segunda-feira, 22 de junho de 2009

As estradas da vida.

O ar frio da madrugada batia-me nas faces e me deixava completamente mais alerta. O escuro era denso, talvez, por ser ainda muito cedo na manhã, mas, no horizonte uma linha vermelha anunciava a chegada ou o aparecimento do sol, esse grande astro que é responsável, em grande parte, pela manutenção da vida em nosso planeta.

Agora, o sol castiga a minha vista atrapalhando a concentração da direção. A retidão da estrada, sem fim, dá uma vontade de correr mais, talvez, para que chegue logo ao destino. Uma onça pequena ou um gato maracajá, perseguindo uma pequena espécie de coelho, roedor, atravessam a pista numa enorme velocidade, em uma perseguição que não sei como terminou, mas, me lembrou que a violência pela sobrevivência está em todo lugar. Não houve mudança na vida desde seu aparecimento na terra. Os mais fortes e mais fracos, uns atacando e outros se defendendo, num círculo sem fim buscam um modo de sobreviver, uns sendo predadores dos outros.

Do lado direito da estrada visualizo uma das inúmeras fazendas, na grande savana, como todas as outras, num descampado, onde literalmente não há árvores, somente o pasto, imenso, a ponto de se perder de vista lá no horizonte. Observo, também, que em alguns quilômetros, há o que chamamos de estradas vicinais, caminhos que levam a outros lugares, saindo ou nascendo das estradas principais. É como a vida. A minha vida. A vida de todos nós seres humanos. Há a estrada principal, aquela que seguimos infinitamente e também os desvios, as vicinais da vida, caminhos que levam o homem noutras direções, para lugares que deviam prosperar, como na estrada principal, sua vida. Quando não dá certo, as vicinais se tornam tormentos, estradas que não levam a lugar algum. Há que voltar, fazer a curva e voltar, e, começar de novo.

Um mico leão, atrapalhado pelo ronco do motor do carro, mais veloz que um raio, seguido por mais outros, talvez, sua família, passa na frente do carro e desaparece na escuridão da floresta marginal à estrada. Os pássaros cantam, gorjeiam e os gritos dos macacos pregos e pretos se fazem ouvir. Que equilíbrio fantástico este, penso. Lá ao longe vejo o brilho do sol refletido no vidro de um carro que está vindo. Uma casa, de algum caboclo, de madeira, embaixo de uma enorme mangueira, com sua sombra convida-me a parar para descanso, mas, não posso parar, e, então acelero mais o carro. Olho para os lados e vejo fascinado as imensas fazendas, com seus enormes campos, afastando mais para longe a vida dos animais, para dentro das florestas. Eles são afugentados pelo progresso. Quilômetros e quilômetros de extensão e de profundidade, acuando os bichos para mais longe, determinando uma possibilidade de suas extinções, ou por caça ou por um habitat completamente destruído, diferente daquele que era, negando-lhes a vida normal.

Que estradas estas, as principais, que em nome do progresso nos leva a lugar algum, porque, os animais, seus habitantes, acabam por nos legar uma vida, por desorganização, sem dúvida alguma, mais pobre e mais culpada em relação à sobrevivência nossa de cada dia, e, a do planeta também.

Um comentário:

  1. me preocupa a mentalidade escapista da igreja desses últimos tempos. essa igreja só vive de contemplação do céu, sem no entanto "mexer uma palha" para trazer o céu à terra, pra monimizar a dor dos que sofrem no mundo, essa metalidade do "já estou salvo, o resto que se dane" é um dos grandes desastres da igreja institucional, para que nosso planeta caminhe para uma destruição irreversível.

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