quarta-feira, 13 de maio de 2009

Filhos e Netos - 3ª Parte


A Maysa é minha filha do meio. Nasceu em setembro, igual ao mês de nascimento da Gabriela, sua irmã mais nova. A mãe deu-lhe o nome. Quando era bem pequenina, ainda não tinha um mês de vida, lá por volta de uma hora da manhã, ela acordou, e, num pranto incontrolável, a todos nós que estávamos em casa. Pensei que era dor em algum lugar, pois, tinha acabado de mamar. Tomara uma mamadeira cheia, então, não podia ser fome. Fiz junto com D. Maria, tia da Socorrita, tudo o que sabíamos para que a criaturinha parasse com os gritos, choro tão alto que julgava a vizinhança certamente estaria também sendo acordada. Eu no segundo ano básico de saúde, me achando o tal, o mestre dos mestres, falava que a trompa de Eustáquio deveria estar entupida com alguma secreção o que produzira a dor de ouvido, ou talvez fosse água acumulada no ouvido médio fazendo tampão na trompa. O fato era que algo, no meu entender, estava obstruindo a tal trompa. A menina agora berrava mais alto. Depois de ouvirmos os gritos por mais de uma hora, fazendo um total de duas horas de berreiro, resolvi que o melhor era levá-la à casa dos seus pediatras, a Lurdes e o Luis, um casal de neonatologistas, recém chegados aqui, e, que tinham salvo o Alexandre Filho, quando do nascimento dele de um parto prematuro e ele também, de sete meses.

Entramos no carro e loucamente dirigi-me a casa dos pediatras. Chegamos e logo descobri uma campanhinha, escondida à esquerda do muro, no portão principal da casa. Apertei a campanhinha umas trezentas vezes até ver uma sombra na janela da sala principal da casa. Se fosse outra hora teria morrido de rir. Era o Luis, estava com o cabelo esgrouvinhado, todo para cima e com a fácies do sono.

- Quem está aí? Ele perguntou.

- Sou eu, Luis, o Dr. Alexandre, dentista. É que... A porta se abriu e ele pediu que entrássemos.

- Luis, essa menina não pára de chorar há mais de duas horas. Sem parar.

O médico, então, começou a fazer o exame. Minuciosamente examinou-a, e, em passando o dedo indicador, sem querer, perto da boca da pequena ela num impulso abocanhou e começou a sugar-lhe o dedo.  

- Alexandre, vai para casa e dá comida para essa menina que ela está faminta, está com fome.

- Doutor, D. Maria falou, ela acabou de comer. Luis disse então que algumas crianças comem mais que outras e que neste caso o que tinha que ser feito era alimentar a criança na necessidade do organismo dela.

Agradecemos e voltamos sem dizer nada um para o outro no carro.

Já com uns cinco anos, toda cacheada, uma fralda a aumentar-lhe o bumbum, ela gostava de vir andando de costas e se encaixava em nossas pernas até que a pegássemos e a colocássemos no colo. Cresceu assim, formosa, simpática, bonita, charmosa, linda, carinhosa, amiga, pronta para ser o que quisesse ser, e, ela escolheu ser engenheira de computação. Passou em primeiro lugar no concurso do INPA, em sua área e hoje está fazendo mestrado em gestão de sistemas em Curitiba-PR. Tenho maior orgulho da inteligência e o ser feminino que ela tem. Ainda não me deu netos, mas, qualquer hora, qualquer dia, com certeza dará. Aguardo com o mesmo amor com que aguardei os outros três.  

2 comentários:

  1. Um texto entremeado de cores vivas e tons de ternura. Quem de nós, casados, não teve também momentos de desepero diante de certas situações com os filhos pequenos? Certamente que experriências como estas são características de marinheiros de primeira viagem na criação dos primeiros filhos.
    Maysa, certamente que cresceste e te tornaste essa pessoa madura e cheia de bondade que és.
    Parabéns pela homenagem.

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  2. Oba, uma crônica sobre mim! heheh
    Adorei, pai!!! Mto bom!
    Beijos p todos aí em Manaus
    Saudades!

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