terça-feira, 26 de março de 2013

O Natal, Sempre


O tinir dos sinos, alegremente anunciando o dia de aniversário do menino Deus, transformava o dia chuvoso em dia menos triste, tristeza que o dia chuvoso impinge às pessoas, fazendo-as mais reflexivas, mais sensíveis, talvez, porque lembrem de suas infâncias, de seus pais, de parentes, de amigos, de situações de alegria no mesmo período de alegria ou mesmo alguma comparação com pessoas menos aquinhoadas pela fortuna, tristezas de não poder ajudá-las.

Lá longe um cachorro uivava chamando sua prole, recém-nascida. Lá longe, na confluência da rua principal, um sujeito grandão, segurando um violão, tentava cantar músicas da época. Noite feliz, noite de amor, o cantor cantava e gesticulava imitando a letra. Na palavra amor ele fazia uma espécie de coração com os dedos das mãos, um coração não muito exato, mas, um coração, uma mensagem de amor.

Na igreja da praça, o pastor, confortável em seu púlpito, falava do grande amor de Deus em mandar seu primogênito para morrer por seu e os nossos pecados. Amor maior não poderia existir. Não um amor superficial, desses que existe, banalizado pela repetição sistemática das pessoas:

- Amor, te amo. Te amo... E, repetindo sempre, banaliza, nivela a palavra com outras ditas constantemente e que perdem a profundidade inicial do significado.

O Amor que o pastor referia-se era um que personalizava o próprio Deus. Um Amor transcendental. Um Amor ilimitado, um que rompe e quebra o tempo e o espaço, algo incompreensível para a mente humana.

Os pequenos corriam em todas as direções e lugares, preenchendo, aos gritos, os espaços, dando uma nova conotação ao ambiente, enchendo-o de alegria. Para eles não importa o grau de sucesso que as pessoas  adultas atingiram, mas, mesmo com a ascensão pessoal completa, os adultos não passam de amigos reais, amigos que sempre estão e estarão à suas disposições, independente do que possa acontecer, mesmo considerando as novas amizades, os novos ambientes a conhecer, nunca deixando de lado os sentimentos mais antigos, sólidos amigos, nunca voláteis, o que lhes dá, com certeza uma solidez na vida, portos de esperança, de amizade e de fé.

- Tio, dizia um deles olhando para mim. Vou embora daqui. Não fico mais com você. Quero ir para outra cidade e ficar com novos amigos...

- Fique aqui comigo, pois, você já me conhece e pode ficar mais estável. Nunca troque os mais antigos por outros mais novos...

- Tenho que ir agora. Fique por aí... Sinto muito...

- Não vou mais esperar você, vou fazer outras tarefas, disse fingindo dureza na voz.

Era natal. Os sinos continuavam a tinir anunciando novo natal. A tristeza tomou conta do meu coração, mas, entendi que sempre o comportamento do homem fora assim: uma vez com você até poder voar, como passarinho que voa e voa por si só, e, você sempre ermitão, solitária vida, eterno deserto abrasador, buscando vida em abundância, vida de qualquer maneira amorosa, vida cheia de esperança e de fé num Éden, uma hora melhor. Natal das crianças, natal dos adultos, natal do menino Jesus, natal de Amor.

Feliz Natal, este de todos os dias.

Feliz Natal, este de todos os anos.

Feliz Natal, este de todos os adultos.

Feliz Natal, este de todas as crianças.

Feliz Natal, Alexandre Neto, Enzo, João Gabriel, Guilherme, Davi, e, o que vem aí, Feliz Natal...

Alexandre Filho e Natássia, Heitor e Maysa, Leonardo e Gabi, Deus tem nos abençoado ricamente, individualmente e como famílias, Feliz Natal, há um anjo que proclamou o primeiro natal e que agora, hoje proclama o nosso Natal, encontro com Deus, encontro, tão gostoso, em família.

Feliz Natal, este que passou, este que é, e, este que virá.