domingo, 11 de agosto de 2013

Meu pai.

Homem simples. Desde a idade mais pueril conheceu a pobreza de perto. Sua mãe e seu pai do Maranhão, ela de Viana, ele de Arari, fixaram, primeiramente residência em Arari. Depois com o avançar do declínio econômico em todo nordeste, principalmente no Maranhão e Piauí, resolveram conhecer Manaus aqui no Amazonas. Ouviram falar das maravilhas que a borracha espalhara por aqui. Nasceu aqui em Manaus no ano da Graça de 1925. Homem do bem, ético, com elevada moral, conheceu, um dia a importante relação com Jesus Cristo e manteve-se íntegro por entre seus oitenta e oito anos de sua preciosa existência, logicamente, como todos os humanos cheia de experiências boas e também ruins. Momentos angustiosos. Momentos de extrema alegria. Dessas experiências cinco filhos lhe nasceram: Antônio José, o mais velho, Alexandre, Necil, Manoel do Carmo Filho e Samuel. Forte como um touro, um bull por entre os escombros de uma sociedade em franca decadência moral e ética, espelha, de imediato, a presença de Deus em suas ações na lida diária, assim, tornou-se exemplo para gerações, tanto na igreja batista, com o cumprimento exato do ser cristão, quanto na vida secular, no trabalho, em casa. Lembro de sua chegada em casa pós trabalho, minha mãe já com seu prato de comida, reservado para ele, quentinho, fumegando. Sempre a alegria das crianças. Tomava banho e logo após sentava-se à mesa, orava agradecendo o pão e comia. Almoçava depois de todos, pois, sempre já era bem mais tarde e os afazeres da casa ocupavam o tempo tanto de minha mãe quanto das crianças. Apesar de não possuir riquezas inventava a vida. Todos os finais de semana e em suas férias íamos para os mais variados balneários, fazendas, sítios, enfim, não ficávamos sem estarmos em contato com a natureza. Grande aprendizado. Os natais e entrada de ano novo eram espetaculares. Ele não poupava criatividade. Na igreja participávamos da encenação do nascimento do menino Deus. Cantávamos e lá estava ele com seu olhar aprovador para cada um de seus rebentos. Digo cada um porque todos seria generalidade coisa que em questão de relacionamento, seja em casa seja na comunidade que teve o privilégio de mais conviver com ele, a primeira igreja batista de Manaus, ele não admitia. É de sua natureza, implicitamente, a questão ética. Sofre com a deterioração dos valores sociais. É pela vida, nunca pela morte, em nenhum sentido. A tentativa de santidade é expressão de sua vida, sofrida, alegre, sempre com o foco em Deus, sua meta maior. Por tudo isto e mais o que não é isto, meu pai, Manoel do Carmo Neves Silva, agradeço não só a minha vida, mas, o privilégio de conviver com você, de esperar sempre o abraço e cumprimento carinhoso: - E aí, rapaz?... Feliz dia dos pais...Rapaz.