quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Saudade.

Ah! Beatles da minha puerícia e começo de minha adolescência, tão ricos em ensinamentos tendo o questionamento como o cerne da comunicação, comprometimento que acabou por acompanhar-me pelo resto da vida. Agora mesmo ouço Paul MacCartney cantando Yesterday tão claro e sólido como o grito do Help pedindo ajuda a quem pudesse ajudá-lo e agora que minha vida parece se apagar nos caminhos da vida grito, também, help bem alto a ponto de minha filha sentada ao meu lado me olhar assustada, explico, é que estou com o alto-falante de ouvido no máximo e, então, falo, falo mais alto que o costume. Help me, anybody... Vou falar mais baixo, prometo.
Miss Lizzy, ô rock bom. I want to hold your hand… A tickect to ride, In my life, a minha predileta, I need you… You don’t realize how much I need you… I need you. You gonna loose that girl, sim vou perder aquela garota, sim vou perdê-la, mas, outras aparecerão. Sim é a vida. Minha filha faz um sinal para cantar mais baixo. Estou perturbando. É nímio de implicação. Estou flutuando e a cabeça rodando em uma velocidade incrível, que coisa linda, tenho que baixar o som e tentar falar mais baixo.
Beatles que mudaram o mundo e a mim, ei, parece que o Mozart se intrometeu nas músicas dos Beatles. Sai Mozart. Caramba, essa lista está uma bagunça, imagine que agora quem canta são os Cantores de Ébano, Green Fields, flutuo mais, e, vôo mais longe, volto à minha infância, Tony, meu irmão mais velho, que vocal, sentados, um de frente ao outro, na sala, que eu não sabia que um dia ao regressar ... e que o encanto, a paz e o calor tornar-se-iam em pranto e amargo. Que santa bagunça. Ô leva eu, minha saudade.
Ah! Taiguara, hoje trago no meu corpo as marcas do meu tempo, o fim do mundo, olhar de imagens distorcidas, minhas mãos enfraquecidas e vazias... noites frias sem você... tenho medo, acordo e te procuro, hoje... Que lindo, continuo a procurar para sempre, é sorte eu não queria e não quero ver a juventude assim perdida, e, continuo procurando uma gente que não viva só prá si. Gente amarga é o que mais tem no mundo, nessa vida sem amor. Ficamos cegos sem amor.
Saudade de um tempo que se foi, de tantas Marias, luas, praias, areias, noites de verão, água, luar, seios doces, lugares que passaram, violão, e, cachaça. Noites quentes, sonhos, esperanças, juventude.
Acabei aprendendo a ser humilde como nossa gente que vive nos bairros, nos interiores, nos mais longínquos rincões de minha terra. Tentando recuperar as ilusões de que um dia tudo vai mudar prá melhor. O que resta é a realidade do amor no corpo de uma mulher, amanhecendo o dia, que bom, ver o sol nascer.
O passado foi muito bom, mas, o futuro vai ser melhor por causa do presente autêntico, esse que vivo hoje e agora, que é o melhor momento de todos, com minha família, filhos, netos, consubstanciando, solidificando as relações para sempre, para mais tarde sentir saudades. Saudades.

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