domingo, 22 de novembro de 2009

Cem, cem por cento, cem.

Esta é minha centésima crônica, por isso é uma crônica de reflexão e de retrospectiva, sem a veleidade de ser laivo de supra-sumos ou panegírico pessoal, não merecedor, que sou, é claro, de nenhum reconhecimento por parte do leitor sempre crítico e responsável, sabedor de suas obrigações enquanto leitor e que voluntariamente se dispõe a leitura desses contos e crônicas, umas sérias, outras superficiais, outras sem mensagens, outras incúriamente vestidas, sem a preocupação da construção da escrita tradicional, outras incuriosas, talvez pela inépcia do escritor, outras de puro prazer pessoal do autor. Enfim, seja como tenha sido escrito, eles têm em comum a boa vontade de tão somente conduzir o leitor à reflexão pessoal em todos os assuntos até aqui escritos, seja no conjunto do assunto familiar, tão forte no escritor, seja nas incursões filosóficas e mesmo sociológicas e tentativas, na maioria inconclusivas, de desantropomorfar, tirar o enorme complexo de superioridade do homem em relação à natureza, por si considerar o centro da criação, a principal criação de Deus.
Alguns meses transcorreram desde que algumas pessoas incentivaram o aparecimento do blog. O começo, difícil de por na tela do computador o pensamento exato do pretendido, do pensado, depois, uma facilidade maior e os presentes ganhos de leitores, amigos, que a guisa de incentivo, acabaram incentivando de fato o amadurecimento do contocronica.blogspot.com. É lógico que a redação segue o curso do rio caudaloso da criação, que nunca pára, como a correnteza do rio que segue marcando terras e deixando sua marca nas beiradas da terra, e, a percepção da vida de quem cria intrinsecamente ligada às ondulações do humor, conhecimentos, relações, clima, viagens, sonhos, e, o mais importante de todas as percepções, a sensação da solidão, quando tudo está planado, os montes lisos, sem elevação, o solo liso, dramaticamente hostil, a terra encontrando o céu lá longe no horizonte, onde nem sempre o céu é azul, lugar comum a todos os seres viventes, lugar de onde a criação brota como uma fonte de águas sem fim, e, encontra-se a sensação que Jesus descreveu como “as raposas têm seus covis para dormir, mas, o filho do homem não tem onde descansar..”. Para o ser humano não é dado o descansar, somente o trabalhar, onde as coisas principais são esquecidas, como a morte, esse único fato real da vida, disfarçado constantemente em todos os níveis de relação. O trabalho desliga o cérebro da atenção do principal, a vida, onde o tempo não existe somente o viver e o viver bem, na procura incessante de respostas para essa mesma vida.
Cem, cem contos e crônicas. O tempo, que não existe, passa rápido. Aproveito para escrever o que tem e vem no pensamento, aproveite o que é para aproveitar, despreze o que é para desprezar; o que é curial da existência é o viver intensamente o presente, este tempo que se chama de agora.
Viva a vida.

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