segunda-feira, 15 de junho de 2009

Racionalismo Cristão.

O racionalismo moderno, este que vivemos agora, em 2009, amadurecido por tantas decepções nas áreas que poderiam ser apresentadas como verdadeiras, e, que não têm dado resposta satisfatória ao simples anseio da existência, como a religião, considerando religião a busca incessante do homem da eternidade, felicidade, conhecimento, poder, estabilidade, ânsia de comunicação com o que aparentemente não existe, enfim, um querer conhecer-se, sem que os caminhos até agora traçados representem nenhuma resposta à angústia do homem, de ser somente humano, criatura ou não, simplesmente um animal extremamente predador e que egoisticamente não concebe outra forma de vida que não aquela que derrota tudo que está à sua volta, em nome de um conforto e do poder sentir-se o centro da criação, idéia refutada, acertadamente por Darwin em sua Origem das Espécies. A religião, principalmente a cristã, é responsável por esta visão caótica e desgraçadamente potencializa a idéia marxista da alienação em Marx, onde o ser cria um outro, imaginário, forte, poderoso, criado para proteger, dá-lhe ou outorga-lhe poderes que ele mesmo não tem e faz com que este novo ser se volte contra ele, nas mais variadas formas, maltratando-o e castigando-o, por isso, sempre relacionando o que a igreja, criada como forma de implante de uma idéia de troca com este ser, convencionou chamar de pecado, ou a transgressão ético-moral da raça. Entende-se que a ética não transmuta com os tempos e que a moral pode ser vista se adequando através das gerações humanas. Que ética é esta que sedimentada através de milhões de existência do homem, como ser, na terra é considerada inerente ao homem, isto é, impregnada na placa genética e passada de geração em geração. Quero dizer que não acredito nesta inerência ética, portanto, crê-se que a sociedade depois de organizada, passo a passo, na história, em se organizando, gerou códigos que aí sim viajam através dos séculos. Nessa condição vê-se a criação de um monstro horrível, dissociado de tudo que é de bom e que a sobrevivência eclesiástica chama de deus. Não há Deus nesta pregação. Há organização social canalizando interesses.

Deus é o Eu sou, de Moisés, algo que em muito suplanta a simples expressão tão banalizada e tratada com tanta intimidade que alguns acham que têm falando com deus sendo sua voz e seu cutelo. Bramam gritando que o inferno isso, que o céu aquilo. Dão bênçãos vazias, porque não há libertação da morte, nem de doenças, pelo menos por enquanto, e, chamam de bênçãos, de proteção divina. Na verdade, hoje se observa um enorme efeito placebo agindo na consciência coletiva, de maneira paliativa, dando continuidade ao verdadeiro massacre que o homem inflige a ele mesmo. Deus é algo assim como um Ser inatingível, sem necessidade alguma dos antropomorfismos que as igrejas, sejam quais forem, estão acostumadas a pregarem. Deus é o Deus desconhecido dos gregos, é simplesmente Deus, em quem a nossa compreensão não alcança. Não podemos racionalizar o que não temos como, pois, a matéria limita em muito o ser humano. Não podemos criar normas e dogmas interesseiros, não precisamos disso para viver e buscar o ser feliz. Precisamos só saber que independente de nossas vontades ocorreu no tempo e no espaço, do que se chama História, algo maior que nossa compreensão e que clama por um “aproch” do tema muito mais leve, como a cruz, dita por Jesus, para que possamos “tomar nossas cruzes”, sem termos a necessidade, pelo menos superficial, de vendermos imagem, isto é, vivermos personagens que não somos, só para dizermos aos outros o quanto somos importantes no Universo. Talvez, nesta perspectiva, encontremos mais amor, mais compaixão real, mais ternura, mais tempo para os outros, menos para o capital, mais para si mesmo, e, que no todo se chama Deus, onde não há normas, nada que breque a condição de ser filho de Deus, pois, todas as leis naturais seriam respeitadas e não teríamos a morte de nós como seres espirituais, e, nem da terra como planeta, nem do universo material. Dentro desse racionalismo, necessitante de fé, clamamos por um Deus real, palpável, como na convicção do salmista:

- Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos.

Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite.

Não há fala, nem palavras; não se lhes ouve a voz.

Por toda a terra estende-se a sua linha, e as suas palavras até os confins do mundo.

Não precisamos de sermos massacrados por medos, culpas que não nos dizem respeito, pelo simples fato de pertencermos à raça humana, Deus está no comando, a criação ainda não terminou, ainda vai completar-se.

Maranata, Senhor.

2 comentários:

  1. O assunto aqui tão bem exposto, é um grande desafio para essa geração alienada dos nossos tempos, que se nega a discutir a respeito das grandes questões do ser e do universo ao redor de si. Realmente concordo que a religião que hoje é imposta goela abaixo, está diametralmente distante daquilo que seja aceitável diante de Deus como culto e adoração. Penso que toda essa coreografia da fé tem exalado um cheiro tão nauseabundo às narinas santas do Criador do Universo, que tem causado ânsias tais, ao ponto Dele querer vomitar de Sua boca toda dedicação morna que lhe é oferecida nos altares do mundo todo.
    Bem apropriado esse texto!

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  2. Que bom se aprendêssemos a adorar com a criação, nosso culto seria muito mais cheio de significado e vida.

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