terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O Bulldog

O bulldog chegara de madrugada, e, mesmo assim os meninos, excitados com a idéia de um bulldog inglês dentro da casa, esperavam, ansiosos e acordados a tal criaturinha sair da casinha onde viera toda viagem.
Abriram a porta e o filhote, Thor, nome saído de uma lista tríplice saiu farejando, colocando seu pequeno nariz, rapidamente em todos os lugares por ali. Os mimos eram muitos.
- Olha que coisa mais linda...
- Olha como ele anda...
- Olha como ele é gordinho...
- Parece um porquinho...
O mais novo o colocara no colo e o filhote virando a cabeça tentava a todo custo morder-lhe a cabeça e os braços, o que o pequeno evitava erguendo e jogando sua cabeça para trás e apertando-o mais junto a si. Thor saiu cheirando o chão e buscando algo para mordiscar e transformou os pés de todos em alvo. Seus pequenos dentes eram bem amolados, pareciam agulhas, fininhas prontos a furar qualquer coisa. O cansaço logo atingiu a todos e naturalmente o sono generalizou-se. Todos foram dormir.
O dia seguinte amanheceu como sempre, com o sol já alto, era domingo, os passarinhos nas árvores cantando e o Thor, o bulldog, andando, com seu rebolado, pela sala de estar e cozinha da casa, entre o cocô e xixi da noite. Quem entrasse nesses cômodos sentiria um cheiro pesado, o mesmo que todo canil apresenta. O primeiro a entrar na cozinha foi o mais novo. Esfregando os olhos, tentando se manter acordado e procurando o cachorrinho, que tranqüilamente dormia embaixo de um móvel. Ele virara o peito para cima e dormia como um anjinho, ressonava. A careta feita pelo menor foi a mesma feita pelos outros da casa ao entrarem nesse local.
- Ah! Anjinho fedorento, pensava o dono da casa. Caramba.
O canino, na sala de visita, durante a noite, simplesmente dentara boa parte da laca do móvel da sala, descascando-o na parte inferior.
- Olha o que o Thor fez ao meu móvel, gritava a mulher ao perceber a agressão. Todos correram para ver e comumente pensavam o quanto o cachorrinho era danado.
Apesar da danação do animalzinho todos olhavam para ele com o olhar dos apaixonados, saindo coraçõeszinhos dos olhos, cheios de ternura. Como a vida seria mudada a partir da chegada de tão lindo e danado cachorro que instintivamente continuava a morder tudo que via pela frente, inclusive os pés dos donos, que quando em vez gritavam da alfinetada dos dentes do Bulldog.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Palmadas.

Não sou a favor da abolição das palmadas na educação das crianças, cujos intelectos são aprimorados pela velocidade das informações, que chegam de todos os lados e lugares, dando um novo formato educacional a todos nós, pais, filhos, avós e netos, o que confere novos conceitos de personalidade, um novo horizonte social, mas, não muda o tom ranheta, moleque, das crianças desobedecerem. Nunca dei palmadas em meus três filhos, imagine nos quatro e agora mais um porvir, talvez, em começo de abril, conversei o que tinha pra conversar, castigos no que tinha pra castigar, e, graças a Deus, acho, deu certo. Meus filhos são educados, entretanto, em alguns momentos de intervenção materna, eles foram castigados com algumas palmadas, o que contribuiu, até os setes anos de idade, dizem os entendidos nesse assunto, para a formação e compreensão dos conceitos do bem e do mal, do certo e do errado.
Não faltou amor neste tipo de educação, o das palmadas. É claro que sou radicalmente contra as palmadas dadas, acompanhadas de ira, ou com o propósito de descarga de problemas em cima das personalidades em formação, pois, alguns adultos agem e tratam as crianças como fossem adultos e cobram delas atitudes adultas, sendo que o comportamento tem que coincidir com os dos tais adultos, senão a cobrança é radical, e, às vezes comprometendo a formação. Acho devemos, nós os formadores desses pequenos, termos sabedoria suficiente para dosarmos e repensarmos o melhor para nossos descendentes.
Provérbios 22:6 - Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele.
Provérbios 15:33 - O temor do SENHOR é a instrução da sabedoria, e precedendo a honra vai a humildade.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Felicidade.

Esse estado nirvânico, perseguido por tantos, ao longo da vida, e, quase nunca alcançado, pois, é certo que quando pensamos que o alcançamos logo a vida nos diz que não, não o alcançamos, e, a perseguição continua, com renúncia, com paciência, com amor, com sobriedade, com e sem dinheiro, com muito trabalho e dedicação, com ajuda aos outros, pobres, necessitados, doentes, alegria de viver ao lado de quem sabe-se amado, amizade fortemente profunda, sem nenhum desespero, entendendo que é dessa compreensão que podemos solidificá-lo, com direito a dia de fúria, uma perseguição infinda atrás desse sentimento etéreo chamado felicidade. Ele pode ser quebrado por qualquer insignificante coisa, uma careta, um gesto mal-entendido, uma palavra fora de hora, às vezes sem veleidade de ferir, também algum acontecimento sem propósito algum descaracteriza-o dando a impressão de maldade, e, assim lá se foi nossa felicidade, esse estado tão bom, embora, tão frágil.
Existe o defensor de que a felicidade só depende de nós mesmos, do modo como encaramos os disparadores de infelicidade, portanto, é um problema exclusivamente da nossa consciência, pois, podemos modificá-la à vontade. Sabemos que tudo e todos que estão à nossa volta, em nosso entorno, e, também aquilo ou aqueles que , às vezes, nem fazem parte de nosso universo, contribuem efetivamente para a quebra desse momento mágico, independentemente de nossa vontade. O fato é que os momentos de maior tempo em nossas vidas são os de problemas. Estes estão sempre à nossa volta tentando e tentando dar uma forma infeliz no nosso modo de viver. Dizem as estatísticas que a questão financeira tem maior impacto na nossa visão dos problemas, como também a questão sexual, pois, as frustrações advindas dos complexos e confrontos sexuais são realidade na condução de vidas.
Vivamos e busquemos, enquanto podemos, nossa própria felicidade, às vezes ela está tão pertinho da gente e não nos apercebemos disso. Ela grita ao nosso lado e não a ouvimos. Mostra-se por inteiro e não a vemos. Peçamos a Deus sabedoria para vivermos nossa vida, esse navegar ao infinito, tomara que feliz.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Gripe, é fantástica, a vida.

Domingo, noite, a dor na cabeça descomunal, nas articulações e de sobra em todos os dentes. Gripe violenta que me faz imóvel e me dá chances de lutar contra a inércia proposta. Parece besteira, mas, nunca tomo medicamentos, e, teimosamente vou sofrendo com as dores, mas, fraquejei e tomei um analgésico com um mio-relaxante. Ē claro o sono rapidamente chegou e as dores melhoraram sob o efeito dos remédios, o que me dá outra oportunidade de lutar contra os efeitos dos medicamentos e, então, resolvi escrever. Antes já havia tomado um copo de caldo de pato no tucupi, super-quente, gentilmente cedido por minha cunhada, e, mais um prato fundo de sopa, que arranhava minha garganta à medida que passava, e, ainda bem que ninguém lembrou-se da canja de galinha, coisa que não gosto, não que não tome, mas, se for possível evitar, evito.
O som da televisão me aborrece por aumentar um pouco a dor de cabeça, talvez, aliada à luz do computador, irritante para tal órgão, o olho. Tento desviar a atenção de meu cérebro pensando ainda bem que o Guilherme e o João Gabriel estão nos braços de Morfeu, a algum tempo, pois, se os danados estivessem acordados não me deixariam em paz com suas brincadeiras barulhentas.
Vou tentar fechar os olhos por uns momentos e descansar. Boa noite, vida, descanso para amanhã viver sem dor, de novo, teimosamente.
Maranata, Senhor.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Violência.

A construção do shopping lembrava um enorme navio. Os compridos passadiços possuíam de um lado lojas e do outro, direcionado para o centro um vão, de maneira que cada andar via o de baixo. Apesar da hora, ainda era muito cedo, muita gente circulava por entre as diversas lojas.
De repente, um grito alucinante, de mulher. Um grito de dor. Um grito para ser ouvido, pois, apesar de retornar dor, era um grito de pedido de socorro. Logo uma pequena multidão se pusera ante a porta de entrada da loja de onde vinha os gritos. Era um salão de beleza. Os rapazes do salão não sabiam o que fazer, perturbados pelos gritos incisivos e agudos. O homem agarrara a vítima pelos cabelos e agora mesmo puxava sua cabeça para baixo e ao mesmo tempo socava-a no rosto, numa tentativa de deixar sua marca como uma punição.
- Vadia, vadia, vou te matar..., gritava o homem, fora de si.
- Largue a moça, comandou a voz grossa e alta do guarda do shopping.
Alguns dos funcionários do salão gritavam ao mesmo tempo tentando explicar o ocorrido. Uns diziam que o homem entrara ali e queria matar a moça, outros bradavam que era um problema de dívida que o sujeito viera, por fim, resolver, outros que era um assalto. O fato é que a mulher quase sem voz, agora, ainda emitia grunhidos estranhos, incompreensíveis. Alguém ligara para a polícia.
- Socorro, é da polícia? Tem um homem querendo matar uma mulher aqui no shopping. Socorro...
Finalmente o homenzinho largara os cabelos da mulher e desconfiado, com vergonha, olhava os rostos de todas aquelas pessoas, que olhavam para ele com ares de pouca amizade, talvez, olhando melhor estivessem pensando num modo de liquidá-lo, e, este último pensamento fez com que a adrenalina corresse mais rápido por seu corpo, paralisando-o. Ele levantara as mãos pedindo calma ao guarda que o segurava por trás e apertava-lhe o pescoço numa espécie de gravata.
O consenso dos lojistas não permitia tal violência dentro de seus limites. Aquele fato poderia afastar clientela e a falta de clientela geraria um colapso financeiro total. Não, o fato teria que ser reprimido com rigor para para servir de exemplo para outros. Não poderia ter repetição. O superintendente do shopping autorizara a entrada da polícia de choque pela passagem dos clientes, o que chamaria mais atenção da clientela, daquele lado do shopping, que tudo fazia para acompanhar o fato. O aglomerado afastara para a entrada daqueles homens armados até os dentes para efetuarem a prisão do covarde, do mau elemento, que desarmado não entendia direito aonde ele se metera, pois, seu plano era dar um susto em sua ex-mulher, mas, como era óbvio perdera a cabeça.
- O que aconteceu? Perguntava o sargento, comandante de seis soldados, sendo um deles cabo, ao guarda do shopping.
- Este cidadão atacou, e, surrou esta mulher e fez ameaça de morte a ela.
- O senhor está preso. Queira nos acompanhar até a delegacia, por favor, dissera o sargento querendo parecer educado para a pequena multidão de curiosos.
Um dos soldados segurou com bastante força um dos braços do rapaz que olhava para a mulher na esperança de que ela ajudasse-o, mas, o que conseguira fora um olhar de desprezo como se dissesse: agora tu me pagas o novo e o velho... e, então, ele sentiu o peso da enorme solidão que tomava conta do seu ser. Sou bom cidadão, bom pai e filho, trabalhador, o que estou fazendo?
Sentiu, no outro braço o aperto que um outro soldado lhe dava em seu outro braço e um leve empurrão na direção da porta de serviço, uma porta no fundo da loja que servia de entrada tanto para os empregados quanto mercadorias e era no fundo para os clientes não verem esse tipo de movimento, por isso, ninguém viu o tapa violento que o acertara por trás da cabeça e que o fizera ficar tonto, pois, a adrenalina corria com mais força por todo o seu corpo, e, então, teve medo por sua vida. Nunca mais faço isso, mamãe do céu...
O movimento do shopping voltara ao normal. As senhoras e senhores recomeçaram a andar em busca de suas compras. Um ou outro ainda falava sobre o ocorrido, mas, logo tudo estava normal como se nada tivesse acontecido. Dez minutos depois todos não lembravam de mais nada.