sexta-feira, 17 de julho de 2009

Bom Almoço, melhor companhia.


A infância e a adolescência guardam em si mesma, depois de passado
cinqüenta e sete anos, umas surpresas agradáveis. Estava hoje na
Saraiva, livraria, colocando em dia meus e-mails e crônicas, quando
avistei um amigo de longas datas e que eu não via há muito tempo;
estou falando de Rogélio Casado Marinho Filho. Médico psiquiatra, dos
bons, fiel como um cão, franco e leal, sim, possui essas virtudes tão
escassas hoje. Com alegria compartilhei momentos muito edificantes
ali, e, depois na cachaçaria do Dedé, onde tomamos dois tragos, não
mais que isso. Almoçamos, eu uma enorme salada de legumes crus e ele,
como neto de português, um bom bacalhau.
A conversa campeou desde a territoriedade social, esse espaço tão
perceptível, mas, invisível aos olhos comuns, onde se refugia a
loucura e a normalidade, habitando numa cordialidade sem par, até
nossos momentos de convivência na infância e adolescência, tanto no
colégio, quanto nas ruas em que morávamos, eu na Luis Antony e ele na
Frei José dos Inocentes. Tempos bons aqueles, onde os nichos sociais
eram tão nítidos, geravam preconceitos em demasia, como com os
protestantes, com os filhos das putas que habitavam e orbitavam nossas
ruas, literalmente, os negros, os homossexuais, os pobres, os
excluídos, também, os ricos que sempre estavam conosco por causa da
facilidade de estudarmos juntos, eles aprendiam mais. Nesta visão
social solidificada pela educação amorosa de nossas famílias nos
concedeu uma visão social muito especial e que chega aos nossos dias
convertidas em ações como este magnífico trabalho desenvolvido através
dos tempos, produto do estudo e da observação, realizado, à duras
penas por este tão importante membro de nossa sociedade, o dr.
Rogélio. A preocupação com a comodidade psíquica e social das pessoas,
com a justiça, na compreensão que carregar nossa humanidade é tarefa
doída, multifacetada em sua origem, e, muito difícil de se viver.
Tivemos muitos amigos comuns, mas, quero mencionar um amigo muito
especial, caro aos dois, já universitários, o saudoso Humberto
Mendonça, sujeito de uma inteligência à toda a prova e motivo de
discussão entre nós, pois, eu teimava que ele fora o primeiro lugar em
nosso vestibular e Rogélio dizia que não, que ele tinha sido o oitavo,
mas, o que importa o primeiro ou o oitavo lugar? se o fato não tem
nenhum valor prático a não do orgulho de ter sido amigo de um gênio,
que nós, seus amigos tivemos o privilégio de conviver.
Essas recordações me deixaram completamente feliz. Me fizeram viajar
no tempo e no espaço. Voar para datas importantes na nossa educação e
na maneira de ver o mundo. Por isto, digo, obrigado Dr. Rogélio Casado
Marinho Filho por esse encontro e por você existir e persistir em seus
alvos, dando a seus amigos a confiança de que só vivendo é que se
aprende e eu lhe digo que é só morrendo que se vive para a vida
eterna ( são Francisco de Assis ).

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