segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Dia calorento.

Depois de um bom cafezinho, no Café do Ponto, no Manauara, segui direto para a fila do banco para o pagamento da última parcela do imposto de renda deste ano. Quando adentrei no tal banco, a fila desanimante me convidou a deixar para outra hora o pagamento, mas, a veleidade da ação me compungiu a continuar adentrando para meu posicionamento na fila, com mais ou menos umas cem pessoas. Em tal multidão de gente não podemos e não devemos detalhar nada, a não ser as pessoas que estão mais perto de nós, ali sendo massacradas tanto quanto nós. Assim, é de rir, para quem está ali simplesmente para pagar, sem a preocupação de ter que correr para outro lugar após a façanha, e, se despreocupar, pois, certamente a hora irá avançar continuamente sem a intervenção de ninguém.
A senhora que estava á minha frente, vestida com uma camisa vermelha florida, estava falando ao telefone e parecia com raiva, sem paciência com o interlocutor:
- Já disse que não vou poder sair daqui agora. Mais tarde ligo e digo para onde estou indo.
- Não, a fila, pois estou no banco está muito grande. Não dá para dizer a hora que vou sair daqui, dizia outro senhor, na curva da fila, à direita e que agora quase assomava a entrada das cordas que canalizavam as pessoas até os caixas.
Outro, atrás, dizia, ao telefone, que não poderia pagar hoje o compromisso, pois, não sabia a hora exata da saída do banco que ainda estava apinhado de gente.
Olhei para frente e vi, no caixa, um homem, por volta de seus cinqüenta, tentando receber dois cheques e simultaneamente depositar uma quantia de dinheiro. O olhar da moça da esquerda, quase na saída das cordas, já perto dos caixas era de ódio, pelo menos uma espécie de ira, pela demora provocada pelo homem, que agora insistia em pagar, depois do depósito uma conta e como ainda não houvera compensação dos cheques estava com a conta sem provimento e não conseguia entender tal procedimento do banco. A moça tentara por duas vezes interferir na negociação, mas, contivera-se.
- Um absurdo, dizia um rapaz, com o cabelo cortado bem baixinho, o que acentuava seu nariz e sua testa, que agora estava molhada pelo suor, comum a todas as pessoas e no abafado do ambiente a irritação era algo comum, uma vez que apenas dois caixas não eram suficientes para o atendimento de tão grande multidão.
Os guardas, seguranças do banco se desdobravam, tentando perceber algo diferente em cada cidadão ou cliente. Uma pessoa tentara entrar no saguão do banco, onde ficavam os caixas, com o celular na mão esquerda, e, quando o guarda viu, imediatamente, acionou o botão que breca a porta giratória, travando-a imediatamente. A pessoa olhou para dentro do salão à procura de uma resposta lógica para tal procedimento, mas, tivera que voltar a trás e depositar seu celular em uma caixa de acrílico, à esquerda da entrada.
Agora eu tinha avançado uns dois metros à frente e a moça raivosa mantivera a posição quase a entrada dos caixas, um pouco mais a frente. Os caixas estavam visivelmente irritados, com o calor, pois, o ar-condicionado central não estava funcionando a contento e não havia realmente refrigeração suficiente para o mínimo de refrigeração no tocante a quantidade de gente no saguão.
- Vamos sair daqui de noite. É um absurdo, deviam colocar mais caixas à disposição dos clientes. Que gerente incompetente. Devia ter mais caixas.
- É verdade, disse um senhor de idade, que sem motivo, optara a entrar na fila normal, evitando a sua fila menor, o caixa para a terceira idade. Bastava um telefonema para o Procom para que este banco fosse multado. Deviam ligar.
Uma senhora aparentando menos que sessenta anos, agora, gritava bem alto:
- Tenho problemas de saúde e meu marido que não mora aqui tem receber este dinheiro hoje. Socorro, alguém me ajude... Gritava chantageando a todos.
Alguém se apiedando de sua situação, sem querer inana, dissera ao gerente adjunto:
- Por favor, deixe que ela entre na fila dos idosos e seja logo atendida.
Depois da aquiescência do subgerente ela acomodou-se na vigésima posição da fila dos idosos, sempre falando alto, dizendo de sua doença, que podia morrer a qualquer momento e falou até um tempo depois e então se calou.
Um homem entrara no salão e queria a todo custo falar com o gerente, pois, a máquina, lá fora, em outro ambiente, negara-lhe o depósito do salário e como todos os seus amigos já o recebera e ele não o desespero tomara conta dele.
O rosto denotava toda irritação que devia ser direcionada para a empresa onde trabalhava, mas, que agora era totalmente direcionada para o banco, que sem ter o que explicar apenas dizia que o dinheiro ainda não fora depositado, o que aumentava a irritação do homem, que resolvera sair inconformado excomungando a todos os funcionários.
Eu estava agora a duas pessoas do fim das cordas. O senhor a minha frente dizia:
- Deviam ter posto mais um caixa. O calor aqui é insuportável.
- É verdade, disse eu.
A senhora da frente foi atendida e logo depois o senhor a minha frente. Depois a minha vez. Fui atendido e paguei o pesado imposto de renda, no caixa, que coitado tentava ser maleável e atencioso com os clientes, sem a mínima condição de sê-lo.
Sai dali rápido, encharcado de suor, com a cabeça necessitando de um bom sorvete da Kibom, ou quem sabe um bom açaí. Enderecei-me a praça de alimentação do shopping e pedi um açaí com leite moça e tapioca. Que bom pensei e me senti reconfortado.

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