terça-feira, 21 de julho de 2009

Gilberto Mestrinho.

Conheci a ele muito superficialmente, talvez, mais de ouvir falar nele do que pessoalmente. Vi-o muito poucas vezes. E apertei sua mão menos ainda, mas, sei que era um político fascinante, desses que a gente não consegue deixar de admirar mesmo sem acreditar muito em suas promessas, ou esperanças, pois, o seu carisma e presença enche o meio em que se encontra. Fez uma escola política tão bem feita, que os vinte anos que ele prometera passar com seus pupilos no poder, de longe foram alcançados. Sujeito hábil e considerado sábio pelos mais doutos, mesmo assim, teve uma vida que a gente comum admirava pelo que de sentimentalidade passava em seus gestos, como os caminhões de brinquedos que nos natais eram distribuídos, entre os mais pobres, super valorizados e queridos pela molecada dos bairros, pessoas que jamais esqueceram a benevolência. Eram bolas, bonecas, brinquedos de todos os tipos e tamanhos, sonhos distribuídos em larga escala em locais que ele sabia seriam bem acatados, pois, sempre a classe pobre era a maior privilegiada, e, que preenchia o constrangimento dos pais que sem poderem dar os presentes natalinos aos filhos anulavam-no pela chegada do “Papai Noel Gilberto”. Poucas pessoas não foram beneficiadas por esses presentes, preenchedor dos sonhos infantis da pobreza de Manaus, dos mais desvalidos e pobres, dos bairros mais longinquos.

Aos vinte e oito anos foi prefeito, governador mais tarde e por três vezes, deputado federal e senador da república, homem de muita experiência acumulada na vida pública, viveu e morreu politicamente reconhecido por todos, mesmo os mais ferrenhos opositores.

Não fui privilegiado com seus brinquedos, mas, de tanto ouvir falar, acabei sendo fã desse homem que poucas vezes visualizei na vida. Vi, em seu enterro, o semblante desesperado das pessoas que de uma forma ou outra se beneficiaram, em suas pobrezas, da forte personalidade de Gilberto Mestrinho e do seu carisma de beneficiar sem esperar nada em troca, como nos ordenava Jesus, nosso Senhor.

Ele fez uma vez uma referência bíblica a Jesus:

- Andei lendo algumas vezes a Bíblia e cheguei à conclusão que Jesus não veio salvar os jacarés e sim os homens.

Acho uma péssima filosofia, mas, explicita sua preocupação com o ser humano, com sua territoriedade, sua supremacia sobre a selva, meio ambiente, principalmente a amazônica. É um pensamento baseado na assertiva de que o homem é o centro da criação, e, que as outras criaturas são apenas coadjuvantes no processo de criação.

Gilberto se manteve até o fim como líder inconteste de sua terra, ato aprovado em seu velório e enterro. Toda a liderança do Amazonas, se manifestou com muito pesar e dor no seu passamento, demonstrando, pela unanimidade, a firmeza de sua liderança em todo estado.

Ajuricaba moderno, dos nossos dias, libertador das pressões sociais, e, principalmente esperança para os desvalidos e mais pobres de sua terra, que ele soube honrar com tanta nobreza de alma.

Até logo, boto, golfinho dos rios amazônicos, até breve.

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