sexta-feira, 26 de março de 2010

Darcy Humberto Michiles

Melhor que uma tarde inteira trocando idéias sobre os mais diversos assuntos e usufruir da presença amiga de um amigo é somente a presença física do próprio amigo, no caso o meu amigo Humberto Michiles. Encontrei-o no café, Café do Ponto do shopping Manauara. Saboreamos o incrível cafezinho do Ponto e pude usufruir de sua conversa fluente, amiga e inteligente sobre os mais diversos assuntos, inclusive de um que muito me emociona em todos os momentos que é conversar ou falar sobre seu pai: Darci Humberto Michiles. Senti na pele ou na minha vida o que é ser atendido ou prestigiado por uma pessoa que teria o dom, dádiva de Deus, de servir aos outros sem a devida retribuição.
Conto melhor. Um dia, em Maués, uma cidade do interior do Amazonas, rica em praias e divertimentos, café e guaraná, eu estava na frente de uma dessas personagens, o deputado Humberto Michiles, pai do novo deputado, com sua autoridade inconteste, talvez por sua enorme altura, considerando minha própria altura e pessoa, e, eu com muita fome, pois, passara o dia longe da casa principal e agora, naquela tarde, disfarçava a fome olhando para o pastel que me parecia delicioso, mas, que custava o dobro do dinheiro que estava no meu bolso, e, longe de mim exposto na redoma do armário da lanchonete, ali na minha frente, perto do lugar onde estávamos.
- Alexandre, como vais tu? Queres alguma coisa? Rapaz, perguntara ele.
Eu olhara para ele, intocável, enorme em sua pose de líder inconteste, pois era um homem alto e grande, sem saber exatamente o que responder, pois, o que eu queria era exatamente o pastel que gostosamente se expunha na redoma de vidro da lanchonete.
- Tudo bem, senhor, dissera eu.
- Olha, toma este dinheiro e compra para ti um pastel para teu lanche.
Fiquei abismado, pois, era exatamente o que eu estivera especulando e esperando. Queria comer aquele pastel. Lá estava ele impassível tostado e esperando que alguém tomasse a liberdade de comê-lo. Nunca imaginei que alguém tivesse a sensibilidade que o Seu Darcy tinha. Peguei o dinheiro, instintivamente, e, entrando na lanchonete disse:
- Me dá aquele pastel, disse apontando para aquele que eu queria.
O homem, detrás do balcão, colocando-o dentro de um saco de papel, entregou-me e disse:
- Dois dinheiros.
Entreguei o dinheiro e correndo me escondi em algum lugar para saborear tal guloseima. Delicioso como algo que nunca mais comi na minha vida.
Tem pessoas especiais que têm esse dom de Deus: saber e conhecer as necessidades reais na vida de outras pessoas. Obrigado Humberto Michiles por ter me concedido a honra de conhecer e conviver com pessoa tão importante como seu pai: o velho Darcy Humberto Michiles, sujeito simples e justo que tinha o sentido do querer das outras pessoas. 

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