sexta-feira, 31 de julho de 2009

Colégios.

    Estou de volta à Boa Vista, essa magnífica cidade, situada mais ao norte do país, e, por onde meus sentimentos moram, pois, aqui moram meu filho mais velho e minha nora, juntamente, com os meus dois netos que talvez por morarem longe de nós outros fazem com que nossas almas sintam mais saudades e nos fazem jorrar ternuras de nossos corações, às lembranças de quando moramos juntos, isso, por volta de mais ou menos dez anos consecutivos. Não há menosprezo por outros filhos e neto, mas, confesso que a saudade ganha conotação de potencializador de sentimentos, os amo do mesmo jeito destes. Já vim aqui outras vezes, mas, apenas duas com a mesma missão: tomar conta de netos. Não é tarefa fácil. Os meninos cresceram tão rapidamente que confesso não acompanhei tal ação do tempo e da natureza. Percebi isso logo de manhã cedo ao deixá-los na escola. Acordamos no horário e depois de um café bem quentinho, saímos, e, quando chegamos à escola, tentei em vão levar o mais novo no colo como sempre fiz, e, ele ia tão grudado em meu ombro que eu tinha que pisar mais leve de modo a não acordá-lo, à sua sala de aula, mas, qual o que, ele me falou:

- Vovô, o senhor pode me colocar no chão? Não sou mais criancinha.

Prontamente obedeci em respeito à entonação do pedido, tão sério que julguei estivesse cometendo um grande erro. Tentei, ele já no chão, segurar sua mãozinha, mas, ele recusou. Chegamos à porta de sua sala de aula e ele então me disse:

- Tchau, vovô; e, entrou no emaranhado, uma multidão de crianças que falavam ao mesmo tempo. A professora já chegara, mas, ainda não começara a aula.

Sorri e saí. Apressadamente, a tempo de ver meu outro neto, o mais velho, ainda no pátio, brincando, de uma maneira mais sutil, talvez, se exibindo para as meninas de suas respectivas salas e idade, enfim, todos querendo chamar a atenção feminina e, logicamente as meninas se exibindo e querendo chamar a atenção dos meninos. O tempo passa e a vida se repete, pensei, também brinquei assim no meu tempo de criança, começo de paqueras, esperanças ilimitadas, vida longa e rápida pela frente.

Ainda me vejo no pátio do colégio Batista Ida Nelson, na adolescência, querendo ter conversas sérias e impressionantes com meus amigos, o Beto Michiles, meu melhor amigo à época, sempre do meu lado me fazendo ver e entender as paqueras, pois, o mesmo tinha a capacidade de perceber quem estava paquerando quem de uma forma que só ele entendia. Tenho o prazer, depois de tanto tempo, a amizade preservada, de ainda poder conversar e aumentar a amizade consolidada no tempo pelo respeito mútuo e mesmos ideais. Os netos estão a repetir nossas histórias, e, as preocupações dos velhos continuam as mesmas: crescê-los sem que haja desvios muito fortes em suas personalidades, suas histórias e a idéia da continuidade da vida seja uma constante na preservação do núcleo familiar como base para uma sociedade melhor. Falar em Humberto Michiles me faz lembrar uma história vivida por nós dois em uma aula de desenho, cujo professor, sujeito iracundo, não permitia que conversássemos sobre nenhum assunto que não fosse sua matéria. Nesse dia, estávamos, Humberto, eu, Banana e Gambá, a bom conversar sobre temas os mais diversos possíveis, quando, o professor, percebendo nossa infantilidade e sendo muito severo determinou:

- Por favor, os quatro aqui na frente, agora, falou arregalando os olhos.

Fomos os quatro à frente e então ele fez uma única pergunta de sua matéria, valendo dez pontos, que deveriam ser somados aos da prova mensal e divididos por dois, o que geraria uma nota final:

- O que é uma linha, Sr. Banana?

O Banana era o mais tímido da classe, mas, estudioso, com o ar de quem fora pego em um delito muito sério disse:

- Linha, professor, é uma extensão de um ponto.

- E o Sr, perguntou o professor, para o Humberto, que acreditou na resposta do Banana e disse:

- É isso que o Banana falou, professor.

- E o Sr. Aí? E apontou para mim obtendo a mesma resposta, idem para o Gambá.

- Zero para os quatro. Linha é uma sucessão de pontos.

Tivemos que nos matar de estudar para tirarmos dez na nota do mês para que depois de dividida por dois alcançasse a média cinco, média de passe na matéria, passamos. O ensino é assim, percebo hoje, que ambas as respostas são corretas, mas, na interpretação do professor era uma sucessão de pontos, que fazer?

Temos feito, em nossas vidas, sucessões de pontos, deslocamentos de pontos, e, espero sinceramente que possamos continuar em nossos filhos e netos a sucederem na vida, é o que peço a Deus meu Senhor.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Por-do-sol, Que lindo.

A época do ano que mais gostava, quando ainda era estudante do primário, com transição para o secundário, era de fato, as férias escolares. Algumas delas passadas, no interior de meu estado, principalmente, no Careiro da Várzea, onde as fazendas leiteiras eram responsáveis pelo abastecimento de grande parte do consumo de leite da capital. Às quatro da manhã os barcos leiteiros traziam em seus cômodos milhares de litros de leite, quentinho, recém tirados dos peitos das vacas, que eram então distribuídos aqui em Manaus. Perto da Vila do Careiro existia uma fazenda muito especial e muito bonita, a qual pertencia ao professor Guilherme Nery, na qual muitas vezes ficamos ali bebendo do Solimões, com suas águas amarelas, e cuja correnteza era bastante forte neste lugar, mas, que não impedia das crianças tomarem banho pulando do trapiche para dentro d'água, e, aí começava as admoestações paternais e maternais:

- Cuidado, nadem imediatamente para a beira do trapiche. Subam, imediatamente.

Eram ordens de preocupações, mas, que acabavam caindo no esquecimento porque a gritaria e as brincadeiras manipulavam as atenções. Os pais acabavam sorrindo e se distraindo conversando amenidades enquanto nós outros aproveitávamos para brincarmos no rio. Eram tempos sem preocupações maiores. À tardinha, logo depois do café da tarde, sentávamos no barranco, de frente para o rio e ficávamos horas apreciando a correnteza a levar todo tipo de coisas, produtos, normalmente, do fenômeno da terra caída, eram árvores inteiras, imensas, pedaços dos mais variados objetos, às vezes, corpos de boi, de cachorro que tinham morrido por conta de uma grande enchente ou mesmo de uma grande seca. Lá ao longe, na monotonia do entardecer, o sol se avermelhava e começava e a se por, gerando uma imagem digna de realce em qualquer paisagem universal. A terra parecia se aquietar no seu constante papel renovador potencializando os barulhos quase noturnos, como os pios e os cantos das aves, os macacos, o relinchar dos cavalos, e, o vento trazia aquele cheiro das flores, plantadas na frente da casa principal. Eram cheiros misturados com o de terra batida, estrume de boi, a brisa do meio do rio, cheirando a evaporação da água, etc...

Quando em vez, sentava conosco, os velhos pescadores ou vaqueiros da região, que nos contavam suas fantásticas estórias de aventuras sem fim, por dentro da imensidão do rio, dos lagos e lagoas. Eram estórias de todo tipo. Um dia um pescador contou a estória de uma cobra gigante que ele vira e que passara muito perto de seu pequeno bote, sua canoa, a ponto de ele perceber que o tamanho das escamas da cobra era bem maior que uma tampa de barril de óleo. Uma coisa muito grande que graças a Deus não o vira, a ele e a seu companheiro de pesca. Nessa hora nossos olhos infantis se arregalavam, ficavam enormes, imaginando o tamanho da cobra e como ela poderia ser feroz e letal se pudesse aparecer ali. No outro dia não tinha quem fosse até o trapiche para banhar-se nas águas amareladas, onde a meio metro não se vê absolutamente nada.

Um dia chegou ao porto uma canoa com dois corpos mortos de homens que estiveram brincando a noite inteira em um forró, mas, que a certa altura engendraram uma discussão que resultou na morte dos dois. Um dera uma facada na barriga do outro, que logo sacando um revólver dera uns tiros no outro, resultando na morte de ambos. Lembro de meu pai conversando com os remadores da canoa, talvez, orientando para que levassem os corpos para a vila, um pouco mais acima, contra a correnteza do rio, porque lá deveria ter algo parecido com delegado. A imagem dos corpos ficou gravada na mente da criançada e foi motivo de conversa por uns dias.

Depois de deitados ou em colchões ou em camas, ficávamos algum tempo, tentando achar um jeito para dormirmos e falávamos uns para os outros, numa rima sem pé e cabeça:

- Qué, qué, qué, boa noite, Alé.

- Onho, onho,onho, boa noite Antônio.

- Cai, cai, cai, boa noite, papai.

E assim as vozes iam se apresentando até irem esmorecendo, sinal do sono chegando. Numa noite dessas, quando o sono estava tomando conta de quase todos, ouviu-se de repente:

- Um, doize, e treize, não deu certo nadja. Era a Aldeli uma moça que morava conosco que também queria participar da brincadeira.

Boa noite para todos, digo eu agora, passado tanto tempo, pedindo que Deus, nosso Senhor, nos dê inteligência para preservarmos estes maravilhosos cantos do mundo em todo o seus esplendores, com seus pores-do-sol e o canto melancólico do entardecer.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Gilberto Mestrinho.

Conheci a ele muito superficialmente, talvez, mais de ouvir falar nele do que pessoalmente. Vi-o muito poucas vezes. E apertei sua mão menos ainda, mas, sei que era um político fascinante, desses que a gente não consegue deixar de admirar mesmo sem acreditar muito em suas promessas, ou esperanças, pois, o seu carisma e presença enche o meio em que se encontra. Fez uma escola política tão bem feita, que os vinte anos que ele prometera passar com seus pupilos no poder, de longe foram alcançados. Sujeito hábil e considerado sábio pelos mais doutos, mesmo assim, teve uma vida que a gente comum admirava pelo que de sentimentalidade passava em seus gestos, como os caminhões de brinquedos que nos natais eram distribuídos, entre os mais pobres, super valorizados e queridos pela molecada dos bairros, pessoas que jamais esqueceram a benevolência. Eram bolas, bonecas, brinquedos de todos os tipos e tamanhos, sonhos distribuídos em larga escala em locais que ele sabia seriam bem acatados, pois, sempre a classe pobre era a maior privilegiada, e, que preenchia o constrangimento dos pais que sem poderem dar os presentes natalinos aos filhos anulavam-no pela chegada do “Papai Noel Gilberto”. Poucas pessoas não foram beneficiadas por esses presentes, preenchedor dos sonhos infantis da pobreza de Manaus, dos mais desvalidos e pobres, dos bairros mais longinquos.

Aos vinte e oito anos foi prefeito, governador mais tarde e por três vezes, deputado federal e senador da república, homem de muita experiência acumulada na vida pública, viveu e morreu politicamente reconhecido por todos, mesmo os mais ferrenhos opositores.

Não fui privilegiado com seus brinquedos, mas, de tanto ouvir falar, acabei sendo fã desse homem que poucas vezes visualizei na vida. Vi, em seu enterro, o semblante desesperado das pessoas que de uma forma ou outra se beneficiaram, em suas pobrezas, da forte personalidade de Gilberto Mestrinho e do seu carisma de beneficiar sem esperar nada em troca, como nos ordenava Jesus, nosso Senhor.

Ele fez uma vez uma referência bíblica a Jesus:

- Andei lendo algumas vezes a Bíblia e cheguei à conclusão que Jesus não veio salvar os jacarés e sim os homens.

Acho uma péssima filosofia, mas, explicita sua preocupação com o ser humano, com sua territoriedade, sua supremacia sobre a selva, meio ambiente, principalmente a amazônica. É um pensamento baseado na assertiva de que o homem é o centro da criação, e, que as outras criaturas são apenas coadjuvantes no processo de criação.

Gilberto se manteve até o fim como líder inconteste de sua terra, ato aprovado em seu velório e enterro. Toda a liderança do Amazonas, se manifestou com muito pesar e dor no seu passamento, demonstrando, pela unanimidade, a firmeza de sua liderança em todo estado.

Ajuricaba moderno, dos nossos dias, libertador das pressões sociais, e, principalmente esperança para os desvalidos e mais pobres de sua terra, que ele soube honrar com tanta nobreza de alma.

Até logo, boto, golfinho dos rios amazônicos, até breve.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Aeroporto.

As crianças brincavam o tempo todo, sem parar, apesar dos gritos das tias e mães, para tomarem cuidado senão o guarda viria brigar com eles por causa da incomodativa zoada, provinda das brincadeiras quase sempre exigentes em quantidades de gritos e sons de toda espécie. O corredor era enorme e logo outras crianças viriam se unir ao grupo dos barulhentos, intensificando a zoadeira. Uma das mães chamando o seu filho, ao seu lado e prometeu que se ele sentasse um pouquinho ela lhe daria um refrigerante ou quem sabe um sorvete. O moleque apenas olhou-a, como se estivesse medindo o tamanho da mentira e saiu correndo e gritando atrás de seus coleguinhas.

- Manja pega, gritava o manja ao tocar em outra criança e a manja passava para o outro. Esse já tinha sido manja, hoje, acho umas dez vezes, talvez, por ser o menor da turma, mas, o não menos barulhento e ágil.

Uma voz vinda de um alto falante anunciava a chegada ou partida de uma aeronave. Os meninos e meninas, animados nem sequer ouviam o anúncio quanto mais prestavam atenção no que era dito. Agora, um tinha empurrado o outro sobre uma grade de ferro ou de alumínio, que separava a entrada do embarque e desembarque, e, o menino estava gritando em pleno pulmão um grito tão dolorido e alto que chamava atenção dos iam passando, os quais sempre tinham uma palavra de consolo, o que realmente não mudava nada porque a dor da pancada não passava com palavras. O edema era grande quase no meio de sua testa. A mãe se desdobrava em carinhos e palavras doces, mas, nada surtia efeito. A outra mãe, do menino que empurrara, estava tentando mostrar à outra que estava preocupada e estava dando um carão no menor.

- Seu desastrado, veja o que você fez, vai ficar de castigo por uma semana, aí neste ponto o menino sorriu, lembrando da última promessa igual a esta e que não resultara em nada, não vai brincar de vídeo game a semana toda. O que fora empurrado aumentara o choro, talvez, para ver se a outra mãe dava umas tapas no outro, mas, isto não aconteceu, e, ele foi se acomodando e depois de um pouco tempo já não se ouvia mais nada, a não ser o gritar incessante da criançada, de novo.

Os dois meninos correndo e gritando, como se nada tivesse acontecido, descaradamente abusavam da paciência das mães.

- Fui ao show ontem e gostei muito de ver meu cantor predileto. Cada dia que passa ele canta mais.

- Menina, nem te conto, fui ao cinema, com meu marido, e, lá vi, toda se escondendo aquela minha amiga que acabou de matricular seu filho na escola dos nossos. Achei tão esquisito aquele modo de agir, que pensei que ela estava com um amante. Coitado do marido dela, tão bonito...

- Não me diga isso...

- Vôo 545 chegando e aterrando. Portão de desembarque número 3.

As duas se olharam e prometeram marcar um encontro das duas com seus respectivos maridos. As crianças tinham parado de correr e olhavam atentamente a reação das mães, supondo, que fossem deixá-los por lá, assim, quando elas levantaram e se abraçaram jurando que uma ia telefonar para outra.

- Tchau, prazer em te ver.

- Um beijo e um abraço. Tchau.

E ambas como se tivessem ensaiado viraram as costas, uma para outra, e, seguiram seus caminhos. Os meninos quietos de mãos dadas às mães prontos para brincarem em outro lugar.

domingo, 19 de julho de 2009

O Cristianismo como fonte do sofrimento.

O cristianismo, niilista, tem tentado explicar, desde sua origem, a redenção humana, a qual está encerrada dentro do conceito, erroneamente interpretado, de que o homem é o centro da criação, e, que, somente assumindo este papel, por sua capacidade de pensar e de raciocinar, é que ele seria totalmente diferente dos outros animais, a tal ponto de ter o privilégio de ter um Deus voltado exclusivamente para ele e ao seu dispor o tempo todo. Quanto mais regra, criada para gerenciar a vida humana e regulamentar a dos animais, mais importante se sentiria o homem, no contexto da criação e assim foi feito. O homem é, principalmente, um ser que não se importa com nada, e, trata de destruir, a cada segundo a sua existência, de se destruir integralmente, não importando as conseqüências tanto para ele, homem, quanto para a natureza como um todo, o que o torna o maior predador do planeta e quem sabe do universo, pois, ainda hoje, seu discurso é de defender o planeta terra de sua própria ameaça, mas, ao contrário, só pensa em auto destruir-se, e, por isso acaba por destruir a sua própria casa, com guerras, destruição do bio sistema, etc... As guerras, em todas as suas manifestações, nada mais são que um reflexo de personalidades massacradas, doentias, por tentativas de eternizações através dos séculos, por si mesmos.

Deus em sua infinita misericórdia tem feito de tudo, a história é farta em testemunhar isso, para amenizar a ira com que os homens tratam a si mesmo e o sistema de vida onde vivem. A destruição da terra, como planeta e como “centro da criação”, é patente em todas as obras criativas do homem. A veiculação alienadora do capital sobre a vida do homem é impressionantemente devastadora. Os nichos de miséria e de fome, onde nascem as maldades maiores entre os homens, como as drogas e o que fazer para se ter o maior ganho possível, seja nas suas maiores deformidades, como a arte de matar, de se impor sobre os outros, enfim, de se auto destruir, seja na vontade expressa de que nada vale a pena a não ser a morte, mesmo que seja a dele mesmo e do planeta e da natureza como um todo. Não há a mínima possibilidade de reversão desse quadro, onde o governo paralelo é quem manda em tudo e em todos, onde a quebra das regras é que é a correta, e, é regra não exceção, e, o pior é que isto não é privilégio deste ou daquele país, mas, algo comum em todo planeta terra, colocando em xeque a sobrevivência do planeta e da raça humana. Em algumas regiões da terra, como em algum lugar da África, ainda há pessoas que morrem de fome em sua frente, na Tv, onde a inanição é endêmica e as mães, lutam pela sobrevivência de seus bebês, às vezes sendo filmadas dando o peito para o neném morto, desfalecido em seus colos.

Há que pensarmos em um novo aproach do assunto. Jesus veio para alertar a humanidade. Nunca houve conversão cristã. Os homens continuam a ser os maiores algozes de si próprios. A terra e seus habitantes estão fadados ao fracasso, pois, consciências e pensamentos, são trocados por capital, o que sempre vai ser igual a desespero, violência, morte, destruição, inclusive das fontes vitais de sobrevivência como a água e a comida natural. Aberrações como a troca da salvação de bancos por trilhões de dólares e derrota de milhões de vidas com fome, sofredores de terremotos, de tsunamis, de enchentes, de miséria e de fome real, são algo comum, lugar comum na vida do planeta, comum a todos os países, a todos os lugares.

É muito sofrimento para entendermos que não somos nada, mas, ao contrário, o homem no poder de decisão, torna-se, em seu entender mais forte e vitorioso na medida em que ele avança para momentaneamente receber suas glórias e honras, e, no entender de Jesus é tudo que vão receber.

Acredito que não há redenção para o planeta e para o homem, pois, já não há o que resgatar, pois, tudo está destruído, até a boa vontade divina, a qual está umbilicalmente ligada à boa vontade humana, que praticamente não existe. Como diz John Gray, em seu Cachorros de Palha, “ felizmente, os humanos nunca viverão num mundo construído por si mesmo. “

Maranata. Senhor.

Rottweilers.

Um dia fui criador de cães. Minha raça predileta era o rottweiler, uma raça super estabilizada, que, ao longo do tempo desenvolveu uma enorme empatia com os seres humanos, numa adaptação quase perfeita entre o dono e o animal. A inteligência do rottweiler é algo superior, comparado aos outros da espécie. Ele fora cão de pastoreio no império romano, servindo para guardar o rebanho nos campos. Ótimo amigo passa uma confiança de que alguém está com você para o que der e vier. Quando com raiva ninguém o segura, ataca o oponente com uma enorme força física, com uma mordida que chega a alguns quilos de força, imobilizando, quase sempre a presa, sempre tentando defender seu dono ou seu território.

Lembro de alguns momentos importantes para mim e para o Xandir, este era o seu nome, nome esse imposto pelo canil, de onde ele fora adquirido, e, um desses foi quando um domingo, no qual saímos para irmos ao sítio, e quando voltamos aquela festa diária, de boas vindas, não ocorreu, assim, sai procurando-o por toda parte, até achá-lo em estado comatoso, no fim do quintal da casa. Estava imóvel, tanto, que julguei que estivesse morto, tal a imobilidade. O susto foi tamanho, seguiram-se pensamentos desastrosos, porque, examinando-o amiúde observei que o seu pescoço estava muito edemaciado, com uma enorme marca, como se ele fora laçado e içado, pelo parecia, para cima do muro que circundava nossa casa. Liguei imediatamente para o veterinário e amigo, Dr. Rubens, que me aconselhou a fazer um antibiótico bastante forte juntamente com antiinflamatórios. Corri até a farmácia mais próxima, na ansiedade que o momento exigia e comprei-os. Levantei sua pele e intradermicamente, introduzi os medicamentos sem provocar nenhuma reação por parte dele. Nem um leve tremor pela introdução da agulha, enfim, nada que identificasse sinal de vida, aumentando minha preocupação e angústia.

Dez dias depois, repetindo esse ritual pela manhã e pela tarde, quando suspendi a pele para a injeção ele abriu os olhos e levantou um milímetro de cabeça, na direção da agulhada, como que reclamando de tal intromissão. Quase morri de alegria vendo meu amigo retornar, pois, naquele momento senti que ele não mais morreria, por conta desse caso. Acho senti a mesma emoção do pai que recebe o filho de volta depois de longa ausência entre eles. Lá estávamos nós outra vez prontos para partilharmos nossas vidas para o que desse e viesse. Quase um mês depois, sentado no pátio de casa, em uma cadeira de macarrão, observava os movimentos ágeis e atentos daquele magnífico representante da espécie canina.

Que bom, podermos nos enternecer por outras espécies sabendo que a energia que nos move é literalmente a mesma que move e dá vida a elas. Que bom poder perceber, que, não somos o centro do universo, essa soberba que acompanha os homens cristãos desde as interpretações intempestivas e errada dos patriarcas.

sábado, 18 de julho de 2009

O olhar carismático e o olhar sedutor

Os olhares são espetaculares no que diz respeito tanto ao olhar carismático quanto ao olhar sedutor e o quanto eles influem na inter-relação com as pessoas. A linha que as separa é muito tênue. Tenho observado que o olhar cativante e seguro dos carismáticos são sem dúvida alguma algo que preenche as necessidades demandadas em qualquer relacionamento, seja profissional, amoroso ou mesmo de uma amizade, ou que conduz à permanência desses relacionamentos e no final sempre é positivo. Conheço pessoas carismáticas que ao sorrirem, olharem, apertarem as mãos, conseguem o que ninguém conseguiria se fosse tentar fazer a mesma coisa, normalmente. A segurança dos gestos, do olhar, do pensamento, do modo de vestir, da ética, da moral, é acompanhante do carismático. Normalmente a pessoa carismática sempre está acompanhada por outras que vão orbitar ao redor dela. Não é necessário que se diga nada, basta estar-se ao lado para comprovar que tudo o que era vago está sendo preenchido pela presença física do carismático. Todos se sentem bem, os problemas são resolvidos, os sonhos realizados, o carismático cumpre o seu papel.

Quando em um momento qualquer e sentindo-se ameaçada em perder ser o centro da atenção, quando isto acontece é um problema, a pessoa carismática tenta seduzir os outros ou o outro com um olhar que certamente vai ser compreendido, com um gesto que vai ser percebido, por uma palavra que ela mesma não queria dizer, e, a magia da sedução começa a ir em uma direção completamente diferente daquela do carismático e pode ou não progredir. Se progredir o que era amizade, simpatia, empatia passa a ser algo mais profundo e dependendo do estado dessa pessoa pode ser massacrante para ela mesma, confundindo e misturando todo tipo de sentimento e ela se perde e perdendo deixa ou perde, quase sempre, o poder do carismático, tornando-se um cínico. A pessoa perde o brilho, emaranhada em um mundo que só ela sabe o que se passa, mas, que depois os outros vão saber, ou perceber. É impossível “se tampar o sol com uma peneira”. O olhar que era só sinceridade e compaixão transformou-se em um que alimenta o seu ego. Tem que ser meu só meu, e, quando conquista o objeto da sedução não tem mais o que conquistar, onde se aprumar logo percebe que se não retroceder a sua primeira condição de luz para os outros, ela terá que conquistar seduzindo os outros infinitamente. É da minha personalidade, diz, em uma resposta a ela mesma. Pode acontecer de a outra pessoa interpretar que ela está afim de um relacionamento mais profundo, quando na verdade ela só quer ser o centro das atenções, e, insiste o conquistado, em querer ter também quem o conquistou. Conheço pessoas que se envolveram, destrutivamente em situações sérias, pondo em risco todo o carisma com que nasceu, e, às vezes, um relacionamento que já está consolidado como seu.

Carisma é dom de Deus. Sedução é uma saída do carisma para a conquista, para ser dono, da pessoa, do objeto conquistado, uma tentativa de continuar sendo o centro das atenções, pelo menos na visão dela própria. Em algumas pessoas, a reflexão do acontecido as retorna à origem, mas, nem sempre é assim, por isso, é preciso reflexão, sempre, pois, o mais importante é ser você mesmo, seguro, sóbrio, inteligente, não conquistando, mas, sendo admirado pelos outros, como verdadeiras luzes a iluminar a vida de quem orbita a seu redor.

Eu mesmo, quando em vez me pego enfrentando o problema: ser ou não carismático? Ser ou não sedutor. O que realmente impulsiona a vida? O ser carismático ou ser sedutor? Acho que o mais importante é ser muito simples, ser somente homem e mulher, é ser sempre você mesmo, em qualquer situação. Simplesmente, amando e sendo e sendo amado sem auto afirmações. Seja mais carismático que sedutor. Seja, enfim honesto consigo mesmo, e, viva a vida intensamente em cada segundo que Deus lhe dá, você será feliz.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Bom Almoço, melhor companhia.


A infância e a adolescência guardam em si mesma, depois de passado
cinqüenta e sete anos, umas surpresas agradáveis. Estava hoje na
Saraiva, livraria, colocando em dia meus e-mails e crônicas, quando
avistei um amigo de longas datas e que eu não via há muito tempo;
estou falando de Rogélio Casado Marinho Filho. Médico psiquiatra, dos
bons, fiel como um cão, franco e leal, sim, possui essas virtudes tão
escassas hoje. Com alegria compartilhei momentos muito edificantes
ali, e, depois na cachaçaria do Dedé, onde tomamos dois tragos, não
mais que isso. Almoçamos, eu uma enorme salada de legumes crus e ele,
como neto de português, um bom bacalhau.
A conversa campeou desde a territoriedade social, esse espaço tão
perceptível, mas, invisível aos olhos comuns, onde se refugia a
loucura e a normalidade, habitando numa cordialidade sem par, até
nossos momentos de convivência na infância e adolescência, tanto no
colégio, quanto nas ruas em que morávamos, eu na Luis Antony e ele na
Frei José dos Inocentes. Tempos bons aqueles, onde os nichos sociais
eram tão nítidos, geravam preconceitos em demasia, como com os
protestantes, com os filhos das putas que habitavam e orbitavam nossas
ruas, literalmente, os negros, os homossexuais, os pobres, os
excluídos, também, os ricos que sempre estavam conosco por causa da
facilidade de estudarmos juntos, eles aprendiam mais. Nesta visão
social solidificada pela educação amorosa de nossas famílias nos
concedeu uma visão social muito especial e que chega aos nossos dias
convertidas em ações como este magnífico trabalho desenvolvido através
dos tempos, produto do estudo e da observação, realizado, à duras
penas por este tão importante membro de nossa sociedade, o dr.
Rogélio. A preocupação com a comodidade psíquica e social das pessoas,
com a justiça, na compreensão que carregar nossa humanidade é tarefa
doída, multifacetada em sua origem, e, muito difícil de se viver.
Tivemos muitos amigos comuns, mas, quero mencionar um amigo muito
especial, caro aos dois, já universitários, o saudoso Humberto
Mendonça, sujeito de uma inteligência à toda a prova e motivo de
discussão entre nós, pois, eu teimava que ele fora o primeiro lugar em
nosso vestibular e Rogélio dizia que não, que ele tinha sido o oitavo,
mas, o que importa o primeiro ou o oitavo lugar? se o fato não tem
nenhum valor prático a não do orgulho de ter sido amigo de um gênio,
que nós, seus amigos tivemos o privilégio de conviver.
Essas recordações me deixaram completamente feliz. Me fizeram viajar
no tempo e no espaço. Voar para datas importantes na nossa educação e
na maneira de ver o mundo. Por isto, digo, obrigado Dr. Rogélio Casado
Marinho Filho por esse encontro e por você existir e persistir em seus
alvos, dando a seus amigos a confiança de que só vivendo é que se
aprende e eu lhe digo que é só morrendo que se vive para a vida
eterna ( são Francisco de Assis ).

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Suje-se,gordo.

Hoje li uma crônica de Machado de Assis, Suje-se, gordo. Conta a história de um homem que fora jurado em um julgamento de uma pessoa e que como sempre os argumentos, tanto da defesa quanto da promotoria, eram convincentes, mas, aparentemente o cidadão era culpado e esse jurado falava: suje-se, gordo, com referência à grande besteira que o cidadão houvera cometido o que sujaria sua vida para sempre. Ele dizia, enquanto narrava esta história para Machado, repetindo muito a frase, suje-se, gordo. O tempo passara e agora, muito tempo depois desse fato, os dois se encontram sendo que o jurado passara a ser réu e o ouvinte jurado. Ele houvera desviado dinheiro do caixa do banco onde trabalhava e agora estava sendo julgado por isto. Machado vai, à medida que o juiz vai lendo o resumo da história do réu, relembrando as feições, a voz, os gestos e chega à conclusão que realmente é aquele cidadão de outrora que lhe relatara o julgamento do tal suje-se, gordo, o que lhe faz lembrar-se da frase de Jesus: “Não julgueis para que não sejais julgados...” e, agora olhando para o réu, novamente ouvindo os argumentos defensivos e da promotoria, cada um ao seu modo querendo convencer a todos ou da inocência ou da culpa do cidadão, chega à conclusão que ele era culpado. As provas são convincentes, ele não tem jeito de não ser condenado e então, na hora, vota a favor da condenação do homem, no que é vencido pelos demais que votam contra a condenação. O homem sai dali liberto de suas acusações, aliviado.

Lendo isto me reportei ao caso de Maria Madalena, caso esse ocorrido com Jesus também. Ele estava desenhando ou escrevendo na areia, quando Maria Madalena chega correndo, tentando fugir de seus algozes, que a tinham pegado em flagrante adultério e como mandava a Lei, deveria ser apedrejada na frente de toda a população. Jesus estava escrevendo ou desenhando e assim ficou pronto para o julgamento que seria obrigado fazer.

- Aquele que não tiver pecado atire a primeira pedra.

Todos saíram e não atiraram pedras, mas, quando levantou a cabeça e viu a mulher disse:

- Onde estão teus acusadores?

- Foram embora.

- Se eles não te condenaram, também eu não te condeno. Vai e não peques mais.

Ela foi e não pecou mais. Que grande julgamento. Olho no olho e sabe-se que nunca mais vai o réu sujar-se novamente, e, ninguém vai dizer Suje-se, gordo e se tem a certeza que o julgador, mais tarde, não vai sentar-se na cadeira dos réus, porque também não irá sujar-se, porque, Ele é juiz que julga com coerência, equidade.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

rei Roberto Carlos.

Ontem o país parou para ver, à noite, o show do rei Roberto Carlos, comemorativo de seus cinqüentas anos de carreira, e, eu, é claro, junto com esses milhões de fãs, espalhados por todo país, também parei. Foi um show longo, cheio de recordações das mais variadas matizes, que, traziam para uns as mais variadas formas de emoções e sentimentos, ouvindo as músicas de trinta ou quarenta anos atrás, outros as mais recentes, enfim, todos juntos unidos pela exposição da arte de um gênio da música, que como cola espiritual, conduzia o país todo em uníssono, ansioso para ouvir a próxima música, e, gerando um comportamento retilíneo para todos, pois, todos parados, extasiados, olhavam e ouviam pela televisão, em suas frentes, sons, privilegiados, carregados de amor desde a história de seu nascimento musical em final dos anos cinqüenta e começo dos sessenta até os dias atuais, numa retilineidade do amor a toda prova.

Canções de amor, de fé, de esperança, de homenagem, de segredos, de sonhos, de afetos, de confidências, de compartilhamento, de declaração, todas descrevendo a sentimentalidade existente em nós seres humanos e súditos de tal personagem, pois, nos refere a cada um de nós, em todos os momentos da carreira musical em determinadas situações, seja com o que gostaríamos de dizer para a pessoa que amamos, mas, não temos a idéia de expressão, seja a observação do fenótipo, do jeito das outras pessoas, como em Mulher pequena, Você é tão linda esperando neném, etc... É só pegar emprestado um ou dois versos das músicas que estão ali a falar praticamente de todos os assuntos inerentes a qualquer relacionamento, principalmente, este a dois, e, dizer apaixonadamente, como se requer à pessoa amada. Ficamos ali parados, perplexos, com a capacidade impactante da expressão musical do rei, e, o aproveitamento genial do diretor do programa seja na continuidade, seja no improviso que acabou acontecendo em alguns momentos do show. Belíssimo e emocionante programa, digno de um rei. Se já era fã das músicas de Roberto Carlos, ante a exposição direcionada de sua obra, quedei-me, formidavelmente, na nuvem de fãs espalhados por todos os cantos do país. Talvez, ainda não tenha acontecido maior audiência de uma televisão com o show de cinqüenta anos de Roberto Carlos.

O show serviu para demonstrar que a vida vale a pena se vivida, e, se, nela estiver embutido um componente de enorme valor individual que é a amizade. Quando seu parceiro e amigo, de tanto tempo, Erasmo Carlos, entrou em cena, o que valeu, foi a improvisação, pois, a emoção concentrada de tantos anos juntos na mesma estrada, deu vazão, como seres humanos normais, a uma demonstração nítida, através do choro, que somos todos iguais e suscetíveis às mesmas coisas, tensões, e, emoções.

Fiquei grato a Deus por, na minha geração, termos tido o privilégio de sermos contemporâneo de uma pessoa tão ilustre quanto o rei Roberto Carlos que aproveita muito bem o dom que Deus lhe deu, qual seja, o de espalhar, através da música o Amor.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Livre Arbítrio.

Manaus amanheceu muito bonita hoje, talvez pela presença calorosa do sol que se abate sobre a cidade, aquecendo-a. As nuvens brancas e azuis esvoaçam pelo céu formando as mais variadas imagens em todas as direções que você o olha. É uma percepção interessante, pois, remonta e transporta-nos, imediatamente, ao passado, onde quando crianças o olhávamos com o mesmo sentimento criador, imaginando e dando formas como a de cavalos, coelhos, rostos, barcos, ursos, chapéus, etc...
Sai de casa alegre no coração por me permitir tais sentimentos. A jovialidade tomando conta do corpo, apesar de todas as dificuldades que enfrento todos os dias. São problemas que me tomam tempo, criatividade sem mentiras, dinheiro, e, principalmente, o mais importante de tudo, é a facilidade que eles têm de me afastarem do que eu mais prezo na vida que é estar com meus netos e minha família.
Estou radiante assim, porque, neste mes de julho, os meus filhos e netos convergem para minha casa e ficamos todos novamente unidos fisicamente, neste período. O Alexandre e a Natássia vêm de Boa Vista, onde residem, com meus dois netos, o Alexandre Neto e o Enzo, a Maysa vem de Curitiba, onde cursa seu mestrado em Engenharia da Computação e a Gabriela que embora morando em Manaus, reside em sua própria casa, com meu terceiro neto o João Gabriel, todos novamente juntos, morando em um só teto. É uma festa que tem data para terminar, pois, cada um deles, voltarão para suas respectivas casas no final do mês. Como sempre, em toda minha vida o fiz, vivo intensamente esse momento mágico, que me permite eternizar os sentimentos e presenças que acredito são para sempre.
Manaus acordou bem, é claro, que visto sob minha ótica, o que dizer dos alagados, dos desvalidos, dos desamparados, dos à margem da sociedade, dos famintos, que por falta de oportunidade ou por desânimo não ousaram na vida nada além de uma conformação com sistemas generalistas onde o estado tem uma visão direcionada para outras situações que não a gestão de pessoas, do indivíduo, mas, sim de uma outra qual seja o capital, como agora, em nosso estado, onde o capital será para a sustenção de uma implantação de sub sede da copa do mundo de futebol. Isto vai gerar empregos, comida etc... é o argumento dos gestores, mas, a necessidade real da maioria das pessoas não será preenchida, e, com certeza somente alguns poucos terão acesso efetivo a esse montante de dinheiro.
Fiquei perplexo, tempo atrás, quando soube da distribuição de capital, por parte do governo americano, no começo da crise monetário-financeiro que se abateu sobre aquele país, com repercursão em todo mundo, onde houve, para a não falência dos banqueiros e indústrias, a distribuição de trilhões de dólares, enquanto a fome campea pelo mundo afora, e, a morte por inanição é algo desgraçadamente palpável. Perplexo fiquei, mas, ao mesmo tempo imaginando o que seria se os gestores do mundo ou dos governos, pudessem ter uma visão onde o protagonista não fosse o capital, corrupto, radical, tendencioso, aquele que aniquila a vida do homem, da cidade, do país, do mundo, com suas sujeiras, pondo uma consciência individual onde o que conta somente é o apelo da sobrevivência e os outros que morram, pois, não têm nenhum valor. Seria uma nova dimensão de vida, onde o homem seria o principal e não o capital.
Nesses esperançosos pensamentos consigo me alegrar de todo o coração, de ter essa oportunidade de ter minha família, longe dessa luta desigual pela sobrevivência, o que me torna mais feliz, agradecido a Deus, centro de minha vida, meu guardador, meu guia, meu Senhor, e, que está comigo todos os dias de minha vida.
Maranata, Senhor.

sábado, 4 de julho de 2009

Educação

Ouvi um discurso de uma senadora ou de um senador, sei lá, da tribuna do senado, dando conta do sucesso do sistema educacional básico no país. É claro que o assunto requer especialidade, mas, fico irritado, observando que na prática o tal sucesso não é bem assim, pois, nas escolas estaduais e municipais, as chamadas escolas públicas, há um rigor, não para educar os alunos, mas, uma ordem subliminar para que nenhum de seus alunos seja reprovado. Isto é claro aumenta o índice, o nível das estatísticas, dando como salutar o sistema atual de ensino, mas, não representa a verdade, e, sim uma virtual, onde o que aparece como salutar e saudável na verdade é, pelo menos na observação de quem não faz parte da área, um espelho rachado, onde a imagem real é desfigurada. Se os professores mal remunerados, mal compreendidos pela grande massa de alunos e da sociedade, pudessem realmente falar o que lhes angustia o coração e a alma, então, talvez pudéssemos ter uma visão mais real que esta e sabermos em quais pontos poderíamos melhorar nossa qualidade de ensino e de vida dos professores.

Sei também do esforço de alguns setores da sociedade em querer preservar, historicamente, a função primordial e insubstituível do professor no processo educacional dos jovens. Algumas empresas, escolas particulares, detêm um alto nível de profissionalismo onde a criança e o adolescente é realmente o alvo, a meta da educação e não o capital que foi empregado e que têm que ter um retorno não se sabe quantas vezes maior.

Estudei em escolas públicas, com professores altamente capazes, nas suas mais variadas especialidades, assegurando um ensino primordial, sólido, que serviria mais tarde para o leque do ensino superior nos seus mais diversificados ramos do conhecimento. Não era, mesmo assim o ideal, aquele em que o estudo deve ser direcionado preenchendo todo o potencial da criança e do adolescente, produto de observação e de testes específicos, para uma determinada área na qual o aluno tivesse mais prazer em aprender. Na verdade não há uma preocupação com a individualidade e sim pela massificação do ensino o que projeta para muito tarde o desenvolvimento intelectual dos alunos. Sou a favor de uma educação voltada para a individualidade, onde o aluno preencha suas necessidades criadoras em determinada área do saber, precocemente ainda no maternal. Depois, o desenvolvimento ao longo de sua vida traria um enorme benefício para o país e para o mundo como um todo.

A cobrança exagerada de um estudo baseado no aprendizado da cobrança e do controle emocional não é bom, não presta. Deveríamos criar mecanismos onde se pudesse perceber a vocação, ou vocações, das crianças ainda na sua fase mais inicial e darmos condições de desenvolvimento real para todos, uniformemente, sem a precisão de chegarmos ao cúmulo de darmos cotas de entrada nas faculdades para pessoas com insuficiências, negros, índios, enfim, pessoas que são normais, mas, agora transformadas em anormais para poderem competir no mercado de trabalho. Fico imaginando quantos físicos, do quilate do inglês Stephen Hawking, ficam fora das pesquisas, do mercado, por simplesmente serem tratados como anormais, pois, assim, garantindo a entrada em níveis superiores sem a devida competência, se gera uma acomodação psicológica e social, pois, eles tendem a se sentirem muito protegidos e sem necessidade alguma de se aprofundarem mais em quaisquer assuntos de pesquisa científica porquanto conseguem ser o que quiserem, mas, sem competição real.

Creio que não é dando oportunidades diferentes, mais do que já se tem nesse sistema governamental, que as pessoas com problemas que não incapacitam o pensamento, possam crescer e desenvolver o país, ou a comunidades onde vivam. Deixo, para pensar, na grande transformação pela qual passa os EUA, ao longo do tempo. O ápice da transformação social foi demonstrado na eleição última para presidente da república daquela nação, onde foi dado um grito de basta, já chega, pois, o povo consagrou a si mesmo, na pessoa do presidente Osama um homem negro, com uma trajetória política e estudantil espetacular, provindo da individualidade, demonstrando que é possível transformação sem presentes dado pelo estado, mas, com sua própria força, competindo com os mais ricos, mais poderosos, mais brancos, mais tudo.

Não sou especialista no assunto, mas, me assusta muito o sistema vigente, algumas vezes pior que o do meu tempo de preparação. Crianças traumatizadas com a perspectiva de não passarem de ano, em determinadas escolas particulares, porque os mestres não estão capacitados a conhecerem melhor seus alunos. Alunos sendo passados de ano gratuitamente para que o nível de observação do estudo seja maior, gerando uma estatística qualitativamente errada.

Espero que haja maior bom senso na escolha das alternativas da grade curricular e na orientação básica do ensino principalmente o do fundamental para que no futuro nossas crianças possam construir um mundo melhor.