segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Cachimicurotoco, obrigado.

Alegrei-me com um telefonema de meu neto Enzo, me dando conta de suas notas em seu curso, claro, notas máximas. Senti seu orgulho de ter conseguido tal façanha e ao mesmo tempo a pureza de tal fato.
- Continue assim, meu netinho, meu cachimicurocutoco, o apelido carinhoso com que o chamo, Deus há de te abençoar ao infinito se continuares assim. Parabéns. Não deixes nunca o lado comercial te atingir, pois, na vontade do ganho "de qualquer maneira" há enganos irreparáveis, os quais nunca devemos ter acesso, senão, até o conceito familiar morre, o que é muito triste. Continue assim, meu pequeno príncipe, continue sempre assim.
Parece que estou vendo a carinha dele, sem entender tudo o que foi dito, mas, sabendo que hà verdade nas coisas familiares, como o bem querer, esse sentimemto que nunca morre, que sempre está à nossa disposição, em todos os momentos, mesmo aqueles que nos parece dispensável.
Continue alcançando esta nota tão perseguida por todos os que estudam algum curso para ajudar os outros, principalmente sua família, aqueles que tu sabes sempre estão e estarão contigo em todos os momentos. Lembro-me de teus pais. O Alexandre Filho cem por cento educado sob meus cuidados, e, tua mãe, em pelo menos dois terços de sua vida educada por mim. Ambos vitoriosos, mas, com uma perspectiva de vida diferente dos outros, prontos para servir, trabalhando duro em suas profissões, mas, sendo honestos consigo mesmos, para poderem olhar no e para o futuro com o reconhecimento de todos por terem sido zelosos com os filhos e com os futuros netos e toda sua descendência.
Também o Alexandre Neto, com suas notas na escola, o desenho criativo e lindo, as notas musicais do violão, seus anseios do futuro aos quase treze anos, o tornam tão abençoado quanto tu, Enzo, e, mais o João Gabriel, aos tres anos não pode ainda prescindir do colo materno e o Guilherme que até inda agora dormitava em meu peito, peito fãmulo de todos vocês, nímio em carinho, metáfora do que pode ser o futuro, eu dormitando, fraquinho, no peito forte de vocês.
Obrigado, Enzo, meu cachimicurotoco, por compartilhar gentilmente esse seu momento lindo e puro. Deus te abençoe ricamemte.

domingo, 28 de novembro de 2010

Violência ou não violência?

Hoje acompanhei pela TV a invasão por parte das forças do estado, leia-se país, dos principais morros cariocas, o São Vicente e o complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. A força policial, como numa guerra, estrategicamente ocupou os espaços dos traficantes e todo tipo de criminosos que faziam das favelas seus redutos de onde aparentemente distribuiam as drogas e armas para todo estado e também para fora do estado do Rio de Janeiro.
Li, de alguns e-mails que recebi as mais variadas opiniões sobre o assunto. A não violência, como a pregada por Gandhi, cabe na ocupação das favelas? A máxima da direita que diz que bandido bom é bandido morto, também cabe na ocupação das favelas? Alguns pensantes ou pensadores, de ambos os lados, não violentos ou não, defedem com veemência seus pontos de vista.
O fato é que não se ocupa terreno de inimigos sem algo de violência e também não se ocupa lugares somente pedindo para que seus ocupantes se retirem dali. A resposta que viria, certamente seria violenta, o que acarretaria respostas violentas.
Alguns sociólogos importantes julgam que o que acontece nada mais é do que uma reorganização geogràfica e de comando, pois, as facções do Comando Vermelho perderam o poder para o Teceiro Comando, composto por milícias e que sairam muito fortificadas nas invações dos morros por parte das policias e que assumiram o poder central do maior complexo de distribuição e venda de drogas e armas, do estado e quiçá do país. As milícias são facções criminosas advindas da própria polícia que no princípio serviam apenas para dar suporte aos traficantes e depois cresceram dentro da organização criminosa.
A leitura, por parte da imprensa, é que há uma guerra entre o bem e mal, dos policiais contra os traficantes, mas, na verdade o que realmente há é uma regeograficação do tráfego com a saída do Comando Vermelho e a ascensão do Terceiro Comando.
Esperamos, assim como toda população, que o projeto de ressocializar as favelas seja para valer e que atinja outras e que se extenda para outros estados onde o estado paralelo deva ser banido e que as estruturas estatais se mostrem fortes, com suas políticas sociais, e se estabeleçam definitivamente oportunizando vida plena a todos os moradores, não só das favelas, mas, das cidades, de todas as cidades.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Tchau, então, tchau.

Tem palavras, realmente, que precisam de conceito mais pontual. É o caso da palavra amizadade. Há quem a conceitue como sendo uma forma assexuada do amor. É um amor sem sexo. Não gosto desse conceito, pois, é uma tentativa de desvinculá-lo do interesse que há em qualquer relação humana. Certo escritor russo, preso em um campo de concentração, conceitou, tanto a amizadade como o amor:
- Na necessidade real, profunda, não hà amor nem amizade, mas, sòmente o instinto de sobrevivência.
Não acredito nisto. Grandes nomes da História morreram ou entregaram suas vidas por objetivos e pessoas, por acreditarem numa espécie de redenção. Acredito que haja sòmente o amor. Mesmo nas relações assexuadas, como na amizade, onde o limite é o sexo, há uma espécie de sexualidade latente, virtual, não manifesta, e, no sofrimento relacional, tanto uma como outra são sujeitas as mesmas necessidades. É claro, que nem sempre as relações são certinhas, senão, não existiria separações ou trocas de interesse, essa necessidade animal presente em todas as espécieis.
Namorei aos dozes anos. A puerícia era o comandante da relação. As brincadeiras típicas da pré-adolescência, depois de um tempo de namoro, passaram a ser acompanhadas por momentos de aproximação física mais intensa. As famílias, tanto de um como de outro, passaram a demonstrar nitidamente preocupações no rumo do relacionamento à medida que o tempo desenvolvia naturalmente os desejos de uma relação. Eu não compreendia o aumento contínuo das restrições impostas pela sede social de regrar o comportamento. Não, essa palavra tão ruim, passou a ser uma medida corriqueira e em breve acabou, por ter crescido tanto, por sufocar o relacionamento. Acabou, sub-liminarmente, sem explicação lógica. Que dor, que tipo de sensação profundamente pesada, pesarosa. O normal clama pela continuidade e não entende a cobrança desigual da sociedade. Tchau, amor. Então, tchau.
Alguns amigos meus, quando em vez, recebem um telefonema:
- Oi, Fulano ou oi, Fulana, aqui é o grande mantenedor dessa amizadade, pois, se eu não ligar ou for até você, ela certamente morrerá.
Essa declaração mostra claramente que algum amigo meu não está mais necessitando de nada de minha vida, senão, ele ligaria constantemente, teria alegria de compartilhar algo de sua vida, porquanto, em algum momento de sua vida teve, senão, não seria amigo, mas, agora a correria da vida, novas perspectivas, novos relacionamentos, novos rumos, sufocaram a nossa relação. Normalmente, eles riem e querem marcar encontros, cafés, enfim, recomeçar. Tem outros que simplesmente, realmente, não necessitam de mais nada e dizem, tchau, um tchau sem abraços nem beijos, simplesmente tchau como se todos os tchaus fossem ou houveram sido assim.
Tive amigos, desde a infância, ou de grande lapso de tempo que acabaram trocando a amizade por besteiras, como "pegaram corda" de alguma fofocada, interpretaram caras e manias, minhas, como ofensivas, se deixaram levar por isto ou por aquilo, às vezes, porque atingiram um outro nível de poder, provando e gritando bem alto que nunca foram amigos. Até na despedida se tornaram lacônicos, iracundos, sintetizando que nunca pretenderam amizade, agindo injustamente, colocando remendo novo em pano velho. Choro, como chorei na despedida de minha namorada da história inicial, mas, fazer o quê?, continuo achando que é na simplicidade da vida e não no poder que as relações existem, para sempre, na forma de amor.
- Tchau...
- Tchau, a vida continua, mas, continua perneta, maneta, sem entender nada das relações, que podem ter altos e baixos, com um baita buraco no peito, coração arrítmico, que acaba sangrando, mas, certamente e apesar de tudo sara é claro com sequelas. Tchau.

Dia de Chuva.

Dia de  chuva. Os pingos caem lentamente, monotonamente, atrasando relógios, quase parando o tempo. O vaivém das pessoas praticamente parado torna a paisagem, daqui de onde estou a observar a paisagem, mais enfadonha, pois, a falta de movimento a critaliza mais ainda.
Do outro lado da rua um cachorro, ensopado, encharcado d'água passa cabisbaixo, à êrmo. O lavador de carros sentado abaixo de uma marquize cochila descaradamente, pois, não tem o que fazer, ninguém mandaria lavar seu carro na chuva. Em uma árvore perto dali, quase em frente, aves descansam e não piam nem arrulam, contraem seus corpinhos, lado a lado, numa comunhão fantástica. Os pingos aumentam de tamanho e tornam a visão quase nula mesmo numa distância como essa tão pequena.
Pensamentos nostálgicos ocupam rapidamente a minha mente. Viagens de barco no grande rio Negro ou mesmo no Amazonas, passam velozmente ante meus olhos, enormes ondas d'água a balançar o barco como se fosse nada,  carro no asfalto molhado com a visão diminuida tanto pelo vidro molhado quanto a intensidade da chuva, o foco da visão prejudicado pela pouca visão, o chão da fazenda molhado com o estêrco cheirando e exalando seu odor característico, um grito, uma queda, um choro de neném nascendo, o cheiro gostoso do café no fogão, o gosto da bolacha Maria, da água do rio Amazonas depois de filtrado, coado e fervido, o latido solitário do cachorro chamando e clamando por companhia, a correnteza do rio, veloz, levando no bojo tudo que pôde arrematar dos beiradões, o cheiro de terra molhada, das flores do enorme pomar, o peixe fisgado lutando para se soltar do anzol, o gosto do peixe assando na folha de bananeira, o do ensopado de peixe, o do vinho de buriti, o do açaí, o gosto gorduroso do tucumã, da pupunha quente comida com manteiga e acompanhada com café preto passado na hora, da tapioca derretendo manteiga, o sorriso de minha mãe provando o bolo de macacheira, a chegada de um ente querido, o nascimento de filho, a morte de um parente, o sonho realizado ou mesmo frustrado, goiabada com queijo, a manteiga da fazenda, a igrejinha, os conhecidos, os amados choros madrigais dos filhotes, enfim, a chuva nos traz a nostalgia ou a firme vontade de continuar vivendo. 

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Discriminação.

Há que ter um dia para que a sociedade, de um modo geral, reflita, com seus botões, o quão bom ou mal tem tratado ou destratado algumas de suas partes, como os negros, amarelos, brancos, mulatos e mamelucos, e, mais os que por opção se tornaram minorias, mas que também compõem a enorme massa social, ou, as células deste grande tecido social. O fato é que algumas de suas células mais importantes, como as raças citadas, e, os opcionais, têm sofrido com as sequelas do mal estar social dos que se julgam melhor que os outros, seja a raça, no gênero, nos deficientes, que por si só não conseguem apoio para a satisfação de suas necessidades mais bàsicas. Esse dia há que se ter tempo de sobra, avultando sobre o trabalho, para a reflexão e mesmo para a prática de projetos sociais que vissem a melhoria do bem estar de todos os que compõem esse grande universo humano, tão diversificado, tão sofrido nesses milhões de anos da presença do homem na terra, a gaia sofrida que é inclusa nos menosprezos do homem.
Os índios, mesmo as mulheres, são motivos para um espécie de apparthaid tácito onde veladamente se aceita discriminações e na calada da noite se vota projetos de ódio contra os discriminados. Há que se repensar os conceitos e os valores da palavra amor, palavra difundida à exaustão pelo Mestre Jesus e que com o passar do tempo e a teimosia religiosa esmoreceu e esfriou, para que se cumprisse a Sua palavra profética: 
- Naqueles dias o amor vai esfriar...
Há que ter um dia para essa reflexão, não esse marcado na folhinha ou nos calalendários, mas, um que seja praticado todos os dias do ano, sem marcação, sem as amarras do querer que a discriminação seja eterna e contínua, uma dia eterno onde o homem possa amar a si mesmo.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O início de uma nova era?

Indignei-me com as mortes dos dois policiais federais em combate contra traficantes de drogas, no interior de nosso estado. A operação aconteceu de madrugada. O combate foi totalmente desigual. Os contrabandistas, possuidores de um poder de fogo muitas vezes superior aos dos policiais, atiraram violentamemte contra os policiais no intuíto de proteger seus bens maiores: os quilos de cocaína. Vidas foram ceifadas em troca de cocaína.
Chega-nos a notícia de que as armas, o barco, a proteção de um modo geral, dos bandidos, tudo era muito melhor, mais moderno, mais eficiente. Do lado policial faltava tudo, desde o tipo das armas, mais antiguadas que a dos bandidos, a falta de coletes, blindagem das lanchas, enfim, tudo que se concebe ser de importância vital, na proteção de quem é profissional, vive dessa necessidade universal de dar proteção à sociedade. Os policiais estavam, aparentemente, desprotegidos, mas, ao mesmo tempo tendo que cumprir sua missão, sempre imaginando que o extremo não aconteceria, nunca chegaria até eles, num sentimento comum, conosco não acontece, só com os outros.
O que penso, na verdade, é que vidas humanas, na correnteza desenfreada da violência, da loucura do cada um por si, foram ceifadas em troca de nada. Nada de valor, pois, uma vida, jamais, pode ser comparada a pó de cocaína, ou qualquer outra coisa, pois, nada substitui esse valor. As exclamações mais variadas, como de admiração, de surpresa, de perplexidade, nesta hora, são lugares comuns, pois, refletem apenas o medo coletivo, e, mesmo a reprovação no conduzir das políticas públicas de segurança, por parte dos governos. Não são expressão do verdadeiro anseio de se reprimir o mal como um todo, pois, passados alguns dias as vidas, dos cidadãos comuns, voltam à normalidade.
Essa questão envolve e mexe com todas as políticas públicas que têm um leque de grande espectro, desde a saúde, passando, principalmente, pela educação e os laivos deixados por boas ou más políticas, a distribuição de rendas, a socialização do ser, a busca incessante da vontade de viver em toda a sociedade, as formas de políticas de base, para se poder saber todos os ângulos das necessidades reais da população. Talvez, essas medidas, efetivadas verdadeiramente, amenizassem um pouco as brechas deixadas pela fome desenfreada do poder e todas as suas nuances e quem sabe diminuissem a pobreza, a miséria, o desapego à vida, e, o desprezo pela vida dos outros, e, talvez, pudéssemos alcançar um pouco de paz e que esse fato seja um disparador social para o começo de uma nova era.
Maranata, Senhor.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Sestros

São muitas as manias ganhas no decorrer da vida. Algumas até muito engraçadas. Conheci um rapaz que tinha o hábito de, quando estava conversando com alguém, de ficar balançando-se, para frente e para trás, num gesto, quase teatral que faria qualquer pessoa morrer de rir, se estivesse à distância, obeservando. Sem qualquer cerimônia o sujeito balançava-se prá lá e prá cá. Outro, coçava exageradamente os ouvidos, com a ponta dos mínimos. Era sentir-se só e já começava o comichão. Em ambos os casos, amigos e parentes mais íntimos, se atreveram a interferir, e, com muito jeito, sem querer magoa-los, de uma forma ou de outra, disseram a eles:
- Fulano, Beltrano, vocês têm que tentar parar com esses cacoetes.
Os sestros continuaram, e, até hoje eles sem laivo algum de vergonha continuam, porque não sentem que os fazem, um a balançar-se, outro a coçar-se, alargando o orifício auricular. Conheci outros vícios que convém não mencionar, mas, que mostram, claramente, como é comum os relacionamentos mais ou menos complicados, mais ou menos sujeitos a algum tipo de trauma onde nossos organismos tentam suplantar, na mostragem de nossas fragilidades, através dos sestros, adquiridos, às vêzes, até mesmo depois de adultos.
Deveríamos poder escolher nossos hábitos, pois, certamente escolheríamos os mais sadios, mais edificadores, os mais interessantes, os mais puros, mas, sempre os escolhidos seriam para que com eles pudéssemos induzir os outros não à risadagem, mas, a de fato, repensar ou pensar melhor suas vidas. Nesse sentido, transformaríamos o mundo para melhor.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Tudo por um fio.

A vida tem proliferado de todas as formas e modos, lhana com ela mesma, basta uma brecha no grande processo vital, com suas reações químicas, bioquímicas e biológicas, para que já se manifeste uma nova forma de vida, numa eterna mutação, onde teoricamente há uma evolução no dna dos seres vivos, tornando-os mais sofisticados. Assim é no contante ir e vir dos anos, do tempo que nunca pàra. Em todos os aspectos, nos mais variados graus mudanças ocorrem a todos instantes, tornando a vida humana mais sensível a essas mudanças, quase sem defesas, tal a velocidade com que há manipulações laboratoriais, e, também na própria natureza, o maior Laboratório que existe.
Uma amiga minha, colega de trabalho, adoeceu e ficou sem trabalhar por uns quinzes dias, longos e angustiosos, para ela, que estava internada em um hospital, em um leito de UTI. O que acontecera fora tão rápido e drástico que, profundamente a abatera violentamente. Ela estava com dengue hemorrágica, a pior das dengues, e, para piorar a sua situação os dois pulmões estavam se enchendo de água rapidamente. Ela escapou, mas, patenteou a veracidade de que tudo está por um fio. Ontem saudável, hoje hospitalizada às portas da morte.
Os mètodos de esterilização parecem sofrer com isto de uma forma perturbadora. A autoclavagem dos materiais cirúrgicos se abate ante a velocidade de neoformação celular, proveniente de outras células, diferente daquelas originais e tão virulentas ou mais. Cirurgias não cicatrizam, feridas não fecham, infecções agudizadas, com tendência à cronificação, são efeitos dessa condição de mutação celular. Numa velocidade muitas vezes maior do que a gasta em descobertas para tratamento, o grande laboratório natural se organiza melhor que os dos homens, e, com os conceitos antigos de que a bio diversidade, em toda a sua complexidade, não necessita de um olhar especial e um cuidado extremado com as coisas da terra, do ar, e da água, todo esse conjunto certamente sofre e sofrerá, e, continuará sofrendo a violência com que têm tratado a nossa sobrevivência no planeta, conduzindo-o a um fim.
Ainda há possibilidade de reversão. Todas as cartas estão à mesa. Paguemos o preço do descaso com que tratamos nosso destino e dos nossos descendentes em quanto há tempo de remissão, pois, em tudo, todo sistema tem se ressentido e o homem coloca assim o futuro da descedência em risco e o futuro do planeta também.
Tudo se encaminha para o fim de tudo, por isso, em cada segundo que passa, sem o apêgo material exacerbado, o homem deve viver o momento de agora, mas, com o olhar no futuro, para um futuro onde o reciclar da consciência seja simples como o respirar, e, onde ele possa viver em paz.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Do nada a canelada.

Acordei com o choro de Guilherme. Alerta geral, talvez, ele tivesse caído da cama e se machucado, isso era possível? Ele estivera deitado ao meu lado tanto tempo, sem cair, que nem sei se isto pudesse acontecer. Não, ele tivera fome agora chorava copiosamente. Ou, talvez, eu estivera sonhando e no sonho ouvira o tal choro. Agora o silêncio era grande. Corajosamente abri um dos olhos, pronto para fechá-lo, no caso de ser sonho, para poder continuar sonhando. Talvez, também, pudesse ser a hora da mamadeira, aquela que o neném grita, chora e nada o faz parar a não ser sua comida, quentinha e gostosa, se não, não come, ou toma a mamada. Bom, talvez, fosse tudo junto e eu tivesse mesmo que me levantar e parar de sonhar e encarar o quer que fosse. E se fosse aquele inconveniente número dois? Não, talvez, de tudo que é necessário para o bem estar do bebê esse seja o número que ninguém quer.
Acho melhor abrir os olhos, pensei eu. De repente, novamente o choro alto mais forte, me reclamando por não ter respondido logo no primeiro apêlo. Saltei da cama, em um único pulo, e, pegando-o no colo me enderecei à sala de estar de nossa casa na esperança de ter alguém acordado. Na pressa, dei uma forte canelada na beira de esquina de minha cama com meu joelho esquerdo. A dor, posso afirmar, é lancinante. Fagulhas de fogo percorreram meu corpo e num forte instinto aconcheguei Guilherme mais preso ao meu corpo, para protegê-lo de uma possível queda. Fiquei a pular somente em um dos pés, o do joelho machucado pendurado, precisando de algo que minorasse a dor, mas, naquele momento doendo horrores e eu ali pulando numa perna só.
O Guilherme acordara e ficara me encarando como que em busca de uma explicação lógica para comportamento tão esdrúxelo quanto o meu. Na hora não dá para explicar, só depois, quando a dor melhorou, o galo canelar se aquietou é que pude tentar entender o que acordara o Guilherme. Não tinha sido nada, aparentemente, a não ser o vento gelado do ar condicionado que estivera a noite toda ventando em cima dele provocando frio no seu corpo.
Do nada restara apenas um enorme galo em minha canela esquerda. Que canelada.

domingo, 7 de novembro de 2010

Tudo que fizeres faze com Amor.

"E tudo quanto fizeres, fazei com todas as tuas forças..."
O trabalho só é excelente quando feito com todas as forças do coração, isto é, com todo amor, paixão por aquilo que você se propôs a fazer. A recompensa maior não é o ar de felicidade de quem comprou, alugou, vendeu, emprestou, guardou, mandou fazer, pediu, mas, simplesmente, aquele sentimento de que se fez a coisa certa, buscando a perfeição.
Essa é uma frase do rei de Israel, Salomão, ícone de sabedoria, reconhecido em todos os cantos do mundo. Tudo quanto você fizer faça com amor, pois, esta é a chave para a felicidade. É preferível, quando você está com o coração amargo, triste, cansado, chateado, com fome, sem vontade, não realizar quaisquer obras do que fazê-las com provável má feitura. Pequenos defeitos que em outras circuntâncias não seriam feitos ou apareceriam, logo se mostram quando as coisas propostas para serem feitas, são feitas com desatenção, desamor.
Essas observações são válidas para quaisquer áreas da vida humana, e, junto com nossas consciências de sabermos nossos limites, nossa condição de sabermos exatamente o ponto que ultrapassa nosso saber ou nosso preparo para desenvolvermos isto ou esta ou aquela, ou aquele dever, trabalho, é que nos dá o ponto exato de pararmos e dizermos, se for serviço prestado, que não podemos continuar a fazer, a vender, a alugar, ou seja qual for a atividade, que temos que parar.
Tenho visto, em todas as áreas, a ultrapassagem desse ponto limítrofe e sempre o que vem em resposta são soluções erradas e que de alguma forma causam dano a outro ser humano. Quando isto acontece em bens materiais dizemos que ainda bem que restou a saúde para de novo termos nossos bens de volta, mas,quando se trata da área de saúde, quando na prática da medicina há este ultrapassar, então, os danos são irreparáveis.
Procuremos, então, fazermos nossos trabalhos com todas as nossas forças, todo nosso empenho, toda nossa concentração, com todo amor, para que com esse amor possamos ter consciência do dever cumprido e assim podermos dormir em paz.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Livro: Sonho do escritor.

As histórias vividas e passadas servem, em muito, de fonte inesgotável de aprendizado e inspiração para que possamos viver melhor no presente e projetarmos uma vida melhor no futuro. Aí do homem que não consegue ler sua própria história, e, em sabendo, consiga encontrar o talvegue do rio da vida, onde se navega melhor e mais facilmente. Nada no mundo encontrará o escritor descansando, pois, sua viagem é permanente, sempre com suas invencionices capazes de revolucionar as emoções e os sentimentos, e, portanto, gerar alegrias e tristezas com maestria. Neste sentido, para o escritor, o que é válido é somente a forma e o volume de como transmitir estas histórias para o papel e para o leitor. Isto gera no seu íntimo uma enorme vontade de expansão do pensamento, uma continuidade, num conúbio inexplicável, de simbiose entre o que escreve e o receptáculo do pensamento que é o leitor.
Tenho tido alguma necessidade disso. Às vezes, tão nítida que o volume vem inteiro em minha mente, mas, na velocidade da vida e na pressa de resolução de outras necessidades, há uma perda de conteúdo deste volume e tão rápido quanto veio a idéia desaparece, esvaece-se, sêca e morta e o livro sonhado não sai.
Quantas histórias e estórias vieram e se foram, voando livre como as gaivotas a beira-mar, serenas na maioria, como o canto do uiapuru, que, ao cantar silencia tudo e a todos, mas, dramáticas em outras e também violentas numa outra, assim como um mergulhão que repentinamente lança-se n'água, mergulha e emerge com o peixe pescado ao bico e num enorme esforço voa para fora dali. De todas elas guardo um bocado, e, desses retalhos, quem sabe não sairá um pano de recortes, retalhos que formam um todo bonito, um todo que agrada à vista e ao coração.
Para isto acontecer é mistèr uma trégua entre o labor e o ócio, ache-se, oh! alma, um lugar de maior descanso possível, um lugar mágico onde nada interfira e perturbe, um lugar celeste, um lugar lá longe onde nada desdenhe a poesia e a arte de pintar, de escrever, e, principalmente a arte de Amar.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Os hipócritas.

A tristeza que senti vendo as lideranças evangélicas, nos canais de televisão, pedindo e "profetizando" a vitória deste ou daquele candidato, à cargos eletivos, se empenhando e entrando nas campanhas eleitorais e falando com a voz aveludada e alguns gritando, como se os gritos desse autoridade de profeta às suas palavras, me fez muito mal e serviu para meu afastamento definitivo das igrejas, seja quais forem.
O mais engraçado é que os candidatos majoritários apoiados por essas religões, mas, seitas disvirtuadas das igrejas protestantes e mesmo católicas, não ganharam e como qualquer agremiação cujo líder não acerta nada, em termos de profecia, mesmo quando se dirigem a alguma outra pessoa dizendo:
- Você se indispôs contra o homem de Deus, assim, deve morrer para o temor de toda comunidade.
Ouvi essas ameaças, dirigidas a outros líderes contrários às idéias desses falsos profetas, às vezes em programas de televisão, mensageiros da mentira e desunião, desamor, íntimos do mal, e, sei que alguns morreram porque todos nós vamos morrer um dia, e, serviram de exemplo para o mal, pois, Deus não delega poder a ninguém para matar ou não essa ou àquela pessoa, e, senti o absurdo da idade média instalada nas congreções cristãs, assassinos confessos da espiritualidade alheia.
Dizia que os tais profetas denigrem as sociedades que representam e que querem ampliar, em nome de Deus, e, sabem o mal que estão fazendo nas mentes mais fracas e indefesas provenientes da fraqueza da carga social, da falta de oportunidade, de trabalho, da falta de assistência à saúde, dos que vivem ao Deus dará, indefesos à mêrce da gana desses líderes.
- Óia, parece que estou vendo um deles falando em tom de ameaça, com home de Deus ninguém brinca....
Fico imaginando qual é o limite e até quando, em nome da liberdade de expressão e de fé, esses homens vão continuar iludindo e desrespeitando o sofrimento humano. Me irritei e me zanguei e me insurgi contra essas atitudes ilegítimas e que não têm defesa para tamanho desrespeito à Deus, pois, em nome d'Ele se locupletam de toda espécie de bens materiais.
Chegará o dia em que o leão se deitará ao lado do cordeiro e conviverão em paz, aí sim, Amor sobejará, Amor será normal e comum, sem ameaças, sem falsas profecias, sem a ganância de sempre querer mais, e, de mostrar templos grandiosos aonde Jesus certamente os expulsaria do Lugar Sagrado.
Maranata, Senhor.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O cego.

O carro desenvolvia uma média velocidade. As sarjetas recém pintadas de branco passavam rapidamente pela visão lateral e o motorista atento, atentou para um carro parado no meio da outra quadra a frente. O carro estava parado embaixo de uma árvore e de longe só se via seu vulto, mas, o que chamara a atenção do motorista fora o vulto de uma pessoa do lado de fora, curvado, e, com uma mão gesticulava como chamando atenção de alguém que estaria dentro do carro. Na outra mão parecia que a pessoa segurava alguma arma, não distinguível, mas, com certeza segurava algo. A adrenalina começara a percorrer seu corpo e seus efeitos manifestaram-se. O suor frio, agora escorria livremente por suas costas molhando sua camisa. O instinto de sobrevivência avisava que algo de errado estava acontecendo ali, e, que toda atenção era necessária. O carro agora estava mais ou menos a vinte metros e nitidamente ele viu o revólver na mão do homem que parecia agora gritar a pleno pulmões. O carro emparelhara com o do acostamento e ele olhara para ver o que realmente estava acontecendo. Uma mulher, encolhida ao fundo do carro cobria seu rosto com as mãos, mas, ao mesmo tempo, com os dedos afastados, mostrando parte de seus olhos, esbugalhados, como que gritando por socorro, tentava desesperadamente se fazer endenter pelos passantes.
- Tudo bem, aí? Perguntara o motorista olhando para o homem armado.
- Sai fora, rapaz, dissera o homem se voltando inteiro para o carro do motorista. Ao virar- se o homem puxara o gatilho. O estampido assustara o motorista que abaixara a cabeça tentando se defender. Inútil, essa tentativa. A bala entrara na maxila superior esquerda e perdendo a força não conseguira sair e se instalara muito perto do sistema ótico e por sua proximidade provocara uma espécie de cegueira, e, o motorista tentava desesperadamente ver, olhar e ver a imagem, mas, só uma enorme sombra pairava em sua visão. Desmaiou. A noite caíra totalmente e a escuridão naquele local era quase palpável. Recobrou a consciência no hospital. A princípio tentara retomar a visão do último cenário que vira. A memória, boa, fez-lhe emegir imagens, sons, e, como não conseguia enxergar nada, a consciência, lúcida, começara a cobrar a exata expressão de ver, sem obter nenhuma resposta e só então percebeu que estava cego. Desespêro. Gemeu baixinho.
- Estou aqui, filhinho. Era sua esposa, Sandra. Está tudo bem, querido. Graças a Deus, você está vivo. É um milagre.
- O que aconteceu, Sandra? Está doendo muito. Disse isso e levou essa mão ao rosto. O ouvir a voz dela acalmara mais um pouco. Estava muito assustado.
- Calma, querido. Procure não se mexer. Fique calmo.
O rosto da mulher, naquela expressão, a última visão que tivera, estava fixada em sua mente e agora mesmo aparecia como um filme em sua consciência.
- Será que vou voltar a enxergar? Perguntara ele em sua dor...
Dois anos depois o motorista após um lento e doloroso aprendizado, embora e apesar de sua cegueira começara, com a ajuda de sua esposa, a construir o que mais tarde seria uma rede restaurantes. Resolvera "esquecer" os acontecimentos e se dedicar a alguma tarefa e assim fizera, e, logo no primeiro ano sentira que entrara e estava trabalhando na profissão correta. Ele podia se comunicar com as pessoas, sentir-lhes o astral e suas condições só tocando-lhes as mãos. Sua esposa derá-lhe um filho maravilhoso e saudável, enfim, olhando para trás, podia dizer que era um ser humano feliz, talvez mais do que tivesse a visão perfeita.