segunda-feira, 20 de julho de 2009

Aeroporto.

As crianças brincavam o tempo todo, sem parar, apesar dos gritos das tias e mães, para tomarem cuidado senão o guarda viria brigar com eles por causa da incomodativa zoada, provinda das brincadeiras quase sempre exigentes em quantidades de gritos e sons de toda espécie. O corredor era enorme e logo outras crianças viriam se unir ao grupo dos barulhentos, intensificando a zoadeira. Uma das mães chamando o seu filho, ao seu lado e prometeu que se ele sentasse um pouquinho ela lhe daria um refrigerante ou quem sabe um sorvete. O moleque apenas olhou-a, como se estivesse medindo o tamanho da mentira e saiu correndo e gritando atrás de seus coleguinhas.

- Manja pega, gritava o manja ao tocar em outra criança e a manja passava para o outro. Esse já tinha sido manja, hoje, acho umas dez vezes, talvez, por ser o menor da turma, mas, o não menos barulhento e ágil.

Uma voz vinda de um alto falante anunciava a chegada ou partida de uma aeronave. Os meninos e meninas, animados nem sequer ouviam o anúncio quanto mais prestavam atenção no que era dito. Agora, um tinha empurrado o outro sobre uma grade de ferro ou de alumínio, que separava a entrada do embarque e desembarque, e, o menino estava gritando em pleno pulmão um grito tão dolorido e alto que chamava atenção dos iam passando, os quais sempre tinham uma palavra de consolo, o que realmente não mudava nada porque a dor da pancada não passava com palavras. O edema era grande quase no meio de sua testa. A mãe se desdobrava em carinhos e palavras doces, mas, nada surtia efeito. A outra mãe, do menino que empurrara, estava tentando mostrar à outra que estava preocupada e estava dando um carão no menor.

- Seu desastrado, veja o que você fez, vai ficar de castigo por uma semana, aí neste ponto o menino sorriu, lembrando da última promessa igual a esta e que não resultara em nada, não vai brincar de vídeo game a semana toda. O que fora empurrado aumentara o choro, talvez, para ver se a outra mãe dava umas tapas no outro, mas, isto não aconteceu, e, ele foi se acomodando e depois de um pouco tempo já não se ouvia mais nada, a não ser o gritar incessante da criançada, de novo.

Os dois meninos correndo e gritando, como se nada tivesse acontecido, descaradamente abusavam da paciência das mães.

- Fui ao show ontem e gostei muito de ver meu cantor predileto. Cada dia que passa ele canta mais.

- Menina, nem te conto, fui ao cinema, com meu marido, e, lá vi, toda se escondendo aquela minha amiga que acabou de matricular seu filho na escola dos nossos. Achei tão esquisito aquele modo de agir, que pensei que ela estava com um amante. Coitado do marido dela, tão bonito...

- Não me diga isso...

- Vôo 545 chegando e aterrando. Portão de desembarque número 3.

As duas se olharam e prometeram marcar um encontro das duas com seus respectivos maridos. As crianças tinham parado de correr e olhavam atentamente a reação das mães, supondo, que fossem deixá-los por lá, assim, quando elas levantaram e se abraçaram jurando que uma ia telefonar para outra.

- Tchau, prazer em te ver.

- Um beijo e um abraço. Tchau.

E ambas como se tivessem ensaiado viraram as costas, uma para outra, e, seguiram seus caminhos. Os meninos quietos de mãos dadas às mães prontos para brincarem em outro lugar.

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