quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Viver, o que é?

Teimo em não saber viver. Tomo vinho errado, como por exemplo, um tinto da uva tannat, que de todas as uvas é a que tem mais revresterol, um potente anti-oxidante, acompanhando carne branca com maionese. Não combina. Os sabores não se fundem e a gente tem a sensação de frustração por estar tão fora do contexto tanto de vinhos quanto quaisquer outros. Vivendo assim tenho inveja dos que conseguem viver enganando os outros e conseguem que nada lhes aconteça em termos de julgamento, dos que odeiam o próximo a ponto de programarem suas mortes, dos que não sentem sensibilidade com nada a ponto de jogarem os pais em um asilo e acharem tudo muito normal, dos frequentam a igreja, que se julgam Deus, e enganam a si e aos outros com falsas doutrinas e prometem fazer o que não podem; tenho ciúmes de quem diz que gosta de você, mas na verdade não o suporta, fico empolgado com a rápida subida ao poder, de toda espécie, e, não tem um pingo de compaixão por ninguém, mas, dizem que têm.
Todo dia digo, a mim mesmo, que vou ser insensível, que não vou amar mais, e, vou me esquecer dos que mais próximo estão de mim, vou ficar independente, e, que nesta independência nada pode me brecar, nada pode me alcançar, nada pode me ferir. Assim, sou ferido, tudo me breca, tudo me alcança e nada acontece. O que será viver? Viver é isto? Ser o que não sou? Ou sou, ou vivo só de venda de imagem? Sou bonzinho? Sou mau? Será que sou mais hipócrata que todos os outros, no mundo? Nunca serei santo. Nunca poderei amar de verdade? O dinheiro e glória do mundo me satisfazem? O ódio é o meu colar e ando com ele o dia todo. O que será viver? É procurar ser autêntico? Sou autêntico? O que sou eu? Ou estou apenas cansado?
Acordo e vejo que continuo sem entender nada. Sei que a única verdade absoluta é a morte e que nela o resumo da vida se faz irônico. Se sou mau, não presto, mas, se sou bom e presto morro do mesmo jeito. O sol se põe para todos, maus e bons, diz o eclesiástico. Tanto faz.
Ensina-nos, ó Deus, a contar nossos dias para que alcancemos corações sàbios.

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