assim, meu netinho, meu cachimicurocutoco, o apelido carinhoso com que o chamo, Deus há de te abençoar ao infinito se continuares assim. Parabéns. Não deixes nunca o lado comercial te atingir, pois, na vontade do ganho "de qualquer maneira" há enganos irreparáveis, os quais nunca devemos ter acesso, senão, até o conceito familiar morre, o que é muito triste. Continue assim, meu pequeno príncipe, continue sempre assim.
Parece que estou vendo a carinha dele, sem entender tudo o que foi dito, mas, sabendo que hà verdade nas coisas familiares, como o bem querer, esse sentimemto que nunca morre, que sempre está à nossa disposição, em todos os momentos, mesmo aqueles que nos parece dispensável.
Continue alcançando esta nota tão perseguida por todos os que estudam algum curso para ajudar os outros, principalmente sua família, aqueles que tu sabes sempre estão e estarão contigo em todos os momentos. Lembro-me de teus pais. O Alexandre Filho cem por cento educado sob meus cuidados, e, tua mãe, em pelo menos dois terços de sua vida educada por mim. Ambos vitoriosos, mas, com uma perspectiva de vida diferente dos outros, prontos para servir, trabalhando duro em suas profissões, mas, sendo honestos consigo mesmos, para poderem olhar no e para o futuro com o reconhecimento de todos por terem sido zelosos com os filhos e com os futuros netos e toda sua descendência.
Também o Alexandre Neto, com suas notas na escola, o desenho criativo e lindo, as notas musicais do violão, seus anseios do futuro aos quase treze anos, o tornam tão abençoado quanto tu, Enzo, e, mais o João Gabriel, aos tres anos não pode ainda prescindir do colo materno e o Guilherme que até inda agora dormitava em meu peito, peito fãmulo de todos vocês, nímio em carinho, metáfora do que pode ser o futuro, eu dormitando, fraquinho, no peito forte de vocês.
Obrigado, Enzo, meu cachimicurotoco, por compartilhar gentilmente esse seu momento lindo e puro. Deus te abençoe ricamemte.

domingo, 28 de novembro de 2010

Violência ou não violência?

Hoje acompanhei pela TV a invasão por parte das forças do estado, leia-se país, dos principais morros cariocas, o São Vicente e o complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. A força policial, como numa guerra, estrategicamente ocupou os espaços dos traficantes e todo tipo de criminosos que faziam das favelas seus redutos de onde aparentemente distribuiam as drogas e armas para todo estado e também para fora do estado do Rio de Janeiro.
Li, de alguns e-mails que recebi as mais variadas opiniões sobre o assunto. A não violência, como a pregada por Gandhi, cabe na ocupação das favelas? A máxima da direita que diz que bandido bom é bandido morto, também cabe na ocupação das favelas? Alguns pensantes ou pensadores, de ambos os lados, não violentos ou não, defedem com veemência seus pontos de vista.
O fato é que não se ocupa terreno de inimigos sem algo de violência e também não se ocupa lugares somente pedindo para que seus ocupantes se retirem dali. A resposta que viria, certamente seria violenta, o que acarretaria respostas violentas.
Alguns sociólogos importantes julgam que o que acontece nada mais é do que uma reorganização geogràfica e de comando, pois, as facções do Comando Vermelho perderam o poder para o Teceiro Comando, composto por milícias e que sairam muito fortificadas nas invações dos morros por parte das policias e que assumiram o poder central do maior complexo de distribuição e venda de drogas e armas, do estado e quiçá do país. As milícias são facções criminosas advindas da própria polícia que no princípio serviam apenas para dar suporte aos traficantes e depois cresceram dentro da organização criminosa.
A leitura, por parte da imprensa, é que há uma guerra entre o bem e mal, dos policiais contra os traficantes, mas, na verdade o que realmente há é uma regeograficação do tráfego com a saída do Comando Vermelho e a ascensão do Terceiro Comando.
Esperamos, assim como toda população, que o projeto de ressocializar as favelas seja para valer e que atinja outras e que se extenda para outros estados onde o estado paralelo deva ser banido e que as estruturas estatais se mostrem fortes, com suas políticas sociais, e se estabeleçam definitivamente oportunizando vida plena a todos os moradores, não só das favelas, mas, das cidades, de todas as cidades.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Tchau, então, tchau.

Tem palavras, realmente, que precisam de conceito mais pontual. É o caso da palavra amizadade. Há quem a conceitue como sendo uma forma assexuada do amor. É um amor sem sexo. Não gosto desse conceito, pois, é uma tentativa de desvinculá-lo do interesse que há em qualquer relação humana. Certo escritor russo, preso em um campo de concentração, conceitou, tanto a amizadade como o amor:
- Na necessidade real, profunda, não hà amor nem amizade, mas, sòmente o instinto de sobrevivência.
Não acredito nisto. Grandes nomes da História morreram ou entregaram suas vidas por objetivos e pessoas, por acreditarem numa espécie de redenção. Acredito que haja sòmente o amor. Mesmo nas relações assexuadas, como na amizade, onde o limite é o sexo, há uma espécie de sexualidade latente, virtual, não manifesta, e, no sofrimento relacional, tanto uma como outra são sujeitas as mesmas necessidades. É claro, que nem sempre as relações são certinhas, senão, não existiria separações ou trocas de interesse, essa necessidade animal presente em todas as espécieis.
Namorei aos dozes anos. A puerícia era o comandante da relação. As brincadeiras típicas da pré-adolescência, depois de um tempo de namoro, passaram a ser acompanhadas por momentos de aproximação física mais intensa. As famílias, tanto de um como de outro, passaram a demonstrar nitidamente preocupações no rumo do relacionamento à medida que o tempo desenvolvia naturalmente os desejos de uma relação. Eu não compreendia o aumento contínuo das restrições impostas pela sede social de regrar o comportamento. Não, essa palavra tão ruim, passou a ser uma medida corriqueira e em breve acabou, por ter crescido tanto, por sufocar o relacionamento. Acabou, sub-liminarmente, sem explicação lógica. Que dor, que tipo de sensação profundamente pesada, pesarosa. O normal clama pela continuidade e não entende a cobrança desigual da sociedade. Tchau, amor. Então, tchau.
Alguns amigos meus, quando em vez, recebem um telefonema:
- Oi, Fulano ou oi, Fulana, aqui é o grande mantenedor dessa amizadade, pois, se eu não ligar ou for até você, ela certamente morrerá.
Essa declaração mostra claramente que algum amigo meu não está mais necessitando de nada de minha vida, senão, ele ligaria constantemente, teria alegria de compartilhar algo de sua vida, porquanto, em algum momento de sua vida teve, senão, não seria amigo, mas, agora a correria da vida, novas perspectivas, novos relacionamentos, novos rumos, sufocaram a nossa relação. Normalmente, eles riem e querem marcar encontros, cafés, enfim, recomeçar. Tem outros que simplesmente, realmente, não necessitam de mais nada e dizem, tchau, um tchau sem abraços nem beijos, simplesmente tchau como se todos os tchaus fossem ou houveram sido assim.
Tive amigos, desde a infância, ou de grande lapso de tempo que acabaram trocando a amizade por besteiras, como "pegaram corda" de alguma fofocada, interpretaram caras e manias, minhas, como ofensivas, se deixaram levar por isto ou por aquilo, às vezes, porque atingiram um outro nível de poder, provando e gritando bem alto que nunca foram amigos. Até na despedida se tornaram lacônicos, iracundos, sintetizando que nunca pretenderam amizade, agindo injustamente, colocando remendo novo em pano velho. Choro, como chorei na despedida de minha namorada da história inicial, mas, fazer o quê?, continuo achando que é na simplicidade da vida e não no poder que as relações existem, para sempre, na forma de amor.
- Tchau...
- Tchau, a vida continua, mas, continua perneta, maneta, sem entender nada das relações, que podem ter altos e baixos, com um baita buraco no peito, coração arrítmico, que acaba sangrando, mas, certamente e apesar de tudo sara é claro com sequelas. Tchau.

Dia de Chuva.

Dia de  chuva. Os pingos caem lentamente, monotonamente, atrasando relógios, quase parando o tempo. O vaivém das pessoas praticamente parado torna a paisagem, daqui de onde estou a observar a paisagem, mais enfadonha, pois, a falta de movimento a critaliza mais ainda.
Do outro lado da rua um cachorro, ensopado, encharcado d'água passa cabisbaixo, à êrmo. O lavador de carros sentado abaixo de uma marquize cochila descaradamente, pois, não tem o que fazer, ninguém mandaria lavar seu carro na chuva. Em uma árvore perto dali, quase em frente, aves descansam e não piam nem arrulam, contraem seus corpinhos, lado a lado, numa comunhão fantástica. Os pingos aumentam de tamanho e tornam a visão quase nula mesmo numa distância como essa tão pequena.
Pensamentos nostálgicos ocupam rapidamente a minha mente. Viagens de barco no grande rio Negro ou mesmo no Amazonas, passam velozmente ante meus olhos, enormes ondas d'água a balançar o barco como se fosse nada,  carro no asfalto molhado com a visão diminuida tanto pelo vidro molhado quanto a intensidade da chuva, o foco da visão prejudicado pela pouca visão, o chão da fazenda molhado com o estêrco cheirando e exalando seu odor característico, um grito, uma queda, um choro de neném nascendo, o cheiro gostoso do café no fogão, o gosto da bolacha Maria, da água do rio Amazonas depois de filtrado, coado e fervido, o latido solitário do cachorro chamando e clamando por companhia, a correnteza do rio, veloz, levando no bojo tudo que pôde arrematar dos beiradões, o cheiro de terra molhada, das flores do enorme pomar, o peixe fisgado lutando para se soltar do anzol, o gosto do peixe assando na folha de bananeira, o do ensopado de peixe, o do vinho de buriti, o do açaí, o gosto gorduroso do tucumã, da pupunha quente comida com manteiga e acompanhada com café preto passado na hora, da tapioca derretendo manteiga, o sorriso de minha mãe provando o bolo de macacheira, a chegada de um ente querido, o nascimento de filho, a morte de um parente, o sonho realizado ou mesmo frustrado, goiabada com queijo, a manteiga da fazenda, a igrejinha, os conhecidos, os amados choros madrigais dos filhotes, enfim, a chuva nos traz a nostalgia ou a firme vontade de continuar vivendo. 

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Discriminação.

Há que ter um dia para que a sociedade, de um modo geral, reflita, com seus botões, o quão bom ou mal tem tratado ou destratado algumas de suas partes, como os negros, amarelos, brancos, mulatos e mamelucos, e, mais os que por opção se tornaram minorias, mas que também compõem a enorme massa social, ou, as células deste grande tecido social. O fato é que algumas de suas células mais importantes, como as raças citadas, e, os opcionais, têm sofrido com as sequelas do mal estar social dos que se julgam melhor que os outros, seja a raça, no gênero, nos deficientes, que por si só não conseguem apoio para a satisfação de suas necessidades mais bàsicas. Esse dia há que se ter tempo de sobra, avultando sobre o trabalho, para a reflexão e mesmo para a prática de projetos sociais que vissem a melhoria do bem estar de todos os que compõem esse grande universo humano, tão diversificado, tão sofrido nesses milhões de anos da presença do homem na terra, a gaia sofrida que é inclusa nos menosprezos do homem.
Os índios, mesmo as mulheres, são motivos para um espécie de apparthaid tácito onde veladamente se aceita discriminações e na calada da noite se vota projetos de ódio contra os discriminados. Há que se repensar os conceitos e os valores da palavra amor, palavra difundida à exaustão pelo Mestre Jesus e que com o passar do tempo e a teimosia religiosa esmoreceu e esfriou, para que se cumprisse a Sua palavra profética: 
- Naqueles dias o amor vai esfriar...
Há que ter um dia para essa reflexão, não esse marcado na folhinha ou nos calalendários, mas, um que seja praticado todos os dias do ano, sem marcação, sem as amarras do querer que a discriminação seja eterna e contínua, uma dia eterno onde o homem possa amar a si mesmo.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O início de uma nova era?

Indignei-me com as mortes dos dois policiais federais em combate contra traficantes de drogas, no interior de nosso estado. A operação aconteceu de madrugada. O combate foi totalmente desigual. Os contrabandistas, possuidores de um poder de fogo muitas vezes superior aos dos policiais, atiraram violentamemte contra os policiais no intuíto de proteger seus bens maiores: os quilos de cocaína. Vidas foram ceifadas em troca de cocaína.
Chega-nos a notícia de que as armas, o barco, a proteção de um modo geral, dos bandidos, tudo era muito melhor, mais moderno, mais eficiente. Do lado policial faltava tudo, desde o tipo das armas, mais antiguadas que a dos bandidos, a falta de coletes, blindagem das lanchas, enfim, tudo que se concebe ser de importância vital, na proteção de quem é profissional, vive dessa necessidade universal de dar proteção à sociedade. Os policiais estavam, aparentemente, desprotegidos, mas, ao mesmo tempo tendo que cumprir sua missão, sempre imaginando que o extremo não aconteceria, nunca chegaria até eles, num sentimento comum, conosco não acontece, só com os outros.
O que penso, na verdade, é que vidas humanas, na correnteza desenfreada da violência, da loucura do cada um por si, foram ceifadas em troca de nada. Nada de valor, pois, uma vida, jamais, pode ser comparada a pó de cocaína, ou qualquer outra coisa, pois, nada substitui esse valor. As exclamações mais variadas, como de admiração, de surpresa, de perplexidade, nesta hora, são lugares comuns, pois, refletem apenas o medo coletivo, e, mesmo a reprovação no conduzir das políticas públicas de segurança, por parte dos governos. Não são expressão do verdadeiro anseio de se reprimir o mal como um todo, pois, passados alguns dias as vidas, dos cidadãos comuns, voltam à normalidade.
Essa questão envolve e mexe com todas as políticas públicas que têm um leque de grande espectro, desde a saúde, passando, principalmente, pela educação e os laivos deixados por boas ou más políticas, a distribuição de rendas, a socialização do ser, a busca incessante da vontade de viver em toda a sociedade, as formas de políticas de base, para se poder saber todos os ângulos das necessidades reais da população. Talvez, essas medidas, efetivadas verdadeiramente, amenizassem um pouco as brechas deixadas pela fome desenfreada do poder e todas as suas nuances e quem sabe diminuissem a pobreza, a miséria, o desapego à vida, e, o desprezo pela vida dos outros, e, talvez, pudéssemos alcançar um pouco de paz e que esse fato seja um disparador social para o começo de uma nova era.
Maranata, Senhor.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Sestros

São muitas as manias ganhas no decorrer da vida. Algumas até muito engraçadas. Conheci um rapaz que tinha o hábito de, quando estava conversando com alguém, de ficar balançando-se, para frente e para trás, num gesto, quase teatral que faria qualquer pessoa morrer de rir, se estivesse à distância, obeservando. Sem qualquer cerimônia o sujeito balançava-se prá lá e prá cá. Outro, coçava exageradamente os ouvidos, com a ponta dos mínimos. Era sentir-se só e já começava o comichão. Em ambos os casos, amigos e parentes mais íntimos, se atreveram a interferir, e, com muito jeito, sem querer magoa-los, de uma forma ou de outra, disseram a eles:
- Fulano, Beltrano, vocês têm que tentar parar com esses cacoetes.
Os sestros continuaram, e, até hoje eles sem laivo algum de vergonha continuam, porque não sentem que os fazem, um a balançar-se, outro a coçar-se, alargando o orifício auricular. Conheci outros vícios que convém não mencionar, mas, que mostram, claramente, como é comum os relacionamentos mais ou menos complicados, mais ou menos sujeitos a algum tipo de trauma onde nossos organismos tentam suplantar, na mostragem de nossas fragilidades, através dos sestros, adquiridos, às vêzes, até mesmo depois de adultos.
Deveríamos poder escolher nossos hábitos, pois, certamente escolheríamos os mais sadios, mais edificadores, os mais interessantes, os mais puros, mas, sempre os escolhidos seriam para que com eles pudéssemos induzir os outros não à risadagem, mas, a de fato, repensar ou pensar melhor suas vidas. Nesse sentido, transformaríamos o mundo para melhor.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Tudo por um fio.

A vida tem proliferado de todas as formas e modos, lhana com ela mesma, basta uma brecha no grande processo vital, com suas reações químicas, bioquímicas e biológicas, para que já se manifeste uma nova forma de vida, numa eterna mutação, onde teoricamente há uma evolução no dna dos seres vivos, tornando-os mais sofisticados. Assim é no contante ir e vir dos anos, do tempo que nunca pàra. Em todos os aspectos, nos mais variados graus mudanças ocorrem a todos instantes, tornando a vida humana mais sensível a essas mudanças, quase sem defesas, tal a velocidade com que há manipulações laboratoriais, e, também na própria natureza, o maior Laboratório que existe.
Uma amiga minha, colega de trabalho, adoeceu e ficou sem trabalhar por uns quinzes dias, longos e angustiosos, para ela, que estava internada em um hospital, em um leito de UTI. O que acontecera fora tão rápido e drástico que, profundamente a abatera violentamente. Ela estava com dengue hemorrágica, a pior das dengues, e, para piorar a sua situação os dois pulmões estavam se enchendo de água rapidamente. Ela escapou, mas, patenteou a veracidade de que tudo está por um fio. Ontem saudável, hoje hospitalizada às portas da morte.
Os mètodos de esterilização parecem sofrer com isto de uma forma perturbadora. A autoclavagem dos materiais cirúrgicos se abate ante a velocidade de neoformação celular, proveniente de outras células, diferente daquelas originais e tão virulentas ou mais. Cirurgias não cicatrizam, feridas não fecham, infecções agudizadas, com tendência à cronificação, são efeitos dessa condição de mutação celular. Numa velocidade muitas vezes maior do que a gasta em descobertas para tratamento, o grande laboratório natural se organiza melhor que os dos homens, e, com os conceitos antigos de que a bio diversidade, em toda a sua complexidade, não necessita de um olhar especial e um cuidado extremado com as coisas da terra, do ar, e da água, todo esse conjunto certamente sofre e sofrerá, e, continuará sofrendo a violência com que têm tratado a nossa sobrevivência no planeta, conduzindo-o a um fim.
Ainda há possibilidade de reversão. Todas as cartas estão à mesa. Paguemos o preço do descaso com que tratamos nosso destino e dos nossos descendentes em quanto há tempo de remissão, pois, em tudo, todo sistema tem se ressentido e o homem coloca assim o futuro da descedência em risco e o futuro do planeta também.
Tudo se encaminha para o fim de tudo, por isso, em cada segundo que passa, sem o apêgo material exacerbado, o homem deve viver o momento de agora, mas, com o olhar no futuro, para um futuro onde o reciclar da consciência seja simples como o respirar, e, onde ele possa viver em paz.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Do nada a canelada.

Acordei com o choro de Guilherme. Alerta geral, talvez, ele tivesse caído da cama e se machucado, isso era possível? Ele estivera deitado ao meu lado tanto tempo, sem cair, que nem sei se isto pudesse acontecer. Não, ele tivera fome agora chorava copiosamente. Ou, talvez, eu estivera sonhando e no sonho ouvira o tal choro. Agora o silêncio era grande. Corajosamente abri um dos olhos, pronto para fechá-lo, no caso de ser sonho, para poder continuar sonhando. Talvez, também, pudesse ser a hora da mamadeira, aquela que o neném grita, chora e nada o faz parar a não ser sua comida, quentinha e gostosa, se não, não come, ou toma a mamada. Bom, talvez, fosse tudo junto e eu tivesse mesmo que me levantar e parar de sonhar e encarar o quer que fosse. E se fosse aquele inconveniente número dois? Não, talvez, de tudo que é necessário para o bem estar do bebê esse seja o número que ninguém quer.
Acho melhor abrir os olhos, pensei eu. De repente, novamente o choro alto mais forte, me reclamando por não ter respondido logo no primeiro apêlo. Saltei da cama, em um único pulo, e, pegando-o no colo me enderecei à sala de estar de nossa casa na esperança de ter alguém acordado. Na pressa, dei uma forte canelada na beira de esquina de minha cama com meu joelho esquerdo. A dor, posso afirmar, é lancinante. Fagulhas de fogo percorreram meu corpo e num forte instinto aconcheguei Guilherme mais preso ao meu corpo, para protegê-lo de uma possível queda. Fiquei a pular somente em um dos pés, o do joelho machucado pendurado, precisando de algo que minorasse a dor, mas, naquele momento doendo horrores e eu ali pulando numa perna só.
O Guilherme acordara e ficara me encarando como que em busca de uma explicação lógica para comportamento tão esdrúxelo quanto o meu. Na hora não dá para explicar, só depois, quando a dor melhorou, o galo canelar se aquietou é que pude tentar entender o que acordara o Guilherme. Não tinha sido nada, aparentemente, a não ser o vento gelado do ar condicionado que estivera a noite toda ventando em cima dele provocando frio no seu corpo.
Do nada restara apenas um enorme galo em minha canela esquerda. Que canelada.

domingo, 7 de novembro de 2010

Tudo que fizeres faze com Amor.

"E tudo quanto fizeres, fazei com todas as tuas forças..."
O trabalho só é excelente quando feito com todas as forças do coração, isto é, com todo amor, paixão por aquilo que você se propôs a fazer. A recompensa maior não é o ar de felicidade de quem comprou, alugou, vendeu, emprestou, guardou, mandou fazer, pediu, mas, simplesmente, aquele sentimento de que se fez a coisa certa, buscando a perfeição.
Essa é uma frase do rei de Israel, Salomão, ícone de sabedoria, reconhecido em todos os cantos do mundo. Tudo quanto você fizer faça com amor, pois, esta é a chave para a felicidade. É preferível, quando você está com o coração amargo, triste, cansado, chateado, com fome, sem vontade, não realizar quaisquer obras do que fazê-las com provável má feitura. Pequenos defeitos que em outras circuntâncias não seriam feitos ou apareceriam, logo se mostram quando as coisas propostas para serem feitas, são feitas com desatenção, desamor.
Essas observações são válidas para quaisquer áreas da vida humana, e, junto com nossas consciências de sabermos nossos limites, nossa condição de sabermos exatamente o ponto que ultrapassa nosso saber ou nosso preparo para desenvolvermos isto ou esta ou aquela, ou aquele dever, trabalho, é que nos dá o ponto exato de pararmos e dizermos, se for serviço prestado, que não podemos continuar a fazer, a vender, a alugar, ou seja qual for a atividade, que temos que parar.
Tenho visto, em todas as áreas, a ultrapassagem desse ponto limítrofe e sempre o que vem em resposta são soluções erradas e que de alguma forma causam dano a outro ser humano. Quando isto acontece em bens materiais dizemos que ainda bem que restou a saúde para de novo termos nossos bens de volta, mas,quando se trata da área de saúde, quando na prática da medicina há este ultrapassar, então, os danos são irreparáveis.
Procuremos, então, fazermos nossos trabalhos com todas as nossas forças, todo nosso empenho, toda nossa concentração, com todo amor, para que com esse amor possamos ter consciência do dever cumprido e assim podermos dormir em paz.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Livro: Sonho do escritor.

As histórias vividas e passadas servem, em muito, de fonte inesgotável de aprendizado e inspiração para que possamos viver melhor no presente e projetarmos uma vida melhor no futuro. Aí do homem que não consegue ler sua própria história, e, em sabendo, consiga encontrar o talvegue do rio da vida, onde se navega melhor e mais facilmente. Nada no mundo encontrará o escritor descansando, pois, sua viagem é permanente, sempre com suas invencionices capazes de revolucionar as emoções e os sentimentos, e, portanto, gerar alegrias e tristezas com maestria. Neste sentido, para o escritor, o que é válido é somente a forma e o volume de como transmitir estas histórias para o papel e para o leitor. Isto gera no seu íntimo uma enorme vontade de expansão do pensamento, uma continuidade, num conúbio inexplicável, de simbiose entre o que escreve e o receptáculo do pensamento que é o leitor.
Tenho tido alguma necessidade disso. Às vezes, tão nítida que o volume vem inteiro em minha mente, mas, na velocidade da vida e na pressa de resolução de outras necessidades, há uma perda de conteúdo deste volume e tão rápido quanto veio a idéia desaparece, esvaece-se, sêca e morta e o livro sonhado não sai.
Quantas histórias e estórias vieram e se foram, voando livre como as gaivotas a beira-mar, serenas na maioria, como o canto do uiapuru, que, ao cantar silencia tudo e a todos, mas, dramáticas em outras e também violentas numa outra, assim como um mergulhão que repentinamente lança-se n'água, mergulha e emerge com o peixe pescado ao bico e num enorme esforço voa para fora dali. De todas elas guardo um bocado, e, desses retalhos, quem sabe não sairá um pano de recortes, retalhos que formam um todo bonito, um todo que agrada à vista e ao coração.
Para isto acontecer é mistèr uma trégua entre o labor e o ócio, ache-se, oh! alma, um lugar de maior descanso possível, um lugar mágico onde nada interfira e perturbe, um lugar celeste, um lugar lá longe onde nada desdenhe a poesia e a arte de pintar, de escrever, e, principalmente a arte de Amar.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Os hipócritas.

A tristeza que senti vendo as lideranças evangélicas, nos canais de televisão, pedindo e "profetizando" a vitória deste ou daquele candidato, à cargos eletivos, se empenhando e entrando nas campanhas eleitorais e falando com a voz aveludada e alguns gritando, como se os gritos desse autoridade de profeta às suas palavras, me fez muito mal e serviu para meu afastamento definitivo das igrejas, seja quais forem.
O mais engraçado é que os candidatos majoritários apoiados por essas religões, mas, seitas disvirtuadas das igrejas protestantes e mesmo católicas, não ganharam e como qualquer agremiação cujo líder não acerta nada, em termos de profecia, mesmo quando se dirigem a alguma outra pessoa dizendo:
- Você se indispôs contra o homem de Deus, assim, deve morrer para o temor de toda comunidade.
Ouvi essas ameaças, dirigidas a outros líderes contrários às idéias desses falsos profetas, às vezes em programas de televisão, mensageiros da mentira e desunião, desamor, íntimos do mal, e, sei que alguns morreram porque todos nós vamos morrer um dia, e, serviram de exemplo para o mal, pois, Deus não delega poder a ninguém para matar ou não essa ou àquela pessoa, e, senti o absurdo da idade média instalada nas congreções cristãs, assassinos confessos da espiritualidade alheia.
Dizia que os tais profetas denigrem as sociedades que representam e que querem ampliar, em nome de Deus, e, sabem o mal que estão fazendo nas mentes mais fracas e indefesas provenientes da fraqueza da carga social, da falta de oportunidade, de trabalho, da falta de assistência à saúde, dos que vivem ao Deus dará, indefesos à mêrce da gana desses líderes.
- Óia, parece que estou vendo um deles falando em tom de ameaça, com home de Deus ninguém brinca....
Fico imaginando qual é o limite e até quando, em nome da liberdade de expressão e de fé, esses homens vão continuar iludindo e desrespeitando o sofrimento humano. Me irritei e me zanguei e me insurgi contra essas atitudes ilegítimas e que não têm defesa para tamanho desrespeito à Deus, pois, em nome d'Ele se locupletam de toda espécie de bens materiais.
Chegará o dia em que o leão se deitará ao lado do cordeiro e conviverão em paz, aí sim, Amor sobejará, Amor será normal e comum, sem ameaças, sem falsas profecias, sem a ganância de sempre querer mais, e, de mostrar templos grandiosos aonde Jesus certamente os expulsaria do Lugar Sagrado.
Maranata, Senhor.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O cego.

O carro desenvolvia uma média velocidade. As sarjetas recém pintadas de branco passavam rapidamente pela visão lateral e o motorista atento, atentou para um carro parado no meio da outra quadra a frente. O carro estava parado embaixo de uma árvore e de longe só se via seu vulto, mas, o que chamara a atenção do motorista fora o vulto de uma pessoa do lado de fora, curvado, e, com uma mão gesticulava como chamando atenção de alguém que estaria dentro do carro. Na outra mão parecia que a pessoa segurava alguma arma, não distinguível, mas, com certeza segurava algo. A adrenalina começara a percorrer seu corpo e seus efeitos manifestaram-se. O suor frio, agora escorria livremente por suas costas molhando sua camisa. O instinto de sobrevivência avisava que algo de errado estava acontecendo ali, e, que toda atenção era necessária. O carro agora estava mais ou menos a vinte metros e nitidamente ele viu o revólver na mão do homem que parecia agora gritar a pleno pulmões. O carro emparelhara com o do acostamento e ele olhara para ver o que realmente estava acontecendo. Uma mulher, encolhida ao fundo do carro cobria seu rosto com as mãos, mas, ao mesmo tempo, com os dedos afastados, mostrando parte de seus olhos, esbugalhados, como que gritando por socorro, tentava desesperadamente se fazer endenter pelos passantes.
- Tudo bem, aí? Perguntara o motorista olhando para o homem armado.
- Sai fora, rapaz, dissera o homem se voltando inteiro para o carro do motorista. Ao virar- se o homem puxara o gatilho. O estampido assustara o motorista que abaixara a cabeça tentando se defender. Inútil, essa tentativa. A bala entrara na maxila superior esquerda e perdendo a força não conseguira sair e se instalara muito perto do sistema ótico e por sua proximidade provocara uma espécie de cegueira, e, o motorista tentava desesperadamente ver, olhar e ver a imagem, mas, só uma enorme sombra pairava em sua visão. Desmaiou. A noite caíra totalmente e a escuridão naquele local era quase palpável. Recobrou a consciência no hospital. A princípio tentara retomar a visão do último cenário que vira. A memória, boa, fez-lhe emegir imagens, sons, e, como não conseguia enxergar nada, a consciência, lúcida, começara a cobrar a exata expressão de ver, sem obter nenhuma resposta e só então percebeu que estava cego. Desespêro. Gemeu baixinho.
- Estou aqui, filhinho. Era sua esposa, Sandra. Está tudo bem, querido. Graças a Deus, você está vivo. É um milagre.
- O que aconteceu, Sandra? Está doendo muito. Disse isso e levou essa mão ao rosto. O ouvir a voz dela acalmara mais um pouco. Estava muito assustado.
- Calma, querido. Procure não se mexer. Fique calmo.
O rosto da mulher, naquela expressão, a última visão que tivera, estava fixada em sua mente e agora mesmo aparecia como um filme em sua consciência.
- Será que vou voltar a enxergar? Perguntara ele em sua dor...
Dois anos depois o motorista após um lento e doloroso aprendizado, embora e apesar de sua cegueira começara, com a ajuda de sua esposa, a construir o que mais tarde seria uma rede restaurantes. Resolvera "esquecer" os acontecimentos e se dedicar a alguma tarefa e assim fizera, e, logo no primeiro ano sentira que entrara e estava trabalhando na profissão correta. Ele podia se comunicar com as pessoas, sentir-lhes o astral e suas condições só tocando-lhes as mãos. Sua esposa derá-lhe um filho maravilhoso e saudável, enfim, olhando para trás, podia dizer que era um ser humano feliz, talvez mais do que tivesse a visão perfeita.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Tarde de Café e conversa.

Uma tarde no Café do Ponto.
Passei uma tarde agradabilíssima, tomando café e conversando com meu amigo de infância Humberto Michiles. O local não podia ser mais que agradável: o Café do Ponto do Shopping Manauara. Tenho um lugar específico para sentar e me achar confortável neste café, quando estou ali. É mantido duas poltronas vermelhas ao fundo do local. Colocadas de canto as poltronas servem de um abrigo e aconchego para os que ali estão para degustar um bom café e ter um lhano e bom bate papo, nímio em gentilezas nos serviços.
É bom termos amigos assim. Cheguei mais cedo e logo fui servido com um bom expresso. Degustei-o bem devagar, saboreando todas as nuances do corpo do café. Antes, tinha tomado um cálice de água mineral com gás, próprio para a limpeza das papilas linguais e de gole em gole, pensando a vida, quedei-me a viajar no tempo e espaço, mas, sem tirar de vista, a chegada de meu amigo.
Manaus não se imaginaria assim, tão vistosa com seus shoppings, seu comércio e indústria funcionando a todo vapor, seus templos, sua mistura arquitetônica, sua nímia simpatia para com os interioranos que chegam volumosamente para esse enorme útero cidadino, fazendo-o crescer e inchar, tornando a vida mais rápida, mais célere, mais estressante, menos romântica, mais difícil para todos, na louca corrida pela sobrevivência, assim também é no movimento dos shoppings. É um vaivém sem fim, muitas gentes a ir e vir. Dali daquela poltrona, enquanto, o Humberto não chega, fiquei a observar as pessoas, as mais diversas personagens, passando, no meu campo de visão, com mais ou menos pressa, com mais ou menos preocupação, com mais ou menos estress. Agora mesmo passara um conhecido. Rosto fechado, preocupado, talvez, em resolver algo não reconhecível, numa cadência rápida, sem trégua. Lá atrás uma senhora parara para conversar com outra, mostrara alegria, aparentemente. A outra sorrira e abraçara a senhor. Um rapaz entrara no café com laptop embaixo do braço e sentara numa mesa. As gaçonetes solícitas atendiam prontamente os pedidos. Pensei em tirar de minha bolsa o meu ipad para dar uma olhadela nos meus e-mails, mas, desisti, pensando que a qualquer momento o Humberto chegaria e teria que desligá-lo.
- Oi, Alex, a voz era-me familiar.
Voltei o rosto e reconheci o conhecido que acabara de passar.
- Oi, respondi, de pronto.
Conversamos um pouco, tempo suficiente para a chegada do Humberto.
O Humberto chegara rapidamente. Na verdade ele já estivera ali antes, só voltara de onde estava ao saber de minha presença no café, daí o pouco tempo da chegada. O café expresso, sempre quente, origina os mais diversos assuntos. Ficamos ali conversando e resolvendo, ou, pelo menos tentando entender, os mais intricados assuntos humanos, logicamente, sem solução, mas, aos nossos olhos totalmente resolvidos, nos dando a impressão de sermos super-heróis, prontos a resolver a vida e o sofrimento humano.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Sono......

Uma viagem sempre vai ser um descanso psicológico, mas, nunca um físico. Estava, antes de ontem, em Boa Vista, cuidando e vivendo o momento com meus netos de lá, e, logicamente, isto demanda uma boa dose de energia. Cheguei em um vôo, de madrugada, onde pude ter a oportunidade de não dormir, literalmente, a noite inteira. Cheguei em Manaus as 06:00 horas e fui direto para casa, onde esperava-me os outros dois netos, que aqui residem. Foi uma festa indescritível. Fizeram uma bagunça comigo. Passado algum tempo manifestei a vontade de tomar uma boa ducha quente e me deitar, para descansar um pouco. Assim foi feito, mas, quando em vez os meninos viam até o quarto, acho que para certificarem-se que eu ainda estava lá, e, um deles ensaiou uma conversa:
- Vô, tá acordado?
- Não, João...
E, satisfeito com a resposta saiu a correr do quarto. Não muito tempo depois ouvi o bater das mãozinhas do Guilherme, em seu ritmo, adentrando ao quarto. Clap, clap, era o som cadenciado de sua aproximação. Por ser muito pequerrucho, sua cabeça abaixo do nível da cama, o danado segurando a ponta do lençol da cama, urdia em levantar-se querendo me ver. Abri os olhos neste momento e vi aquele pedacinho de gente ali me olhando.
- O jeito que dá é levantar-me, pensei e logo executando o comando. Carreguei-o no colo e assim não dormi mais, o resto do dia.
Cheguei cedo em casa pensando: - finalmente vou descansar.
Ao abrir a porta da sala deparei-me com o sorriso mais encantador. O Guilherme, no seu anda já, levantou seu corpo e começou a vir em minha direção. Peguei-o no colo e brinquei um pouco com ele, mas, ele queria mesmo era que eu contasse a estória dos três porquinhos e força do sopro do lobo mau, que de tão forte derrubava as diversas construções dos porquinhos. Que curtição. Quando eu imitava o sopro do lobo quase caia desmaiado, tal o meu cansaço.
Quando o ciclo de brincadeiras terminou, dirigi-me ao quarto e desmaei e apaguei para o mundo, não me lembro de mais nada. Que bom que é dormir. Boa noite...
- Lelé, Lelé, boa noite Alé...
A voz vinha là de dentro de mim. O cenário não mudara. Toda criançada deitada pronta para dormir e meu irmão mais velho:
- Lelé, Lelé, boa noite Alé, meu apelido.
Quando não:
- Xulé, xulé, boa noite Alé.
Eatávamos de férias no Careiro.
Minha mente foi apagando e o cenário sumindo gradualmente.
- Ãe, ãe, ãe, boa noite, mamãe...
- ...
- ...

sábado, 23 de outubro de 2010

Lua cheia, felicidade.

Nunca mais tinha tido a oportunidade de comer um churrasco tão gostoso quanto esse que comi na casa de meu filho, aqui em Boa Vista. Saímos para comprar a picanha e logo na visualização vi que seria algo diferente.
A picanha fora escolhida a dedo. O rapaz fora lá na câmara frigorífica e trouxera o que de melhor encontrara por lá. A ponta da picanha. O corte fora feito perfeito. A gordura avultava às carnes.
O carvão, escolhido, depositado na churrasqueira, queimava lentamente. Pouquíssima fumaça. Quando a gordura começou a queimar a derreter na presença do calor, o cheiro característico, da carne sendo assada, espalhou-se através do ar, mexendo com a mente dos vizinhos.
O Quelm, nosso rottwailler, começou a latir com constância, sinal que o cheiro da carne chegara às suas narinas e excitava-o a fome, o que também aontecia conosco. Olhei para o céu. A lua apresentava-se bem redonda, cheia, dominando o céu com seus raios luminosos. Nosso quintal, prateado, por seus raios, demonstrava que nossos instintos mais primitivos exacerbariam numa natureza tão pródiga. Lembrei-me, imediatamente, de Jorge Luis Borges, em seu Borges Oral, quando descreve o céu palestino e indaga acerca de quanto Jesus sentiria saudades do imenso céu palestino, estrelado e com a lua sempre a mostra, e o vinho disponível, ali, junto com seus discípulos, a filosofar e compor a maior filosofia, arte de viver e o socialismo mais puro imaginado na terra.
Me senti iluminado, pensando nisto. Imaginei estar com meu Mestre, aqui. A lua, o vinho, os pensamentos, a condição humana mais à mostra do que nunca, como agora, e, a condição inexpressiva de nunca se poder resolver as questões essenciais da redenção humana, por um momento me sedaram e quis sumir, desaparecer. O dedilhar do Alexandre no violão me reportou à realidade.
- " Estou guardando o que há de bom em mim
Para lhe dar quando você chegar
Toda ternura e todo o meu amor,
Estou guardando para lhe dar."
A felicidade de sentir a presença física dos netos amados e do filho, o luar, o vinho, o sonho de um mundo melhor, a esperança de que nào somente o céu, mas, tudo que gostamos possam nos acompanhar no céu vindouro, me reanimaram e me deram sono. Um mundo longíncuo, anfitriado por Deus, um mundo do sono, um sono fantástico, um sonho lá longe, reparador, potencializado por um feixe de luz prateado, luar de agora, luar do meu sertão, puro, lhano com nossa vida e de quem mais quiser. Felicidade total.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O galo-galinha.

Estávamos acostumados a orar, agradecer a Deus na hora da mesa, em quaisquer das incurções alimentares da família. Meu Pai à cabeceira da mesa ordenava quem houvera escolhido para o agradecimento. Pedíamos aos céus que a escolha nunca sobrecaisse em minha avó paterna, pois, sempre as orações eram um pouco mais longas que as outras, e, a fome fazia nossos estomagos gemerem uma espécie de ronco durante a oração o que ocasionava uma ligeira risadagem nas crianças. Claro, que se o risonho estivesse ao alcance de minha mãe ou de alguém mais velho, logo a resposta seria, de pronto, pelo menos um beliscão, para que o menino aprendesse o devido respeito às coisas sagradas, e, assim aprendemos, com o passar do tempo e muitos beliscões depois, que com o sagrado e as leis, dogmas e normas legalistas da igreja ninguém brinca, é assunto sério que requer todo um ritual de purificação íntimo e individual.
Um dia, a família receberia para almoçar um parente em visita à nossa cidade e o ilustre cidadão deveria ser obsequiado com o melhor que tivéssemos em nosso estoque. Deveria ser a galinha de todo domingo de diversas feituras, mas, ao ser constatado a ausência do galinácio, no referido estoque, e, certificado a presença de um enorme galo no quintal a resolução veio rápido:
- Não se deve servir galo a um visitante, mas, levando-se em conta a celeridade da questão, vamos ter que servi-lo.
- Apoiado, exclamou outro do conselho familiar.
Assim, o galo foi para a panela e para evitar qualquer saliência de menino, chamaram-nos a todos e anunciaram que no lugar da galinha seria servido o galo, mas, que tal fato não deveria ser comentado em hipótese algum. Acordados, adultos e crianças, esperaram a hora do início do almoço.
Eis que o convidado chegara e logo após pendurar seu paletó no porta casaco, sentado confortavelmente no sofá, entabulara conversa com meu pai e mãe, avó, tias e outros que por lá estavam. Como estão todos? E a fulana e sicrano, e, o filhos. É verdade issso, aquilo também? O trabalho é promissor? Enfim, todas as perguntas pertinentes à uma atualização de dados familiar. Depois, de muita conversação e oitivas, anuncia-se o almoço. O olhar dos mais velhos a vigiar qualquer má intenção de qualquer dos pequerruchos.
- Vamos ao almoço. Não sei se é de seu agrado...
- Isto é um banquete, merecido dos deuses do olimpo, disse ele empolgando as mulheres cozinheiras.
- Obrigada, uma delas respondera.
Todos sentados, em seu devidos lugares, numa mesa para vinte e seis lugares, cabendo doze de um lado e doze do outro, mais duas cabeceiras ocupadas pelos mais velhos da casa.
- Vamos agradecer o alimento. Mamãe, a senhora pode orar em agradecimento? perguntou meu pai à sua mãe, para angustia da criançada.
- Claro , meu Filho, e, logo começou agradecendo a presença do convidado, sua vida, de sua família, da sua parentela e citando o nome de todos os que ela ia se lembrando, e, enquanto isso a criançada a ver navios, ansiosos para comer.
Enfim, depois de um tempo, terminada a oração, um dos pequenos grita de lá:
- Vó, por favor, passa esse galo-galinha?
Haja beliscão.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O tempo não pàra.

O tempo não pàra.


O tempo necessita andar com a palavra fé, lado a lado. Quase chegamos a entende-lo, porque, sua descoberta e explicação beira a perfeição, quase o entendemos por inteiro. Não se pode negar sua nociva,e, ao mesmo tempo boa convivência. Ele tem sido comparado a um rio cujas águas nunca se repetem, porquanto, sempre estão em movimento, correndo no mesmo sentido dando condições de porder se dizer que uma pessoa não se banha duas vezes nas mesmas àguas.
Podemos dizer que ele é nocivo porque em sua passagem deteriora a tudo e a todos, desgastando e deixando sua nímia marca, o envelhecimento, em todos os sentidos, em todas as coisas do universo. Por outro lado, em nível de consciência, tem a capacidade de aliviar as dores das saudades, dos sonhos perdidos, das esperanças irrealizáveis, alívio ocorrido por um desgaste do impacto dos momentos vividos e experências ruins, e, infelizmente também dos bons momentos. Vejo imagem corroída pelo tempo de momentos de minha infância, os cheiros do campo, das casas onde morei, dos carros, das pessoas, e, sei que de alguma forma me beneficio com a imagem vista como num espelho, como diz São Paulo, não me sinto mais impactado quanto no momento do fato, como no da morte de minha mãe, de ,minha avó, pessoas tão queridas, por exemplo. O tempo passa e não temos uma nítida percepção de sua passagem.
Lembro de momentos angustiantes em minha vida que na hora pareciam monstros devoradores, e, que mais tarde já resolvidos não passaram de brinquedos de criança. Sei que inexorável o tempo não pàra, com fé ou sem fé a correnteza da vida continua sua corrida para o grand finale. Pessoas há que não validam a amizade com Deus, em seus bons e maus momentos, e, não sabem como a fé na direção Divina nas vidas humanas sublima e diminue o impacto dos fatos acontecidos.
Como disse no início da crônica o tempo necessita da fé ao seu lado, sempre, em todos os momentos, aliviando e nos fazendo sublimar os efeitos nocivos da nossa capacidade de armazenagem de todos os fatos em nossas vidas. Todos os problemas têm solução. De uma forma ou de outra, todos os problemas são solucionáveis, portanto, tenhamos paciência que nalgum momento da História todos momentos ruins e mesmo os bons serão transformados em benesse para todo o conjunto da criação.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Óculos.

A falta que faz um óculos é inimaginável. Empolgado com o uso ipad, minha nova mania, aonde ia, ia o ipad também, e, logicamente, obrigatoriamente meus óculos tínham que acompanhar-nos. Fomos dali, para acolà, voltamos para cà e surpreendemente me vi sem o tal auxiliar ótico. Que enorme falta. Por mais que me esforçasse a nitidez, as cores, as formas passaram a ser insuportavelmente sombras e contornos disformes.
Procurei tal instrumento em todas as partes, tanto na casa de meu filho, onde estou hospedado, quanto em outras partes por onde tinha ido e não os achei. Embaixo da cama da cama,no quarto, no banheiro, dentro do carro, enfim, todos os lugares foram minuciosamente vasculhados. Não os encontrei.
Passei o resto do dia sem poder manusear meu novo equipamento. Ao amanhecer fui ao camelódromo local e comprei uma armação barata e mandei em uma ótica alocar um belo par de lentes no meu grau para leitura.
Nesta altura dos acontecimentos já tinha deixados os netos no colégio e munido dos óculos vim até meu café preferido, aquele que vou diariamente quando estou em Boa Vista, a Megafarma, e, apreciando um bom expresso pude por fim "navegar" internet afora, no mundo inteiro, me sentindo fâmulo da leitura e do escrever, das letras, e, agora pós-fotografia, pois, para conseguir ter um ipad vendi minha Nikon, há dedicação total e incondicional ao meu ipad, até quando?

sábado, 16 de outubro de 2010

A inveja mata.

A inveja quando não mata, não engorda.

Conversei, forçadamente, com meu neto mais velho, a respeito da inveja que certas pessoas têm das outras, seja no sentido da falta da não simplicidade de simplesmente ter as coisas e da falta de simplicidade de não ter as coisas.
Explico melhor. Ele me falou de um amigo comum que comentara sobre a viagem dele, meu neto, aos EUA de forma esquisita. Dissera que já tinha realizado tal viagem e que não gostara, pois, achava melhor viajar para o Canadá, lá sim, tudo era muito melhor, e, que, portanto, toda a viagem do Alexandre não tinha sentido. Isto pareceria normal se falado por um garoto da sua idade, mas, falado por alguém mais velho não fazia sentido a não ser considerando-se uma certa inveja do conjunto da família de meu neto. Uma esposa exemplar, uns filhos maravilhosamente lindos, um marido trabalhador e compreensivo, um verdadeiro céu, no entendimento do invejoso, tudo coincidindo para a contribuição de um lar perfeito, sonho de todos humanos.
- Meu neto, dissera eu, você, por favor, não repare na maldade intencional dos outros, pois, o que você me conta nada mais é do que a maldade da inveja estampada na conduta desse cidadão, e, sempre em todos os locais, onde você estiver sempre vai existir pessoas assim, por isso, viva sua vida sem a preocupação de ter todos os seus atos ou atitudes ou sonhos realizados percebidos ou não por esse ou por aquele, ou por quaisquer pessoas que vivam ouo não ao seu redor.
A inveja mata, dizera alguém para ele, e, eu digo para você, meu neto, viva sua vida sem ter a necessidade de perceber se esse ou aquele amigo ou não, está vigiando e querendo viver sua vida nesse ou naquele momento de sua felicidade. Simplesmente viva sua vida e se afaste desses maldosos que não sabem viver.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Dia dos Professores em Boa Vista

Dia dos Professores em Boa Vista.

Hoje é o dia dedicado ao professor. Enzo acordou indócil pensando, em sua excitação, na festinha da escola para sua professora:
- Vô, temos que comprar coca-cola, suco de laranja, prá eu levar para a escola, é o dia do professor...
-Está bem, disse eu. Saímos a comprar tais necessidades.
Saímos às pressas e quando chegamos na escola descobrimos, eu e ele, que não tínhamos trazido as garrafas de suco e de coca-cola.
- Vô, e as garrafas, não posso chegar na sala sem elas... Todo mundo vai trazer algo...
Assim, voltei em casa para apanhar as tais garrafas. Fui correndo e voltei mais rápido ainda. Entrei pelo portão principal da escola, esbaforido e quase sem fôlego carregando a garrafas.
- Seu João, vou levar essas garrafas para o Enzo, disse eu invadindo o pátio que dá acesso, do lado esquerdo da escola, a sala de aula do Enzo.
O seu João é aquele que foi motivo de uma de minhas crônicas há algum tempo atrás, da bosta da pata, referência a uma influenza muito forte que o acometera e que deixara seu corpo com tanta dor e moleza que resultara na metáfora da tal bosta.
Entrei sufucado pela falta de ar, depois de subir os degraus da escada que conduzem a sala de aula.
- Parabéns professora, disse eu à professora entregando-lhe as garrafas.
- Obrigada, disse ela.
Virando o olhar rapidamente vi o encanto com que o Enzo me olhava e naquele momento senti que tudo o que um homem quer e deseja para sua vida estava resumido naquele olhar de gratidão pelo esforço que eu fizera para que ele ficasse confortável com sua professora e seus coleguinhas de turma.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Boa Vista, novamente.

Estou novamente com meus queridos netos aqui em Boa Vista, esta terra quente e amiga que aprendi a amar ao longo do tempo, de tantas idas e vindas. Por falar em tempo a terra está muito quente, mas, corre uma brisa, um vento que refresca a todos e as casas também. Os meninos estão eufóricos com a chegada dos EUA, foram a Miami e Orlando, e, com a perspectiva do início das aulas. O Enzo diz que vai contar a viagem para todos seus coleguinhas da escola e também para os professores. Está feliz com a possibilidade. O Alexandre, mais velho, fica mais reservado. Só quer conversar ,com os mais velhos a contar-lhes detalhes das meninas e das relações que encontrou na viagem, inclusive as idas aos parques temáticoss e a vontade de dessistir quando olhou de perto altura da montanha russa, mas, claro que não deixou de ir em tal monstruosa invenção. As piruetas dos carros grudados nos trilhos, provocando os mais impetuosos e altos gritos, foram motivos de domínio de seu medos, estes totalmente resolvidos, depois de sentir segurança em tais tipos de brinquedos. Os hotéis, essas moradias ainda bem que provisórias e que nos acostumam tão mal, com seus serviços e gentes ali sempre prontos a nos servir. As delícias do café da manhã, os almoços diferentes, as arquiteturas dos restaurantes e prédios,ctudo tão bonito que deixam a quem vive esse momento de estar lá de boca aberta e com a sensação de querer sempre mais, deixando um laivo inequívoco e jamais esquecido de ter conhecido algo tão bom. Acho que essa foi a sensação que eles sentiram e que queriam compartilhar com seus pares.
Estou feliz de ter tido a oportunidade de poder acompanhá-los, virtualmente, nessa viagem maravilhosa. Virtualmente porque não fui junto com eles na viagem, mas, acompanhei-os com a nítida visão das suas narrativas.
Agradeço a Deus a oportunidade que é dada a eles, a de conhecer ouitros lugares e se relacionarem com oiutras pessoas. Sei que é um momento inesquecível. Que meus bisnetos, assim como o netos, tenham tal oportunidade e que possam estar sempre dispostos a ajudar e conviverem harmoniosamente com outros seres humanos.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Relacionamentos.

Não há a menor possibilidade de se entender o que acontece por trás dos relacionamentos, isto é, o que impulsiona pessoas a se relacionarem, sem a verdadeira veleidade demonstrada. O que há no subconsciente, considerando toda a magia que ocorre no mais recôndito interior de nossas almas e nos impulsiona ao relacionamento? Há somente uma grande troca de energia? Há somente interesse sexual? Há somente outros interesses não catalogados que não estão disponíveis no consciente? Há somente a vontade irrevogável de relação humana neste mundo onde a relação é uma necessidade real? Há somente, por causa da solidão, a tremenda vocação de relação? Há somente um universo de desejos que não necessitam de um aval do consciente? Há somente a virtualidade do que achar este ou aquele humano bom e leal e outros tão chatos e sem virtudes admiráveis? Há somente todas as ações do quere-se e do querer? Há somente a ordem explícita por Deus de “crescei e multiplicai e dessa ordem emergiram todas as vertentes do querer? Há somente o inconsciente trabalhando em direção ao amor considerando a não racionalização do próprio amor? Há somente um rumo a ser seguido pelos humanos na direção do relacionamento maior, Deus? Há somente uma fraqueza demonstrada na fragilidade de se ver a imensidão do universo e então nasce uma verdadeira necessidade do precisar? Há somente a percepção de se ver um pequeno grão de poeira no grande universo e assim a procura por outros iguais? Há somente a visão de que é necessária a existência de outros iguais para se reconhecer a vida tal como é? Há somente a grande realidade de que simplesmente existimos e simplesmente temos que nos relacionar para podermos existir e também para nos ajudar mutuamente neste novelo de lã que é a própria vida? Há somente o que? 

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Em quem votar 1.

Uma medida é certa: alguns candidatos têm reais possibilidades de ao chegarem a mandato de realizar algo de bom para a população. Muitos são os que querem preencher os cargos políticos ou por vaidade pessoal, ou por gostarem do poder ou gostarem de orbitar em torno dele, ou por acharem que só através desse mandato se firmam como seres humanos úteis, ou por quererem ter ganhos materiais e respostas rápidas a esse anseio de capitalização perene de sua alma. O fato é que só uma pequena parte desses candidatos se dispõe a morrer por suas causas, projetos, pela sociedade que o elegeu. São todos, de um modo geral, vendedores de imagem, como essa que cito, curial a quem dispõe de fraquezas relacionais e de formação, e, que pensam, às vezes, cinicamente, “devolver” para a população serviços politiqueiros que na verdade servem somente para alargar suas bolsas e contas pessoais. São serviços das mais variadas espécies: televisão com ajuda pontual aos ouvintes, como cadeiras de roda, passagens, tratamentos médicos, dentaduras, óculos, isto é, onde acham uma falha do poder público a “produção” entra para resolução desses problemas, e, assim, o candidato aumenta em muito a possibilidade de ganho das eleições.
Lastimo profundamente que Miquéias Fernandes, sujeito preparadíssimo, não esteja concorrendo ao pleito para uma vaga no parlamento estadual. Tenho certeza que não ficaríamos com um sentimento de que está faltando algo no parlamento, teríamos o descanso social de que bons projetos e novas boas idéias viriam através de seus projetos e que a sociedade se beneficiaria em muito com sua estada por lá. Entre os que estão disputando vaga para a câmara alta do país, está o meu amigo de infância Humberto Michiles, político antigo, mas, moderno nas idéias, com tradição política e que, portanto, dá uma margem de tranqüilidade e segurança à sociedade de que o bom e correto estão sendo feito em prol das ansiedades populares. Também lembro o nome de Pauderney Avelino, político de carreira, e, também apto a exercer bem ao assumir uma cadeira na câmara de deputados. Entre todos os nomes candidatos ao senado um se sobressai que é o já senador Arthur Neto, homem de enorme tradição política e cultural, sensível aos problemas sociais do país, energia pura ao defender os interesses nacionais e estudais com tanta ênfase que adversários se quedam rápido ao seus pleitos, sempre justos e buscando a paz, mas, com braço forte se necessário for.
Esses são nomes provados tanto por suas vidas públicas quanto as de cunho particular. São os meus votos e espero, com sinceridade, que continuem assim dispostos a ajudar realmente a sociedade que sempre está desfalcada dessas vozes e personalidades na luta por uma vida e uma sociedade melhor, será possível?   

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Em quem votar?

A questão ética, cobrança social teórica, envolve ou necessita de um aprofundamento maior, que suplante as veleidades políticas que são sempre uma enorme venda de imagem, porque, o que acontece nos bastidores políticos, poucas exceções há, é sempre algo não muito recomendável a partir do que é curial ao sentido de estar-se em uma sociedade correta eticamente. Não há muito o que pensar, seja no Brasil seja no exterior o que é inerente à criatura humana é o tentar encobrir sua nudez, seja física seja moral, ou seja, tudo não passa de venda de imagem.
- Agora nesta minha gestão o povo fique tranqüilo que a questão de segurança, de saúde, de educação, enfim, todas as áreas do conviver humano estarão cobertas de forma limpa, sem manchas administrativas etc, etc....
Palmas. O povo, por outro lado, sabe que o candidato não vai cumprir suas promessas antiqüíssimas, e, vota nele. Todas as questões já foram postuladas por outros e às vezes por ele mesmo sem que ao menos houvesse tido um esboço de resolução dos problemas. A ética, esta invenção social, é uma necessidade social senão reinaria o caos na sociedade, pois, sua pureza está no respeito que termina exatamente onde começa o do próximo, isto é, o respeito ao outro é que dita a falta ou não da ética, por isso, às escondidas, sem o “outro” saber é que as propinas, a corrupção anda a solta, tão livre como uma gaivota voltando à beira-mar. Não há pureza na política e é impossível postular-se um teorema que resolva a situação moral do homem. A religião provou ser ineficaz, pois, no domingo ou qualquer hora o homem está na igreja rezando, orando pela população, enquanto seus cofres se enchem, e, o que era para ser realmente bom para os outros é somente para o bolso individual dos líderes, dos políticos. Não há como generalizar o ser humano político ou não. Certamente nessa imensidão de gente que há no mundo alguns há sinceros, pelo menos tentando viver sem venda de imagem, o que é muito difícil, diria quase impossível, porque, o que vale é uma boa prebenda no aposentar-se. Como a religião adulterou-se e acabou por apresentar-se, como empresa, aos grandes partidos políticos, induzindo e puxando par aperto de si grupos políticos poderosos e fazendo um volver na história revivendo momentos onde a política, o estado, e a religião conviviam em grande harmonia, trazendo toda sorte de mazelas para o povo que continua se anestesiando com pão, sangue e divertimento.
Há um porém, nesta história, além da religião fracassada que está, há um crescendo do poder paralelo, o mal em si, com grandes e inteligentes e despreparadas lideranças do crime. Vislumbram-se as cidades previstas por Aldous Huxley em seu “Admirável Mundo Novo”, fantástica ficção profética, onde a população do bem fica acuada e trancafiada em enormes redomas que tentam a todo custo não deixar o mal entrar.
Em quem votar? Eis uma boa questão. 

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Cirurgia virtual.

Olhando uma revista, numa das livrarias daqui da cidade, vi estarrecido, a ênfase dado em uma das revistas especializadas em vender imagens, a uma possibilidade de mudança total no aspecto físico das pessoas que vivem de venda de imagem: a cirurgia virtual. Caramba, pensei, o possível é mentiroso. É possível transformar alguém depois de clicado e melhorar a pele e seus contornos, sua venda de imagem em um dos inúmeros programas de manipulação de imagem. É possível arredondar seios, aumentar e dar contornos melhorados às bundas, lipo-aspirar as barrigas, as pernas e o que se quiser de maneira que fique vendável qualquer foto ou perfil de uma pessoa. Significa que a pessoa ou esse objeto de venda de imagem não é o mesmo que o original, quem olha, olha o inventado, olha o virtual.
Nilton Bonder, famoso rabino, tem razão: a alma é imoral e não tem limites em busca de sua satisfação, isto é, a vontade de contrapor ao único mandamento dado ao homem no Éden, o de crescer e procriar, ânsia do corpo. Neste contexto o homem em determinado momento histórico encontra-se ou acha-se completamente despido, e, portanto, nu e como no Éden busca infinitamente se cobrir e esconder sua nudez, pois, na natureza não há nus. A partir daí a história do homem é de, em si descobrindo nu, achar um modo de cobrir-se e cobrindo todos os ângulos de sua alma clama por um manto protetor, um totem, um ícone, uma maquiagem que disfarce sua nudez, tanto física quanto moral.
Assim, o homem anseia por uma continuidade de sua semente, a da espécie e tudo fazem, por maior que seja o esforço para chegar, determinado, a este fim, mas, sempre disfarçando, maquiando sua verdadeira vontade, pois, corresponderia a sentir-se completamente nu e como não há nu na natureza, ele encontra-se, por conta dessa consciência solitário em termos de ser. Desde o Éden o homem se cobre, esconde sua nudez tanta física quanto moral. Ao longo do tempo o homem tem encontrado formas de resolver essa questão do nu e socialmente tem vivenciado normas e leis que o façam sentir-se confortável no tempo de sua vivência, convivência com a consciência de perceber-se nu. Concluo dessa nítida impressão bíblica a capacidade de o homem viver tão hipocritamente em sociedade.
É verdade, sim, que a descendência do Messias, em seu início teve nas filhas de Lot, que ao saírem das cidades de Sodoma e Gomorra, destruídas pelos anjos, e, vendo o poder da destruição em sua própria mãe, imaginaram que o fim do mundo era o que estava acontecendo, assim, com a responsabilidade do cumprimento do mandamento, crescei e multiplicai, o embriagaram e fizeram procriar nelas o bom que não era correto, filhos incestuosos que seriam os precursores de Davi, o rei de onde o Messias descenderia.
- Onde estás, homem? Pergunta Deus, no virar do dia no Éden.                  
- Vim me esconder, pois, achei-me nu e escondi-me.
Deus trançou uma túnica de folhas e o cobriu... Toda escuridão da humanidade estava ali, nunca mais paramos de tentarmos nos mostrar vestidos... a não ser maquiando nossa nudez no  intrépido desejo de nos mostrarmos corajosos a ponto de nos desnudarmos à frente de outros, nem que seja às custas de programas que possam embelezar nossos corpos nus.
Maranata, Senhor.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Mesmice.

Julho passou muito rápido. Meus netos e nora chegaram no início do mês trazendo como sempre muita alegria e enchendo a casa com uma nova disposição de viver. O Enzo, aos seis anos, e, cheio de energia queria de imediato brincar de tudo com todos ao mesmo tempo. Era a ida à casa do primo Rodriguinho e lá brincar de jogo eletrônico onde o guerreiro tal liquida o outro tal, era também o jogo de bola na quadra do condomínio com o avô e o primo João Gabriel, enfim, era o momento para descarregar toda a energia acumulada nos últimos seis longos meses sem a vinda à Manaus. O Alexandre Neto, aos onze, também e de uma maneira diferente queria se divertir com os colegas do condomínio aos quais também não os via desde seis meses atrás. Eram jogos, bola, xadrez, e, logo a casa se transformou em um enorme local de encontro para a rapaziada do prédio.
- Vô, queria que você fosse comigo... Era referência à volta dele para Boa Vista, local onde reside e sua vontade de dar continuidade à felicidade de estar desfrutando a amizade do velho avô.
- Logo vou estar lá com vocês, não se preocupe com isto...
- Vô, preciso de um violão, você pode me dar o seu de presente? Era o Alexandre Neto querendo o instrumento para aprender a tocá-lo.
- Claro, Alexandre, você tem talento e vai gostar muito dele.
Chegou o dia da despedida. Lá no aeroporto o Alexandre começou a sentir um frio desmedido e a ficar angustiado com algo que não podia explicar.
- Está quente, disse sua mãe.
- É o aquecimento do agasalho, pois, ele estava usando um agasalho que me pareceu bastante quente.
Foram. O avião malvado levantou vôo e sumiu na imensidão do ar. A falta de ar atacou-me novamente e pensei neles dentro do avião tentando ver algo através da janela, mas, a escuridão da madrugada era somente um grande manto escuro. Imaginando isso entrei no carro de volta à rotina da vida. Saudades, solidão tudo tão escuro quanta a madrugada.
- Vamos disse à minha esposa e entramos no carro de volta à cidade e à vida...

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Preparativos do Casamento.

Emocionei-me quando abri o site de casamento de minha filha, do meio, Maysa. Na página principal, www.maysaeheitor.com, lá estava seu rosto bonito, feliz nesta fase de sua vida: seu preparativo para o casamento.
Como o tempo, essa terrível armadilha da vida, passa rápido e ao promover momentos bons e maus nos marca deixando laivos de sua passagem em nossas vidas. Maysa é um desses raros momentos da vida que me marcou profundamente. Sua alma simples sempre optou, apesar de sua beleza de parar o trânsito, por estar sempre bonita naturalmente na sua simplicidade. Lembro da sala de estar repleta de gente, em algum de tantos aniversários de alguém da casa, e ela, aos três ou quatro anos, com um vestidinho deixando entrever a calcinha de renda encobrindo a fralda que aumentava seu volume e andando de costas para se encaixar entre as pernas de um de seus tios, com um risinho tão carinhosamente seu. Os cabelos encaracolados e enfeitados por um pequeno laçarote davam e completavam o charme curial de sua personalidade. O tempo passando revelou a personalidade marcante dessa engenheira da computação, profissão que abraçou com amor e dedicação, hoje terminando seu mestrado na universidade em Curitiba, e, com certeza, o préstito de amigos e admiradores aumentam a cada dia que passa sem causar influência em sua simplicidade, rota inerente a sua alma revolucionária.
Emocionei-me. A mente esse magnífico artefato da vida me reportou imediatamente a uma cena muito engraçada e já contada aqui, mas, que vale a pena reproduzir: numa noite a pequena Maysa, recém-nascida, chorava, por volta das duas da manhã, a aurora prenunciada, a madrugada fria com seus ventos gélidos, copiosamente. Acabara de mamar e todos na casa acordaram com tal escândalo. Uma tia de minha esposa, responsável por uma ajuda sem preço, dormitava ao lado do berço quando foi desperto totalmente por tal raivoso choro. Não tive dúvidas. Depois de tudo arranjado fomos os três: Maysa, eu e D. Maria, tia de minha esposa, apressados à casa do médico pediatra, o qual veio nos atender à porta, ainda com os cabelos revoltos, marca do travesseiro, e, sonolento que fazia pena.
- Que se passa?
Contei o ocorrido e ele depois de nos mandar entrar e examinar a menina de tudo que era possível ali naquele momento, ao passar com o dedo perto da boca da criança, sentiu que ela queria a todo custo morder-lhe o dedo. O diagnóstico, mesmo sonolento fora dado: fome. Ela acabou de comer, dissera eu, mas, a evidência era maior e já em casa ela mamou mais uma mamadeira e aprendemos que para ela dever-se-ia fazer mais do que a média recomendava. Depois do fato passado ríamos à beça de tal momento.
Emocionei-me e emocionado pedi a Deus por minha pequena Maysa, que apesar de tudo e todo sucesso em sua vida continua minha garotinha pequerrucha querendo se aninhar em nossos braços que sempre estarão abertos. Felicidades Maysa extensivo ao Heitor, meu futuro genro.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Tributo à Fézinha.




Não a conhecia bem apesar de um parentesco longínquo. Era uma prima distante de minha mãe, por parte materna, da família dos Aguiar. Morreu, dizem, de um infarto fulminante, o que soube depois de seu féretro. Não sei a causa mortis, mas, me lembro de minha avó, Lilia, a contar a todos, na sala, que sua família tinha afinidade na morte por problemas cardíacos. Na sua concepção todos os Aguiar tinham essa propensão de morrer assim. Ela própria foi vítima de sua vaticinação. Uma noite, após recolher-se à cama, pediu à nora um copo de leite quente, pedido rotineiro. Ao trazer o tal copo a nora encontrou-a morta na cadeira de espera.
Sei que Fézinha era uma dessas mulheres batalhadoras, preocupadas em dar o melhor da vida aos filhos e administrava sua rádio, junto com seus irmãos, de forma brilhante. Vinda de uma família bem estruturada, aquelas que conseguem sobreviver em meio a tantas intempéries e vicissitudes que a vida implacavelmente permeia entre os humanos, ela soubera dividir os afazeres de mãe, de administradora, esposa com esses problemas logrando êxito em tal proposta, pois, seus filhos, trabalham na rádio, cada um com seus próprios programas radiofônicos de bastante sucesso na cidade.
Manaus certamente vai sentir sua falta seja em não poder mais ouvir sua voz forte anunciando e contando as histórias ou do cantor ou da música anunciada, seja em suas posições de cunho social na distribuição de ranchos, presentes, brinquedos, enfim, toda sorte de pequenas ajudas à população carente.
Lastimo profundamente sua morte, e, estendo meus sentimentos de luto e de minha família à família enlutada. Meus pêsames à família e à Rádio Difusora do Amazonas, sabendo que ela é merecedora de todos os tributos do mundo

sábado, 10 de julho de 2010

Paralelas que se cruzam...

A igreja estava repleta de fiéis. Carla observava, com fervor, a congregação se deixando envolver com as palavras macias e ao mesmo tempo ameaçadoras do pastor que falava sobre a salvação eterna, de como a temporalidade era breve e as decisões, portanto, deveriam ser feitas o mais breve possível e porque não hoje, neste tempo que se chama de hoje, aceite Jesus como seu salvador pessoal e tenha vida eterna. Ouvia se empolgava, assim como toda aquela gente, mas, não conseguia entender como uma simples afirmativa poderia garantir para quem assim o fizesse a vida eterna; não deixe para depois, a vida é breve e rápida, não deixe para depois...
Enquanto Carla escutava a pregação, Antônio, depois do gozo, observava com gosto o corpo da jovem deitada de bruços na cama. Como ela é bonita e fogosa, que sorte essa minha de ter achado-a e enquanto a mente vagava nas lembranças e o cansaço tomava conta do seu corpo ia lentamente se vestindo imaginando e antegozando a próxima vez, imaginando o quanto estava valendo a pena investir no relacionamento que começara não fazia duas semanas. Agora, ainda olhando para o corpo da jovem, abotoava a camisa e lembrou, há duas semanas atrás, de como a vira pela primeira vez. Lá estava ela parada em frente ao banco, absorta, inocente, como se estivesse esperando alguém. A saia pequena deixava ver as pernas bem torneadas e as coxas grossas num conjunto tão harmonioso que quase o deixou tonto. Desejou-a de imediato e então sentiu que ali estava sua outra metade, outra vez é claro, pois, já estava no quarto relacionamento e nenhum o satisfizera, esse tem que dá certo. Apagou a luz, e abrindo a porta mergulhou no sombrio corredor que endereçava para o elevador. Quando chegou ao elevador olhou como de costume para o pulso para ver as horas no relógio, notou, então, que o esquecera no quarto e voltou seu corpo para a porta do apartamento. Entrou lentamente e maciamente para não fazer barulho e indo até a mesinha ao lado da cama apanhou o relógio e saiu novamente. Este retorno atrasou-o quase cinco minutos. Saiu na garagem e acionando o desarme do alarme do carro, um taxi que acabara de comprar e ainda devia sua integralidade, pois, o comprara no prazo de cinco anos e financiando cem por cento do custo, localizando-o entrou e ligou a ignição...
Carla estava fervorosamente orando agora. Pedia perdão por todos seus pecados e ao mesmo tempo agradecia a Deus a oportunidade de poder estar ali e ter conhecido tais pessoas, essas adoradoras, vibrantes e que a consolavam de tudo da vida. Repassou em sua mente sua vida, relembrou seus desejos mais ocultos, seus pequenos pecadilhos, sentindo que realmente era muito pecadora, mas, agora leve depois da confissão de tudo que a poderia condenar. O culto estava no fim...
Os três sujeitos andavam apressadamente pela calçada e como combinados não falavam, simplesmente andavam, sabiam o que estavam fazendo, iam direto para o alvo escolhido. O contato dissera que hoje a igreja arrecadaria pelo menos uns vinte mil reais. Estavam contando com mais. O do meio apertou nervoso, com mais força a coronha do revólver. Apressaram o passo poderiam estar atrasados. Dobrando a esquina viram o enorme prédio e para lá se dirigiram. Entraram no grande salão, agora mais vazio, com apenas alguns fiéis que conversavam e se alegravam no congraçamento. Carla logo após o término desejara falar com o pastor o qual a mandara esperar em seu enorme e luxuoso escritório. Depois de despachar algumas senhoras que teimavam em falar com ele, pastor, dirigiu-se para o escritório e sentando-se na poltrona de espaldar alto ia começar a falar com Carla que de costa para a porta não observou a entrada dos três rapazes que nessa altura com os revólveres apontando para o pastor anunciaram o assalto. O pastor tentou argumentar que aquela era uma casa de oração e que eles deveriam respeitá-la por isso, mas, foi alertado da seriedade da situação com uma coronhada violenta em sua fronte direita a qual rompido os músculos sangravam abundantemente. Outro rapazola estava atrás da cadeira de Carla, cuja cabeça rodopiava e a fazia sentir náuseas, e, a segurava com as mão levemente apoiada em seus ombros. Já com o dinheiro na mão o que parecia ser o líder gritou para todos saíssem e que levassem a moça como segurança até lá fora. O pastor, deitado no chão, ainda tonto da pancada, se levantara com muita dificuldade  para poder falar diretamente com ele, mas, o gesto fora mal interpretado pelo marginal que sem hesitar atirou à queima roupa em seu peito. A gritaria agora era muito grande...
Antônio saíra do apartamento de sua amante e estava indo como de costume apanhar, como ele gostava de falar quando ia fazer uma corrida para alguém na qual ele teria que ir até onde o passageiro estava para levá-lo até o destino desejado, o “seu” Xavier um comerciante que morava um pouco distante da igreja. Olhando para frente da igreja viu “seu” Xavier e sua esposa e parando o carro os três rapazes arrastando uma mulher e apontando revolveres, gritavam para que ele mantivesse o carro parado. Entraram rapidamente no carro e jogando com violência Carla no chão traseiro do carro, ordenaram para Antônio sair dali o mais rápido possível. Nervoso, Antônio acelerou o carro que saiu dali em alta velocidade...
Se Carla não tivesse se emocionado com a pregação e assim procurado o pároco depois do culto e Antônio não tivesse esquecido o relógio no quarto e tivesse voltado para apanhá-lo e também o pastor não tivesse a vontade de atender Carla após o culto e se os três assaltantes tivessem chegado um pouco antes nada disso teria acontecido...

segunda-feira, 17 de maio de 2010

14 de maio.

Hoje, dia 14 de maio, é a data de nascimento de minha mãe. Se viva faria 84 anos. Acordei pensando nisso, a data, um nascimento de uma menina nos dourados anos vinte, e, como sempre costumo, retirei de minha carteira porta cédulas uma foto que impressionantemente não a deixa envelhecer, este terrível produto do tempo. O fluir do tempo é algo notadamente pernicioso. A foto, ao contrário, mostra-me todo dia a mesma imagem, o sorriso iluminando seu rosto redondo, o olhar de pose fotográfico, o porte altaneiro, a coluna ereta, o vestido caindo-lhe bem sobre o corpo bem feito, com a cintura marcada. Que momento espetacular a foto registra. Era um aniversário de uma de suas netas, uma de minhas duas filhas. Há felicidade no ar. Eternamente felicidade. Não há e não pode haver mudança, pois, a fotografia tem a particularidade, sendo curial dela própria, a eternização dos fatos, dos momentos, do congelar do fluir da vida, enfim.
Impressionante isso. Naquele momento a vida parou e toda corrupção e degeneração da vida congelaram-se ante a milagrosa força do registro. Olhando, agora mesmo, minha mente retorna àquele momento e satisfaz minha alma, talvez, só porque tenha ela transgredido a lei do tempo, que diz que o tempo não pára, não se detém diante de nada, e, assim, rio-me, sabendo que ela, minha alma, burlou a lei transformando o dinamismo do tempo em algo estático, e, portanto, não sujeito a ele, em algo parado no tempo e no espaço.
Lá está ela continuando a rir bela e jovem, como se nada existisse e apesar de tudo que aconteceu no tempo chamado antes e depois ela ainda está lá esbanjando beleza e juventude.  Naquele momento a felicidade parece ser eterna, sem começo nem fim.
É algo mágico, transcendental. A perspectiva, a veleidade de parecer natural, a luz sombria da noite, a pose deixada para a posteridade, a consciência de que a enganação é virtual, pois, de qualquer maneira o tempo continua sua fluidez, inexorável, sem paradas, a não ser aquelas magicamente congeladas nas fotos. Daí a grande importância da fotografia. Não importa se ela obedece a todos os intricados requisitos fotográficos e fotogênicos, o que realmente importa é que ela, a fotografia, nos faz viajar no tempo, para trás e para frente, de novo, indo para a data da foto e depois regressando ao tempo que se chama de presente.
Continuo a olhar minha mãe, que com seu olhar meigo, ali na foto, me incentiva a continuar nesta caminhada que ela já trilhou e brilhou e certamente continua a brilhar. 

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Dia a dia, a rotina

Era um misantropo. Habitava uma cafua perto da cidade. O lugar era de difícil acesso e muito sujo. Usava uma jabiraca que o transformava em um abaité, mas, nunca, até que se soubesse o contrário, ele, embora com seu mau aspecto, destratara ou maltratara alguém. Tinha um cheiro compatível com o mundo que escolhera viver. Era um sujeito encafuado em uma espécie de moradia úmida e mal cheirosa lá em cima do morro. Agora mesmo, diziam à boca miúda, ao chegar a seu antro, ele escorregara num capim molhado e rolara caminho abaixo o que lhe valera alguns arranhões e algumas feridas pelo corpo.
Dali, de cima, ele já presenciara muitas manobras tristes por parte de pessoas que chegavam até o sopé do morro de carrões e desciam apressados e iam direto para o barraco de um mau elemento passador de tudo que era droga que habitava ali. Há pouco presenciara a vinda de um garoto de no máximo, calculara ele, uns dezesseis anos que ansioso esfregava as mãos, num sinal claro de ansiedade. Depois de um tempo o mau elemento aparecera com algo nas mãos e passara para o jovem. Recriminava aquilo, mas, não podia fazer nada.
- Minha vida vale mais que a dos outros, pensara ele, naquele momento e nos outros que se seguiram. Uma pena. Se pudesse ao menos telefonar, mesmo anonimamente, talvez, o mau elemento não viesse a saber de sua participação na denúncia e ele pouparia a vida do jovem. Por outro lado pensara que o menino logo procuraria outro ponto de venda da droga que usava o que invalidaria sua atitude. A veleidade de seu pensamento era a mais correta possível e mais uma vez ele pensou no quanto um telefone ajudaria. Neste momento o rapazinho, pegara o pacote com sua droga e se dirigira para a rua que dava acesso á saída do morro. O movimento estava muito bom. Em poucas horas ele, o mau elemento, já atendera o décimo cliente e o décimo primeiro vinha chegando em seu carro claro, novinho em folha.
O abaité levantou-se e resoluto, agarrando-se aqui e ali em algum capim no caminho, encaminhou-se para a saída do morro. Tinha um plano na mente e a certeza que o executaria. Alguma coisa alguém teria que fazer para dar uma chance aqueles pequeninos. Imbuiu-se de poder, e, foi descendo o morro. Os guardas do transito, do tráfego, garotos, orgulhosos de poderem ali, em seu habitat, demonstrarem suas autoridades sobre a sociedade deles notaram a saída do abaité, mas, como sempre imaginaram que o mesmo iria se embriagar em algum lugar mais longe e depois dopado voltaria para sua pocilga e dormiria o sono agitado dos infelizes, dos desvalidos, dos que se fizeram misantropo.
A viatura da polícia estava como sempre no mesmo lugar. As luzes do carro estavam desligadas e os soldados dentro do carro dominavam a visão da subida do morro. Um deles avistou o abaité vindo em sua direção e não se preocupou com o homem visto sua implicação alcoólica e a degeneração na sua personalidade. Ele aproximou-se do carro e o soldado na janela do passageiro segurou a coronha da pistola pronto a puxá-la e usá-la caso fosse necessário.
- Boa noite, seu guarda.
- Boa noite.
- Gostaria de fazer uma denúncia. É a respeito de drogas. Sei quem vende e queria fazer a denúncia.
- O senhor sabe o que está fazendo, cidadão?
- Sei, sim, sinhor.
- Está disposto a ir conosco até o ponto de venda?
- Tô.
O mau elemento depois de trocar tiros com a polícia fora preso. Por uns dias o abaité imaginou ter livrado o morro de um dos maiores problemas sociais. Alegre se levantou, naquela manhã e saindo à entrada da cafua, olhando para um lado e outro, espreguiçou-se e nem viu quando os homens chegaram. Chegaram atirando e acertando diversos tiros no abaité. Ele caíra e rolara até um plano mais embaixo. Seu corpo ficara ali, descansando finalmente. O sol começara a esquentar realmente. Dormira pensando no bem que tinha feito e isto lhe fizera muito bem.
Mais embaixo o rapazola chegara e comprara sua cota e estava saindo, alegre, pensando aonde iria para usá-la. A vida continuava, fluía na rotina, na mesmice do dia a dia.