sexta-feira, 11 de setembro de 2009

D. Nahyde, minha sogra.

Trago à baila, de coração, uma lembrança que jamais poderia deixar de lado porque faz parte integral de minha vida e como tudo que acho importante na vida, não posso abrir mão dessas lembranças, refiro-me a minha sogra, D. Nahyde Alves da Conceição, e, pelo tempo que convivi com ela, posso garantir-lhes como sendo minha segunda mãe, por seu interesse em minha vida particular, a ênfase, curial de boas pessoas, no incentivo pelo que é salutar e construtivo, tanto individualmente quanto para a família. Seus ensinamentos vinham de sua própria vida prática de mulher do interior, acostumada às intempéries do interior, na rigorosidade do sobreviver, porquanto, e, apesar de tudo, em todas as dificuldades prevaleceram sua inteligência e sagacidade que tratou de passar para os filhos e quiçá para o marido que não lhe correspondeu por conta da atribulada vida de viagens sem fim pelo Juruá afora, nos batelões, levando e trazendo produtos que garantiam a sobrevida de muitos lugares, seringais, vilas, agrupamentos etc..., e o seu próprio e de sua família, lá longe, para dentro da floresta inexpugnável, mas, que se dobrou à valentia e a força de vontade do Sr. João Alves da Conceição, meu sogro, esposo de D. Nahyde, e, colonizador, desbravador das terras interioranas.

Seu João, como costumava chamá-lo, mandou entre tantas coisas do interior umas mantas de pirarucu seco. Era uma festa, prenúncio de pirarucu de casaca, pirarucu desfiado, e, outros tantos pratos que só ela sabia fazer e que solidificados em nossas memórias não encontram similares.

O casal se separa para que a família pudesse sobreviver, pois, os filhos encontram-se em fase de estudo que em Eirunepé, cidade basilar da vida do casal; D. Nahyde, interprete da visão futurística do casal, embarca para Manaus e vai morar, viver e morrer na velha casa da Leonardo Malcher. Casarão da época da borracha acolheu praticamente toda a família, principalmente de D. Nahyde, e, majestosamente, elegantemente aposta no ponto alto da rua, era alvo de imprescindível de quem por ali passasse. D. Nahyde a mantinha rigorosamente limpa, pronta para receber, a qualquer momento seu amado, que quando chegava mais parecia um furacão, consertava tudo que ele observava quebrado ou necessitando de pequenos reparos ou o que D. Nahyde se queixara. Era o telhado, o piso, o balcão, a casa do cachorro, tudo era motivo para a recuperação por parte de Seu João, que não dava trégua aos empregados.

- Fulano, pegue isso. Sicrano faça aquilo, olha o portão, olha isso, olha aquilo e assim seu tempo era todo preenchido na veleidade de dar mais conforto à família no estio, quando ele não estava do lado dela.

E, enquanto, Seu João cuidava da parte material, lá estava ela, D. Nahyde, a antecipar todas as percepções más ou boas, bonitas ou feias, sonhadoras ou não, a cuidar do bem estar de todos. Claro que isto tudo gera um desgaste muito grande na persona, e, nela, isto não fugiu à regra. Passados tantos anos de convivência tão boa para todos, ela fez um AVC e partiu, seguiu o caminho dos iniciados, dos salvos, dos que, em relação com Deus, são presenteados com as regalias do porvir. A vida de D. Nahyde inspira a todos que com ela conviveu. De minha parte, fora a saudade, sinto muito a falta de seus conselhos, de sua ternura, às vezes expressada de forma mais contundente, de seu grande amor às outras pessoas, por isso, ainda choro essa separação, e, me lembro dela com amor e carinho que só dispenso a pessoas que amo. Como teriaga, para este tipo de envenenamento mental, sublimo pensando que um dia nos encontraremos novamente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário