quarta-feira, 13 de maio de 2009

Canção para Alexandre Neto dormir; Solidão.

Esta canção fiz para o Alexandre Neto dormir. Na verdade não sei fazer poesia muito menos compor música. Foi feita com tanto carinho que resolvi publicar. Foi uma experiência muito bonita para mim. Dou graças a Deus pela vida de todos os meus netos, mas, nesta época, quando só existia ele, fiz para o reizinho que reinava a casa. Com afeto e com carinho:

 

Canção para Alexandre Neto


O sol já foi embora

A lua apareceu no céu

A estrela já brilhou

Dorme meu amor.

 

            Dorme cachorrinho

            Dorme cachorrão

            Dorme meu bebê

            Dorme assim tão lindo

            Dorme cachorrinho

            Dorme por favor.

 

Lá fora é escuro

E faz muito frio

Aqui dentro tá quentinho

Dorme meu neném.


 

Soneto da Solidão.

Publico também uma elucubração, uma noite de solidão, que, acaba por durar, se bem pensado, a vida toda. Só a idéia de um suporte Maior, um apoio, um Algo que preencha todo o ser, pode fazernos seres completos. É só para pensar.

Solidão.

Já se passaram 57 anos desde o meu nascimento. O tempo passa inexoravelmente sem parar.

Lembro de minha infância com meus irmãos e meus pais, da luta, infinda, pela sobrevivência, a beleza da vida pela frente, a promessa que tudo vai ser bom, a escola, os colegas, as meninas,

 a bebida, o sonho de ser, o sonho de ter, o jogo de petecas, a barra bandeira, a manja pega, a cadeira de balanço na porta da casa, as amigas de mamãe, as tardes depois da aula, os colégios, os amigos, que velocidade, corrida para nada, sonhos para nada, só correria, só querer.

O Rio de Janeiro, 1960, ano bom. Botafogo, senador Vergueiro, as favelas a se criarem,

as gaivotas, o começo do aterro, a Baía de Guanabara, os barquinhos, o vento do mar, cheiro bom de maresia. Sedimento de valores e sentimentos. Tantos anos, a fumaça chegando com o trem,

 o picolé, o gelado da Kibon, os sonhos da padaria, o Cristo redentor, Ilha de Paquetá, as barcas de Niterói, cidade boa de morar.

Faculdade, sonhos mil, medicina, odontologia, a vida, a morte. O olhar, reciprocidade, chamego, namoro, casamento, filhos, netos.

 O rio não pára, a correnteza aumenta dia a dia, tempo de estudo duro, de trabalho, formatura, mercado de trabalho. Pacientes, dinheiro, insinuações, namoros, mocidade, diversão, bebidas, carros, viagens, ponto de chegada, ponto de interrogação.

Tudo se corrompe se degenera, a mente, o corpo, os sonhos, as percepções, o que vale, a ética, a moral, venda de imagem.

 Rosto da madrugada, corpo suado, realidade, meninos, esposa, trabalho, contas. Brigas, acertos de conta, telefonemas, bagunças, vidas atrapalhadas. Decepção, volta atrás, não, para frente é que se anda. Solidão.

Cercado de gente, gente fina, e, gente grossa. Solidão. Não se completou, não encheu a panela. Tanto causo como sou a própria solidão.

 O sol brilha, às vezes, noutro dia a chuva cai sem parar, o motor do barco, o vento forte, as lonas a chorarem, o vento a bater, as ondas, vento forte, chuva, tempo de chorar. Solidão.

Solidão é não ficar sem ninguém um momento sequer, é querer estar e não estar, é estar só.

2 comentários:

  1. É verdade. Uma das maiores enfermidades da alma é a solidão. Às vezes, estamos mesmo rodeados de pessoas, participando de eventos sociais tocando e ouvindo gente, mas dentro de nós, é como estivéssemos em uma ilha deserta no meio do oceano. Precisamos transformar nossa solidão em solitude, para assim ouvirmos a voz de Deus em nosso interior, querendo quebrar o silêncio mortal e nos convidar para uma longa conversa a dois, na sala-de-estar de Sua Casa.

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  2. Pai, q fofinha essa canção de ninar que o sr fez... já fiz o Xandre, o Enzo e o Biel dormirem com ela! :)
    Beijos

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