terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Caboclo

As barrancas do Rio Amazonas são abrigadoras dos habitantes da região, os ribeirinhos. Há os ribeirinhos nascidos, às vezes, no próprio local e há os desbravadores ou seus descendentes que teimosamente se alocam nessas paragens e por lá ficam sem aspirações maiores, à mercê do tempo e das intempéries. Olhando de uma forma macroscópica ele, esse caboclo teimoso, ensimesmado, vezo em solidão, pode ser considerado héroi, mesmo que anônimo, sofrendo a falta de oportunidades, falta de acesso à educação, para si e para os seus, falta de acesso a uma saúde que lhe supra as necessidades básicas, falta de informação, pois, quando muito esforçado, possui um radinho de pilha que o supre de informações entrecortadas, com quedas na freqüência das ondas de rádio.
O que faz, efetivamente, o caboclo, sempre alegre, sempre sorriso, em conúbio constante com a natureza, pois, sua faculdade consiste, da obervação e do devaneio, de onde procede sua sapiência, sim, porque ele é sábio, e, faz-se feliz ali naquela imensidão de mata e rio, com a Mariazinha, um horror de filhos, barrigudos, sonolentos, aprendendo, com o pai, as manhas e belezas da natureza.
Os governos, por esta imensidão, nunca por lá chega. As prioridades são outras, e, mesmo a realidade conhecida não influi nas decisões. O caboclo, lá a esperar sua vez, com uma paciência de Jó. Um dia as coisas mudam e a felicidade certamente será benvinda.

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