quarta-feira, 17 de junho de 2009

O céu e o inferno.

Fui criado na mais pura doutrina batista, pois, desde o ventre minha mãe me carregava, já com alguma dificuldade nos últimos meses de gravidez, para os cultos dominicais e quarta-feirais da Primeira Igreja Batista do Amazonas. Cresci ouvindo e sedimentando idéias doutrinárias sobre a principal, o cerne da pregação cristã que é o céu e o inferno, pois, se postula que aqueles que aceitam Jesus como seu único salvador já está no céu, mas, aqueles que não crêem assim certamente estariam no inferno. Desde pequeno uma pergunta martela na minha mente. Se for assim, como pode o homem simples optar por não ir para o céu, pois, somente uma confissão o levaria a termo? Haveria capacidade de escolha, nesta imposição terrível, onde o homem somente teria racionalmente um único caminho, este de ir para céu, pois, creio que ninguém gostaria de ir para o inferno, tal qual descrito na tradição? Fico imaginando quão simples é o fato de praticamente não ter o que escolher, entre as duas alternativas, o inferno, mas, contraditoriamente o que se viu ao longo da história cristã é que houve, na consciência coletiva do homem, por não se concretizar nada de mal para os maus e, às vezes nada de bom para os bons, um caminho de escolha, imposto pelas vicissitudes da vida, inverso ao da lógica. O sol continua a se pôr tanto para os maus como para os bons, como diz o salmista, e, neste sentido contribuindo para que a escolha humana seja, na hora da tormenta, um clamor aos céus, e, na bonança uma terrível indiferença sobre assuntos espirituais, e, a vida vai passando cheia de erros, humanamente falando, quase sem acertos, resultando mais em massacres ou infelicidades do que alegrias ou felicidades, o que significa que o homem continua apesar de todos os avisos que a matéria nos dá acerca de sua finitude, como o aquecimento global, mudanças climáticas radicais, tsunamis, terremotos, fome, guerras sem lógica alguma, queda de aviões, etc, continua a ser o mais violento predador, sem limites, dele mesmo, transformando o mundo num verdadeiro inferno.

Fico pensando nos terríveis dogmas deixados para nós, através dos séculos, que nos gerenciam, vindos de uns antepassados muito inteligentes, presentes tanto na mitologia grega quanto na dos romanos, com suas glórias e poderes, a vida e nos levam em nome de uma verdade, que não é, no fundo, tão verdadeira, pois, se olharmos as condições de pressão social que existe nos chamados maus, que espécie de livre arbítrio poderia haver para eles? Que tipo de redenção haveria para quem não pode fazer escolha, pois, direcionados para o lamaçal da transgressão? Onde está a pureza da pregação de Jesus? Onde estão os bons? Onde está a verdade?

Gostaria de ter a visão clara, límpida, espiritual de Jesus, mas, infelizmente, não a tenho. Uma coisa é certa, da pregação do Amor fica a mensagem de esperança de que há uma chance para o homem sobreviver às intempéries espirituais, que é a mais importante, numa dimensão onde as moléculas não sejam mais tão densas, tão corruptíveis, onde a corrupção não exista mais e talvez haja uma chance para todos humanos bons ou maus, onde o Amor prevaleça sempre e finalmente haja paz, com corpos e consciências purificados, incorruptíveis, diante do mais puro e mais santo dos santos que é nosso Deus, aquele que é sobre todos os outros, porquanto, é incorruptível e eterno Verbo, retroalimentado o sistema como todo, e, a ele mesmo infinitamente. Assim bem vindo ao Céu, com nosso Senhor.

Maranata, Senhor.

Um comentário:

  1. É um texto bastante instigador. Diante do exposto, prefiro acreditar em um Deus que é todo amor cujo coração é movido por Sua graça incondicional, que fará um desfecho surpreendentemente espantoso para todos os que se consideram expert em escatologia, que desmantelará todos os esquemas dos que pretensiosamente se acham no direito de abrir e fechar a porta do céu. O fim dos tempos e o destino dos homens é matéria exclusiva de Deus. E ninguém pode meter o bedelho.
    Texto denso, mas grandemente motivador. Gostei!

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