sexta-feira, 30 de março de 2012

Vinícius-Se foi prá desfazer, prá que que fez?

Estou sem assunto para escrever, registro em crônicas. Pensei em escrever sobre a morte de Millor, mas, não tendo acompanhado a trajetória de sua carreira, opus-me. Depois, sobre a violência que grassa nossa sociedade e quiçá o mundo todo, bom assunto, mas, logo fiquei fascinado pela pergunta, infantil, quase imbecilizada, com respeito à criação, a graça de Deus para os homens, base do cristianismo e das religiões criacionistas, a pergunta endereçada a Deus, portanto, sem resposta verbalizada:
- Se foi para desfazer para quê que fez?
Bom assunto, mas, de uma complexidade tão grande que percebi não ser o ideal, mas, resolvi escrever sobre. Imaginemos um mundo onde não houvesse a tremenda necessidade de reciclagem como nesse em que vivemos, isto é, um dos caminhos era esse de não haver mortes, e, portanto, com uma enorme tendência à explosão demográfica. Criaturas para todos os lados e sem "breque" rapidamente o planeta não teria condições de sustentar a todos. A quantidade de animais também seria insuportável, e, olhando de um ângulo maior, as trocas químicas e bioquímicas, biológicas, orgânicas, tão necessárias para o sustento do sistema vital, nessa renovação infinda, não aconteceria gerando um acúmulo de todo material criado. A renovação ou reciclagem da vida orgânica, como conhecemos, não significa destruição e sim uma continuidade de um processo de milhões e milhões de anos rumo a um céu, nirvana ou descanso, quando o homem e todas as outras criaturas atingirão um nível de vida ótimo, portanto, Deus não está desfazendo o que fez mas gerando melhorias na criação, como um todo, quando todos seremos um só povo, movidos pela justiça e igualdade, na compreensão de como o corpo de Jesus se pôs no meio de uma sala onde estava reunido o seu povo, os discípulos, com um corpo incompreensível, uma outra dimensão, incompreensível para eles mas gerador da esperança que todos nós teremos aquele mesmo tipo de matéria mágica, transformada ao longo de não sei quanto mais anos vindouros.
Deus não esta desfazendo a criação e sim deixando-nos, através da ciência, entrever a beleza de Sua criação. Um dia conheceremos como somos conhecidos.

domingo, 25 de março de 2012

Chico, humor à flor da pele.

Tudo passa e sempre passará. A vida junto com tudo. Fã incondicional de Chico Anísio senti profundamente sua esperada morte, posto que doente estava, internado há quase quatro meses. Homem de talento e detentor de um extraordinário senso de observação, retirava do dia a dia, personagens dos mais o diversos matizes, criando, assim, um grande cartel de personalidades queridíssimas pela população de um modo geral.
Há tempos atrás ouvi uma palestra, na igreja Assembléia de Deus, freqüentada por meu amigo Miquéias Fernandes e responsável por minha ida até lá, a respeito, desse raro dom, de pessoas que influenciam outras ou por ações, ou por palavras, enfim, pessoas que de uma forma ou de outra influem e mudam vidas e marcam suas passagens na vida de uma forma mais marcante que outras. O pastor fez um apanhado na História buscando esses abençoados e caminhando até nossos dias e depois voltando, nessa maravilhosa viagem no tempo, até Jesus, o maior de todos os influenciadores, mas, por um motivo qualquer esqueceu-se de alocar, entre esses, o Chico, o maior de todos os humoristas brasileiros, colocador nas frases mais corriqueiras, de uso diário, expressões que todos nós usamos.
- Eu vou bater pra tu pra tu bater pra tua patota...
- Tá com pena, leva pra tua casa...
- É mentira, Terta?
- Eu sou jovem...
- E o salário, ó..., mostrando um espaço pequeno entre o indicador e o polegar.
Um gênio, com mais de duzentas personagens, com características totalmente individualizadas e com vida própria, que nos divertiram durante muitos anos, mostrando que importa que vejamos a vida, dura e cruel, com os olhos do bom humor, de uma súbita vontade de eternidade, que depende exclusivamente da forma como encaramos os problemas que aparecem em nossas vidas. Tão forte era esse compromisso com a vida que em uma de suas últimas entrevistas, Chico comoveu-me com uma resposta à uma pergunta da repórter:
- Chico, você tem medo de morrer?
E, a resposta incontinente, rápida, pronta:
- Não tenho medo de morrer, tenho pena...
Registro, nesta crônica, com pesar a morte desse grande homem.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Davi.

Dia 10 de março nasceu meu quinto neto, sexo masculino, comum a todos os eles. A data prevista para o nascimento de Davi, é o nome dele, seria a partir do dia vinte, mas, por um motivo qualquer, nasceu antes. Preocupei-me bastante, porém, sabendo de antemão que tudo sairia muito bem, a contento, pois, lembrei-me de outro Davi, que mais tarde em sua vida viria a ser um grande rei, o rei Davi, o mesmo cuja geração desencadeou-se para Jesus, nosso senhor. Ele, o rei, era muito jovem e pequeno para as grandes missões que Deus lhe reservava. Último filho de Jessé, pequeno e aparentemente fraco, escolhido por seu pai, por sua aparência franzina, para ser pastor de seus rebanhos de ovelha, mas, escolhido por Deus para grandes missões de resgate de seu país, Israel. Magro, porém, com força para matar leões e ursos, acabou libertando seu país da vergonha ante um gigante filisteu chamado Golias, matando-o com um seixo liso atirado de sua funda e alojando-se na testa do gigante.
Jessé deve ter sentido o mesmo orgulho que sinto em relação ao Davi. Nasceu pequeno, porém, cheio de vida, com a mesma força divina a impulsionar-lhe a vida, pronto a matar leões e ursos. Lá estava Natássia, minha nora, pronta para trazer à vida mais um Homem, o Davi; Louri, o médico, abriu-se-lhe o útero, como uma lagarta faz rompendo o casulo e transformando-se numa borboleta, símbolo de liberdade, mostrando, primeiro o cabelo molhado de Davi e lentamente saindo para a vida o resto do corpinho, branco, sujo de líquidos e sangue, o ar entrando nos alvéolos pulmonares pela primeira vez, desvirginando-lhe o mecanismo da respiração, depois, o brado, grito de que finalmente o esperado acontecera, a luta pela vida, parece-me comum aos Davis, o choro, a busca pelo quentinho uterino, e, finalmente a resignação adquirida por milhares de anos da presença do ser humano na terra, o de ser simplesmente vivo, o instinto de preservação da raça, com todos seus valores, suas virtudes.
Davi, sei que você será tão grande quanto foi o pequeno Davi de tempos atrás. Tenho a premonição de que um grande futuro, dado por Deus, lhe aguarda, e, esta é minha benção pessoal, como avô, de que Deus é com você, como tem sido com minha família, através de tantas gerações, para sempre.
Deus lhe abençoe pequeno Davi.