segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Manaus.

Manaus, em 1669, ano provável de sua fundação era nada. Os portugueses desejosos de consolidar sua descoberta acamparam por estes lados uns aquartelados no recém criado Forte de São José do Rio Negro, forte este com a missão capital de vigiar e patrulhar sua área de maneira que outros aventureiros como holandeses que por aqui estiveram também, não se estabelecessem. Em 1832, em homenagem aos índios Manaós, recebeu o nome de Manaus, que significa “mãe dos deuses” e foi transformada em cidade no dia 24 de outubro de 1848 com o nome Cidade da Barra do Rio Negro e somente no dia 4 de setembro de 1856, pelas mãos do governador Herculano Ferreira Pena, voltou a ter seu nome Manaus até os dias atuais. Houve uma vez um renovo do ciclo da borracha nos primeiros meses de 1942. Com a invasão da Malásia, também produtora de borracha natural, pelos japoneses, os EUA se viram obrigados a implantarem no norte do Brasil um fomento à borracha para abastecimento principalmente de pneus e Belém passou a ser o centro dessas novas atividades, o que resultou na criação de instrumentos para preenchimento de tais atividades, como o Banco da Borracha, hoje o Banco da Amazônia, o Grande Hotel, luxuoso e que hoje é o Hilton Hotel, o aeroporto de Belém e mais outros.

Desde criança apaixonei-me pela arquitetura dos prédios e casas da época que vem desde sua colonização. Os ladrilhos e telhas portuguesas, azulejos, os prédios pré-fabricados, como o da receita federal e o teatro Amazonas, o Palácio da Justiça, e as casas do centro antigo da cidade, todos a registrarem através dos tempos uma etapa de apogeu e riqueza, representada pela presença dos coronéis, senhores feudais que detinham poder financeiro e político de grandes áreas, principalmente rurais.

Na memória registro um prédio que existia na avenida Eduardo Ribeiro, o qual, abrigava a Confeitaria Avenida, onde obrigatoriamente comíamos os mais variados salgadinhos e doces, com xaropes das mais variadas frutas como guaraná, groselha, morango, enfim, uma infinidade de deliciosas ofertas, mais abaixo e do outro lado o prédio do cine Odeon, onde assisti grandes películas, como Os dez Mandamentos, e, em frente a este o Almanara, lanchonete da família Reston, com seus salgadinhos e comidas árabes deliciosas.

O Sete de setembro ainda era desfilado na Avenida, apelido carinhoso, da avenida Eduardo Ribeiro, que ainda tinha mão e contra mão, no trânsito. As crianças de mãos dadas aos pais agitavam as bandeirolas do Brasil, os cata-ventos verde e amarelos, os broches, tudo a lembrar da independência, tudo festa, tudo alegria que brotava a cada dia e hora na cidade que agora desenvolvia a pleno vapor. Estávamos na época do Distrito Industrial, fator de integração nacional, começo da descoberta da região norte como centro industrial, e, portanto, de desenvolvimento para o país. A guerra acabara em 1945, se respirava a euforia do novo amanhecer da humanidade numa incrível velocidade e onde os conceitos sociais estavam de mudança, sendo corrigidos. Mudanças como o vestir, o falar, o biquíni, os cortes de cabelos, Chanel, sapatos, cintos, calças Lee, amizades coloridas, contrapondo o casamento, instituição falida dos pais, a maconha, as drogas surgindo e invadindo e destruindo casas e casamentos, tempos de argumentação frenética onde a liberdade ganhava novos horizontes. Tempos outros, um pós-guerra de muita insatisfação e falta de definições aceitáveis, afetaram Manaus, porto de lenha como quer Torrinho. Nunca serás Liverpool, Manaus, mas, até que ela tem se saído bem, neste caldeirão de idéias e ideais. Cresceu, ganhou ares de cidade grande com seus elevados, construções que nunca terminam, projetos ousados, tudo empurrando a cidade para o interior da terra que já chega, já, já, em Itacoatiara, em Manacapuru, cidades que vão acabar sendo bairros de Manaus. Sim, ela cresceu demais, e, por crescer assim, reclamam todos, desde seus habitantes até os urubus, e outros pássaros, como os papagaios e periquitos, rolinhas, beija-flor, que vão se afastando cada dia mais mata adentro numa tentativa de sobreviver, mesmo porque aquele vento que vinha do rio já não chega mais até a cidade que se transformou em um adorável inferno de quentura, de apinhamento de gente, de carros, de cheiro de gasolina, pneu quente, ebulição de afasto, de engarrafamento, e, certamente num depósito de seres humanos, cosmopolitas que se adaptaram a uma cidade que se esqueceu de si mesma, que deixou os estrangeirismos e invasores tomar conta de suas entranhas. Sumiram os igarapés, as fontes, e até o cantar da cigarra que nunca mais ouvi.

sábado, 29 de agosto de 2009

Separação é dor, é ruim.

A separação é um dos males de maior impacto na vida das pessoas. Ela, como se fora uma corpo estranho no organismo, desorganiza toda nossa vida, nosso pensamento, nosso modo de viver, é como se fosse um dos trilhões de micro-organismos que se instalaram e estão em nossa pele ao longo de nosso corpo, esperando o momento certo para nos atacar e nos derrubar, pois, a separação, seja como for não é nunca bem-vinda. Se por um lado enxuga um relacionamento, por outro estraga essa relação, às vezes, para sempre, de uma maneira nem sempre passível de recuperação. Quando se separa de alguém ou de algo muito caro a nós, abre-se uma enorme fenda em nossas vidas, seja qual for o motivo. Se morte, então, a idéia do para sempre nos faz sofrer ainda mais. Se separação conjugal implica em que não fomos capazes de lidar e levarmos a termo uma relação que um dia juramos e pensamos que seria para a eternidade, mas que por um motivo qualquer, e, às vezes, qualquer mesmo, nos faz romper, apesar de filhos, netos, esposas, maridos, amigos, com tudo que prometemos um dia cumprir. A separação macula e machuca os separados. Às tontas ficamos sem entendermos direito o que se passa naquela ocasião. Lembro-me do dia da morte de minha mãe. Estava com o estetoscópio em seu peito e o arfar, roncos, levantavam seu esterno, fazendo-o subir e descer, num ritmo acelerado, até que a finitude chegou ao seu limite e ela se foi. Separação indesejada, como todas elas.
Vi dezenas de casais se separando e deixando para trás toda uma vida, vivida e compartilhada com os seus. Nada mais conta a não ser um futuro incerto e duvidoso. Vi amigos romperem amizades que se pensava sólidas, por besteiras que não se conta como fofocas, falta de palavra, mentiras, e, tantas vezes a própria verdade. Causas das mais variadas formas, efeitos das mais variadas causas. Tudo se junta numa desesperada confluência, a solidão e seus medos. Não se pode dizer que estamos imunes a esse terrível monstro que depende unicamente de cada ser humano que está em relação.
É, como dizia, a mais massacrante forma de dor, porque, além de não se explicar, não admite a intromissão de quaisquer conceitos que elucidem tais fatos, já que, por si só a separação é inexplicável.
No caso de separação conjugal é comum se dizer, principalmente os homens, que não se tem mais atração pela esposa, que não se é hipócrita de levar adiante um relacionamento onde não existe mais amor, que foi um engano a idéia de um dia ter dito que era. E a hipocrisia de outro relacionamento começa do zero até o limite do erro ser preenchido, igual ao que era.
Peço a Deus para nós possamos levar nossos propósitos com responsabilidade e a veleidade de dever cumprido junto aos nossos, mesmo com todas as subidas e descidas que se nos é oferecido nesse incompreensível e pequeno préstito que se chama de vida.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O laivo do crime.

O desazo do ser humano em não pecar é tão grande que sempre em qualquer lugar do mundo, se encontra um jeito sarcástico de se inocentar alguém por crimes cometidos, considerando crime como quebra de leis, assim, em uma similaridade com o conceito do pecado cristão, revertendo culpa para o criminoso, mas, o que acontece na maioria dos casos é que esse jeitinho moleque de ação e de irresponsabilidade acaba por ferir ou abalroar outros seres humanos ou mesmo a natureza, gerando vítimas dessas ações.

O sentido de autocrítica e de renúncia, em todas as profissões, perde a cor, o brilho, e, não se executa o mais forte sistema de interação social que é o perdão, produto do amor, ou a volta atrás nesses atos. Maquiavelicamente se faz e refaz os mesmos atos se maquiando a verdade dando-lhe aparência de correção. Essa perda da autocrítica, enfarruscada pelo prazer de ter a aparência de mais inteligente e mais sagaz que os outros, gera uma balbúrdia nas comunidades sociais.

Fiquei estarrecido, ontem, quando ao tomar a tribuna, o púlpito do senado, um senador ao dar um cartão vermelho ao presidente do senado, literal, pois, o mesmo tomou de uma folha vermelha, à guisa de cartão, e levantando-a mostrou-a ao presidente do senado, no que foi imediatamente rebatido em um rompante de outro senador, com a acusação de que não falava a verdade, não estava sendo sincero. Isto gerou naquele senador um descontrole total gerado pela indignação de estar sendo acusado de uma maneira tosca por outro, de uma forma injusta, e, quase assisti a morte de um ser humano, que seria vitimado por uma ira totalmente desnecessária. Não sei quem é culpado, ou criminoso, no caso, mas, sei que a seriedade de um gerou a molecagem do outro, e, aparentemente o objeto do crime ou crimes, saiu ileso, protegido exatamente pelo cinismo, puerícia proposital dos que usam a inteligência para isto.

O laivo do crime deveria estar exatamente onde é seu lugar, isto é, na consciência das pessoas e que estas pudessem ter a capacidade de amar e ser perdoado, perdoando, assim, talvez pudéssemos ter refletido na sociedade o que se é nas nossas almas. Em todos os sentidos a vida valeria mais, seria melhor de ser vivida num mundo mais claro, mais transparente onde o escondido seria exceção e não regra. Aprendamos, então, a sermos mais tolerantes com a verdade e termos a sinceridade, a humildade de com orgulho poder voltar atrás nos nossos atos, pedindo perdão e procurando não fazer mais o que não é verdadeiro e deixando o laivo do crime como orientador real da consciência e assim, certamente, estaremos aptos a nos redimirmos de nosso atos.

Maranata, Senhor.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Ser roubado, chateação.

Estava sentado à mesa, pronto para almoçar, quando a empregada, nossa cozinheira, disse-me:

- O senhor está aí. Pensei que estivesse no carro, saindo...

Mal ela terminou a frase, pulei do lugar onde estava e correndo me enderecei para a porta principal da casa onde morava. Era uma casa grande, dessa que os antigos gostavam de fazer com seus vastos aposentos e varandas e com, sempre, um enorme quintal ladeando e indo até o final traseiro da casa, um muro alto que dava a impressão de ter sido feito para não ser nunca pulado ou invadido. No meio da parte traseira e mais para a esquerda de quem a olhasse de frente a velha mangueira, toda cheia de frutos, por ser época de colheita, comandava a visão, frondosa e esbanjando saúde. Em sentido contrário se percorria o quintal para a entrada da casa, em sua lateral, e, foi para lá que corri com todas as minhas forças na esperança de ainda achar na calçada em frente à garagem o meu carro que comprara cerca de mês e meio atrás. Era um Fiat Uno 1.5, do ano. Um carro muito veloz, ideal para ladrões que acostumados com a safadeza de roubo, quisessem sair do local do crime o mais rápido possível. Realmente, o ladrão, o mesmo do roubo da primeira vez, levara o carro. Ainda o vi, dobrando a esquina, fugindo, quem sabe para onde e para sempre, pensei...

A primeira vez fora incrível. Era dia das crianças do bom ano de 1986. Os meninos, meus filhos, estavam em festa. Prometera a todos que naquele dia iríamos às compras. Claro que de brinquedos, até mesmo pelo dia. Estacionei o carro em um estacionamento em um local onde hoje é o prédio Rio Negro Center. O guardador responsável era o Rui. Um caboclo próprio de nossa região. Entreguei a chave a ele e fui às compras, com os meninos. A euforia estava no ar. Seguimos descendo a Avenida Eduardo Ribeiro e fomos a algumas lojas de brinquedos e depois de comprados retornamos ao estacionamento para o carro. Triste ilusão. O Rui entregara a chave do carro a um homem que dissera a ele que eu mandara buscar o carro. O carro desaparecera, e, eu fiquei ali com os meninos sem saber exatamente o que fazer. Fomos, então, a uma delegacia e fiz um boletim de ocorrência relatando tudo que eu tinha ouvido e visto. Desolado, voltei para minha casa e comecei a pensar no que uma pessoa faria com um carro novo se não fosse assaltar postos de gasolina, ou quaisquer outros lugares de lucro fácil e fácil saída. No dia seguinte, em um jeep antigo, pertencente a um dos meus cunhados, comecei uma busca, indo nos lugares de desmanche de carros, porque, aprendera que nesses lugares eles desmancham os carros e vendem as peças no varejo, de maneira que o carro roubado se desfaz em inúmeras peças, dificultando em muito o resgate. No terceiro dia de procura, já voltando para casa com um enorme desânimo, em frente ao Estádio Vivaldo Frota, onde antes era uma loja chamada Americana, que possuía um estacionamento na parte inferior à loja, tive uma espécie de visão e disse à minha esposa:

- Se eu tivesse roubado um carro e quisesse abandoná-lo, deixaria a ele aí nesse estacionamento que é escondido.

A idéia me pareceu tão ridícula, pois sabia que não iria encontrá-lo por lá. Depois de alguma insistência de minha esposa resolvi entrar no estacionamento e lá estava o carro. Depois de comunicar à polícia que achara o carro, levei-o para casa e usei-o até uma semana depois quando aconteceu o segundo roubo, este que relatei por primeiro, e, eu pensei que tivesse perdido o tal carro. Não sei o que tinham escondido nesse carro, mas, sei que era algo muito precioso, pois, depois que o achei pela segunda vez, vendi-o a uma locadora que por sua vez vendeu-o a outro cliente e este querendo fazer surpresa para a esposa levou-o para casa, estacionou em frente a sua casa e entrou para chamá-la para vê-lo e quando retornou o carro não estava mais lá. Incrível. Era o lugar mais vazio que se pode imaginar.

Tem momentos, que mesmo na rotina que a vida nos oferece, são difíceis, precisam de muita paciência, e, fogem ao nosso controle. Ainda bem que Deus nos permite retomar a rédea, o timão para a recondução de nossos caminhos em direção à nossa felicidade.

Puerícias Políticas.

Parecem puerícias as conclusões e ações dos senadores da nossa república, e, da maioria dos políticos de nosso país, ante os graves problemas morais e éticos pelo qual passa a casa de Rui Barbosa, e, todo sistema político nacional. Não que se deva cobrar o que é impossível de se fazer nesses aspectos, mas, pelo menos o essencial que é o de legislar, de estar em ocupação com os problemas sociais que são tantos em nosso país, realmente projetando os mais variados matizes, que o compõem, como se fora uma única mistura, onde as cores pudessem se fundir e se mostrarem como uma única, a destacar o preparo e a capacidade dos senadores e demais políticos. Onde as cores mais vivas não se sobressaíssem às mais fracas e que com o apoio de todos os mais honrados e políticos acertos ou acordos fossem o derradeiro ato e não motivo das molecagens que engendram as criancices interesseiras. É necessário rever atitudes, talvez, no moer de alguns para que o todo possa estar habilitado a representar bem seus eleitores e colocar o Brasil em destaque por suas ponderadas posições, onde o homem seja o grande beneficiário, com sua educação, moradia, respeito, saúde, direito real de fala, de ser notado como pessoa, garantidas, e, principalmente, com as crianças sendo reconhecidas como as grandes pedras angulares, os futuros pilares, aquelas que formarão a sociedade no futuro, por isso, poços se locupletando de saber, saúde, e, esperança.

Com o passar do tempo o termo político perdeu sua concepção original, a de ser relativo aos negócios públicos e passou a ter uma, de astuto, sendo essa de total desrespeito à pessoa que se dedica a legislar. Ao longo do tempo, portanto, o político, como homem que se ocupa em legislar e ser homem que cuida, com zelo, das coisas públicas, passou a ser observado como homem que astutamente administra as coisas públicas. Esses termos são aceitos de um modo muito cômodo por todos, mas, alguns se tornaram cínicos, como numa brincadeira de mau gosto, onde o que prepondera é o próprio cinismo, final banal de dons que teriam outras conotações como bondade, sapiência, amor ao próximo e solidariedade.

Ainda acredito no político, em termos gerais, como um ser da sociedade, predestinado, em sua função, de responsavelmente agir e legislar, não em causa própria, mas, com o pensamento voltado para o bem comum e segurança da sociedade em termos éticos e morais, portanto, com autoridade para observar e realizar leis que de fato sirvam para o bem de todo ser humano. Não só na política, mas, em toda ocupação onde se faça necessário a presença de mentes criativas e solidárias ao povo que é tão massacrado com falta de oportunidades e leis que visam exclusivamente o bem estar do país e não das pessoas que o compõem, os quais, não usufruem desse bem estar.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Gripe Suína.

Há uma multidão de apavorados com a chamada gripe suína. São pessoas de todas as camadas sociais e que estão se sentindo totalmente descobertas na prevenção e controle da pandemia.

- Transferi minha viagem para o final do mês, acho que até lá a gripe já não está tão atuante...

- Não vou ao sul, nem que me paguem...

- Rapaz, não viaje para lá, olha, a gripe não respeita classes, cor e religião, não respeita nada...

São frases que se ouve, hoje, com freqüência. As vendas de álcool gel e gel para limpeza de mãos, rapidamente acabaram nos estoques das drogarias e distribuidoras. Alguns casos de morte por tal gripe não foram ainda divulgadas de maneira que a população fica e sente desprotegida. Há que se clarear, ou socializar as informações de maneira que traga à população tranqüilidade e aprendizado de como lidar com a virose.

Li, recentemente, o caminho que o vírus percorreu até ser mutante e poder afetar o ser humano, numa capacidade letal incrível, comparado que está ao da gripe espanhola, de 1918, que ceifou milhares e milhares de vítimas.

Falo por mim mesmo. Quando estou no consultório e entro em contato com alguém espirrando, com coriza e olhos vermelhos, dores musculares, moleza infinda, então, o preconceito contra os suínos, apelido carinhoso para os gripados, se apossa de mim e logo estou à volta com o medo de contraí-la, e, me refugio o máximo que posso não atendendo e tentando orientar o que sei da famigerada, numa tentativa de contribuição na prevenção. Alguns me olham desconfiados pensando em como um dentista pode ajudá-los, mas, a mensagem de que se deve pensar no assunto certamente atinge o ouvinte.

Há um apelo das autoridades para que a população tenha certos cuidados no lidar, do dia a dia, de uma pessoa com outra. Evitar ambientes freqüentados por muita gente, beijinhos, principalmente “bitocas”, quaisquer ações que possam deixar as mucosas, como dos olhos, da boca, nariz e etc..., vulneráveis ou em contato com a saliva ou gotículas de saliva, quando da fala, do espirro, do esfregar os dedos nessas mucosas, compartilhamento de copos ou qualquer objeto que possa ser veículo de transmissão do vírus.

São novos momentos, esses que vivemos. Há que ter mudanças de hábitos, numa manobra preventiva que nos torne mais confiantes e esperançosos que vamos dominar mais uma vez esse microscópicos seres, às vezes inimigo e outras amigo, como as bactérias que habitam e equilibram nosso intestino.

Deus nos dê tranqüilidade para encararmos mais esse anseio de aniquilamento da nossa espécie, anseio este gerado por nós mesmos, posto que somos os maiores predadores da natureza conhecida, e, também nos dê coragem para tornarmos reversível o que ainda dá para reverter, pois, com nossas pesquisas e descobertas temos dado chance de proliferação fora de controle desses seres microcópicos. Nós, seres humanos, nos aprimoramos em tentativas de suicídio coletivo. Veja a camada de ozônio, a derrubada das florestas, a miséria maior exposta através da fome mundial, as catástrofes, como os tsunamis, os terremotos, a guerra bacteriológica, as invencionices genéticas, os antibióticos mal usados, os pesticidas, as guerras, enfim, a procura não sei por que, de autodestruição, sede de sangue e de se julgar melhor, na criação, que todas as outras criaturas.

Não mais nos apavoremos. Simplesmente cumpramos, cada um, nossa cota individual de amor.

Maranata, Senhor.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Zivan

Era uma casa bem adiantada, moderna, para seu tempo. Fora construída no alto da colina, de maneira que quem chegasse, pelo caminho de barro, envolto por copas de árvores que se fechavam acima da estradinha, logo a via, com seu desenho bem moderno, tipo uma dessas casas dos anos 50, e, com uma enorme garagem na parte mais baixa, aonde o terreno começava a baixar. Tinha uma escada larga por dentro da garagem que levava para dentro da casa, da escada saía-se na sala de estar, com seus três ambientes, todos decorados com o mais moderno da época, vitrolas, TVs, sofá imenso de couro puro, tapetes importados, felpudos e gostosos de si andar neles, e, a pintura das paredes claras, a dar um tom de alegria e de bem estar. Nesta sala tinha-se a opção de entrar-se tanto pela garagem quanto pela porta da frente, uma toda de vidro, quase do tamanho da parede que a abrigava. A parte íntima escondida por um corredor que levava aos quartos, todos suítes, eram quatro ao todo. Na suíte máster um banheiro muito grande, acho que era tipo uma sala de banho com banheira, um espelho enorme tomando toda parede posterior, e, um brilho tanto nos azulejos das paredes quanto no resto da decoração. A cozinha ficava do lado esquerdo de quem se dirigia à parte íntima da casa. A porta, de madeira maciça, dava um ar pesado neste canto da sala, mas, depois de aberta, o imenso espaço da cozinha era desvelado. A entrada e saída de serviço desembocava em uma longa varanda que terminava em um jardim na lateral da casa, onde era comum ver-se e ouvir-se os pássaros cantando e brincando. O telhado era tipo em ^ mais aberto e tomava todo trajeto da casa, em sua maior dimensão. Esta era a casa que, quando criança freqüentávamos aos finais de semana, o Zivan, uma mistura sintética do nome do filho mais novo de meu tio, irmão de mãe e dono do terreno. Ali, nesta casa, junto com toda nossa família passamos boa parte de nossa vida, correndo e brincando no espaço íngreme, que terminava, lá embaixo, no igarapé, de águas límpidas e geladas.

Perto do igarapé, os buritizeiros, em abundância, balançavam ao vento, na nossa chegada, como que nos cumprimentando, dizendo de sua alegria de não terem sido molestados, por nós os intrusos naquele mundo mágico, tão natural. Depois do igarapé a terra subia novamente formando outro monte que para nós pequenos era de um mistério curioso. Ficávamos, às vezes, sentados na varanda, depois de tomados banho e comendo o lanche da tarde, imaginando o que existiria para lá depois daquela montanha, desconhecida, ainda virgem, com suas grandes árvores, que escureciam seu interior e funcionavam como freio para que fossemos desbravá-la, pois, a gurizada tinha um sentimento respeitoso em relação a quietude da floresta e das histórias de onças e outros animais que os mais velhos, sabiamente contavam.

Ao lado dos buritizeiros fizeram, um dia, um campinho de futebol. Na verdade a intenção fora ser um de voleibol, intenção essa distorcida, e, transformada em futebol. Eram dias felizes e prazerosos, inda não tínhamos a responsabilidade pesada do sustento próprio e uma família à crescer.

Ali, naquela pequena visão do Éden, entendi a grandeza de Deus, em sua criação, e, como o homem perdera ao sair do Éden. Essa nesga de visão me conforta até hoje; saber que um dia estarei de novo ali naquela paz, naquele convívio gostoso, saboreando o que a terra pode dá, desde o buriti, açaí, cajú, laranja, banana, sapoti, manga, até o cheiro da terra molhada, pós chuva, a correnteza das águas do riacho, fazendo aquele barulhinho gostoso de se ouvir, quando se está deitado em uma rede, balançando, como se o mundo fosse só aquilo e só existisse aquele momento. Um dia será.

Maranata, Senhor.

sábado, 15 de agosto de 2009

Velório.

Hoje fui ao velório de um tio de minha esposa. Os parentes, todos, estavam lá. Observei que ao fundo da sala havia sido posto algumas grinaldas, guirlandas ou coroas com suas flores e perfumes arrumadas contornando a urna fúnebre. Quase todas ostentavam faixas com alguns dizeres de sentimentos pesarosos, mas, sempre dando a entender que o morto fora um sujeito querido. Como tinha muito delas fiquei pensando o quanto o tio era querido, e, que a quantidade delas representava a expressão desse querer bem por parte dos amigos e parentes ali representados nas faixas. Eram de todas as cores, compostas por flores das mais diversas.

Um grupo reunido quase no centro da sala, composto por sobrinhos e amigos riam de uma anedota contada por um deles, esse sempre pronto a contar suas piadas. Um outro instigava-o a contar mais.

- Sabe, no enterro do Gilberto, o Amazonino chegou perto do caixão e começou a chorar. O que acontecera antes determinou a choradeira, é que, quando adoeceu pra morrer, mesmo, o doente chamara o Amazonino e teria dito: Aqui está um bilhete meu para você, amigo, mas, por favor só abra quando eu me for. Assim, Amazonino fizera, antes de chegar ao caixão abrira o tal bilhete e lera:

- Até breve Amazonino, então, ele caíra no pranto.

Os outros membros do grupo morreram de rir, não sei bem porque, pois, o assunto não é tão engraçado assim.

Minha visão mudou para um senhor que tentava a todo custo consolar um dos filhos. A expressão séria do homem me deu vontade de rir, pois, por mais que se tente convencer outro para que ele não fique triste com a morte, vê-se a inutilidade de tudo que se fala nesses momentos, o sofrimento fala mais alto. O filho, acho, estava querendo consolar o consolador.

Outro, juntamente com a esposa assinava a lista de presença, colocada à entrada ou saída, pois, a porta era comum tanto para um quanto para o outro, com uma coluna para a assinatura do nome e outra para o telefone, talvez, para mais tarde alguém da família ligar agradecendo a presença física naquela hora tão difícil.

- Como vai a senhora, perguntei à mãe de um amigo. Como ela me dissera que estava tudo bem, tomei outro rumo, passando ao lado de outro grupo onde comentavam as virtudes do finado. Me enderecei à uma cadeira encostada na parede oposta a essa aonde me encontrava e sentei ali, pensativo, a morte como tema central do pensamento e sentindo que a vida tem um tempo muito curto, portanto, deve-se vivê-la intensamente nesse momento que se chama de agora. Hoje deve ser a celebração da vida, como acredito, tenha sido a vida deste senhor que hoje partiu, senão, não tem validade alguma ter vivido.

E, se fosse o meu velório, perguntei a mim mesmo. Será que teria tantas grinaldas? Tanta gente? Será que também contariam e ririam de piadas? Chorariam? Que coisa mais estranha essa de se imaginar ali deitado em um caixão, um bando de gente ao lado, conversando, alguns chorando, outros se alegrando, ninguém pensando qual será o seu próprio dia de estar ali, enfim, os mecanismos de defesa psíquica de todos funcionando e terminantemente trabalhando para que esse tipo de pensamento não continue, pois, como eu pensei, o que interessa é viver e viver bem, de bem com todos, pelo menos tentando, ajudando e sendo ajudado, compreendendo as mazelas do mundo até onde se pode compreender, chorando no momento que é para chorar, sofrendo no momento que é para sofrer, sorrindo e rindo de fato quando se é para sorrir e rir, dividir compartilhando, amando e sendo amado e assim procurando a paz com os outros enquanto é tempo, pois, a vida passa muito celeremente, e, é inútil tentar brecar as marcas e o passar do tempo.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Café e Amigos.

Estou com saudades do cafezinho diário tomado ali no Fran's Café ou no ponto do Café, ambos desculpas para o encontro diário com dois amigos de infância e meu irmão e pastor Manoel Filho. Os amigos são Humberto Michiles e Miquéias Fernandes ambos políticos, mas, não politiqueiros, pois, têm uma forte formação religiosa,rumo correto na vida. Humberto adventista e capitalista convicto convive bem comigo, Batista e socialista, mas, ambos bons democratas, e, com Miquéias, da Assembléia de Deus e pastor Manoel com forte inclinação presbiteriana. O mais importante é que todos consubstanciados pelo tempo e por suas respectivas igrejas e suas doutrinas possuem o sentimento ou uma visão da política como formadora, escultora da individualidade humana, célula menor, onde reside a personalidade que vai compor a sociedade, célula maior, composta por estas células individuais. Essas credenciais os tornam aptos para assumirem comandos em quaisquer esferas do poder público.

Sentamos ali, no café da hora exaurimos assuntos como política, igreja, posições de vida, amenidades, família, e, todos que possam de uma forma ou outra dá sentido à vida, nossa maior celebração.

Daqui a dois dias retorno à Manaus cheio de idéias, produto da reflexão demorada, cheio de tempo que estou, e, da brisa do Rio Branco, este primo do nosso Rio Negro, ambos com a missão de banhar e dar condições de vida a todos que orbitam e habitam suas margens e tiram dele proveito para a sobrevivência. Espero encontrar meus amigos e meu irmão aptos para darmos continuidade à última discussão que transcorreu sobre a necessidade de uma profunda reforma política, econômica, judicial e social, com melhor distribuição de renda, entre as camadas sociais de nosso país, dando aos pobres e aflitos uma esperança e convicção de uma vida melhor, interesse maior de nossas convicções e esperanças.

Espero chegar logo o dia de volta para poder novamente pensarmos juntos em tudo de bom que Deus pode reservar para todos nós seres humanos, tal como, moradia, dignidade nos salários, capacidade de crescer os filhos dando-lhes educação e saúde, orientação real nas potencialidades individuais de cada um etc...

A melhor orientação é aquela onde o objeto fim de todas as ações da família seja o Homem, com H maiúsculo, produto familiar, do amor, da esperança, da fé. Espero que Deus, nosso Senhor continue a nos inspirar tais idéias e que elas se transformem em alvo, ideal, para que nossas vidas influenciem a sociedade, transformando-a para melhor, através de nossas vidas e atos.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Oportunidades.

Faz uns dois anos que fui submetido a uma cirurgia de vesícula precipitada por uma noite inteira de vômitos e dores. Lembro a gota d’água que desencadeara tais sinais e sintomas. Acabara de chegar de uma aula de tênis de quadra, com meu professor, o Kleber, e, ao passar pela cozinha vira sobre a mesa da cozinha um apetitoso pão recheado de calabresas, pão de meio quilo, o que me reportou imediatamente à minha adolescência, onde minha mãe fazia pães muito gostosos, muito saborosos que este, certamente também recheados de calabrezas. O fato é que quando minha vista encheu-se com o pão, eu sabia que iria comê-lo. Foi o que fiz, logicamente acompanhado por uma geladíssima coca-cola. Lá, por volta das duas da madrugada, começou meu angustiado sofrimento, que, só terminou mais tarde, na outra semana, em cima de uma mesa operatória. A cirurgia foi realizada, sendo eu o último paciente do dia de trabalho do cirurgião e quando acordei, por volta das quatro da manhã, resolvi que deveria tomar um gostoso banho e assim fiz para esperar o doutor vir para minha alta, apesar dos protestos de minha esposa.

- Alexandre, disse o doutor, tenho que lhe relatar algo sobre sua cirurgia. Não fique preocupado, é que, quando da retirada da sua vesícula, houve rompimento de suas paredes, com a conseqüente queda para dentro da cavidade abdominal de pedras, sucos e sumos, aquela lama, de dentro da vesícula, mas, fiz a lavagem, secagem, aspiração e realmente não ficou resquício de nada dentro de você. Assim, vou lhe dar alta e você vai tomar estes antibióticos de última geração e nada vai acontecer a você.

Imediatamente me vi morrendo, com muitas dores, gritando por alívio, querendo continuar vivo, desespero total. Não morri. Quinze dias depois da cirurgia, em casa, enjoado pelo ócio, resolvi ir a meu consultório atender um paciente, árabe, que iria começar um tratamento. Entrei devagar e ele, já na cadeira, me perguntou:

- O que é isto, doutor?

Aí contei para ele a minha odisséia cirúrgica. O rompimento da vesícula, meu pós-operatório, minha dieta, meus medos e quando terminei de relatar tudo e já me propunha a começar o tratamento ele me disse:

- Doutor, que coisa mais chata. Puxa, mas, é igual a de um amigo meu lá da terra. Ele fez a mesma cirurgia, houve o rompimento da vesícula e toda recomendação médica igual à sua e ele morreu seis meses depois.

Olhei espantado para ele sem entender direito a mensagem, mas, me refiz do susto e procurei ficar calado enquanto começava a tratá-lo.

Puxa, fiquei pensando o sujeito fez a mesma cirurgia, tudo igual a minha e o homem morreu seis meses depois, caramba, acho que isto é um aviso dos céus, posso morrer sim. Calma, pensei, ainda não morri, então, as pessoas são diferentes e reagem diferentemente aos mesmos estímulos. Talvez o homem de lá tenha morrido por falta de cuidado pessoal, como a dieta, os curativos, o não tomar remédios na hora certa, o remédio certo, enfim, muita coisa pode ter contribuído para a morte desse senhor, e, eu tenho uma força muito grande que se chama Deus, o mesmo de Abraão, de Isaque e de Jacó, nossos patriarcas, nossos ícones de fé, de esperança, sim, Deus, ainda, não permitiu minha ida para perto D’Ele.

Os seis meses passaram e cá estou eu descrevendo o passado. Vendo os netos crescerem, enquanto é dia e a noite não vem, quando então, todos nós dormiremos.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Capitalismo Selvagem.

Os interesses, que regem o mundo, são na sua grande maioria um alicerce para que não haja nenhuma modificação nos sistemas governamentais existentes mundo a fora. Normalmente, os que anseiam o poder, se digladiando uns contra os outros, numa guerra sem fim, apóiam integralmente o livre ganho, as oportunidades relativas, pois, só a ela têm acesso aqueles que estão “por perto do poder”. São pessoas que, ingenuamente ou não, se deixam levar por uma onda de querer ter, num processo infinito de ânsia e de “em nome da família” se querer ter tudo que o mundo pode oferecer.

Um dia desses estava assistindo, com meu filho, um filme chamado Scarface. É uma história que pode até ter acontecido, pois, um rapazola, cheio de vontade, nascido em Havana, Cuba, consegue chegar até os EUA numa leva de presos políticos liberados por Fidel. Em chegando lá, muitas oportunidades se abrem para gananciosos que se tiverem bastante coragem podem subir e ganhar os píncaros da glória humana, enquanto ganho de dinheiro. Ele, depois, de matar, roubar e ser vendedor e passador de drogas atinge esse nível onde, como um imperador, tem-se o poder de vida e morte sobre os outros mortais, posto que agora ele galgou um patamar de comando total. O final, é lógico, é sua morte, mas, não o fim da ganância e das oportunidades que outros Scarfaces terão, porque, inerente ao homem, sem perspectiva de vida, a não ser a idéia concreta de ter tudo o que a vida pode oferecer, pois, o pensamento é que o ser só se atinge no céu, se existir, dizem alguns, e, que aqui o que vale é a realidade dura da falta de educação, de oportunidades, de falta de comando na direção correta, da honestidade, da falta de punidade, da falta de amor, emoções que se sente, mas, que aqui não têm nenhum valor explícito a não ser de pertencer a uma classe de gente que não leva a vida a sério, aqueles que crêem numa continuidade da vida pós-morte.

Esse exemplo é de um micro cosmo, uma única vida que, corajosamente, resolveu se insurgir contra tudo que se chama de normalidade, contra tudo que se chama de normal na sociedade, gerando uma alienação muito exacerbada, resultando no seu próprio fim. Se passarmos os fatos para um macrocosmo, como um país, veremos não muita diferença, certeza que o sistema capitalista, assim como o socialista, pregado nos moldes da revolução russa de 1917, estão, um já totalmente acabado, em suas pretensões, os socialista, e, o outro totalmente sem governo, a não ser dos interesses mais violentos e beligerantes que o mundo, como história, já conheceu, e, também caminhando a passos largos para seu fim. Acho que nem mesmo o império Romano, com sua pax, estendida por quase nove séculos, foi maior que o império americano ou outros ditos capitalistas, de tamanho infinitamente menor em números de anos, mas, muitas vezes mais impactantes que o outro, ou outros, como o Grego, o Egípcio etc. Todos tiveram ou vão ter um fim, posto que tudo se renova, mas, as bases, os alicerces do plantado continuará até que outras gerações abandonem por completos as práxis e novas idéias e novos rumos sejam tomados pelo mundo.

Acho que assim como a revolução cultural, que seguiu o pós-guerra, deu uma nova direção aos rumos mundiais, assim também deverá acontecer com os novos conceitos de moral, ética, que, talvez, sejam nada mais do que uma repetição dos antigos, como dizia Belchior em uma de suas músicas: “o problema é perceber que apesar de termos feito tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais...”, de maneira que dêem uma nova esperança de vida aos bilhões de pessoas que vivem no planeta.

Há uma teoria que vez em quando o planeta precisa e acha meios de diminuir a pressão humana exercida sobre ele e que gera uma defesa, por parte dele, e, alguns meios usados, para isto, são a mortalidade por doenças, por guerras, por fome, terremotos, tsunamis, e, outros. Sempre o grande produtor dessas defesas naturais é o homem, com sua grande ganância e ânsia de poder, acaba por destruir tudo e todos ao seu redor, desde que ele seja o grande beneficiado em seus interesses. O problema do homem está na forma e na gerência da vida, e, ele sabe que por si só não há salvação para o caos para onde a humanidade, conduzida por ela mesma, está caminhando.

Oxalá, contrariamente a tudo que está acontecendo, ainda permita se pensar existir uma espécie de redenção para o humano, e, portanto para a terra (natureza). Talvez, não dê tempo, nesta terra, os sábios que detêm o poder não se contentam só com o que têm, precisam de mais para satisfazerem seus egos. É o capitalismo selvagem presente em todo canto, travestido de luz para enganar a muitos.

Maranata, Senhor.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Meu Pai, Herói dos bons.

Domingo se comemorará o dia dos pais. É um dia de alegria para quem os tem e de recordação para os que os perderam ao longo da vida. É muito importante a figura paterna na criação e solidificação da vida do ser humano que requer toda atenção durante seu crescer. Há, ou houve alguns muito austeros, ríspidos, cuja posição em relação aos fatos e educação sempre foi muito carregada de disciplina extrema, mas, sempre muito bem intencionados, sempre querendo o melhor para os rebentos. Há, ou houve os mais amorosos, que da mesma forma também sempre quiseram o melhor para seus descendentes. Há, ou houve alguns que, por desorganização não conseguiram tornar possível seus sonhos de educação e de bem estar para os filhos, pois, suas posições em vez de os fortalecer os tornaram frágeis demais para a convivência em um mundo cheio de tratamentos diferentes e de oportunidades diferentes impostos por sistemas de governo massacrantes onde o mais importante é o capital que se superpõe ao homem, que deveria ser o produto final de qualquer investida relacional, junto com toda a criação, incluindo a natureza, fauna e flora.

As escolas estão se preparando para mais uma comemoração. Fotos de pais com os filhos são requeridas para murais, programas de recreação, como futebol entre pais e filhos, de auditório, com encenações educativas mostrando a conveniência de um bom relacionamento entre pais e filhos, presentes, surpresas, poesias, flores, e uma infinidade de opções, propondo um bom desempenho entre a escola e educação do lar.

Tenho meu pai ainda vivo e bem, aparentemente, de saúde. Vai fazer 84 anos agora em agosto. Fico olhando para ele e o vendo alguns anos atrás, tão cheio de vigor e de vida, em todos os sentidos, e, me dá uma espécie de alegria de ter sido direcionado geneticamente para que esse grande ser humano fosse meu pai. É um ser humano pequeno, de baixa estatura, magro, de feições finas, e, de uma paciência, adquirida no sofrimento da pobreza intensa que viveu em sua infância junto com sua família migrante do Maranhão para o Amazonas na tentativa de melhoria de vida. Com muita dificuldade, estudando a noite e trabalhando, primeiro como vendedor de perfumes caseiros, produzidos por minha avó, sua mãe, trazendo um trocado diário para a sobrevivência da família. Mais tarde essa disciplina, imposta pela necessidade, serviria para consolidar sua personalidade e sua visão ética da vida. Estudou direito, depois, de casado e com filhos se graduando e mais tarde se especializando em direito tributário, fonte de duas impressões literárias. Nessa fornalha humana, aquecido por amor, formou-se este grande ser humano que é o Dr. Manoel do Carmo Neves Silva, meu pai, meu protótipo de ser humano.

Meu pai inspirou a muita gente por sua intensa relação com Deus, não como um simplista, mas, provinda da observação e tenacidade da prática, numa compreensão do ser humano em uma ótica verdadeiramente cristã. Sua caridade, sua compreensão que o homem perdido, como uma casca de noz no mar, uma poeira cósmica vagando em um planeta tão pequeno que nem se conta, necessita de algo superior, e, portanto, suas inter-relações, seja entre os próprios seres humanos quanto com a natureza de modo geral, são regidas, justamente, por esta relação Homem-Deus, que extrapola quaisquer pensamentos, e, que direciona o resultado das relações resumidamente em uma única palavra: Amor.

Não gosto de dar parabéns a ninguém por nada, mas, considerando a celeridade da vida, e, sua finitude, digo a meu pai:

Parabéns, por sua vida, por sua obra, por sua compreensão da vida e sua complexidade, por sua paciência, por sua ética, por sua forte relação com Deus, origem de tudo, por me ter dado a oportunidade de viver, por ser, sobretudo, este grande SER HUMANO que você é.


 

terça-feira, 4 de agosto de 2009

A bosta da pata e a gripe do velho.

Como acontece todos os dias quando estou aqui em Boa Vista fui por volta das onze horas e meia, da manhã, buscar os meus netos no colégio. É claro que alguns me têm como irresponsável por tal atitude já que larguei praticamente meu consultório para me dedicar integralmente, as vinte e quatro horas do dia durante uma semana, a tomar conta deles, e, é isso que fui fazer exatamente no horário proposto.

Cheguei à frente do enorme portão da entrada do colégio e me deparei com o Sr. João, um arigó, cearense, chegado à Boa Vista uns anos atrás e cheio de vitalidade se instalara nesta prodigiosa terra. Roraima é um estado muito ao norte do país, e, faz fronteira com a Venezuela, Guiana Inglesa, agora independente e com nosso estado, cuja linha fronteiriça está dentro da reserva indígena, cerca de 220 km da última cidade roraimense, Jundiá. A terra é pródiga e boa para o plantio de bananas, e, também para o gado. É bonito de se ver os campos imensos, retilíneos, onde o horizonte encontra a terra, na planície das savanas, que parece que a terra fora plainada tão certinho, que parece ser de brinquedo, de tão aparada que são seus campos. Seu João veio atrás dessa tranqüilidade que a paisagem desperta no navegante. Acabou por se fixar na cidade de Boa Vista, teve filhos e filhas e conseguiu na velhice este emprego de porteiro da escola. Tem um humor inteligente e bom de se compartilhar, pois, sua criatividade nos ensina a todo instante coisas da vida, por isso, é sempre rodeado por jovens que lá estudam e sempre querem ouvi-lo falar alguma coisa.

Como dizia, cheguei no horário para buscar os meninos, meus netos. Ele que determina, por seu relógio, a hora certa de apertar o botão que encerra as atividades escolares do dia. Hoje estava pensativo, com ares de cansaço e foi logo dizendo:

- Ainda faltam uns vinte a vinte e cinco minutos... é, ainda falta..

- E aí, “Seu” João, como está?

- Estou mais mole que bosta de pata, meu filho. Essa gripe é fogo. Todos nois tem tudo que é doença, mas, essa gripe ta muito forte nois e ainda passa para os meninos.

Quase morri de rir com a comparação de sua moleza, mas, entendi. Ele estava em exaustão, com os músculos doloridos e às vezes doendo mesmo. A diretoria da escola tinha que ser mais maleável, ele estava com muita gripe, apavorado de ter contraído a gripe suína, tinha que ter sido liberado do trabalho. Os olhos vermelhos, sinal de cansaço extremo e o corpo mole como bosta de pata.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Governo Único.

Faz algum tempo li um livro de Aldoux Husley, uma ficção profética, chamado “Admirável Mundo Novo”, onde há uma previsão do que aconteceria no futuro ao homem considerando todas as possibilidades de decisão tomadas por ele mesmo ao longo do tempo. O sistema de governo ultrapassado e sem firmeza no sentido de não conter as diversas forças sociais e seus anseios, essas que fazem pressão para que haja mudança, não é mais capaz de conter os governos paralelos, aquele que domina pelo medo e pela força, hoje tão comum nas grandes cidades e que em determinados momentos realmente governam a cidade, o estado e o país. É ridículo pensar assim, mas, de qualquer maneira esses governos determinam e continuam a determinar mudanças mundiais em todas as áreas da vida. A tecnologia beneficia mais àqueles do que esses, assim, não há visão límpida, no horizonte, de que possa haver uma regressão nesta tendência mundial.

Se esses governos paralelos pudessem centralizar o comando teríamos uma reversão incrível nos tipos de governo, pois, a administração seria totalmente rendida à força dos chefes e seus capos. Enquanto isso não ocorre, sem nenhuma cerimônia os pequenos prefeitos, governadores, e presidentes de pequenas, médias e grandes áreas, continuam impunemente a comandar seus reinados. Incrível como a população, talvez, por desgosto com os políticos oficiais, apóia e se sente bem aninhado nos braços violentos e que muitas vezes dão de comer e vestir para grande parte da população, apadrinhadas por estes novos imperadores. A Rússia, com sua história belicosa e de intransigência possui hoje, talvez, a pior e maior centralização do que se chama de máfia, considerando a capacidade invasiva no governo oficial em todos os níveis, abrangendo o legislativo, executivo e judiciário, de toda espécie de filiados à máfia. O Brasil também, com sua história de se dar um jeitinho em tudo, é refém dessa nova modalidade de governo, onde há uma tendência de acomodação do oficial e do espúrio, de maneira que quanto menos um interferir no outro melhor é, e, a paz reina e tudo se absorve, mas, se por um outro lado algum interesse, que não é o ser humano é quebrado, aí há arranhões, lutas, entregas de corpos, tudo para que se lave a mesa, e, se possa novamente, conviver em paz, e, sentar-se à mesa sem constrangimentos.

A paz, não é aquela do mundo romano, tão sonhada paz, baseada na expressão que divinizava o imperador, paz baseada no homem pelo homem, por isso, não subsistiu, mesmo tendo a força da pessoa do imperador como bandeira:

- Ave, Cézar.

Também não é aquela preconizada por Jesus, o Cristo, que disse:

- Deixo-vos a minha paz, não vo-la dou como o mundo a dá...

Era para ser uma paz que vinha de dentro do coração do homem, mas, que apesar da boa vontade de alguns, como minoria, outros, a maioria, acabaram por implantar uma nova ordem que parece ser irreversível, pois, seu poder é imenso, e, é baseado, alicerçado, no medo pelo medo, e, que parece acabará nos levando a um comando único, aquele profetizado por São Paulo, o do anti-Cristo, o governo único no mundo, regido por um déspota, que com grande poder governará a terra.

Que pena que o homem tenha decidido ser papel principal na destruição do mundo, da terra, terra azul, como quer o astronauta olhando-a de longe, lá da lua, que está mais para verde, de tanta poluição, de tanto mal trato, novamente pelo homem.

Maranata, Senhor.