segunda-feira, 19 de abril de 2010

A alegria de viver.

A alegria de viver é intensa em quem tem uma visão de equilíbrio entre os desejos do corpo e os desejos da alma, alma aqui entendida como a vontade intrínseca do desejo de transgredir a ordem natural das coisas. O corpo quer por quer obedecer ao mandamento inicial de Deus:
- Crescei e multiplicai...
Isto significa uma visão totalmente desprovida de leis regentes do que é natural. O homem andava nu no Éden sem se aperceber da sua nudez, até que a mulher provando ou se deixando levar pelo apelo veemente da alma desobedeceu à ordem primordial, feita para ser transgredida, de não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, pois, se assim procedesse certamente seria igual a Deus conhecedor do bem e do mal. A alma transgressora na essência, anseia pelo descumprimento da ordem inicial, sendo assim, mesmo quebradora de leis e normas, pois, executa o que tem que executar.
A evolução humana reside exatamente na quebra das leis e normas, o que gerou uma necessidade de reorganização social com uma proposta de equilíbrio entre as partes: o corpo e a alma, o desejo de continuamente executar a ordem inicial e a transgressão dessa ordem sem a qual o homem não teria chegado aonde chegou. Isto não é antagônico ao cristianismo porque cria uma nova visão onde o homem se diferencia dos outros animais por sua condição de poder transgredir, quebrar leis e normas, no entanto, assegura-lhe a mesma natureza do que há de vida no planeta e no universo, sendo os animais ditos irracionais, puros nas suas existências, em um equilíbrio muito maior que os humanos.
Dessa necessidade de equilíbrio social nasceu Jesus Cristo talvez o maior transgressor desse equilíbrio, rompendo os laços dos descaminhos com sua retórica e novos mandamentos, e, principalmente, se declarando caminho, verdade e vida, como uma única solução da possibilidade do homem poder chegar a este equilíbrio, como a pureza, uma proposta de volta ao Éden. Este anseio de equilíbrio social é tamanho que em transgredindo a natureza corpórea do homem e dos animais, a própria alma anseia por uma eternidade onde a necessidade real de transgressão já não exista, o que seria a verdadeira idéia de céu, um local sem consciência de corrupção e suas variações destruidoras. Esta idéia só se alcança por meio da fé, elo imprescindível para uma nova natureza, um novo equilíbrio social. A fé vista como uma cola entre o corpo, que anseia a multiplicação e crescimento de si próprio e a alma com sua vontade transgressora. Fé como ponto de equilíbrio, capaz de mutar, de transformar através do equilíbrio dessa forças, um em outro corpo não tão ansioso pela multiplicação e crescimento de uma espécie amadurecida para uma fase de vida quase ou sem nenhum desgaste, sem materialidade, somente possível através da fé.
Erros e acertos se desenham na história do homem. Ora, desses erros há resultados transformadores da mente e corpo, descortinando uma nova vida. Não há amor ou amizade em nossa profunda necessidade de sobrevivermos, se assim não for, a necessidade não era profunda. O amor passa a ser assim uma invenção do corpo para alma transgredir melhor.
- “E vos deixo um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei...”, palavra de Jesus nos encaminhando para um começo de uma nova vida em comunhão com Deus.
Eis que a fé introduz um conceito novo nesse emaranhado de vontades. Um que supera todas as necessidades: amar como um ato de maior valia nas necessidades, as mais cruentas, as mais bestiais, como a fome, as vítimas de terremotos, de guerras, da desumanidade do ser humano sem essa fé que reequilibra o homem, transformando-o na mais pura forma de viver que é viver sem necessidade de sobrevivência, isto é amor, viver em alegria no céu.
Maranata, Senhor.

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