domingo, 19 de julho de 2009

Rottweilers.

Um dia fui criador de cães. Minha raça predileta era o rottweiler, uma raça super estabilizada, que, ao longo do tempo desenvolveu uma enorme empatia com os seres humanos, numa adaptação quase perfeita entre o dono e o animal. A inteligência do rottweiler é algo superior, comparado aos outros da espécie. Ele fora cão de pastoreio no império romano, servindo para guardar o rebanho nos campos. Ótimo amigo passa uma confiança de que alguém está com você para o que der e vier. Quando com raiva ninguém o segura, ataca o oponente com uma enorme força física, com uma mordida que chega a alguns quilos de força, imobilizando, quase sempre a presa, sempre tentando defender seu dono ou seu território.

Lembro de alguns momentos importantes para mim e para o Xandir, este era o seu nome, nome esse imposto pelo canil, de onde ele fora adquirido, e, um desses foi quando um domingo, no qual saímos para irmos ao sítio, e quando voltamos aquela festa diária, de boas vindas, não ocorreu, assim, sai procurando-o por toda parte, até achá-lo em estado comatoso, no fim do quintal da casa. Estava imóvel, tanto, que julguei que estivesse morto, tal a imobilidade. O susto foi tamanho, seguiram-se pensamentos desastrosos, porque, examinando-o amiúde observei que o seu pescoço estava muito edemaciado, com uma enorme marca, como se ele fora laçado e içado, pelo parecia, para cima do muro que circundava nossa casa. Liguei imediatamente para o veterinário e amigo, Dr. Rubens, que me aconselhou a fazer um antibiótico bastante forte juntamente com antiinflamatórios. Corri até a farmácia mais próxima, na ansiedade que o momento exigia e comprei-os. Levantei sua pele e intradermicamente, introduzi os medicamentos sem provocar nenhuma reação por parte dele. Nem um leve tremor pela introdução da agulha, enfim, nada que identificasse sinal de vida, aumentando minha preocupação e angústia.

Dez dias depois, repetindo esse ritual pela manhã e pela tarde, quando suspendi a pele para a injeção ele abriu os olhos e levantou um milímetro de cabeça, na direção da agulhada, como que reclamando de tal intromissão. Quase morri de alegria vendo meu amigo retornar, pois, naquele momento senti que ele não mais morreria, por conta desse caso. Acho senti a mesma emoção do pai que recebe o filho de volta depois de longa ausência entre eles. Lá estávamos nós outra vez prontos para partilharmos nossas vidas para o que desse e viesse. Quase um mês depois, sentado no pátio de casa, em uma cadeira de macarrão, observava os movimentos ágeis e atentos daquele magnífico representante da espécie canina.

Que bom, podermos nos enternecer por outras espécies sabendo que a energia que nos move é literalmente a mesma que move e dá vida a elas. Que bom poder perceber, que, não somos o centro do universo, essa soberba que acompanha os homens cristãos desde as interpretações intempestivas e errada dos patriarcas.

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