quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Estudar é bom, mas...

Não há condições de estudar em casa em meio ao alvoroço realizado por dois incríveis garotos que passam o dia inteiro sacudindo o prédio, as áreas comuns e todo apartamento, onde moramos, balançando-o aos seus bel-prazeres. São muito rápidos demais para serem detidos por outros. Agora mesmo um avião de fabricação caseira, passou raspando minha cabeça, obrigando-me a abaixar-me, e, assim, quase bati minha testa na ponta da mesa, onde estou, pelo menos tentando estudar, e, os dois passaram como bólidos supersônicos, zumbindo na passagem por mim, disputando o primeiro lugar na pegada do avião. Pensei em sair e ir para um lugar mais tranquilo como uma biblioteca de alguma dessa inúmeras faculdades que hoje compõem nosso maravilhoso universo de pretensão de estudo, em nossa cidade.
- João, cuidado com a ponta da mesa, olha teu irmão menor, cuidado...
A resposta é um acelerar de passos e gritos provenientes de uma caçada que ambos estão fazendo. Querem prender o chefe de uma galáxia distante que fugira de seu território e resolvera infernizar o nosso, e, os dois, que coincidência, eram os últimos terráqueos detentores de poderes tais que poderiam prende-lo.
Entraram, correndo, na cozinha, onde D. Léo, acabara de passar seus deliciosos quitutes, e, a levaram ao chão em suas correrias.
- Oh! João, cuidado... Tarde demais. Quase uma tragédia, pois, a panela desequilibrara e por um triz não virou na cabeça dos capetas.
Tive de intervir.
- Os dois para cá, já, já...
Os dois sérios, passaram rápidos por mim e o mais novo, talvez, preventivamente, levantou os braços, miúdos, num sinal claro de que gostaria que eu o pegasse para meu colo. Imediatamente o coloquei no colo e ele apertou com seus dedos a ponta de meu nariz me fazendo dar um pulo e esquivar minha cabeça para o lado.
Não em jeito, pensei. A idade deles é eletricidade pura, não dá para para-los. Lembrei-me de minha própria infância, após os almoços diários, quando sentava-me com meu irmão, um frente ao outro, e, criávamos incríveis estórias de outros mundos, imaginários, personagens que brotavam de nossas cabeças e que impressionavam os outros.
- Vamos à base, um de nós dizia ao outro.
- Vamos, pois, há uma ameaça de invasão... e, assim passávamos as tardes quentes de nossa cidade inventando estórias tão fantásticas quanto o momento de meus netos mais novos, agora.
Quedei-me na tentação de brincar um pouco com eles, pois, por um momento tive a impressão de ver o tal invasor espacial passar correndo entre as paredes do corredor do apartamento...

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